ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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sábado, 26 de novembro de 2022

POLÍTICA: Insatisfeitos com Bolsonaro, militares antecipam transição para Lula

Dos três comandantes das Forças Armadas, dois enfatizaram a Bolsonaro que os pedidos de intervenção militar “não têm base legal”. Os atos, além do mais, “estariam gerado problemas de segurança e discussões internas dentro das corporações”.

As Forças Armadas estão fartas dos atos golpistas que tomaram os portões dos quartéis após as eleições. Em reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PL), na quinta-feira (24), no Palácio da Alvorada, os comandantes do Exército, Marco Freire Gomes, da Marinha, Almir Garnier, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, cobraram uma posição do governo.

Conforme o relato da CNN, a reunião durou duas horas. Dos três comandantes, dois enfatizaram a Bolsonaro que os pedidos de intervenção militar “não têm base legal”. Os atos, além do mais, “estariam gerado problemas de segurança e discussões internas dentro das corporações”. Era visível a insatisfação com o silêncio do presidente, que chegou a ficar 20 dias em reclusão.

Bolsonaro ouviu que, sim, há “militares inconformados” com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial, em 30 de outubro. Esses militares “estariam fomentando os protestos, com a participação de parentes e amigos”. Mas, de acordo com os comandantes, esta não é a posição da cúpula das Forças Armadas, que vai seguir a Constituição.

Num segundo momento da reunião, Bolsonaro autorizou a participação das Forças Armadas na transição de governo. O Exército ficará responsável pelo cerimonial militar, enquanto a Aeronáutica passará a coordenar “as tratativas para segurança do espaço aéreo no dia da posse”. Já a Marinha vai preparar as honras a chefes de Estado no Itamaraty.

Nesse ponto, os comandantes comunicaram a disposição em entregar seus cargos antes mesmo da posse de Lula, marcada para 1º de janeiro. A Aeronáutica, por exemplo, marcou para 23 de dezembro a cerimônia de transmissão do cargo.

Segundo o Estadão, “as demais Forças pretendem fazer o mesmo em datas diferentes. Assim, a passagem de bastão de um governo para o outro começaria pelas Forças Armadas”. Bastaria Lula nomear os próximos comandantes. A proposta não é comum. Em geral, o novo ministro da Defesa assume o posto e, só então, nomeia os comandantes militares.

Um fato, porém, cristalizou a ideia de antecipar a transição: a cúpula militar é unânime no repúdio à escalada golpista do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que apresentou uma representação fraudulenta ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a fim de questionar o resultado do pleito. Na opinião de generais ouvidos pela Folha de S.Paulo, “a ação pode inflamar ainda mais as manifestações em frente aos quartéis”.

Em resumo: os militares são gratos pela deferência com que o governo Bolsonaro os tratou nos últimos quatro anos, mas não querem ser vistos como braços armados de um líder ou de um movimento antidemocrático. O golpismo, mais uma vez, perdeu a batalha.

Fonte: Portal VERMELHO

Eleitor de Lula, defensor das vacinas: por que Richarlison é diferenciado - Por André Cintra

O Brasil estreou nesta sexta-feira (25) na Copa do Mundo de 2022 com uma contundente vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia. O herói da partida no Estádio Lusail, em Doha, no Qatar, foi o centroavante Richarlison, autor dos dois gols.

Craque dentro das quatro linhas, o atleta brasileiro – que atua no Tottenham, da Inglaterra – também é diferenciado fora de campo. Num elenco recheado de jogadores despolitizados e, pior, abertamente bolsonaristas, Richarlison é uma rara exceção.

Dos 26 convocados pelo técnico Tite para a Copa-2022, ele foi o único que declarou voto, abertamente, em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de outubro. Mas seu contraponto ao governo Jair Bolsonaro (PL) é anterior à disputa eleitoral.

Quando a pandemia de Covid-19 começava a fazer as primeiras vítimas no Brasil, o jogador contrariou publicamente o presidente da República e saiu em defesa das medidas protetivas, como o uso de máscara.  Em abril de 2020, Richarlison se tornou embaixador da USP Vida na Luta contra a Covid-19.

“Eu vou confessar a vocês: eu estou muito inquieto por não poder fazer o que eu mais amo: gols. Mas esse tempo de confinamento me fez entender que há um outro jogo em disputa, e eu decidi me escalar”, tuitou o atacante.

Ao longo da crise sanitária, ele voltou a se posicionar em defesa do SUS (Sistema Único de Saúde), da ciência e da vacinação anti-Covid. Quando o governo Bolsonaro boicotou a entrega de oxigênio hospitalar para Manaus, Richarlison fez doações do insumo para a capital do Amazonas.

Em longo depoimento ao Blog do Ancelmo Gois (O Globo), há quase dois anos, o atleta explicou por que é uma celebridade engajada em pautas sociais e políticas. “As pessoas de onde eu venho não têm voz e nem vez. Poucos, até hoje, procuraram saber o que é importante ou o que falta para que elas vivam melhor”, afirmou. “No Brasil é assim – muitos só recebem atenção em época de eleição.”

Na entrevista, o jogador afirmou que nunca teve preferência partidária. “Não preciso de um (partido) para saber que é errado faltar energia elétrica por 22 dias em um estado inteiro. Ou ainda que é um direito básico ter comida na mesa, saúde, educação e moradia”, declarou.

Segundo Richarlison, num país onde “75% da população pobre é preta e 76% das pessoas mortas todos os anos também são pretas”, o esporte é uma oportunidade rara de ascensão social. “O futebol me salvou. É por isso que eu falo, me posiciono e mostro a minha indignação: pelo mínimo de dignidade e igualdade para todos os brasileiros que não tiveram a mesma sorte que eu.”

Fonte: https://pcdob.org.br

Número de partidos continua a encolher no pós-eleição - Por André Cintra

Sem muito alarde, o PSC (Partido Social Cristão) deixou de existir. A legenda, fundada em 1985 e presidida por Everaldo Dias Pereira, o Pastor Everaldo, foi incorporada pelo Podemos na última terça-feira (22), menos de quatro semanas após o segundo turno das eleições 2022.

No auge, ao apoiar a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, em 2010, o PSC chegou a eleger 17 deputados federais. Mas o desempenho do partido nas urnas vinha recuando de pleito em pleito. A bancada eleita caiu para 13 deputados em 2014, oito em 2018 e, finalmente, seis em 2022.

Não foi o pior momento da sigla, que chegou a ter um único deputado eleito em 2002. Agora, porém, pesou contra o PSC a nefasta cláusula de barreira, que obrigava o partido a alcançar um piso de 2% dos votos válidos para a Câmara ou eleger ao menos 11 deputados federais num mínimo de nove unidades da Federação.

Desde 2018, Podemos e PSC debatiam uma união. Foi cogitada, ainda, uma federação partidária entre as duas legendas, a exemplo do que fizeram PT-PCdoB-PV, PSOL-Rede e PSDB-PV. O modelo de federação em vigor no Brasil preserva o programa e a identidade de cada partido aderente, além de estimular a fidelidade estatutária e ideológica. Mas a direção do PSC esperou para ver como a sigla se sairia nas eleições deste ano.

Partidos que não atingem a cláusula de barreira ficam sem acesso ao Fundo Partidário e à propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV, o que provoca um desequilíbrio, uma fissura antidemocrática. É como a passagem bíblica de Mateus: “Àquele que tem, mais lhe será dado – e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado”.

No caso do PSC, segundo o colunista Rodrigo Rangel (Metrópoles), dois dos seis deputados eleitos para legislatura 2023-2027 já estavam de malas prontas para outras legendas, à espera apenas da janela partidária que permite a migração sem a perda do mandato. Um dos partidos mais fiéis ao governo Jair Bolsonaro (PL) no Congresso foi prejudicado, curiosamente, pela hiperconcentração de votos evangélicos e conservadores no PL e em outras siglas.

Não se trata de um caso único. Nas eleições 2022, além do PSC, outras 14 partidos ficaram aquém da cláusula. Cinco deles – Patriota, Solidariedade, Pros, Novo e PTB – elegeram deputados federais, mas não tiveram, nacionalmente, o percentual mínimo de votos exigido por lei. Outras nove siglas – PCB, PCO, PMB, PRTB, PSTU, UP, Agir, DC e PMN – sequer terão representantes na próxima legislatura da Câmara dos Deputados.

Até a posse dos próximos congressistas, são esperadas mais uniões partidárias, por meio de fusões ou incorporações. O número oficial de legendas no Brasil continuará a encolher neste pós-eleição. Porém, se o quadro partidário tende a ficar mais enxuto, nada indica avanços programáticos ou contenção do fisiologismo.

A cláusula de barreira se revelou mais benéfica aos grandes partidos do que à democracia. Ou alguém acredita que os partidos do Centrão topam, em nome do Estado Democrático e da transparência, remover por conta própria o orçamento secreto?

Fonte: https://pcdob.org.br