ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Filho de Bolsonaro recebe apoio de família ligada ao jogo do bicho

Flávio Bolsonaro. Foto: Reprodução/Instagram
Do Estadão
A família Abrahão David, conhecida no Estado do Rio pelas relações com o jogo do bicho, decidiu apoiar a família do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Em agosto passado, o filho mais velho do candidato, deputado estadual pelo mesmo partido, Flávio Bolsonaro, fez campanha para o Senado em Nilópolis, reduto eleitoral da família há décadas. A agenda incluiu caminhada ao lado do prefeito da cidade, Farid Abrahão David (PTB), irmão do bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio. Também participou o deputado federal Simão Sessim (PP-RJ), primo do bicheiro.
Em imagens divulgadas em uma rede social de Flávio é possível ver o filho de Bolsonaro caminhando no calçadão da cidade entre Farid Abrahão e Sessim, que usam adesivos no peito com o número do candidato a senador.
(…)
Alguns eleitores dos Bolsonaros não gostaram do apoio – a família tem, entre suas bandeiras, o combate ao crime. Muitos reprovaram a aliança, em comentários publicados no post no qual o candidato a senador veiculou o vídeo da campanha com o clã Abrahão. “Ah tá de sacanagem do lado de Simão Sessim e Farid? Apaga que dá tempo”, escreveu um eleitor. Outro afirmou: “Com todo respeito, fica difícil te apoiar vendo vc (sic) ao lado do Simão e do Farid, é incoerente quanto à imagem que vc passa, vc não precisa disso, o povo quer a família Bolsonaro lá em cima…”.
As famílias David e Sessim são muito influentes na Baixada Fluminense, especialmente em Nilópolis. Sessim, desde 1979 na Câmara, já foi filiado à UDN e à Arena. Com a redemocratização, manteve-se no campo conservador.

O deputado é tido como representante do bicho em Brasília. Em fevereiro de 2015, ele foi citado em um depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato prestado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa. O deputado do PP foi acusado por Costa de ter pedido R$ 200 mil. Segundo o delator, Sessim foi “um dos poucos que agradeceu (sic)” a propina recebida.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO - DCM

Brasil A Constituição entre passado e futuro

 
“O futuro é, por definição, aberto. Cláusulas pétreas, como normas de autoproteção constitucional, podem muito pouco contra a irracionalidade, as revoluções e os motins. O retrocesso é uma ameaça permanente em toda ordem jurídica porque a vigência do direito anda de mãos dadas com sua eficácia”.

Por Juliana Diniz*

Ilustração: Helena Ene/Quanta Academia de Artes


Em 2018 comemoramos os trinta anos de promulgação da carta constitucional que demarcou o fim da ditadura e o reencontro com uma tentativa de democracia. As instituições, assim como as pessoas, têm uma identidade, são produtos da história e simbolizam uma dinâmica complexa entre o que fizemos do passado e o que ainda se pode pretender do futuro. Uma constituição, imperando sobre o presente, retrata uma herança cultural e política e lança luz sobre caminhos possíveis. Pensar sobre a identidade da constituição de 1988 é refletir sobre a tradição que ela afirma e suas possibilidades de mudança. Um exercício de leitura do tempo e da nossa virtude como seres da cultura: vivemos em estado de inacabamento, de abertura infinita ao novo.

A constituição de 1988 afirma um conjunto de valores, ideias e princípios que se desenvolvem desde as primeiras revoluções liberais, ainda no século XVIII. Segundo esse ideário, uma constituição é o ato formal de fundação de uma ordem política, um conjunto de normas concebidas para estruturar a arquitetura do estado conforme determinadas escolhas, que se assentam em alguns alicerces fundamentais: a ideia de que a soberania reside no povo, que o poder do estado é exercido em seu nome, que a autoridade precisa ser limitada para evitar o arbítrio e que há direitos inalienáveis que nem o estado nem os indivíduos podem violar. Esses alicerces têm resistido aos séculos e ainda definem a identidade das constituições democráticas do mundo ocidental contemporâneo. Ainda somos, por assim dizer, herdeiros da tradição do constitucionalismo e da revolução francesa. 

Nossa constituição é, também, retrato da década e do país em que foi criada, e nisso se concentra sua identidade mais local, para além da tradição do constitucionalismo europeu. Depois de um longo inverno representado pelo regime militar, a carta de 1988 cristalizou no imaginário coletivo o nascimento simbólico de uma nova ordem, não só jurídica, mas cultural: a do Brasil democrático, pluralista e republicano. Ela sinaliza, assim, um pacto de redemocratização, e nesse ponto se concentram suas principais ambiguidades. 

É a constituição de uma sociedade desigual e fragmentada, com visões de mundo muitas vezes incompatíveis, em franca disputa no tecido social. As disputas estão internalizadas no texto constitucional, na forma de tensões normativas: é um sistema que busca a conciliação de princípios aparentemente contraditórios, como, por exemplo, a coexistência de uma economia capitalista fundada na livre concorrência e uma concepção de propriedade privada condicionada pelo bem comum e pela função social. 

Essas ambiguidades que permeiam seu texto não são propriamente um desvalor ou patologia, e sim uma condição inevitável das democracias contemporâneas, como indicam filósofos políticos, sociólogos e juristas. A modernidade inaugurou uma nova ordem fundada no reconhecimento de uma liberdade fundamental que faz coexistir na vida pública uma infinidade de modos de vida e projetos de futuro conflitantes. Não há liberdade e autonomia possível sem a aceitação de que a diferença é o único ponto que temos em comum. Visões sobre homem, sociedade, educação, economia, etc., estão em franca disputa porque somos iguais em liberdade. 

O pluralismo é, assim, a grande causa de uma crise que experimentamos não só como crise política ou econômica, mas de sentido, ética. Há duas formas de encará-la, e aí está a chave do futuro da constituição. O pluralismo pode ser compreendido como fator de desagregação social e ameaça. Essa concepção nos levará à identificação de inimigos públicos e à força como forma de suprimir a diferença. Eis o caminho do totalitarismo, e o destino da carta de 1988 será sua corrosão e substituição por outra ordem jurídica, compatível com valores não-pluralistas. Um caminho alternativo é, todavia, possível, e me posiciono em favor dele, num exercício de fé iluminista. Ele indica o dever de proteção, celebração e reafirmação da carta constitucional vigente na medida em que ela representa a defesa do pluralismo como fator de riqueza cultural e de condição de liberdade consciente. O caminho que cada um de nós deseja seguir é traçado a cada escolha, a cada voto, a cada discurso, a cada gesto.

O futuro é, por definição, aberto. Cláusulas pétreas, como normas de autoproteção constitucional, podem muito pouco contra a irracionalidade, as revoluções e os motins. O retrocesso é uma ameaça permanente em toda ordem jurídica porque a vigência do direito anda de mãos dadas com sua eficácia. Mesmo que eu reconheça o valor da carta de 1988, seria ingênuo afirmar que seu destino é luminoso, a sua perenidade não está garantida. 

Os próximos trinta anos não podemos prever. Incrédulos, testemunhamos o renascimento de discursos obscuros de negação dos valores de constitucionalismo democrático e do modo de vida que desenvolvemos, com muito custo e sangue, durante séculos. A única previsão possível é a de que somos senhores e filhos do tempo. Por sermos livres, sabemos de antemão que o futuro que podemos ter será sempre uma herança, boa ou má: o espólio das escolhas que fizermos hoje. 


*Juliana Diniz é doutora em direito constitucional pela Universidade de São Paulo. Professora do curso de Direito da UFC. Autora da obra O povo é inconstitucional: poder constituinte e democracia deliberativa, publicada pela Lumen Juris.

Ilustração: Helena Ene/ Quanta Academia de Artes

Juninho: 'A grande mídia vai apoiar o Bolsonaro se ele for pro segundo turno"

 

Foto: REPRODUÇÃO

Em entrevista ao El País, publicada nesta sexta-feira (5), o ex-meia Juninho Pernambucano fala sobre a sua saída do Brasil após o rompimento de contrato com a Rede Globo, onde era comentarista de futebol desde 2014. 


Em abril, durante programa da SporTV, Juninho criticou os jornalistas que cobrem os clubes afirmando que “são muito piores hoje em dia”. A direção da emissora de canal fechado de esportes da Globo emitiu uma nota oficial condenando os comentários do ex-jogador.

"Me contrataram para dar opinião. Eu criticava quem tivesse que criticar. Enquanto a Globo me deixou trabalhar, fiz minha parte. Saí de consciência limpa. Não vendi minha alma nem meu caráter", disse.

Na entrevista, Juninho fala sobre a momento politico que o Brasil vive e o que considera uma ameaça à democracia a ascensão de candidatos com propostas da extrema-direita.

"Nossa democracia é muito jovem, mas o básico seria entender que o voto tem peso igual. Negro, branco, pobre, rico: nenhum voto vale mais que outro. O problema é que, depois de tanto tempo de esquerda no governo, o desespero pela retomada do poder cegou algumas pessoas", afirmou o ex-jogador.

"Precisou de quantos para tirar a Dilma? Aécio, Eduardo Cunha, Temer e… A imprensa, pô! Rasgaram nossos votos e nos levaram a esse terror. Que tirassem a Dilma agora, nas urnas. Por pior que estivesse o país, não chegaria nessa situação, em que um extremista é cotado à presidência. Pode escrever aí: a grande mídia vai apoiar o Bolsonaro se ele for pro segundo turno", cravou Juninho.

Lula

Sobre o Lula, ele recorda que o viu apenas uma vez, durante um jogo no Haiti. "Ele foi lá, agradeceu a gente e deu uma carta para cada um. Foi a única vez que estive com ele", contou.

Juninho afirmou que tem muita admiração pelo ex-presidente. "Eu o admiro muito. Ninguém vai apagar o que ele fez por esse país", salientou.

Para ele, Lula está sendo perseguido e explica porque: "O Lula é um senhor de 72 anos que está sendo massacrado. Por que as pessoas odeiam o Lula? O que odeiam nele é a aparência, a origem, o sotaque, a história e a popularidade. Se fizer um teste de ódio nas ruas, colocando um boneco do Lula ao lado de um do Aécio, vai sobrar para o Lula. Nem se compara. A elite exerce um domínio mental. Funcionário usar roupa branca na sua casa, uma coisa do tempo da escravidão. Como tenho boa condição, eu vivia entre os bacanas, morava em condomínio de rico. E via o pai passando esse ódio pro filho, uma coisa surreal".

Sobre o apoio a bandeiras totalitárias, Juninho afirma que "muitos brasileiros ignoram que outros foram torturados e assassinados na ditadura".

"É desesperador ver gente apoiando intervenção militar. O Exército existe para defender o país, proteger as fronteiras, não para matar brasileiro na favela. Eles não foram treinados pra isso. Dizem que eu defendo bandido. Mas a gente tem que parar com essa história de achar que todo crime é igual. Uma coisa é assassino, outra é o cara que rouba", rebateu 

Juninho afirma que colocar um jovem de 18 anos que roubou num presídio não resolve o problema. "Ali é categoria de base para o crime. Quando o cara sai, ele quer se vingar da sociedade. Por isso que eu me revolto quando vejo jogador e ex-jogador de direita. Nós viemos de baixo, fomos criados com a massa. Como vamos ficar do lado de lá? Vai apoiar Bolsonaro, meu irmão?", indaga.

Ainda sobre o ambiente de intolerância que prevalece em nossa sociedade e como ele lida com tal situação, o atleta afirma: "Uma das minhas filhas nasceu em Recife, as outras duas, em Lyon. Minha neta vai ser filha de nordestina com americano descendente de chineses. Será que não tem diversidade na minha família? Sou um cidadão do mundo. Não posso ser intolerante com as diferenças. A única ressalva são os extremistas. Será que um cara que crê na existência de “raças humanas” e propaga discurso de ódio merece a democracia?".


Do Portal Vermelho

Bolsonaro fugiu do debate, mas não saiu ileso. Haddad se fortaleceu

 Fernando Haddad se fortaleceu na disputa presidencial

 Fernando Haddad se fortaleceu na disputa presidencial

Bolsonaro fugiu do principal debate entre as candidaturas à presidência da República. Usou como álibi a convalescência. Mas, este álibi caiu. Não teve saúde para o debate, mas a teve para dar uma longa entrevista a outro canal de tv. Ausentou-se por conveniência, por medo, e obvio, por ser inapto à democracia.

Embora ausente foi confrontado. O momento talvez mais destacado do debate se deu a partir de uma pergunta de Fernando Haddad a Guilherme Boulos. Boulos, sem meias palavras, denunciou a tragédia que representou a ditadura militar e alertou que nunca ela esteve tão próxima de retornar, numa referência direta a Bolsonaro. Haddad respaldou o alerta e disse que “sem democracia, não há direitos.”

Foi positivo, também, que outros candidatos, como Marina Silva, Henrique Meirelles e, sobretudo, Ciro Gomes tenham combatido Bolsonaro com temas sensíveis ao povo: como fim do 13º salário, da gratificação de férias, aposentadoria digna, ou, condenando-o pela ausência em desrespeito ao eleitorado. Alckmin também estocou Bolsonaro, mas sempre naquela pregação falsa de que o Brasil está conflagrado por dois extremos.

O bufão da noite foi Álvaro Dias. De início, bajulou tanto a Globo e o apresentador que perdeu o tempo da pergunta. No resto, foi um atabalhoado e truculento inquiridor de Haddad.

Bolsonaro, poderia ter sido mais combatido? Sim. As regras do debate e interesses táticos de várias candidaturas contiveram a dosimetria. Mas, o certo é que “fujão” Bolsonaro não saiu ileso.

O candidato do PDT Ciro Gomes, em terceiro lugar nas pesquisas, e, que legitimamente, almeja uma vaga no segundo turno, foi razoavelmente comedido na demarcação com Fernando Haddad. Ambos, divergiram, essencialmente, como candidaturas de um mesmo campo.

Com ausência do fujão Bolsonaro, toda a expectativa, toda pressão recaiu sobre Fernando Haddad, uma vez que está consolidado em segundo lugar. Ele foi o mais questionado, o que recebeu mais ataques.

E nestas circunstâncias adversas, se fortaleceu. 

Foi sereno. Demonstrou autocontrole, sangue frio, quer seja com os pontas-pés de Dias, quer seja com o ácido antipetismo do tucano.

Foi altivo. Exigiu compostura de adversários. Expôs de forma convincente o legado dos governos Lula e Dilma. Defendeu com firmeza o ex-presidente Lula, denunciou a prisão injusta e arbitrária.

Foi propositivo e programático. Não houve uma só pergunta, ou uma só resposta que não tenha se primado em apresentar saídas para o Brasil sair da crise: na esfera da economia, do meio ambiente, da segurança pública, da saúde, da previdência, do trabalho, da educação.

Elevou-se como patriota. Categoricamente afirmou que irá retomar a riqueza do pré-sal entregue pelo governo Temer “aos americanos”.

Fernando Haddad, neste debate, confirmou aos olhos de milhões de eleitores e eleitoras, sua personalidade, suas qualidades, expôs um pouco de sua história. 

Haddad saiu fortalecido. Demonstrou que é um líder capaz de unir e retirar o país da crise e salvá-lo da ameaça de um regime ditatorial, representado pela candidatura do fascista Bolsonaro.

Da Redação.