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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Sustentabilidade Meio Ambiente Vamos falar mais sobre o aquecimento global?

Estados Unidos, China e Brasil ratificam o Acordo de Paris, mas sociedade segue ignorando os efeitos e consequências mundiais das mudanças climáticas

Realizada no mesmo dia da cassação de Cunha, ratificação do Acordo de Paris por Michel Temer perdeu espaço nos noticiários

O presidente Michel Temer assinou na terça-feira 12 o documento que ratifica o Acordo de Paris, responsável por estabelecer as metas de redução das emissões dos chamados gases de efeito estufa (GEEs) que o país se comprometeu a atingir.
A chancela brasileira ocorreu semanas depois que os Estados Unidos e a China, os dois maiores emissores responsáveis pelo agravamento do aquecimento global no planeta, também assinassem seus compromissos.
Tratam-se de sinais positivos que deverão redundar em ações concretas para reduzirmos o galopante aumento na temperatura do planeta? Talvez sim, mas com algumas ressalvas.
Ao participar da cerimônia de assinatura do Brasil, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, afirmou que o ato representou um primeiro e importante passo. Por outro lado, alertou que é necessária uma ação efetiva, capaz de mudar os rumos das políticas públicas brasileiras em relação à agenda do clima.
É neste ponto que residem os maiores desafios não só para o Brasil, mas em qualquer outra parte do mundo, para que todos participem efetivamente desses esforços, já que as consequências das alterações climáticas afetam a todos, indistintamente.
Se na COP 21 havia de seus participantes (majoritariamente representantes de governos, empresas, cientistas e ONGs) uma unânime compreensão sobre os malefícios do aquecimento global, não é menos verdade que, para os cidadãos residentes em todos esses países e continentes, o tema ainda é visto quase como ficção científica.
Não que as pessoas deixem de sentir seus efeitos no dia a dia. Muitos até afirmam em suas redes de relacionamento que secas, enchentes e ondas de calor, entre outros, tenham em sua origem as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.
Mas de fato, o que as pessoas estão dispostas a fazer, apoiar, interagir a esse respeito? Em geral o que se vê é: absolutamente nada.
Ainda que, por um lado, falte exatamente clareza sobre como atuar numa questão tão complexa e universal, não é menos verdade a ausência ensurdecedora de informações mais palatáveis que envolvam definitivamente as pessoas para a importância e consequências do aquecimento global.
Parte da responsabilidade é de nós, jornalistas, ao não “chamar” as pessoas para uma maior discussão sobre o tema. Infelizmente, no mesmo dia que Temer assinou o compromisso brasileiro, a principal notícia foi a cassação do deputado Eduardo Cunha. Não há o que dizer sobre o destaque desse fato, mas, ao mesmo tempo, será possível que não exista espaço para também enfatizar a importância do ato climático?
O processo eleitoral ao longo do tempo e a indigência de seus candidatos tem representado outro fator de distanciamento dos cidadãos para estabelecer um debate construtivo com a sociedade. Seria importante que tivéssemos mais autoridades públicas no âmbito municipal, por exemplo, capazes de enxergar um pouco mais além do que asfaltamento de ruas ou a construção de um posto de saúde.
Bom lembrar que as previsões sobre o aquecimento do planeta tem superado as expectativas até dos mais pessimistas. Recentemente, foi divulgado que julho foi o mês mais quente já registrado desde que esse tipo de análise começou a ser feita, há 137 anos. Trata-se da décima quinta alta consecutiva de aumento constante da temperatura média global.
Com frequência, somos brindados com informações de pesquisadores e cientistas sobre os efeitos danosos do aquecimento para a agricultura, as florestas e a biodiversidade – e suas perdas catastróficas e irreversíveis.

Mesmo que Brasil, Estados Unidos e China tenham dado esse importante sinal para a humanidade, sem o envolvimento de todos dificilmente iremos alcançar os resultados almejados. Então, fica aí o convite: vamos falar mais sobre o clima?
Fonte: Carta Capital

Especial Eleições 2016: Entrevista com Manuela D’Ávila

Por  Natasha Ramos.
A UNE conversou com Manuela D’Ávila que falou sobre sua trajetória do movimento estudantil à vida partidária e a necessidade de se renovar a política
Os anos de Movimento Estudantil foram transformadores para a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB). Sua militância se iniciou em 1999. No mesmo ano, ela se aproximou e se filiou à União da Juventude Socialista (UJS), o que contribuiu muito para o seu crescimento e amadurecimento político. Foi conselheira do Conselho Universitário da UFRGS e coordenadora do Centro de Estudantes de Ciências Sociais. Em 2003, no Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Goiânia, foi eleita vice-presidente regional da entidade. Manuela foi a vereadora mais jovem da história de Porto Alegre, eleita em 2004 aos 23 anos. Se tornou deputada federal em 2006 e foi reeleita em 2010. Em 2014, foi eleita deputada estadual com a maior votação para o cargo naquele ano. O site da UNE entrevistou a parlamentar para oEspecial Eleições 2016 sobre sua trajetória e sobre a renovação da política a partir da candidatura de jovens do movimento estudantil. Confira:
UNE: Como o ME contribuiu para sua formação política?
Manuela D’Ávila: Contribuiu muito. Os anos de Movimento Estudantil foram de aprendizado e fortalecimento de meus ideias. Quando militava na UNE sabia que as causas pelas quais lutávamos eram mais do que questões estudantis, lutávamos por um projeto de país. Quando entendemos o funcionamento das instituições e movimentos sociais, compreendemos a dimensão da micropolítica, isso facilitou o meu entendimento da complexidade da macropolítica. Conhecimentos que levo até hoje comigo.

UNE: Como você vê essa renovação da política a partir da candidatura de jovens do movimento estudantil?
Manuela D’Ávila: Os jovens são atores estratégicos na luta pela superação dos problemas da velha política. São eles que ousam frente aos problemas que nos castigam há anos. O movimento estudantil mostra aos jovens militantes a necessidade da organização e da democracia. Não existe país desenvolvido sem amplo investimento na juventude. É a juventude que questiona o sistema político e faz isso com razão. O sistema político atual, com os partidos dirigidos por homens velhos e conservadores, que não dão espaços para as mulheres e para os jovens, realmente não nos representam. Mas mais do que criticar, é preciso ocupar a política, por isso, as candidaturas dos jovens são tão importantes para gente.

UNE: Quais foram as dificuldades que você enfrentou por ser uma candidata jovem em um ambiente de pessoas mais velhas?
Manuela D’Ávila: Além de jovem, fui uma jovem mulher, temos aí dois preconceitos cruzados, o geracional e o de gênero. Sabemos das dificuldades que as mulheres encontram para ocupar os espaços de poder e, quando ocupam, a dificuldade de se manter neles é uma luta constante. Ainda é difícil para os jovens conquistar credibilidade em espaços dominados por pessoas mais velhas e, por vezes, conservadoras. Sempre tive que ter pulso firme nas minhas decisões e ignorar alguns comentários. Para enfrentar esse preconceito contra os jovens e a fala de “falta de experiência” é preciso estudar, ler e se informar o máximo possível.

UNE: Como rebater a pergunta de que o movimento estudantil é um simples trampolim político?
Manuela D’Ávila: Normalmente quem fala isso é quem questiona a própria existência do movimento estudantil. O movimento estudantil é um espaço político e de aprendizado. É natural que muitos militantes continuem atuando na política, afinal, deixamos de ser estudantes e precisamos nos organizar em outros espaços. O que precisamos diferenciar, são aqueles militantes oportunistas que usam esses movimentos para se promover, sem ideologia alguma. Quando me elegi vereadora, acabei deixando a UNE. Mas não há mal nenhum em um jovem ser de uma entidade e depois concorrer. Mal há em ele não concorrer e deixar a política tomada por àqueles que não tem comprometimento com as necessidades da população.

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Especial Eleições 2016: Jovens candidatos e os desafios de renovar a política. "Acho que o desinteresse dos jovens se devem a uma CONSCIENTIZAÇÃO Democrática e Participava!" - EDUARDO VASCONCELOS

Por Natasha Ramos.
Dados sobre as candidaturas das eleições 2016 apontam para o desafio de se renovar a política no Brasil por meio de uma maior participação dos jovens, mulheres e negros de forma direta com candidaturas às Prefeituras e Câmaras Municipais
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou as estatísticas sobre o perfil das candidaturas para as eleições municipais 2016. Segundo dados atualizados em 8 de setembro, há um total de 494.177 mil pessoas concorrendo aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador.
Neste ano, a quantidade de mulheres aumentou 1% em relação às eleições de 2014, ficando em 32% do total de candidaturas (lembrando que esse número pode ser maior se considerarmos as candidatas trans, que não são contabilizadas oficialmente como mulheres). Os dados do TSE indicam também que os brancos ainda representam a maioria das candidaturas (51%), enquanto pardos e outros, somam 48%.
Apesar de as mulheres comporem mais da metade da população brasileira e mais de 50% dos brasileiros se autodenominarem negros, os dados das candidaturas mostram que ainda estamos distantes de atingir uma adequada representatividade de setores sociais importantes no país.
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Essa sub-representação das mulheres e dos negros na política se reflete também no setor jovem da população. Do total de candidatos e candidatas às eleições neste ano, 99.789 têm até 35 anos, representando cerca de 20% da parcela jovem das candidaturas.
“O número de candidatos jovens é muito pequeno e, em geral, eles têm pouca chance eleitoral em um sistema dominado até há pouco tempo por financiamento privado e emendas individuais de deputados”, comenta o cientista político Leonardo Avritzer, presidente da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP).
Para o cientista político Cláudio Couto, professor na Fundação Getúlio Vargas, há uma clara sub-representação dos mais jovens entre os candidatos.
“Os jovens entre 18 e 35 anos são cerca de 27% da população brasileira, o que dá aproximadamente 35% da população adulta que poderia concorrer em eleições. Olhando esses números, poderíamos entender que há uma sub-representação dos mais jovens entre os candidatos”, afirma.
Nas eleições de 2014, para presidente, governador, senador e deputados estadual e federal, os jovens entre 18 e 34 anos representavam uma parcela ainda menor das candidaturas, cerca de 15%. É possível afirmar, portanto, que houve uma renovação de cerca de 5% nas candidaturas, com a presença de mais jovens concorrendo às eleições de 2016.
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No entanto, Couto lembra que a política, como qualquer outra atividade profissional, tem uma lógica de carreira a lhe organizar. A disputa de eleições no nível municipal seria, então, o primeiro estágio numa carreira política, o que faria com que houvesse nesse plano mais jovens do que nos níveis estadual e federal.
“É de se esperar que um candidato a um cargo eletivo no poder legislativo ou executivo seja algo possível aos que já percorreram certo caminho na política e, portanto, já não são tão jovens assim. Isso pode ser a razão para essa aparente sub-representação dos mais jovens entre os candidatos”, pondera o professor da FGV.

POR MAIS JOVENS NA POLÍTICA

No âmbito municipal, atualmente, apenas 4 das 26 capitais brasileiras têm suas prefeituras administradas por jovens com menos de 40 anos. Quatro prefeitos estão na faixa dos 40 anos e a grande maioria tem mais de 50 anos. A representação feminina no comando das capitais também está muito aquém: apenas uma prefeitura, de Boa Vista (RR), é liderada por uma mulher.
Na câmara de São Paulo, cidade mais populosa do Brasil, esse déficit de representatividade de jovens e mulheres é ainda maior: apenas 4 dos 55 vereadores têm menos de 40 anos. Mulheres são apenas 6 vereadoras.
Esses números refletem o que acontece no restante do país. Com o atual Congresso Nacional, o mais conservador desde a ditadura militar, os candidatos jovens do Brasil, sobretudo aqueles provenientes do movimento estudantil, enfrentam o desafio de renovar a política no país, trazendo novas e mais progressistas ideias para oxigenar o modo como a política vem sendo conduzida.
Resultado das eleições municipais de 2012:
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OCUPAR A POLÍTICA

“A renovação da política a partir de uma maior participação dos jovens se faz necessária para mudar a política da maneira como ela vem sendo exercida até hoje”, diz Manuela D’Ávila, jornalista e deputada estadual no Rio Grande do Sul.
A parlamentar gaúcha, que começou sua carreira política no movimento estudantil, foi diretora da UNE, e depois ingressou na política partidária, acrescenta:
“Os jovens são atores estratégicos na luta pela superação dos problemas da chamada velha política. São eles que ousam frente aos problemas que nos castigam há anos”.
Manuela foi a vereadora mais jovem da história de Porto Alegre, eleita em 2004 aos 23 anos. Se tornou deputada federal em 2006 e foi reeleita em 2010. Em 2014, foi eleita deputada estadual com a maior votação para o cargo naquele ano.
“O movimento estudantil mostra aos jovens militantes a necessidade da organização e da democracia. Não existe país desenvolvido sem amplo investimento na juventude. É a juventude que questiona o sistema político e faz isso com razão. O sistema político atual, com os partidos dirigidos por homens velhos e conservadores, que não dão espaços para as mulheres e para os jovens, realmente não nos representam. Mas, mais do que criticar, é preciso ocupar a política, por isso, as candidaturas dos jovens são tão importantes para gente”, opina Manuela.
Para o deputado federal Orlando Silva, que também começou sua trajetória política no movimento estudantil – primeiro no DCE de sua universidade, a Universidade Católica de Salvador, depois na União Nacional dos Estudantes, onde foi tesoureiro, diretor de comunicação e presidente da entidade: “É fundamental que as lideranças políticas formadas no Movimento Estudantil possam ocupar espaço na cena política”.
“Há hoje uma clara crise de representatividade. É preciso que essas lideranças políticas construam uma identidade da juventude. Muitos jovens estão fora da política. A inclusão de candidatos mais novos pode ajudar no aumento do interesse dos jovens”, diz o deputado.
O senador Lindbergh Farias, que também começou sua trajetória política no movimento estudantil, eleito presidente da UNE em 1992, diz que esse ambiente foi uma grande escola. “É no ‘ME’ que muitos jovens travam o primeiro contato direto com a organização coletiva para reivindicar melhorias nas questões que os afetam diretamente: as condições de ensino, a mobilidade urbana, o acesso à cultura e arte. É um espaço de debates riquíssimos e de experimentação, de liberdade, radicalização da democracia”.
Para ele, é preciso mais candidaturas de jovens para renovar a política brasileira.
“Eu acho que a política brasileira só tem a ganhar com o surgimento de figuras arejadas, incorporando novas pautas, rompendo com estruturas viciadas e trazendo a juventude para a participação política também no plano institucional”.
Na busca por ocupar esse vácuo de jovens e mulheres representantes, a presidenta da UNE, Carina Vitral, com apenas 28 anos, mas um currículo cheio de lutas no movimento estudantil, resolveu disputar a prefeitura de Santos, sua cidade natal.
“Há ainda quem acredite que o jovem não está pronto para um desafio como esse, mas a verdade é que enfrentamos desafios iguais ou até maiores nas lutas cotidianas. A nossa geração, que ocupou as ruas do país em Junho 2013 está querendo participar em todos os espaços, com a certeza de ter a sensibilidade, a rebeldia e a ousadia necessárias para fazer diferente do que está aí. Não há como esperar que o atual modelo da nossa política se transforme sozinho, sem a nossa participação, sem a nossa presença nos lugares que pertenceram, historicamente, somente aos homens velhos e conservadores”, afirmou.

LEIA TAMBÉM: SITE DA UNE MAPEIA JOVENS CANDIDATOS ÀS ELEIÇÕES 2016

Durante o mês de agosto, a equipe do site da UNE realizou um levantamento em todo o país para tentar identificar concorrentes ao pleito 2016 que ainda fazem parte ou já passaram pelo movimento estudantil recentemente.
Engajados em grêmios, DCEs, CAs, Atléticas, entidades municipais e estaduais, coletivos, ONGs e partidos políticos, estes candidatos descobriram a partir da organização estudantil uma vocação para representar a juventude na administração de suas cidades.
Confira o perfil dos 30 candidatos os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereadores que responderam à reportagem da UNE.
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Clique na imagem e confira os perfis dos jovens candidatos nas eleições 2016 provenientes do movimento estudantil
Fonte: UNE