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sábado, 15 de abril de 2017

Um castigo para quem deu o melhor de si para o país


Previdência Mitos e Verdades publica mais um artigo que apresenta de maneira resumida o principal documento sobre a liquidação da Previdência Social no Brasil, pretendida pelo governo Temer. É o  Previdência: Reformar para Excluir?, elaborado por iniciativa da Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Desta vez o tema, do 6° capítulo do documento, é a crueldade com os mais velhos, que são tratados pelos “reformadores” de Temer pior que cachorros, de maneira sem precedente mundial e que afronta a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário há décadas.

Os burocratas do governo Temer, inspirados pelas instituições financeiras, trataram o tema da idade no projeto como se os brasileiros e brasileiras fosse europeus –ignorando as diferenças brutais que existem entre o Brasil e os países do Velho Continente.

Pior ainda: as regras são ainda mais severas que as praticadas por governos da Europa! Até 2008, quando houve a última grande crise mundial, a idade para acesso à aposentadoria integral era inferior a 65 anos em muitos países; só depois da crise que a idade mínima elevou-se. Mas com uma diferença enorme: enquanto na reforma de Temer 65 passa a ser de fato idade mínima, a fixação de idade mínima para a aposentadoria na Europa (em torno de 65 anos) “não é o mínimo, mas a referência”. Ou seja, a “carência mínima” para a idade que assegura o direito ao recebimento do benefício básico, ou pedido de aposentadoria antecipada, é inferior a “idade de referência”, que é o limite legal de idade estipulado para o recebimento da pensão completa. Veja na tabela:
Em outras palavras: o indivíduo pode se aposentar com a “idade mínima”, recebendo valor inferior ao que receberia se ficasse tempo maior no mercado de trabalho, até atingir a “idade de referência” e ter direito ao benefício integral –esse direito foi usurpado no projeto do governo.

Esta é apenas uma das dimensões  da política de desproteção à velhice que orienta a “reforma” de Temer. Há outras, como o aumento da distância entre a idade em que milhões de pessoas param efetivamente de trabalhar e o momento em que elas terão direito à aposentadoria. Isso quer dizer que haverá uma massa enorme de pessoas que param de trabalhar por diversos motivos, mas sobretudo por serem dispensadas por seus patrões, e o momento em que terão direito à aposentadoria. Haverá um enorme buraco de anos entre o fim dos rendimentos do trabalho e o início dos rendimentos da aposentadoria.

Essas e outras diretrizes da “reforma” fazem com que ela represente uma afronta direta ao artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, da qual o Brasil é signatário, na medida em que não estará garantido a todos “o direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle”. Se se aprovarem as regras agora propostas, o Brasil, um dos países mais desiguais e heterogêneos do mundo, caminhará para se transformar em um dos campeões mundiais em regras restritivas para a aposentadoria.

É o castigo do governo Temer aos trabalhadores e trabalhadoras que dão o melhor de si para o país.

Detalhe de foto de Roberto Parizotti / CUT
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Mídia internacional “enterra” Temer


Nesta quinta-feira (13), os principais veículos estrangeiros registraram que as novas denúncias de corrupção devem paralisar a já capenga economia nativa, dificultar as contrarreformas dos golpistas e abalar ainda mais a já baixa popularidade do usurpador. Alguns deles inclusive já preveem o enterro do Judas.

A Agência Reuters, por exemplo, postou que o escândalo desperta os “temores de caos” no Brasil, provocando a paralisia do Congresso Nacional. “Oito ministros do governo e 12 governadores foram varridos pelas denúncias, bem como dezenas de parlamentares e quatro ex-presidentes”, diz a reportagem, replicada em 6,2 mil veículos de imprensa espalhados pelo planeta, incluindo Washington Post e New York Times. Já o jornal francês Le Monde também abordou os estragos causados no covil golpista. “Um terço do atual governo, mas também dezenas de deputados e senadores, são alvo de investigações relacionadas com o escândalo da Petrobras”, relata a jornalista Jeanne Cavellier.

Na internet, as notícias mais compartilhadas no mundo são: “Governo Temer cambaleia com novas acusações de corrupção”, do jornal ianque New York Times, e “Corrupção no Brasil: oito ministros são citados”, da rede britânica BBC. No Facebook, o destaque é para a matéria publicada no Financial Times: “São 74 políticos, incluindo oito ministros. As investigações podem desestabilizar o governo Temer num momento em que reformas difíceis tramitam no Congresso”. No YouTube, a Hispan TV ironiza: “Alguém do governo Temer está limpo?”. Já a estadunidense CNN pergunta se as “delações do fim do mundo” podem também representar “o fim do governo Temer?”. 

Um dia antes, na quarta-feira, a Associated Press também havia feito a mesma indagação. Após afirmar que um “tsunami” atingiu a política brasileira, a AP lembrou que Michel Temer, alvo de processo na corte eleitoral que pode cassar seu mandato, tem apenas “imunidade temporária”. E o site Bloomberg lembrou que as investigações de “aliados mais próximos ameaçam desestabilizar o governo” do usurpador “em um momento-chave” para a sua “impopular agenda de reformas”. Para encerrar, vale citar novamente o “prestigiado” – pela cloaca empresarial – New York Times, que concluiu que as investigações em curso podem representar “outro golpe para o sitiado governo de Temer”. 

Pelo jeito, a imprensa internacional está mais sintonizada com a realidade brasileira do que a mídia chapa-branca nativa!

*Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé


Fonte: Blog do Miro

Criminalização da política se generalizou no Brasil das delações

Rodrigo Janot (foto) é, segundo Wadih Damous, um manipulador do tempo e da política
Rodrigo Janot (foto) é, segundo Wadih Damous, um manipulador do tempo e da política


As leituras sobre o significado da lista e suas implicações no já nebuloso quadro político nacional podem ser várias. Ela comprova a tutela do Judiciário sobre a política? A lista pode ser uma metralhadora giratória que, ao final, terá apontado em todos para não punir ninguém? Ou vai punir aqueles que de fato interessam à força-tarefa? Numa visão mais catastrofista, é o fim da República?

“Pode ser tudo isso, ou, dito de outra forma, pode levar a qualquer uma dessas hipóteses. A hipótese mais próxima, que já está preocupando todos os círculos conservadores, é a criminalização da política, como exercício político, e suas possíveis consequências nas eleições de 2018”, diz o cientista político Roberto Amaral, ex-presidente do PSB. 

A crise não é apenas ética, ou moral, avalia. “A ordem constitucional, ou o ciclo nascido com a Constituição de 1988, morreu. Esse ciclo político, constitucional, partidário, se acabou e não se anuncia o novo. Não sabemos o que será o novo.”

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) considera difícil saber no que a crise, exacerbada com a lista de Fachin, vai redundar. “Mas é possível avaliar elementos presentes desde que a criminalização da política se intensificou com a Lava Jato”, diz. “Rodrigo Janot e Sérgio Moro, sobretudo, manipulam o tempo. Vazam não só seletivamente, mas vazam de acordo com interesses do momento.”

Na opinião do parlamentar, “aparentemente” há uma isenção na lista do ministro do STF, já que as principais personalidades do mundo político “estão na alça de mira”. “Mas o tempo é manipulado sobretudo pelo procurador-geral da República.” Essa avaliação, segundo ele, fica demonstrada pelo fato de que já se sabia “há muito tempo” do envolvimento de Aécio Neves (PSDB-MG) em Furnas, Cidade Administrativa e Odebrecht. “Qual é o tempo em que Lula vai ser julgado e Aécio Neves vai ser julgado? Ao manipular o tempo, se manipula a política.”

Damous reafirma que a relação da imprensa tradicional com o sistema de justiça do país é um instrumento contra a democracia. Mais do que isso. “O sistema político brasileiro está absolutamente prisioneiro do poder Judiciário e do Ministério Público. Eles dão as cartas, são os senhores do tempo. Eles vão dizer quem vai ser condenado logo, quem vai ficar em banho-maria.”

Apesar desse processo não ser marcado apenas por aspectos negativos, não se sabe o preço que se pagará por ele, na visão do deputado. “Joga-se numa vala comum crimes de gravidades diferentes, como caixa 2 e corrupção. A população não distingue entre uma coisa e outra. Tem fatores positivos, mas à custa de quê? Da democracia? Às custas de vazamentos ilegais, de prisões preventivas ilegais, de chantagem, de violação de direitos e garantias fundamentais? Esse é o preço que vamos ter que pagar? Só o tempo vai dizer”, aponta.

O parlamentar cita ainda uma afirmação de Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça e ex-corregedora nacional de Justiça: "Delação da Odebrecht sem pegar Judiciário não é delação”, afirmou ela, em dezembro do ano passado.

O cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC (UFABC), ressalta o fato de que o “clímax” representado pela lista de Fachin coloca em xeque uma boa parte das lideranças politicas do país, à direita e à esquerda. “E liderança não é uma coisa que se produz em cada esquina, a toda hora. A lista abre caminho a uma nova era da democracia, muito mais sujeita ao voluntarismo, amadorismo e aventureiros.”

O analista aponta o nome do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), como o exemplo mais atual do tipo de aventureiro que pode tentar ocupar o lugar aberto pelas denúncias. “Temos um espaço aberto para um aventureiro com uma agenda conservadora.” Na opinião de Marchetti, já é um grande desafio o país chegar a 2018 com o calendário das eleições cumprido. Com a crise econômica, o desemprego e o baixo poder de compra, “os conflitos sociais tendem a se acirrar e a resposta que o Estado tem a dar é só a repressiva e policial”.

Crise ou conciliação?

Para Roberto Amaral, dada a amplitude da crise e o amplo espectro abarcado pela lista de Fachin, o país pode novamente recorrer a sua velha tradição conciliatória. “A tradição da política brasileira, lamentavelmente, é sempre a conciliação”, avalia. “Podemos estar diante de uma grande crise ou de uma grande composição. Nenhuma das duas hipóteses interessa à República.”

O ex-presidente do PSB considera sintomáticas as informações segundo as quais articulações estariam sendo conduzidas pelo ex-ministro da Defesa e ex-ministro do STF, Nelson Jobim. Assim como declarações de Fernando Henrique Cardoso, citado por Emílio Odebrecht, que disse ter pago “vantagens indevidas não contabilizadas” para as campanhas do tucano à presidência da República.

“A Lava Jato está colaborando no sentido de colocar as cartas na mesa. Vamos colocar as cartas na mesa”, declarou FHC em vídeo após a divulgação do documento de Fachin. Os ex-presidentes Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff também são alvos de petições.

Em palestra no fim de março em São Paulo, Jobim pregou pacificação entre “os personagens de oposição e os da situação” para evitar “um Trump caboclo”. Ele criticou também a perseguição a Lula, e afirmou: "Se nós o proibirmos de ser candidato, estamos fazendo a mesma coisa que fizeram os militares. Contra nós!”


Fonte: Rede Brasil Atual