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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Mulher e política: a persistência do machismo.

Texto de Thaís Campolina baseado em tweets publicados por ela em sua conta pessoal.
Manchetes de hoje (12/05) anunciam o afastamento da Dilma por causa do processo de impeachment e dizem que o governo Temer será o primeiro a não ter nenhuma mulher como ministra desde Geisel. Um inegável retrocesso. Mas nem todos vêem isso dessa forma. Nos comentários das matérias que falavam sobre a composição dos ministérios do vice-presidente, encontrei frases como “depois da Dilma, mulher tem que ficar longe do governo mesmo”, ditas inclusive por outras mulheres. Comentários que são exemplo de como o Brasil ainda é machista.
Não vemos pessoas dizendo “depois de Cunha não tem mais que ter homem nenhum no poder” e isso não acontece simplesmente porque o espaço político é considerado masculino. A política pertence a eles desde sempre. O outro motivo que leva isso acontecer é o fato de que os erros e defeitos das mulheres são considerados características de todas nós. Um defeito do nosso gênero.
Um político homem ser incompetente não faz com que toda a sociedade passe a ver homens como incompetentes na política. No caso deles, a máxima é “nem todo homem”. O estereótipo de “político é assim mesmo” pode até existir, mas ele não se estende aos homens num todo, apenas aos políticos. Com mulheres é diferente. Se uma é incompetente numa atividade como administrar um país, fazer uma baliza com facilidade, resolver questões de matemática, todas são.
"Nossa, você é ruim em matemática". "Nossa, garotas são ruins em matemática."
“Nossa, você é ruim em matemática”. “Nossa, garotas são ruins em matemática.”
Definir todas as mulheres pelo erro/característica de uma é desumanização, é machismo. Mulheres são diferentes entre si e tem talentos, características e dificuldades diversas. Não alimente o “Só podia ser mulher”. Não duvide da capacidade de uma mulher em fazer algo porque outra, na sua opinião, não fez isso bem. O “Só podia ser mulher” não pode ter lugar no trânsito, nem na sala de aula, nem na política ou nem qualquer outro espaço.
O machismo na política não se apresenta  só dessa forma. Os constantes comentários sobre a aparência de mulheres que tem cargos públicos são parte desse fenômeno, como se fosse um lembrete de que a função das mulheres no mundo ainda é enfeitar em primeiro lugar. Também é comum comentários acerca da estabilidade emocional das políticas. Insinuar que a mulher é louca e por isso incapaz de gerir a Coisa Pública chega a ser anacrônico, já que se baseia nos argumentos do passado que defendiam que a mulher não deveria votar e ser votada por ser emocional demais, logo incapaz e na própria história de termos como “histeria feminina”. Além disso, vale lembrar também do uso de termos machistas e misóginos para xingarem políticas. Do adesivo que insinua um estupro até mesmo o termo “vadia”.
O Brasil tem números vergonhosos de representação feminina na política e eles ficam ainda mais vexaminosos se analisamos quantas mulheres negras ou indígenas estão presentes nesse espaço. E isso nos prejudica porque a falta de pluralidade e o fato da representação política não representar minimamente o povo mantém parte da população à margem das decisões políticas, que continuam sendo tomadas por esse grupo seleto que tem muito pouco a ver com o que o povo é. E além disso, faz com que a mentalidade de que determinados espaços não são ideais para determinados grupos sociais permaneça intocada. E isso alimenta discursos como o de que mulheres são conseguem ser boas governantes porque uma foi considerada ruim e falas como a de Danilo Gentili. Ele postou em seu twitter: “Senadora? Achei que era a tia do café”, quando Regina Sousa, única senadora negra, que é também nordestina, proferia seu voto. Adicionando racismo, ao machismo rotineiro que as mulheres nesse meio lidam.
Bons links:
Fonte: Revista Fórum

Temer divulga lista de ministros: nenhuma mulher e nenhum negro


“Depois que um político chamou de “o dia mais triste da jovem democracia do Brasil”, a maioria dos senadores votou após um longo debate pela suspensão do mandato, colocando problemas econômicos, paralisia política e irregularidades fiscais à frente dos 54 milhões de votos que a colocaram no poder”, diz o jornal britânico The Guardian. A publicação também ressaltou a diferença de tom da votação em relação ao que foi visto na Câmara. “Ao contrário das cenas triunfantes durante a votação na Câmara que geraram escárnio ao redor do mundo, a maioria dos senadores adotou um tom sombrio (...) Em vez disso, muitos afirmaram ser triste e diziam que eles estavam aprovando a suspensão da chefe de Estado eleita com relutância, porque a economia estava em crise e a política estava em tumulto”.

“Descrevendo o esforço para removê-la como um golpe de Estado, Dilma, a primeira mulher a ser presidente do Brasil, rejeitou repetidamente os apelos para renunciar, prometendo continuar sua luta para permanecer à frente do maior país da América Latina”, diz o jornal norte-americano The New York Times. “Mas, dada a margem de oposição contra ela na quinta-feira, os analistas políticos disseram que ela tinha poucas chances de vencer e terminar os dois anos e meio restantes de seu mandato”.

O assunto também foi abordado com destaque pelo jornal espanhol El País, que chamou a sessão no Senado de “histórica e extenuante”, ressaltando a diferença de tom para a votação realizada na Câmara dos Deputados. “A sessão plenária, exceto sua extensão de maratona, correu sem os excessos chocantes e com toque ridículos que marcaram a votação na Câmara, feita há semanas”, escreveu o jornal.

A maratona da votação foi igualmente citada pelo jornal argentino Clarín, que ainda listou as acusações pelas quais Dilma foi julgada. “As acusações contra Rousseff incluem não atender as regras fiscais na gestão do orçamento federal. No entanto, o processo também se tornou uma espécie de referendo sobre sua presidência, enquanto o Brasil está em uma recessão econômica profunda e conduz uma extensa investigação na companhia petrolífera estatal Petrobras”.

O jornal britânico Financial Times abordou a questão política, mas também citou as mudanças na equipe econômica, com a entrada do “respeitado” ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e a citação da escolha de Ilan Goldfajn (economista-chefe do Itaú Unibanco) para a presidência do Banco Central. “A nova equipe teria uma tarefa difícil, com a economia encolhendo a uma taxa anual de quase 4% e milhões de brasileiros desempregados”. 


Fonte: Jornal GGN
C/ Portal Vermelho

Temer divulga lista de ministros: nenhuma mulher e nenhum negro

Com nomes como José Serra nas Relações Exteriores ou Alexandre de Moraes na Justiça, o vice-presidente divulgou, menos de dez horas após a decisão do Senado, a lista de seu ministério: a primeira sem mulheres desde o governo Geisel. Cultura, por exemplo, não existe mais como ministério independente. Confira
Por Redação
Homens, brancos, heterossexuais. Eles quem comandarão os ministérios anunciados por Michel Temer (PMDB) menos de dez hora após a decisão do Senado de afastar a presidenta eleita Dilma Rousseff.
Na lista, divulgada pela assessoria de imprensa da vice-presidência, não há negros, homossexuais ou qualquer tipo de minoria. Outro aspecto que mostra a falta de diversidade nos nomes escolhidos para a Esplanada é a ausência de mulheres. A última vez que um presidente deixou as mulheres de fora do governo foi na ditadura militar, durante o governo Geisel (1974-1979).
Entre os nomes escolhidos por Temer, estão o de José Serra (PSDB-SP) – assíduo defensor da partilha do Pré-Sal com empresas estrangeiras – para as Relações Exteriores ou ainda o de Alexandre de Moraes – secretário de Segurança Pública de São Paulo conhecido pela postura pouco tolerante com manifestações e movimentos sociais – para a Justiça.
Entre as mudanças, estão também a extinção de ministérios. O da Cultura, por exemplo, deixará de ser independente e passa a integrar a pasta da Educação.
Confira abaixo a lista.
– Gilberto Kassab, ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
– Raul Jungmann, ministro da Defesa
– Romero Jucá, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
– Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo
– Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
– Bruno Araújo, ministro das Cidades
– Blairo Maggi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
– Henrique Meirelles, ministro da Fazenda
– Mendonça Filho, ministro da Educação e Cultura
– Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil
– Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário
– Leonardo Picciani, ministro do Esporte
– Ricardo Barros, ministro da Saúde
– José Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente
– Henrique Alves, ministro do Turismo
– José Serra, ministro das Relações Exteriores
– Ronaldo Nogueira de Oliveira, ministro do Trabalho
– Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e Cidadania
– Mauricio Quintella, ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil
– Marcos Pereira, ministério da Indústria e Comércio
– Fabiano Augusto Martins Silveira, ministro da Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU)
– Fábio Osório Medina, AGU
Fonte: Revista Fórum