ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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CAMPANHA MOVIMENTO 65

domingo, 23 de agosto de 2020

Nádia Campeão: A reforma urbana deveria estar na agenda pública nacional

Nádia Campeão: A reforma urbana deveria estar na agenda pública nacional

Em entrevista para o site da Fundação Maurício Grabois, Nádia Campeão fala sobre os desafios de se estruturar políticas públicas voltadas para a construção de cidades mais democráticas, tema do curso em vídeo oferecido pela FMG. A Secretária de Relações Institucionais e Políticas Públicas do PCdoB e vice-prefeita de São Paulo na gestão de Fernando Haddad destaca que para enfrentar os problemas urbanos seria preciso “outro rumo, que combine desenvolvimento, retomada da geração de emprego, elevação da renda, investimentos em saúde, educação e ciência públicas. Nada disso será possível com a continuidade do governo Bolsonaro”.

Nádia é autora do livro Cidades Democráticas – A Experiência do PCdoB e da Esquerda em Prefeituras (1985-2018), publicado pela Editora Anita Garibaldi/Fundação Maurício Grabois, e que traz uma sistematização e um balanço das principais experiências da esquerda à frente das prefeituras. Esse trabalho também inspirou a realização do curso em vídeo que está sendo oferecido pela FMG de forma gratuita. “É importante assistir todos os módulos para que se tenha uma visão integrada e multifacética da questão urbana e dos desafios atuais das nossas cidades”, afirma.

Um dos maiores desafios da contemporaneidade é a gestão de grandes metrópoles, que cresceram de forma desordenada e sem planejamento. Como enfrentar problemas estruturais, com a participação da comunidade, buscando construir espaços urbanos mais democráticos?

Nádia Campeão: É verdade que nossas grandes cidades convivem com problemas estruturais, os quais vão sendo enfrentados ou lentamente, ou nem apresentam perspectivas de superação. No primeiro caso, poderíamos citar a questão do acesso universal dos domicílios ao saneamento básico e os problemas relativos ao transporte público coletivo. No segundo, em que não se vislumbram medidas efetivas, estão as enormes desigualdades entre áreas consolidadas das cidades, servidas por infraestrutura urbana razoável, e as vastas regiões mais afastadas ou onde residem as camadas trabalhadoras mais pobres, destituídas de serviços básicos, a começar do acesso a moradias seguras e dignas. Seria necessário colocar a reforma urbana na agenda pública nacional, somando os esforços de todos os níveis de governo. Em isso não ocorrendo, cabe lutar para que os governantes eleitos apresentem compromissos claros de agir sobre os problemas mais importantes, dando prioridade a estas regiões e populações que carecem do direito à cidade nas questões mais básicas.Mas e quando pensamos nos pequenos municípios, quais são os maiores desafios?

Os pequenos municípios reproduzem em menor escala vários problemas vividos pelas médias e grandes cidades. É o caso da violência e do desemprego, por exemplo. E ainda são mais frágeis na arrecadação própria, operam com orçamentos muito reduzidos e dependentes das transferências dos estados e da união. Seria muito recomendável que fossem incentivadas a formação dos consórcios regionais, onde os municípios de uma mesma região pudessem atuar em conjunto na solução dos problemas relativos ao transporte, saúde, aterros sanitários, segurança hídrica e outros.

O mundo vive a pandemia do Coronavírus. Milhões de pessoas em todo mundo estão em isolamento, os segmentos mais carentes da sociedade permanecem ou expostos à contaminação ou sem acesso à saúde. Esse é o tipo de situação que aumenta ainda mais as reflexões de como o espaço urbano e as políticas públicas devem se reestruturar. Como você avalia esse cenário?

O enfrentamento à pandemia do coronavírus já seria desafio imenso mesmo que o Brasil fosse um país bastante desenvolvido, Os exemplos internacionais, da Europa e dos EUA, estão aí a comprovar. Mas, no nosso caso, somam-se muitas outras fragilidades, como a desigualdade social, o baixíssimo crescimento, a desindustrialização (imagine um país depender da importação de máscaras e respiradores, quando todos os países deles necessitam ao mesmo tempo!), e mais do que tudo os ataques frontais que as políticas públicas e o SUS vêm sofrendo desde o governo de Temer, agravados com a eleição do Bolsonaro. A aprovação do teto dos gastos, o confronto com os médicos cubanos e o programa Mais Médicos, os cortes no orçamento da ciência e pesquisa, a completa insanidade do presidente da República, são fatores agravantes da situação. Como falar de isolamento social ou quarentena para a maior parte do povo que vive em condições precárias e sobrevive com trabalho informal?Espera-se que tudo isso que está acontecendo fortaleça a luta por uma outra orientação para o desenvolvimento nacional, um outro rumo, que combine desenvolvimento com reindustrialização, retomada da geração de emprego, elevação da renda, investimentos em saúde, educação e ciência públicas. Nada disso será possível com a continuidade do governo Bolsonaro.

Na hora de discutir as plataformas eleitorais, candidatos e candidatas inevitavelmente acabam hierarquizando questões, uns dizem que a prioridade é segurança, outros dizem que é saúde, educação, moradia e assim por diante. Como um gestor que pense numa cidade mais democrática deve entrelaçar esses temas?

Quem governa uma cidade precisa atuar sobre um grande conjunto de áreas e desenvolver um complexo de políticas públicas que sustentam todo o funcionamento urbano, dando garantias de que a população viva numa cidade limpa, onde o transporte público funcione, a escola tenha qualidade, os equipamentos de saúde sejam resolutivos, e ainda se enfrente as calamidades como chuvas, enchentes e epidemias, que proporcione áreas públicas de lazer e cultura, que estimule a cidadania e a participação democrática. Então, na prática, devem haver prioridades mas sem abandonar nenhum outro encargo municipal. Embora a maioria das pesquisas feitas com a população sempre indiquem que saúde e segurança pública sejam os principais problemas sentidos, acredito que atualmente será preciso responder prioritariamente ao quadro de crise social e desemprego que se alastra. A começar pelo aumento da população em situação de rua, que vêm ocorrendo em todas as cidades do país, independente do seu tamanho ou nível de desenvolvimento.Neste sentido, preocupa muito o fato de que com a estagnação da economia – talvez até recessão – a arrecadação das prefeituras despenque e justamente num momento em que é preciso fazer mais gasto público, os recursos sejam mais escassos. Os municípios já vinham sendo pressionados por receber mais responsabilidades e não receber aportes orçamentários correspondentes. Um novo pacto federativo é necessário no curto prazo.

Como o curso em vídeo que está sendo disponibilizado pode ajudar a pensar nestes e em outros temas?

O curso apresenta uma reflexão bastante abrangente dos principais temas que afetam a gestão municipal, inclusive o contexto geral em que estão inseridos. Vamos encontrar, nas aulas e entrevistas, tanto diagnósticos como problematizações e propostas, tratadas por pessoas que tem muita experiência e elaboração acumulados. É importante assistir todos os módulos para que se tenha uma visão integrada e multifacética da questão urbana e dos desafios atuais das nossas cidades.

Para acessar o curso Cidade Democráticas, clique aqui.

Para acessar a plataforma com artigos sobre Cidades Democráticas. Clique aqui.

*Entrevista originalmente publicada em 22 de março de 2020.


Fonte: https://eleicoes.pcdob.org.br


Eleições 2020 - Acessem: https://eleicoes.pcdob.org.br/#manual-eleitoral-2020

Marxista negro tem palestra cancelada ao colocar classe acima de raça e enfurecer socialistas americanos

NOVA YORK – Adolph Reed é filho do Sul segregado. Nascido em Nova Orleans, ele organizou negros pobres e soldados contra a guerra nos anos 1960 e se tornou um intelectual socialista em universidades de prestígio. Ao longo do tempo, ele se convenceu de que a esquerda está muito focada em raça e pouco em classe. Vitórias duradouras foram alcançadas, ele acredita, quando trabalhadores de todas as raças lutaram ombro a ombro por seus direitos.

Em maio, Reed, de 73 anos, professor emérito da Universidade da Pensilvânia, foi convidado para falar aos Democratas Socialistas da América (DSA), em Nova York. O homem que fez campanha para Bernie Sanders e acusou Barack Obama de promover uma “política neoliberal vazia e repressiva” discursaria à maior seção dos DSA, que formou a deputada Alexandria Ocasio-Cortez e uma nova geração de ativistas de esquerda.

‘Lovecraft country’:série une horror clássico e crítica social para exorcizar monstruosidade do racismo

Ele planejava argumentar que o foco da esquerda no impacto desproporcional do coronavírus na população negra minava a organização de uma frente multirracial, o que ele via como chave para a luta por saúde e a justiça econômica.

Como puderam convidar, perguntaram os membros do DSA, um palestrante que minimizava o racismo em tempos de peste e protestos? Deixá-lo falar, afirmava os afrossocialistas, seria “reacionário e reducionista”. “Não podemos ter medo de discutir o racismo só porque o tema pode ser manipulado pelos racistas”, afirmaram. “Isso é covardia e fortalece o capitalismo racial.”

Em meio a boatos de que os opositores interromperiam sua palestra via Zoom, Reed e os líderes do DAS concordaram em cancelar a palestra. A organização socialista mais poderosa do país rejeitou um marxista negro por suas opiniões sobre raça.

– Adolph é o maior teórico democrático de sua geração – disse Cornel West, professor de filosofia de Harvard (e socialista). – Ele assumiu posições impopulares sobre política identitária, mas tem uma trajetória de meio século. Se desistirmos da discussão, o movimento vai ficar mais estreito.

A decisão de silenciar Reed veio num momento que os americanos debatem o racismo na política, no sistema de saúde, na mídia e nas empresas. Esquerdistas que, como Reed, argumentam que há muito foco em raça e pouco em classe numa sociedade profundamente desigual são frequentemente postos de lado. O debate é particularmente caloroso porque os ativistas enxergam, agora, uma oportunidade única de avançar em pautas como violência policial, encarceramento em massa e desigualdade, e em que o socialismo – um movimento predominantemente branco – atrai jovens de diversas origens.

Intelectuais de esquerda argumentam que as desigualdades de renda e de acesso à saúde e também a brutalidade policial são frutos do racismo, a principal ferida americana. Depois de séculos de escravidão e segregação, os negros deveriam lidera a luta antirracista. Colocar essa luta de lado em nome da solidariedade de classe é absurdo, dizem eles.

– Adolph Reed e sua turma acreditam que se falarmos muito sobre raça, vamos alienar muita gente e não conseguiremos construir um movimento – disse Keeanga-Yamahtta Taylor, professora de estudos afroamericanos na Universidade Princeton e socialista que já palestrou aos DSA e está familiarizada com esses debates. – Não queremos isso, queremos que os brancos entendam como seu racismo prejudicou a vida dos negros.

Reed e outros intelectuais e ativistas proeminentes, muitos deles negros, têm outra visão. Eles veem a ênfase em políticas raciais como um beco sem saída. Entre eles estão West; a historiadora Barbara Fields, da Universidade Columbia; Toure Reed, filho de Adolph, da Universidade Estadual de Illinois; e Bhaskar Sunkara, fundador da revista socialista “Jacobin”.

Eles aceitam a realidade brutal do racismo americano. No entanto, argumentam que os problemas que atormentam os Estados Unidos hoje – desigualdade, violência policial e encarceramento em massa – afetam negros e pardos, mas também os pobres e a classe trabalhadora brancos.

Risco de ‘dividir coalizão’
Os movimentos progressistas mais poderosos, dizem eles, estão enraizados na luta por políticas universais, como as leis que fortaleceram os sindicatos e os programas de incentivo ao emprego do New Deal, e as lutas atuais por educação superior gratuita, valorização do salário mínimo, reforma da polícia e acesso à saúde. Programas como esses ajudariam mais os negros, os latinos e os indígenas, que, em média, têm renda familiar menor e mais problemas de saúde do que os brancos, argumentam Reed e seus aliados. Insistir na questão racial pode dividir uma coalizão potencialmente forte e beneficiar os conservadores.

– Uma obsessão com desigualdade racial colonizou o pensamento da esquerda – disse Reed. – Há uma insistência de que raça e racismo são os determinantes fundamentais da existência dos negros.

Essas batalhas não são novas: no final do século XIX, socialistas enfrentaram seu próprio racismo e debateram a construção de uma organização multirracial. Eugene Debs, que concorreu à presidência cinco vezes, insistiu na defesa da igualdade racial. Questões similares incomodaram o movimento pelos direitos civis nos anos 1960.
A disseminação do vírus mortal e o assassinato de George Floyd por um policial, em Minneapolis, reacenderam o debate, que ganhou um tom geracional à medida que o socialismo atrai jovens dispostos a reformular organizações como os Democratas Socialistas da América, que existe desde os anos 1920. (Uma pesquisa da Gallup indicou que o socialismo é tão popular quanto o capitalismo entre pessoas de 18 a 39 anos.)

O DSA tem mais de 70 mil membros no país e 5,8 mil em Nova York – a média de idade está em torno de 30 e poucos anos. A organização ajudou a eleger candidatos como Ocasio-Cortez e Jamaal Bowman, que venceu um conhecido candidato democrata nas primárias de junho.

Em anos recentes, o DSA já havia recebido Reed como palestrante. No entanto, membros mais jovens, irritados com o isolamento provocado pela Covid-19 e engajados nos protestos contra a violência policial e contra Donald Trump, irritaram-se ao saber que ele havia sido novamente convidado.

Keeanga-Yamahtta Taylor, de Princeton, disse que Reed deveria saber que sua palestra sobre Covid-19 e os perigos da obsessão com desigualdade racial soaria como uma “provocação”.

Nada disso surpreendeu Reed, que, ironicamente, descreveu o ocorrido como uma “tempestade em uma xícara de café”. Alguns esquerdistas, disse ele, têm uma “recusa militante a pensar analiticamente”. Reed gosta de duelos intelectuais e, especialmente, de criticar progressistas que ele enxerga como muito amigáveis aos interesses do mercado. Ele escreveu que Bill Clinton e seus seguidores estavam dispostos a “sacrificar os pobres fingindo compaixão” e descreveu o ex-vice-presidente Joe Biden como um homem cujas “misericórdias estavam reservadas aos banqueiros”. Ele acha engraçado ser atacado pela questão racial.

– Eu nunca falo a partir de minha biografia, como se isso fosse um gesto de autenticidade – disse. – Quando meus oponentes dizem que eu não acredito que o racismo seja real, eu penso “OK, isso está estranho”.

Mais polêmica:Chomsky, Atwood e outros intelectuais lançam manifesto contra cultura do cancelamento na esquerda

Reed e seus camaradas acreditam que a esquerda muitas vezes prefere se envolver em batalhas raciais simbólicas, de estátuas à linguagem, em vez de ficar de olho em mudanças econômicas fundamentais. Melhor seria, eles argumentam, falar do que une brancos e negros. Enquanto há uma vasta disparidade entre americanos brancos e negros no geral, os trabalhadores pobres brancos são muito parecidos com trabalhadores pobres negros no que se refere à renda. Segundo Reed e seus aliados, os políticos do Partido Democrata usam a raça para se esquivar de questões econômicas, como distribuição de renda, o que incomodaria seus doadores ricos.

– Os progressistas usam a política identitária e a raça para conter os apelos por políticas redistributivas – disse Toure Reed, cujo livro “Toward Freedom: The Case Against Race Reductionism” (“Rumo à liberdade: o argumento contra o reducionismo racial”) trata desses assuntos.

Filho de intelectuais itinerantes e radicais, Reed passou sua infância em Nova Orleans e desenvolveu um “ódio especial” pela segregação que havia no Sul. Ainda que ele tenha sentido algum prazer quando Nova Orleans removeu homenagens a personagens históricos racistas, ele prefere um outro tipo de simbolismo. Ele se lembra de, ainda menino, viajar por pequenas cidades do nordeste americano e ver lápides, cobertas de musgo, de soldados brancos que morreram lutando pelos Estados do Norte contra o Sul escravocrata na Guerra Civil.

– Ler aquelas lápides me dava uma sensação calorosa. “Então fulano morreu para que outros homens pudessem ser livres” – disse. – Há algo de muito comovente nisso.

Fonte: waltersorrentino.com.br

AUXÍLIO EMERGENCIAL - Bolsonaro quer cortar R$ 350 do auxílio emergencial

 

Reprodução da Internet

Por: Christiane Peres, com informações do Valor Econômico

Deputado critica proposta defendida pelo governo para prorrogação do auxílio até dezembro.

Depois de afirmar que R$ 200 era pouco, Bolsonaro chegou à conclusão de que R$ 250 são suficientes para que trabalhadores informais e desempregados sobrevivam até dezembro. A proposta de prorrogação do auxílio emergencial ainda não foi oficializada, mas segundo informações do jornal Valor Econômico, o “meio-termo” encontrado pelo presidente já vem sendo discutido com deputados e senadores.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o corte de R$ 350 no auxílio concedido durante a pandemia é cruel e aumentará a miséria no país.

“Bolsonaro vai tirar 350 reais da mesa das famílias para dar dinheiro aos banqueiros. Três coisas acontecerão de pronto: 1) Aumentará a miséria. 2) Ficará provado que o governo sempre quis 200 reais apenas. 3) Bolsonaro passará a ser quem tirou dinheiro do povo”, afirmou.

De acordo com o Valor, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria sinalizado a Bolsonaro que o Congresso não tentará desgastar o presidente politicamente pela redução do benefício. A expectativa é de a proposta seja oficializada até esta sexta-feira (21). A mudança, no entanto, depende do envio de uma medida provisória (MP) e encontrará forte resistência da Oposição, que vem defendendo a extensão do valor atual, de R$ 600, até dezembro.

Fonte: pcdob.nacamara.org.br

MOVIMENTOS - Everaldo Augusto: Um marco para o sindicalismo classista no Brasil

Os dois mandatos da CSC na CUT Bahia – a segunda maior seção da CUT Nacional – protagonizaram e deram bases para a criação de uma central classista no Brasil, a CTB.

Em 2020, completam-se 20 anos da vitória da Corrente Sindical Classista (CSC) no 9º Congresso Estadual da CUT-Bahia (9° Cecut), realizado em julho de 2000. Foi a primeira vez que uma seção da CUT nacional passou a ser dirigida pelos comunistas.

A chapa vitoriosa incluía o núcleo da CSC, formado pelos militantes do PCdoB, mais representações de correntes petistas minoritárias – que se diferenciavam da corrente Articulação, majoritária na central –, mais representações independentes cutistas e um grande arco de alianças com o sindicalismo rural, dirigido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) no estado.

A vitória da chapa classista, intitulada Nova CUT, extrapolou os limites do sindicalismo, teve repercussão na frente de Oposição na Bahia, animou os movimentos sociais, repercutiu no sindicalismo nacional e interferiu na correlação de forças da central, que realizaria seu Congresso Nacional logo em seguida, o 8º Concut.

A Chapa Nova Cut expunha as divergências de caráter político e estratégico da CSC com a corrente majoritária Articulação diante dos efeitos da agenda neoliberal de FHC. Os classistas defendiam um sindicalismo reativo, que priorizava a unidade na luta e apostava na mobilização e na resistência dos trabalhadores contra a desnacionalização da economia, as privatizações, a destruição do setor produtivo nacional, a desregulamentação das relações de trabalho e sintetizava isso na palavra de ordem “Fora FHC”.

Enquanto isso, a Articulação, equivocadamente, defendia e praticava um sindicalismo meramente propositivo, com ênfase nas pautas corporativas e localizadas, que priorizava ações complementares em detrimento das questões estratégicas para os trabalhadores, levando a CUT a perder suas características de central e a se assemelhar mais a uma ONG. A este sindicalismo extremamente pragmático eles davam o nome de “sindicalismo cidadão”.

A eleição da Chapa Nova CUT não representava apenas uma vitória congressual. Ela foi resultado de um intenso e prolongado trabalho político e organizativo em mais 500 sindicatos baianos que gravitavam em torno da CSC. Por conta do imobilismo e da prática burocrática imposta à central na Bahia, esses sindicatos não conseguiam expressar sua força e suas proposições nos espaços da CUT. Em um momento de franca ascensão da oposição no estado contra FHC e contra as oligarquias do senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), os trabalhadores ressentiam da ausência da central nas ruas e nas lutas.

Everaldo Augusto, eleito presidente no 9º Cecut, dirigiu a CUT Bahia por dois mandatos.

No momento seguinte à vitória da CSC, a CUT ocupou as ruas em Salvador e em todo estado. Esteve presente e incentivou greves e mobilizações nos mais diversos setores, inclusive as greves vitoriosas da PM baiana. Foi a principal entidade que organizou e participou de maneira ampla das jornadas do 16 de maio de 2001 pela cassação do mandato de ACM, por ele ter fraudado o Senado Federal. Sob a direção classista, a central passou a integrar a Frente Política na Bahia, jogou papel decisivo de apoio nas eleições presidenciais seguintes, que deram vitória a Lula, e na grande vitória de Jaques Wagner para governador da Bahia.

A vitória da CSC no 9º Congresso da CUT Bahia resgatou a tradição de participação geral do sindicalismo classista baiano e retomou o legado que se inicia no século passado com a luta democrática na década de 60, com a conquista dos sindicatos pelas oposições e a luta pelo fim da ditadura militar na década de 80 e continuou no início do século 21, com a CSC à frente da CUT Bahia, dirigindo a luta contra as reformas neoliberais.

Em âmbito nacional, a conquista da CUT Bahia pela CSC contribuiu para fortalecer o sindicalismo classista, unitário, politizado e de massas, com interferência direta em todos os fóruns da central e com destacada participação no 15º Congresso da FSM (Federação Sindical Mundial), em 2005, realizado em Havana, Cuba, que politicamente relançou a entidade diante dos novos desafios decorrentes das transformações impostas pelo neoliberalismo, a versão mais violenta do capital.  

Os dois mandatos da CSC na CUT Bahia – a segunda maior seção da CUT Nacional – protagonizaram e deram bases para a construção de condições objetivas (força real entre os trabalhadores) e subjetivas (fortalecimento da consciência crítica) para a criação de uma central classista no Brasil. A conquista da CUT Bahia pela CSC, portanto, é um dos marcos, dentre outros, que levou o sindicalismo classista – aquele que se orienta pela lógica da luta de classes e defende o programa maior dos trabalhadores, o socialismo – a romper com o sindicalismo cidadão da CUT e fundar a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em dezembro de 2007.

Fonte: vermelhor.org.br

Márcio Jerry defende auxílio emergencial para micro e pequenas empresa

Jerry: "Auxílio emergencial a micro e pequenas empresas é necessidade urgente do país". Foto: reprodução.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB) afirmou nesta sexta-feira (21) que o governo federal precisa socorrer micro e pequenas empresas para reaquecer a economia no país, prejudicada pela crise do coronavírus. A declaração reforça a sugestão do governador Flávio Dino (PCdoB), que indicou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a criação de um “auxílio emergencial empresarial”.

“Auxílio emergencial a micro e pequenas empresas é necessidade urgente do país, para proteger empregos e aquecer a própria atividade econômica. Bolsonaro e Paulo Guedes, contudo, não conseguem destravar nem as possibilidades abertas com o crédito para estes setores”, declarou o parlamentar.

Ao comentar uma reportagem que aponta que devido ao atraso na liberação de recursos por parte do governo federal empreendedores estão fechando as portas de seus negócios pelo país, Flávio Dino afirmou que “em uma crise dessa profundidade e extensão, para muitas pequenas empresas o crédito não resolve”. “O caminho é um ‘auxílio emergencial empresarial’, que recupere uma parte do faturamento por intermédio de uma espécie de subvenção”, sugeriu o governador.

Enquanto o governo Bolsonaro não esboça reação, Flávio Dino lançou na quinta-feira um plano emergencial de investimentos de R$ 300 milhões no Maranhão. Segundo ele, a iniciativa será executada entre agosto e dezembro e prevê ações em diversas áreas de todo o estado. A proposta ganhou o nome de Celso Furtado, em homenagem ao economista nordestino, cujo centenário de nascimento será celebrado em 2020.

(PL)

Biden: “Serei um aliado da luz, não das trevas”

O candidato do Partido Democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, na noite de quinta-feira (20), quando sua indicação foi formalizada - Foto: Charlie Neibergall / AP

Pedindo ao país para “escolher a esperança e não o medo”, o ex-vice-presidente Joe Biden aceitou formalmente a indicação como candidato do Partido Democrata à eleição, na noite de quinta-feira (20). “Aqui e agora, dou-lhe a minha palavra: se me confiar a presidência, recorrerei ao melhor de nós e não ao pior. Serei um aliado da luz, não das trevas.”

Por Mark Gruenberg e John Wojcik (*)

“O atual presidente envolveu os EUA na escuridão por muito tempo. Muita raiva. Muito medo. Divisão demais”, disse Biden. “Unidos podemos, e iremos, superar esta temporada de escuridão nos EUA. Vamos escolher a esperança ao invés do medo, os fatos ao invés da ficção, a justiça ao invés do privilégio. ”

Em seu discurso de 20 de agosto, Biden falou sobre a dor da nação, particularmente com hemorragia de empregos e uma pandemia violenta de coronavírus, enquanto destacava suas próprias raízes de colarinho azul (trabalhador da produção – Nota da redação). Isso, e sendo simplesmente Joe, pode muito bem ajudá-lo a reconquistar muitos eleitores brancos da classe trabalhadora, especialmente homens, que votaram em Trump em 2016. Muitos desses eleitores apoiaram Trump há quatro anos, ajudando-o a chegar à Casa Branca por pouco, levando os votos dos principais estados industriais dos Grandes Lagos de Michigan, Wisconsin, Pensilvânia e Ohio.

As pesquisas de opinião de hoje mostram que Biden está levando esses estados.

A dor está sendo sentida por todos os trabalhadores sob o mando de Trump, disse Biden, que marcou os traumas: cinco milhões de pessoas com teste positivo para o coronavírus, mais de 170.000 mortos, 50 milhões de desempregados e 10 milhões que perderam o seguro saúde – tudo isso evitável, ele declarou.

E tudo ocorreu porque Trump “falhou em seu dever mais básico… de nos proteger. Isso é imperdoável.”

Portanto, sem nomear o governante do Partido Republicano, Biden prometeu liderar a nação – toda a nação – das “quatro crises históricas” que enfrenta, “uma tempestade perfeita”. Listou três: a pandemia do coronavírus, a depressão econômica, e a ameaça de uma mudança climática massiva e irreversível. Embora ele tenha chamado os quartos séculos de racismo sistemático de crise, na verdade é mais um confronto necessário com aquela história horrível e uma oportunidade para começar a erradicá-la.

Se Trump for reeleito, Biden avisou que mais pessoas morrerão da pandemia do coronavírus, mais empresas serão fechadas e mais trabalhadoras terão dificuldades, enquanto o 1% mais rico obtém outro corte de impostos. E Trump “vai acordar todos os dias acreditando que o trabalho é tudo sobre ele, não sobre você”, disse Biden.

Biden falou para uma audiência nacional de TV. Foi ouvido, no local, por uma pequena multidão de repórteres e outras pessoas – devido à pandemia do coronavírus. Todos os demais – delegados, convidados, repórteres, lobistas e todo o país – assistiram na televisão e online.

Isso porque o flagelo do coronavírus obrigou o fim de grandes reuniões, como a arena lotada de uma convenção com milhares de apoiadores e enfeitada com bandeiras, serpentinas, balões caindo e outros adereços tradicionais de uma festa feita para a TV. Fora do local onde Biden falou, no entanto, uma multidão assistia de seus carros, em estilo de cinema drive-in, com fogos de artifício no final após a aparição de Biden e a vice Harris.

“Embora eu seja um candidato democrata, serei um presidente dos EUA”, prometeu Biden. “Vou trabalhar duro tanto para aqueles que não me apoiaram quanto para aqueles que me apoiaram. Esse é o trabalho de um presidente. Para representar todos nós, não apenas nossa base ou nosso partido. Este não é um momento partidário. Este deve ser um momento estadunidense. É um momento que clama por esperança, luz e amor. Esperança para o nosso futuro, luz para ver o nosso caminho a seguir e amor uns pelos outros.”

Embora não tenha apresentado um programa ponto a ponto, Biden esboçou o que planeja fazer se os eleitores o mandarem para o Salão Oval. Um ponto é a “economia melhor”: Elevar os trabalhadores. Ele prometeu uma economia com “sindicatos de trabalhadores recém-capacitados”. Biden apoia fortemente a Lei de Proteção ao Direito de Organizar (PRO), a reforma da lei trabalhista pró-trabalhador a partir da lei trabalhista original de 1935. E iria além em um aspecto, contra as constantes infrações das leis trabalhistas pelas empresas.

“Meu plano econômico envolve empregos, dignidade, respeito à comunidade. Juntos, podemos e iremos reconstruir nossa economia. E quando o fizermos, não vamos apenas reconstruí-lo, vamos reconstruí-lo melhor”, disse Biden. E acrescentou: vai revogar o corte de impostos de 1,7 trilhão de dólares, feito por Trump-GOP (Grand Old Party, apelido tradicional do Partido Republicano – NdaR) em benefício dos 1% e demais ricos.

Apoiar sindicatos e trabalhadores faz parte do seu personagem – Biden os apoia há décadas e é apoiado por eles.

Semanas antes de anunciar oficialmente sua candidatura, a Conferência Legislativo-Política dos Bombeiros em Washington D.C. saudou Biden com um mar de amarelo e preto acenando “Corre, Joe, Corre!”. Ele agradeceu na ocasião, acrescentando: “Guarde esse entusiasmo”.

Biden prometeu criar cinco milhões de novos empregos, em fábricas e em tecnologia, convertendo a economia para a neutralidade de carbono e trazendo cadeias de suprimentos do exterior para produzir nos EUA os equipamentos necessários, como máscaras de proteção antivírus. “Nossa economia está em frangalhos, com comunidades negras, latinas, asiático-americanas e nativas americanas suportando o impacto disso. E depois de todo esse tempo, o presidente ainda não tem um plano”, criticou Biden. “Bem, eu quero.”

Sua economia incluiria “um sistema de saúde que reduz prêmios, franquias e preços de medicamentos com base no Affordable Care Act (ACA – Lei de Cuidados de Saúde, em tradução livre – NdaR) que ele está tentando aprovar”, referindo-se aos esforços de Trump-GOP, primeiro no Congresso e agora nos tribunais, para excluir essa lei. A Suprema Corte dos EUA, com uma maioria de cinco juízes nomeados pelo Partido Republicano, incluindo dois juízes nomeados por Trump, ouvirá o caso do regime de Trump contra a ACA neste outono – após a eleição.

A economia de Biden também inclui “um sistema de educação para treinar nosso povo para os melhores empregos do século 21, onde o custo não impeça os jovens de irem para a faculdade e a dívida estudantil não os esmague quando se formam”. Essas eram as bases dos progressistas do partido, liderados pelos senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, e pela deputada Alexandria Ocasio-Cortez (ACO), o jovem socialista democrática em ascensão. Biden não aceitou outra exigência da ala progressista do partido, no entanto, para substituir a ACA pelo Medicare For All.

O “melhor” de Biden também incluiria creches e idosos bem pagos, “um sistema de imigração que impulsione nossa economia e reflita nossos valores”, os “sindicatos de trabalho recém-capacitados”, salários iguais para mulheres e salários melhores.

“Sim, vamos fazer mais do que elogiar nossos trabalhadores essenciais. Finalmente vamos pagá-los”, prometeu. Os trabalhadores essenciais durante a pandemia – enfermeiras, caminhoneiros, trabalhadores de mercearia e de depósitos, entre eles – têm exigido pagamento de taxas de perigo por se colocarem em risco durante a pandemia. Alguns o receberam de empresas. Alguns, como os trabalhadores agrícolas, que não são cobertos pela legislação trabalhista, nunca o receberam ajuda.

A nova economia de Biden também enfrentaria a pandemia, começando “no primeiro dia”, disse. “Vamos desenvolver e implantar testes rápidos” para o vírus “com resultados disponíveis imediatamente.” Os EUA estão longe de fazer testes em massa e os resultados geralmente levam uma semana ou mais. “Nunca colocaremos nossa economia de volta nos trilhos, nunca levaremos nossos filhos de volta à escola em segurança, nunca teremos nossas vidas de volta, até lidarmos com esse vírus. A tragédia em que estamos hoje é não precisava ser tão ruim”, disse.

O plano, que Biden começou a desenvolver em março, incluirá todos usando máscaras antivirais em público enquanto durar a pandemia. É “um dever patriótico”, disse.

“Faremos os suprimentos médicos e equipamentos de proteção de que nosso país precisa. Vamos garantir que nossas escolas tenham os recursos de que precisam para serem abertas, seguras e eficazes.”

“E vamos colocar a política de lado e voltar a mira de nossos especialistas para que o público receba as informações de que precisa e merece. A verdade honesta e nua e crua. Eles podem lidar com isso.”

Essas também foram críticas a Trump, que primeiro ignorou a ameaça de pandemia, depois a tratou com desdém, e mesmo agora, disse outro palestrante, espera por “uma cura milagrosa”.

A reação de Trump às demandas para acabar com o racismo sistêmico também recebeu o desprezo de Biden e a promessa de iniciar o trabalho de reparação, reconciliação e justiça.

Isso pode ser responsabilidade da candidata a vice-presidente de Biden, a senadora Kamala Harris, A primeira mulher negra e a primeira asiático-americana numa chapa de partido importante. Depois de elogiar os jovens por irem às ruas por justiça racial e econômica, Biden voltou-se para seu conhecimento da injustiça.

“Ela conhece todos os obstáculos que se colocam no caminho de tantas pessoas em nosso país. Mulheres, mulheres negras, negros estadunidenses, sul-asiáticos americanos, imigrantes, deixados de fora e para trás”, disse sobre Harris.

“Mas ela superou todos os obstáculos que enfrentou. Ninguém foi mais dura com os grandes bancos ou com o lobby das armas. Ninguém foi mais dura em chamar este governo atual por seu extremismo, seu fracasso em seguir a lei e seu fracasso em simplesmente dizer a verdade.”

“Quase um século atrás, Franklin Roosevelt prometeu um New Deal em uma época de desemprego maciço, incerteza e medo. Atingido por uma doença, atacado por um vírus, Roosevelt insistiu que ele se recuperaria e prevaleceria e acreditava que os EUA também poderiam”, disse Biden no início de seu discurso. “E ele fez. E nós também podemos.”

(*) Mark Gruenberg dirige o escritório de “People’s World” em Washington. É também é editor da “Press Associates Inc”. (PAI), um serviço de notícias sindicais / John Wojcik é editor-chefe de “People’s World”.