ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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domingo, 17 de abril de 2016

“A grande imprensa foi definitivamente pro lixo”, diz professor que recusou entrevista à Folha

Depois de negar entrevista ao jornal e sugerir que procurassem Marco Antonio Villa, o historiador da USP Rafael Marquese falou à Fórum sobre os motivos que o levaram a tomar a decisão. “Imprensa golpista e sem vergonha”
Por Ivan Longo
Rafael Marquese, historiador da Universidade de São Paulo (USP), não dá mais entrevistas para a mídia tradicional, mas falou com a Fórum. Depois ganhar fama nas redes sociais porse recusar falar com a Folha de S. Paulo para uma matéria da editoria de turismo, Marquese contou os motivos que o levaram a tomar a decisão.
“A razão da minha resposta foi simples: cancelei minha assinatura da Folha na campanha presidencial de 2014. De cinco anos para cá, a grande imprensa (Folha, Estado, Globo) foi definitivamente para o lixo. Para além do viés político, é uma imprensa golpista, sem vergonha, safada. Todos são de péssima qualidade jornalística”, criticou o professor, que na sua resposta à repórter da Folha ainda sugeriu que procurassem o historiador Marco Antonio Villa – assíduo apoiador do PSDB e de governos tucanos.
De acordo com Marquese, ele já chegou a escrever para a Folha em outras ocasiões e até deu entrevistas para a Globonews. O estudioso acredita, no entanto, que de um tempo para cá não há mais “substância” nesses veículos.
“Se não leio, também não contribuo! Nunca mais”, pontuou.
No mesmo dia, outro professor recusou uma entrevista à Globonews. O cientista político Reginaldo Nasser explicou à Fórum que tomou uma “decisão política” ao se negar a falar com um canal que, segundo ele, “não faz jornalismo” e “incita a população ao ódio”.
Fonte: Revista Fórum

Votação do impeachment é tentativa de usurpar voto popular

“Querem usurpar o voto popular, passando a ideia de que são necessários novos rumos para o país que está em crise política e econômica. Com o impeachment acreditam poder encontrarem a saída, mas qual saída com um governo ilegítimo, de exceção, sem votos?” indagou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA) ao encaminhar o voto do Partido na votação do processo de admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, neste domingo (17), na Câmara dos Deputados. 


Agência Câmara
O que fazem, segundo Daniel Almeida, é um debate político, transformando o plenário da Câmara em colégio eleitoral”, para escolher um governo ilegítimo. 
O que fazem, segundo Daniel Almeida, é um debate político, transformando o plenário da Câmara em colégio eleitoral”, para escolher um governo ilegítimo. 

“O povo não pediu e não quer governo com esse perfil e essa agenda. Qual a agenda desse governo que nasce com a mancha de ilegitimidade, é a agenda do retrocesso, do estado mínimo, para impedir que os corruptos que estão sentados nessa cadeira – em referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - e outros sejam punidos”, afirmou o líder comunista. 

Daniel Almeida, portanto uma faixa verde e amarela com as palavras “Não ao golpe” e “Fora Cunha”, disse que a situação “é surreal”, com a presidenta, que não tem nenhum ato ilícito, sendo julgada em um processo conduzido por Cunha, que “não dignifica a cadeira que ocupa nessa hora, cadeira que foi ocupada por Ulisses Guimarães, Paes de Andrade, Aldo Rebelo. “

Para o líder do PCdoB, “ninguém fala mais do relatório porque sabem que não há fato, não há crime, não é possível, diante da constituição cidadão, admitir processo contra a presidenta que recebeu 54 milhões de votos dos brasileiros.” 

O que fazem, segundo ele, é um debate político, transformando o plenário da Câmara em colégio eleitoral”, para escolher um governo “que levará mais intranquilidade ao país, porque não tem legitimidade, não tem interlocução com a base social, não tem base política. É o caminho do agravamento da crise política e econômica.”

E, ao concluir sua fala, dirigindo-se “a todos que estão na rua, que querem defender a democracia e o estado de direito”, garantiu: “O golpe não passará e a luta vai continuar.”

Orientação dos votos

A sessão começou pontualmente às 14 horas com a exposição do relator do processo de impeachment, deputado Jovair Arantes (PTB-GO). Em seguida, falam todos os líderes partidários, pelo tamanho das bancadas.

Eles contam com o tempo normal destinado a cada partido pelo Regimento Interno, ao qual será somado um minuto previsto para orientação de bancada. O primeiro a falar foi o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).

O líder do PDT, deputado Weverton Rocha (MA), ao reafirmou que vai votar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff neste domingo (17), ressaltou que nesse processo, todos são perdedores.

“O Brasil não vai ter vencedor e não vai ter vencido. Todos nós já perdemos ao não ter a capacidade de cumprir a Constituição à risca e ao não garantir educação e saúde para o nosso povo”, lamentou.  


De Brasília
Márcia Xavier 

Fonte: Portal Vermelho

O PCdoB vota pela democracia, pelo Brasil e contra o golpe!

Deputada Federal - PE - LUCIANA SANTOS - Presidenta Nacional do PCdoB
“Há dias que valem por séculos na história dos povos”. Vivemos esses dias, e somos chamados à responsabilidade de defender os interesses do povo brasileiro e propor um caminho para a superação da crise e para o desenvolvimento do nosso país. É com este intuito que venho neste momento, em nome do Partido Comunista do Brasil, me dirigir à nação brasileira e aos deputados e deputadas desta Casa.
Falo ciente da responsabilidade de trazer a mensagem de um partido que tem 94 anos – a legenda mais antiga do nosso país –, um partido que teve participação destacada nas batalhas mais importantes da República e que, por isso mesmo, tem consciência do valor da democracia.
Defesa da democracia
O Brasil vive um momento histórico. A jovem democracia brasileira – conquistada à custa de muitas vidas, de muitas lutas – está ameaçada. Enfrenta seu momento mais difícil, desde que a reconquistamos em 1985, com o fim da ditadura militar.
Nesta votação histórica da Câmara dos Deputados, ou triunfará a democracia, com a preservação do legítimo mandato da presidenta Dilma Rousseff, ou vencerá o golpismo, com a aprovação de um impeachment sem crime de responsabilidade, portanto, ilegal e inconstitucional.
Como presidenta do PCdoB, falando em nome de uma militância corajosa e aguerrida, alertamos o povo brasileiro para o fato de que o vice-presidente da República, Michel Temer, o presidente desta Casa, Eduardo Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal (STF), e o senador do PSDB, Aécio Neves, candidato derrotado nas eleições de 2014, são os líderes políticos principais deste golpe que está em marcha contra a democracia.
Não havendo crime de responsabilidade, estes senhores buscam de todas as formas encontrar argumentos para criminalizar a presidenta Dilma, rasgando a Constituição duramente conquistada em 1988.
A decisão que esta Casa tomará terá consequências para o presente e o futuro do nosso país. Está em jogo uma das bases estruturantes da Nação. A democracia é o fundamento para o desenvolvimento soberano de nossa pátria, o caminho mais curto e mais eficiente para superarmos as brutais e injustas desigualdades sociais e regionais de nosso país. É apoiada na democracia que a classe trabalhadora avança nas suas conquistas, e que o povo amplia seus direitos.
Levanta-se a consciência democrática da Nação diante da possibilidade deste ataque profundo contra as conquistas auferidas no país, não apenas nos últimos 13 anos, mas em décadas.
A comunidade internacional está perplexa, e encontra-se preocupada com as ameaças à democracia do Brasil, país de grandes dimensões, e relevância no cenário global, sendo a sétima economia do mundo. Entre as inúmeras manifestações, destacam-se a do diretor-geral da OEA, Luis Almagro; o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper; os escritórios da Cepal, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH); as declarações como a do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel, e os líderes mundiais Massimo D’Alema (Itália), Ricardo Lagos (Chile), Felipe González (Espanha), José Mujica (Uruguai), Tabaré Vasquez (Uruguai), entre tantos outros.
Mesmo a grande imprensa internacional tem olhado de forma crítica, diante da inversão dos fatos que vem ocorrendo no Brasil, onde corruptos estão dando um golpe em uma presidenta honesta.
O Brasil, infelizmente, foi vitimado por golpes e regimes autoritários e por isso nosso período democrático mais longo é este que vivemos, de apenas 31 anos. É inadmissível que ele esteja ameaçado por aqueles que romperam com a legalidade democrática ao se recusarem a aceitar o resultado soberano das urnas das eleições presidenciais de 2014.
Esta Casa tem sido um baluarte na defesa da democracia. A história guarda momentos memoráveis em que o Parlamento brasileiro se levantou em defesa da legalidade e da Constituição. É preciso honrar esta tradição democrática não se deixando macular neste momento tão grave.
Quando falamos sobre democracia — é importante que se diga —, não estamos tratando de um amontoado de palavras vazias, falamos sobre a base pela qual diferentes pontos de vista podem se encontrar, convergir. É onde se pode respeitar os anseios da maioria e da minoria. É a chave para se superar os lamentáveis momentos de ódio e de intolerância que vimos aflorar com tanta força em nosso país, nos últimos tempos.
Estimados deputados e deputadas;
A história nos ensina que, aos traidores, estão guardadas as páginas do esquecimento.
Nestes dias que antecedem as homenagens à coragem dos inconfidentes mineiros, é impossível não lembrar o pernambucano Barbosa Lima Sobrinho, que disse: “no Brasil, existem na atualidade dois partidos, o de Tiradentes e o de Joaquim Silvério dos Reis.” Isto se aplica neste momento: o partido dos que defendem a liberdade e a democracia, e o dos defensores do entreguismo e do golpe. É hora de decidir como as senhoras e os senhores preferem entrar para a história!
Autoritarismo contra as conquistas do povo brasileiro
A exemplo do que se fez em outros momentos históricos, o discurso de combate à corrupção entra em cena para impedir que um projeto político patriótico e popular tenha continuidade. Foi assim em 1954 na oposição a Getúlio Vargas; foi assim em 1964 na campanha que levou ao golpe militar que durou 21 anos.
A força motriz do atual golpismo é um conluio, uma trama, conspiração de setores judiciais-políticos-midiáticos, tendo como vetor a “Operação Lava Jato”, que se tornou uma espécie de poder paralelo, e de exceção. Ações direcionadas contra o PT e demais forças democráticas que apoiam o governo Dilma, vazamentos seletivos, uso desmedido de delações premiadas, desvirtuamento de prisões provisórias e operações policiais midiáticas, em desrespeito frequente ao Estado Democrático de Direito. Chegou-se ao absurdo de se “sequestrar” um ex-presidente da República numa condução coercitiva, completamente desnecessária, e de realizar escutas ilegais envolvendo a própria presidenta da República, afrontando descaradamente a Constituição e a lei. Tudo isso sob o manto hipócrita do combate à corrupção.
É preciso enfatizar que para os comunistas é inegociável o combate enérgico à corrupção, com a punição aos corruptos e corruptores. No entanto, repudiamos que se use o combate à corrupção como mero pretexto para pisotear a Constituição Federal. Se hoje existem ações de combate à corrupção, elas são fruto da luta democrática, medidas que se fortaleceram desde o primeiro governo do presidente Lula em 2003, dentre as quais destacam-se: nomear o primeiro da lista para Procurador do Ministério Público Federal; a lei da delação premiada e a descentralização da Política Federal. Situação muito distinta da impunidade que reinou nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
Vasculharam toda a vida da presidenta Dilma Rousseff, realizaram ao longo de dois anos todo tipo de investigação e, mesmo assim, nada contra a honra e a integridade da presidenta foi encontrado. Ao contrário de alguns parlamentares que aqui a acusam, dos que possuem contas no exterior e dos que são indiciados em processos de corrupção. Na verdade, o motivo que leva tais forças a realizarem a campanha do impeachment golpista não é o combate à corrupção, mas sim soterrar o projeto de desenvolvimento soberano e democrático que começou a emergir no país.
O impeachment é um instrumento previsto na Constituição para casos de extrema gravidade desde que o chefe do executivo tenha cometido crime de responsabilidade. Acontece que a presidenta Dilma Rousseff não cometeu nenhum crime de responsabilidade. Ela sequer é investigada. Nenhuma prova foi apresentada. Não há razão legal, constitucional, para o impedimento, como bem demonstrou a defesa da presidenta Dilma no decorrer deste processo.
Como bem está expresso no manifesto dos representantes do Ministério Público aos parlamentares, a edição de decretos de crédito suplementar para remanejar limites de gastos em determinadas políticas públicas autorizados em lei, e os atrasos nos repasses de subsídios da União a bancos públicos para cobrir gastos dessas instituições com empréstimos realizados a terceiros por meio de programas do governo, são ambos procedimentos embasados em lei, pareceres jurídicos e entendimentos do TCU, que sempre considerou tais medidas legais, até o final do ano de 2015, quando houve mudança de entendimento do referido tribunal.
Sendo assim, não há crime sem lei anterior que o defina e muito menos sem entendimento jurisprudencial anterior assentado. Se não fosse assim, a insegurança jurídica seria absurda, inclusive com relação a mais da metade dos governadores e a inúmeros prefeitos que sempre utilizaram e continuam utilizando as mesmas medidas que supostamente embasam o processo de impedimento da presidenta.
A presidenta Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade, quem sustenta essa convicção, além de sua Defesa, é um elenco de renomados juristas brasileiros, é um rol de respeitados advogados e advogadas que em múltiplos atos e manifestos atestam e demonstram que há um golpe travestido de impeachment sem fundamento jurídico.
A Comissão Especial do Impeachment, que realizou seus debates a toque de caixa, já tinha uma pré-conclusão de condenar a presidenta, um relatório elaborado com apoio de Eduardo Cunha, e apresentado por um parlamentar que também responde a processos. Fatos que deixam claro que o objetivo principal é derrubar o governo da presidenta Dilma, é dar um golpe de Estado, com as armas dos grandes meios de comunicação que distorcem os fatos, disseminam mentiras, e submetem a opinião pública a uma verdadeira ditadura de um só pensamento, de uma só opinião.
Um Brasil mais forte, mais feliz e mais próspero
Neste momento dirijo-me ao povo brasileiro;
Vivemos dias difíceis para o povo e a nação brasileira. Às vésperas de nosso país completar duzentos anos de sua independência, as elites de nosso país colocaram em marcha um golpe contra a democracia com o intuito de paralisar as mudanças ocorridas nos últimos anos.
Um governo que priorize os mais pobres é, para os donos do dinheiro, para a elite conservadora, uma ameaça inaceitável, uma discrepância que merece ser aniquilada, extirpada. Para estes setores, não há espaço no orçamento do Estado para os mais humildes, tampouco para os trabalhadores. É aí que está a base da agenda das forças golpistas: implementar um neoliberalismo selvagem, que retira direitos e penaliza os mais pobres.
O ex-deputado Josué de Castro, grande intelectual e ativista contra a fome, defendia que “um país é tanto mais forte quanto mais elevada a sua renda, mas é tanto mais feliz quanto melhor distribuída essa renda. É tanto mais próspero, quanto mais acelere o crescimento dessa renda”. Nós, do Partido Comunista do Brasil, PCdoB, acreditamos que o legado dos governos Lula e Dilma contribuíram para que o Brasil se tornasse mais forte, mais feliz e mais próspero. Defendemos esse legado construído nestes últimos 13 anos, que mudou a vida de milhões de pessoas.
Desde 2003 foi possível construir um país com maior acesso à educação, à saúde, à moradia. Um país que valoriza sua gente, do qual dá orgulho de fazer parte. Os resultados dessa construção estão aí, onde os filhos dos pedreiros, das empregadas domésticas levantam seus diplomas de médicos, de engenheiros, de advogados. Os resultados estão nos relatos dos milhares de “Jéssicas” que provam que com oportunidade, com inclusão social e desenvolvimento é possível fazer uma transformação nesse país.
O povo brasileiro reconhece essas mudanças e foi às urnas votar pela sua continuidade, para avançar nas transformações. É nosso dever zelar e respeitar a expressão popular das urnas. Não é honesto se aproveitar de uma crise econômica, que em boa medida deriva dos efeitos da grande crise mundial do capitalismo e da crise política interna que é criminosamente insuflada para desrespeitar a soberania do voto popular.
É com a consciência destes problemas que venho a esta tribuna, para me dirigir aos senhores e às senhoras parlamentares, e principalmente às pessoas que acompanham este debate, que melhoraram suas vidas nos últimos anos. Pessoas que conquistaram a casa própria, que tiveram o primeiro filho na universidade, em uma escola técnica.
É exatamente contra estas conquistas que as forças conservadoras hoje se movem no Congresso Nacional. Sempre que um projeto político enfrenta a questão das desigualdades sociais e fortalece a autonomia e a soberania nacional, os setores mais conservadores das classes dominantes reagem com virulência, atacando a democracia e os direitos conquistados.
Hoje, vendem a promessa segundo a qual, com a simples saída da presidenta Dilma, a situação econômica iria melhorar. Nada pode ser tão falso!
Uma ponte para ilusões
Ao contrário, se o impeachment golpista se impuser, além de pisotear a Constituição, mutilar a democracia, ele iria instituir um governo ilegítimo, que seria fortemente contestado nas ruas, combatido por amplos setores da população brasileira, que neste momento crescem em consciência democrática.
Os golpistas vendem a ilusão de que um governo chefiado por Michel Temer pacificaria o país e criaria as condições para o Brasil superar a crise. Repito, nada mais falso! Ele e Eduardo Cunha, que passaria a ser o vice na linha sucessória, não possuem a confiança e o voto do povo para cumprir estes objetivos. Não se unifica uma Nação com um golpe de Estado, não se resolvem graves problemas de um país com um governo de exceção.
Patativa do Assaré, digno poeta brasileiro, dizia que existem dois Brasis: o de cima, onde estão os endinheirados; e os de baixo, onde estão os humildes. Pois bem, a saída que os golpistas possuem para enfrentar a crise é que o andar de baixo venha novamente a pagar a conta. Não admitiremos!
O “Plano Temer”, chamado de Uma Ponte para o Futuro, é, na verdade, uma “ponte para o passado”, ponte de regresso à tragédia neoliberal, que levou o país a quebrar três vezes na década de 1990, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso.
O “Plano Temer” é uma ameaça a direitos sociais e trabalhistas. O sistema de financiamento da educação e da saúde pública, que garante um patamar mínimo de receitas, estaria comprometido com o fim de todas as vinculações. O “orçamento com base zero” – que segundo o referido documento significa que a cada ano todos os programas estatais serão avaliados por um comitê independente – também afetaria os programas sociais.
Da mesma forma, toda a legislação trabalhista estaria ameaçada. O plano Uma Ponte para o futuro é explícito ao definir o fim da política de reajustes reais anuais do salário-mínimo e da vinculação do piso dos benefícios da previdência.
Ou seja, é um golpe contra a democracia e contra os trabalhadores. Querem impor ao povo brasileiro um governante e um programa que acabem com as conquistas sociais da Constituição Cidadã de 1988, dirigida pelo doutor Ulysses Guimarães, que neste momento tem sua memória de democrata agredida e desrespeitada. E, principalmente, contra as conquistas dos governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma que promoveram uma das mais significativas reduções da desigualdade social do país, diminuíram as desigualdades regionais e buscaram fortalecer o Brasil como uma Nação soberana.
Se não bastasse essa regressão na esfera dos direitos do povo, Temer e Cunha ¬– ¬em consórcio com o PSDB, DEM e PPS ¬– retomariam as privatizações, dariam celeridade ao plano de entregar a riqueza do Pré-Sal às multinacionais e jogariam uma pá de cal na política externa altiva, atentariam contra a soberania nacional, fazendo ressurgir a conduta de subserviência do país às grandes potências imperialistas.
Brava gente brasileira
Senhoras e senhores,
Ao longo da nossa história a força fundamental nos momentos decisivos da nação brasileira tem sido o povo nas ruas. Nestas últimas semanas homens e mulheres, ombro a ombro, tomam as ruas para dizer, em alto e em bom som, que impeachment sem crime é golpe. Estão nas ruas as herdeiras das Heroínas de Tejucupapo, de Anita Garibaldi, de Olga Benário; meninas, mulheres de muitos rostos e sorrisos que estão nas ruas dizendo não ao golpe, dizendo que querem mais respeito aos seus direitos, dizendo que repudiam as odiosas expressões de machismo, de misoginia com as quais atingem a presidenta da República em sua condição de mulher.
O nosso povo vem demonstrando uma grande capacidade de resistência. É o povo, são os trabalhadores, a população da periferia que ganham as ruas. É a juventude que ilumina as ruas, com alegria, com coragem e com esperança. Honrando os jovens do Araguaia, aqueles que tombaram combatendo a ditadura, nossa juventude ocupa as ruas com a certeza de que se constrói o futuro agora, com luta, com combatividade. Estão nas ruas reivindicando seu direito à vida, ao acesso à educação, ao emprego, às cidades, à felicidade. A consciência democrática está dizendo de todas as latitudes, do Oiapoque ao Chuí: Não vai ter golpe! E estes ecos chegam até esta Casa.
A bandeira da democracia tem todas as cores. Nestes dias tivemos a alegria de ver grandiosos atos de juristas e advogados, de intelectuais, de artistas, manifestos de distintas categorias, e muitas manifestações de todos os tipos, em todas as localidades.
Um corajoso pacto pelo Brasil
Estamos com o povo nas ruas, e nos embates nesta Casa. Não vacilamos um segundo sequer na defesa da legalidade e da democracia. Desde que as forças golpistas se voltaram contra a presidenta Dilma, recém-reeleita, ocupamos nossa posição na trincheira da luta democrática. Nossa militância é a expressão da coragem; foi e ainda está nas ruas de todo o país, e nossos parlamentares não deixaram de atuar um dia sequer para barrar a trama golpista. Destaco ainda o papel elevado do governador do Maranhão, Flávio Dino, que de forma ampla tem conclamado a defesa da legalidade contra o golpe; de igual modo o ministro da Defesa, Aldo Rebelo; a aguerrida bancada no Congresso Nacional; e a valorosa e corajosa militância de nosso partido.
Uma vez derrotado o golpe, e respeitada a democracia, teremos o desafio da retomada do crescimento. Devemos trabalhar para construir um amplo pacto nacional reunindo forças que apoiam o governo, bem como setores da oposição que possuam compromisso com o Brasil.
A presidenta Dilma Rousseff, apoiada na vitória da democracia, na mobilização do povo e de um amplo campo político e social progressista, terá condições para redesenhar e revigorar seu governo sob a agenda aglutinadora da retomada do crescimento econômico com geração de empregos e redução das desigualdades sociais e regionais e do fortalecimento da soberania nacional.
A presidenta Dilma Rousseff, colocando os interesses do Brasil e os direitos do povo em primeiro lugar, propõe um pacto de amplos setores políticos, respeitando-se as conquistas construídas ao longo dos últimos 13 anos. Trata-se de um gesto para que o país se pacifique e recupere progressivamente a normalidade político-institucional.
Há base social, política e econômica para isto. Cresce uma tomada de posição de que é preciso superar essa crise que sangra o Brasil, que debilita a economia e as empresas, aumenta o desemprego e impõe imensos sacrifícios ao povo.
Estimados parlamentares, povo brasileiro,
Neste momento decisivo para a democracia, nós, os comunistas, a bancada do PCdoB, afirmamos em alto e bom som: A aprovação da admissibilidade de um impeachment sem base legal, conduzida por Eduardo Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal (STF), é golpe! E representaria um grande retrocesso para o Brasil.
Volto às palavras de João Amazonas, grande herói do povo brasileiro e inspiração para gerações de defensores do Brasil e de sua soberania, para reafirmar: “Ninguém poderá impedir que os comunistas lutem pelo progresso de nosso país, pela defesa da Constituição da República, pela vitória completa da democracia”.
Em nome do Partido Comunista do Brasil, de sua bancada, de sua militância aguerrida e corajosa, conclamo os deputados e deputadas desta Casa para que votem em sintonia com a grande onda de mobilização do povo, dos trabalhadores, trabalhadoras, que entoam nas ruas num coral de milhares e milhares o brado de “não vai ter golpe”; para que votem em sintonia com a consciência democrática nacional. Votem: Não ao Golpe, não ao impeachment golpista e SIM à democracia!
Estejam certos de que o povo brasileiro é maior que manobras de conspiradores. A democracia é invencível e inadiável. Iludem-se os que acreditam ser possível fazer manobras políticas desrespeitando os preceitos básicos do jogo democrático.
A consciência democrática do povo brasileiro despertou. Está nas ruas, está nos acompanhando. Seguirá conosco.
Estamos certos do caminho da vitória. Junto com o povo e a democracia.
Firme na luta! O golpe não passará!
Deputada Luciana Santos (PE)
Presidenta Nacional do PCdoB
Câmara dos Deputados, 16 de abril de 2016
Foto: Nilson Bastian – Câmara dos Deputados

Governadores reforçaram a contagem dos votos pró-Dilma

Atuaram em Brasília os governadores da Bahia, Maranhão, Amapá, Piauí, Ceará, e Paraíba. Eles conseguiram ampliar a vantagem nas bancadas e até novas adesões à campanha dilmista
O reforço dos governadores surtiu efeito nas bancadas, principalmente, as do Norte e Nordeste, dando mais esperança ao governo para barrar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O governo conseguiu recuperar a vantagem perdida após as oposições proclamarem hoje que haviam conseguido votos para derrubar Dilma.
Atuaram em Brasília os governadores da Bahia, Maranhão, Amapá, Piauí, Ceará, e Paraíba.
Os governadores conseguiram ampliar a vantagem nas bancadas e até novas adesões à campanha dilmista.
A mais importante foi a do deputado Waldir Maranhão (PP-MA), 1º vice-presidente da Câmara, anunciou nesta sexta-feira 15 que votará contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Eu e mais 12 deputados do PP vamos votar a favor da democracia e contra o golpe”, afirmou, enfatizando não estar preocupado com a ameaça de punição do PP aos parlamentares que não acompanharem o partido.
O governo aumentou sua contabilidade para incluir vários deputados que estavam indecisos.
Hoje, o governo voltou a contar com 200 votos contra o impeachment , anunciou o ministro Jaques Wagner, após um dia de contatos com os governadores e as bancadas.
Foto de capa: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi
C/ Revista Fórum

Oposição já sabe que vai perder, dizem deputadas do PCdoB

Em pronunciamento na tribuna da Câmara, as deputadas federais Jandira Feghali (RJ), Jô Moraes (MG) e Alice Portugal (BA), do PCdoB, defenderam que a oposição está intranquila porque já percebeu que não terá os votos para levar adiante o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. As parlamentares destacaram que o mundo já percebeu que está em curso um golpe, que “inviabilizaria” o país.



“O governo ilegítimo não governará. Michel Temer não conseguirá andar na rua. Porque ninguém pode governar sem voto e legitimidade", disse Jandira. Segundo ela, a comunidade internacional “está de olho” no que ocorre no país e diversas organizações, como a ONU e a OEA, já se pronunciaram em defesa da democracia. 

“Diversas entidades nos observam e, cada vez mais, o golpe vai ficando claro no mundo inteiro. Está clara a tentativa de tirar uma presidenta que não cometeu nenhum crime. Vocês sabem que não vão ganhar essa votação, está explícito nos semblantes de vocês e no comportamento da mídia”, discursou.

Se acordo com ela, a sociedade quer mais direitos e estabilidade política. “E isso vocês jamais darão, porque quem dá golpe, reduz a democracia, não tem paz e equilíbrio para governar. Muito menos com uma agenda restritiva de direitos (...) O sentimento e a alma libertária dos brasileiros vai sendo agredida por vocês, que não conseguem identificar um só fato, um só crime que possa tirar Dilma”, disse aos deputados.

Jandira previu ainda que no domingo (17) a oposição terá que “engolir a derrota” e caberá ao governo e seus aliados a “preocupação sincera” de estabelecer uma coalizão para recompor um projeto para o Brasil, salvar a economia, conquistas sociais, a democracia e a liberdade. 

Jandira ainda questionou a distribuição de crachás feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para permitir a entrada na Casa. Entidades que apoiam o impeachment, como o Movimento Brasil Livre (MBL), tiveram acesso à Câmara, enquanto veículos de mídia alternativa não puderam entrar.

Farsa jurídica

Já a deputada Jô Moraes avaliou que cresce no país a certeza de que o impeachment “é um golpe, uma farsa jurídica”, que a “consciência democrática do país não aceitará”. 

“Eles sabem que é golpe e que povo brasileiro não respeitará políticos que não têm coragem de dar um voto em defesa da democracia”, disse Jô. Presidenta da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, ela contou estar recebendo várias mensagens de diplomatas e parlamentares de outros países. “O mundo está estarrecido”, disse.

A parlamentar disse que “no rosto dos que articulam o golpe, não há mais tranquilidade”, diante da falta de votos para tirar a presidenta. “Sentimos nas ruas. Vocês não condenarão uma mulher íntegra, que deu a juventude pela democracia e está dando a maturidade para preservar a liberdade”. 

Cassação

A também deputada Alice Portugal classificou o processo de impeachment como cheio vícios e inconsistências. Segundo ela, hoje, nem se fala mais em impeachment, mas em cassação, “como um instrumento ditatorial, de um regime de exceção”. Para ela, o pedido de impedimento atenta contra os preceitos democráticos. 

Segundo ela, a crise será supera “com o governo legitimado nas urnas, pela vontade popular”. Alice também lembrou que, embora a oposição fale em combate à corrupção, foram os governos de Lula e Dilma que fortaleceram o Ministério Público. 

De forma desrespeitosa, durante a fala das deputadas do PCdoB, parlamentares adeptos do golpe gritavam “Tchau, querida”. Na sexta, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), distribuiu no plenário cartazes onde se lia a mesma frase. A mensagem faz referência à forma pela qual a presidente Dilma Rousseff costuma se dirigir aos seus interlocutores.



Do Portal Vermelho