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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Primavera feminista: mulheres nas ruas contra a cultura do estupro

Centenas de mulheres marcharam em São Paulo para protestar contra o machismo. Manifestantes também fizeram coro de “Fora Temer”; confira fotos do ato
Por Beatriz Sanz
Na tarde de quarta-feira (1), um ato convocado pelas redes sociais reuniu centenas de mulheres em São Paulo. Eram mães, filhas e avós que gritavam pelo fim da cultura do estupro.
O grupo começou a se organizar às 16h, no Masp (Museu de Arte de São Paulo). Por volta das 18h, as manifestantes começaram a sair do local em direção à Praça Roosevelt, no centro da capital.
O trajeto inicial seria descer pela rua Consolação. Porém, mais cedo o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) havia ocupado o gabinete da Presidência e a tropa de choque da Polícia Militar fez um cordão de isolamento, impedindo que as mulheres seguissem pela Avenida Paulista, em direção à Consolação. Elas decidiram, então, ir pela rua Augusta.
Alguns militantes do MTST se uniram para prestar solidariedade às participantes da marcha. Durante todo o trajeto, as mulheres entoavam cantos e palavras de ordem contra o machismo e também protestaram contra o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, e o governo interino de Michel Temer. Apoiadores do ato saíram às janelas com bandeiras e juntaram suas vozes às vozes das ruas.
Ana Beatriz, de 21 anos, foi à manifestação com sua filha de 8 meses. “Eu estou aqui por ela porque eu quero que ela aprenda desde cedo que não deve ser submissa”, afirmou.
As participantes ainda exaltaram o poder de mobilização das redes. “As denúncias desse caso do estupro coletivo [ocorrido no Rio de Janeiro] começaram a ser feitas pela internet e, a partir disso, conseguimos uma mobilização real e agora estamos na rua”, ressaltou Arissa Baeza, de 18 anos.
A manifestação acabou por volta de 20h 30, com as mulheres lembrando que não foram 33 homens contra uma, no caso do estupro contra a adolescente carioca. Foram 33 contra todas.

Felipe Bianchi: O estádio é o meio e nossas lutas são a mensagem


Botafoguenses protestam no Mané Garrincha
Botafoguenses protestam no Mané Garrincha

E não raramente, ter de voltar as atenções ao estrangeiro, como no caso da icônica e flamejante rivalidade entre Livorno e Lazio, que chegou a opor comunistas e fascistas não só nas tribunas, mas também nos gramados da Itália (Cristiano Lucarelli, do lado dos livornesi, e Paolo Di Canio, pelos laziali).

Acompanhar os ultras do Borussia Dortmund levantarem faixas com mensagens de solidariedade aos refugiados sírios é apaixonante, mas agora não precisamos mais, necessariamente, olhar pra fora. Há um incandescente movimento nas arquibancadas brasileiras que, para além da paixão incondicional por determinado clube, tem detonado protestos políticos e soltado a voz sobre temas que 'a Globo não mostra' e debates que a mídia monopolista omite, interdita e, não raramente, manipula.

Esta coluna já repercutiu, em artigo publicado no dia 4 de maio, as manifestações contra o papel golpista exercido pela Rede Globo na cobertura do processo ilegal de impeachment da presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff. Nesta semana, foi a vez das mulheres e dos movimentos feministas transformarem as arquibancadas em suas próprias mídias para dizer não ao estupro e ao feminicídio vigente em nossa sociedade.

Torcidas de Atlético Mineiro, Botafogo do Rio e Ceará foram algumas das que levaram faixas aos estádios. Nos últimos dias, outras torcidas têm se manifestado, também, com a palavra de ordem #ForaTemer. Parece que o golpismo eclodiu, de vez, os ânimos nas arquibancadas – ao contrário do que pode aparentar o início deste artigo, não se trata de o brasileiro ser alienado, até porque os torcedores acostumaram-se a enfrentar, nos últimos anos, recorrentes proibições e repressão policial de qualquer manifestação política nas arquibancadas.

O jogo mudou. Ainda que seja apaixonante acompanhar o que rola nas canchas e tribunas da Europa, da Ásia e de outros países da América Latina, já não nos calam como antes. O ladrão de merenda, o traiçoeiro e vampiresco presidente golpista, os machistas e fascistas podem ter certeza de que há muitos de nós que amamos o futebol na mesma medida em que os detestamos. O estádio também é uma mídia, e é nossa.


*Jornalista do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e do Coletivo Futebol Mídia e Democracia
Fonte> Portal Vermelho

ECONOMIA: Até FMI reconhece: políticas neoliberais aumentaram desigualdade


 
 

Intitulado “Neoliberalism: Oversold?” - algo como “Neoliberalismo: superestimado?” - o artigo resgata um debate que há anos é feito por alguns economistas sobre as experiências fracassadas das políticas neoliberais, que tiveram seu apogeu a partir dos anos 80, nos chamados países em desenvolvimento.

"Os benefícios de algumas políticas que são uma parte importante da agenda neoliberal parecem ter sido um pouco exagerados", reconhecem os economistas.

"Em vez de gerar crescimento, algumas políticas neoliberais aumentaram a desigualdade, colocando em risco uma expansão duradoura", constatam.

Os três autores - Jonathan D. Ostry, Prakash Loungani e Davide Furceri - membros do departamento de pesquisa do FMI, dizem que a abordagem tradicional que a entidade vinha pregando aos países em desenvolvimento - que previa corte de gastos do governo, privatização, livre comércio e abertura de capital - podem ter custos "significativos" em termos de maior desigualdade.

“Os custos em termos de crescente desigualdade são evidentes (...) As políticas de austeridade não só geram custos sociais substanciais, como também prejudicam a demanda e assim agravam o desemprego”, concluem.

De acordo com o texto, o aumento da desigualdade prejudica o nível e a sustentabilidade do crescimento. "Mesmo que o crescimento seja o único ou principal objetivo da agenda neoliberal, os defensores dessa agenda devem prestar atenção nos efeitos de distribuição".

Embora os três economistas reconheçam pontos positivos na agenda neoliberal, eles são categóicos ao apontar a supervalorização do neoliberalismo por parte de seus defensores. 

“No caso da abertura financeira, alguns fluxos de capital, como o investimento estrangeiro direto, parecem ter os benefícios esperados. Mas para outros, particularmente os fluxos de capital de curto prazo, os benefícios em relação ao crescimento são difíceis de verificar, enquanto que os riscos, em termos de maior volatilidade e maior risco de crise se mostram crescentes.”

Segundo os autores, de 150 casos desde a década de 1980 de economias emergentes que tiveram um forte aumento dos fluxos de capital, 20% resultaram em crise financeira. Além disso, a abertura financeira gera um aumento considerável da desigualdade na população do país, alertaram.

Nesta quinta (02), o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Maurice Obstfeld, defendeu que "ninguém quer austeridade desnecessária" e admitiu que a organização está a avaliar a forma como pensa, mas não alterou a sua abordagem.

O fato é que a análise dos pesquisadores do fundo vai de encontro aos que mesmo economistas mais ortodoxos têm percebido ao reavaliarem suas teses e aceitarem o papel do Estado como elemento indutor e regulador da economia. 

O Brasil, contudo, regrediu no debate, o que fica claro nesses pouco mais de 20 dias de governo Temer. O programa do governo provisório, assim como o "pacote de maldades" anunciado pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apontam para reduzir gastos sociais - mesmo em áreas como Saúde e Educação -, eliminar direitos trabalhistas, reduzir salários, congelar as despesas primárias do governo, reiniciar um ciclo de privatizações e abrir brecha para entregar o pré-sal às multinacionais.

Significa que, neste momento, o país está diante da uma encruzilhada.  Responsáveis por votar o processo de impeachment, alguns senadores têm nas mãos o poder de decidir que caminho o país tomará. Se optarem por afastar definitivamente a presidenta Dilma Rousseff, não restam dúvidas de que estarão conduzindo o país de volta aos tempos das políticas reconhecidamente fracassadas e de enorme custo social. 


 Do Portal Vermelho, com agências