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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Penélope Toledo: Um dia que nunca será esquecido


Em uma ascensão meteórica, a Chapê subiu da Série D do Brasileirão, em 2009, para a A, em 2014. E agora era finalista da Copa Sul-Americana. Apesar de sempre tirar pontos dos “grandes”, embarcou para Medellín, onde disputaria a final, como a queridinha do Brasil. Mas o sonho foi interrompido pela queda do avião que levava a delegação e jornalistas.

Além do sofrimento das perdas, porque perder vidas sempre dói demais, fica a sensação de injustiça. O clube vivia o seu auge, os jogadores brilhavam, a torcida estava fervorosa, a cidade se cobria de orgulho sob a bênção de Condá. E repentinamente, acabou. Clariceando: “terminou com a brusquidão e a falta de lógica de uma bofetada em pleno rosto”.

Horas depois, com o país ainda em luto, o espírito do índio Condá tomou conta de Brasília, onde manifestantes combatiam a aprovação da PEC 55. Explico: o mascote da Chapê é uma homenagem ao cacique Vitorino Condá, um dos líderes dos Kaingang, que lutou para que seu povo tivesse direito à terra tomada pelos colonizadores (embora seja considerado como vilão por muitos, por ter sido “domesticado” pelos brancos).

Com a mesma valentia e vítimas da mesma repressão sangrenta, os manifestantes de Brasília lutavam para que o nosso povo não tenha seus direitos tomados pelos golpistas. Isto porque a PEC 55 estabelece a limitação nos gastos públicos com saúde e educação, dentre outros, por 20 anos, fazendo retroceder conquistas como negros e pobres nas universidades e médicos nas periferias.

E enquanto o Brasil sentia na alma o luto pela tragédia da Chapecoense, os brasileiros sentiram na carne o preço da luta contra a tragédia que é o golpe de Estado. Bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, balas de borracha e cassetetes feriram manifestantes, muitos dos quais precisaram de socorro médico. O destaque midiático dado ao primeiro episódio se contrasta à omissão dada ao segundo. 

A História se repete

Não faz muito tempo, em 2009, o ônibus que transportava o time do Brasil de Pelotas caiu em um barranco. No acidente, morreram o ídolo da torcida, Cláudio Milar, o zagueiro Régis e o treinador de goleiros Giovani Guimarães.

No ar, quase toda a equipe do Torino, da cidade italiana de Turim, jornalistas e dirigentes do clube faleceram em desastre aéreo em 1949; parte do elenco do Manchester United, em 1958; oito jogadores da seleção da Dinamarca, em 1960; integrantes do escrete da Bolívia, em 1969; 178 pessoas, sendo 17 jogadores do Pakhtakor Tachkent, da União Soviética, em 1979 e 18 jogadores e os técnicos da seleção da Zâmbia, em 1993.

Golpes também já aconteceram. No Brasil, foram vários e várias tentativas, incluindo a Proclamação da República, que destituiu o imperador Dom Pedro II. Os principais foram o do Marechal Deodoro, que fechou o Congresso Nacional com 2 anos de República; o de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder por 15 anos e o militar, que submeteu o país, de 1964 a 1985, a anos de chumbo, torturas e “desaparecimentos”.

No futebol e na vida, não existe o “se”

Aos 49 minutos do segundo tempo, o goleiro Danilo, da Chapecoense, salvou milagrosamente, com o pé, o gol que daria ao San Lorenzo, campeão da Libertadores de 2014, a vaga na final da Sul-Americana. Se a bola entrasse, a Chapê estaria fora da final e não teria embarcado naquele voo.

Só que no futebol não existe o “se”. Não tem como voltar no tempo e ser diferente, tampouco saber como teria sido. Na vida, também não. Não adianta chegar no fim e pensar: “ah, se eu tivesse lutado, tivesse resistido”. A História se constrói no presente e o que tem que ser feito, é agora.

Panes em aviões podem ser reduzidas com manutenção permanente, fiscalização e controle. Ainda assim, há sempre o imprevisível que transcende a ação humana. Algumas tragédias não podem ser evitadas. Mas há as que podem – e devem. O golpe é uma delas. 


*Comunista, jornalista com passagem pelo jornal Lance!
Fonte: Portal Vermelho

Comissão ignora protestos e aprova reforma no ensino médio


Mídia Ninja

O texto foi aprovado um dia depois de um protesto que reuniu mais de 20 mil pessoas, em sua maioria estudantes, contrárias à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 – que foi aprovada pelo Senado na noite de terça-feira – e à reforma do ensino médio, enviada por meio de medida provisória pelo governo Temer. Antes do protesto, mais de mil escolas em todo o país foram ocupadas por estudantes que contestavam as propostas enviadas pelo Democratas ao Congresso para “diminuir a evasão do ensino médio”.

Os apelos por diálogo e por respeito às propostas já em tramitação na Câmara, que foram amplamente discutidas com o setor, foram ignorados em nome da “pressa” que o governo tem em “melhorar a qualidade da educação”.

Para a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), mais uma vez, o Parlamento demonstrou total desconexão com os anseios dos estudantes e do setor educacional. “É claro que o ensino médio precisa de uma reforma, mas somos contra que essa reforma seja feita unilateralmente, por decisão do Executivo através de uma MP, sem ouvir os interessados e as pessoas que estão na vivência do dia a dia, no chão da sala de aula. A comissão se mostrou insensível a uma trajetória de discussão que já vinha sendo feita na Câmara sobre a reformulação”, critica.

O texto aprovado inclui a obrigatoriedade de artes e educação física como componentes do ensino médio e propõe uma meta intermediária de ampliação da carga horária para pelo menos mil horas anuais no prazo máximo de cinco anos para todas as escolas. O texto original da MP 746 previa a retirada da obrigatoriedade artes e educação física e a ampliação da carga horária do ensino médio das atuais 800 horas anuais para 1.400 horas, em regime de educação integral.

Em relação à volta da obrigatoriedade de filosofia e sociologia no ensino médio, retirada pela MP de Mendonça Filho, Pedro Chaves disse que a discussão será feita pelo Conselho Nacional de Educação, na definição da Base Nacional Comum Curricular.

Durante a votação, a deputada Soraya Santos (PMDB-RJ), favorável às propostas do governo, chegou a sugerir que essas disciplinas poderiam ser estudadas dentro de outras aulas, como português, por exemplo.

Para a Bancada do PCdoB na Câmara, a manutenção da retirada dessas disciplinas é sintomática e revela o perfil do cidadão que o governo Temer quer formar. “Eles querem um currículo mínimo voltado para a massificação de competências e habilidades. Assim, a formação desses meninos e meninas passará a ter um caráter tecnicista apenas para atender ao mercado. As desigualdades de formação se aprofundarão e colaborarão para a existência de uma educação para as classes populares e outra para a elite, que terá condições, de fato, para continuar seu processo formativo em direção à universidade e para as profissões mais valoradas”, critica a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

Apesar do placar desfavorável na comissão, a deputada Professora Marcivânia acredita que no Plenário o resultado possa ser diferente. Até lá, estudantes prometem continuar suas mobilizações contra a proposta. 


Fonte: PCdoB na Câmara