ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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CAMPANHA MOVIMENTO 65

terça-feira, 30 de julho de 2019

Pacote Moro: mais morte, mais prisão e perseguição aos pretos e pobres

O Projeto de Lei (PL) denominado Pacote Anticrime, de autoria do governo Bolsonaro, pautado no Congresso Nacional sob a coordenação do Ministro da Justiça Sergio Moro, com objetivo de atuar na melhoria da segurança pública no Brasil, está na contra mão dos objetivos declarado verbalmente por Moro e seus defensores, as belas palavras dita por Moro não têm correspondência nas letras do PL.
Por Edson França*
O governo enviou ao Congresso Nacional um pacote de medidas sobre segurança pública distante de pressupostos básicos para o debate, como: integração, desmilitarização e diminuição da letalidade policial; efetivação de controle externo às polícias; estabelecimento de metas para elucidação de crimes violentos; intervenção nas trágicas condições do sistema carcerário; apresentação de mecanismos que promovam acesso da população à justiça; fortalecimento da vigilância nas fronteiras terrestres; ampliação das penas alternativas como forma de evitar a explosão carcerária; sobre o fracasso da política de guerra as drogas; além de um forte investimento na juventude em matéria de educação, esporte, cultura, geração de emprego e renda.
Ao contrário, esse projeto é um entulho lotado de perversidades, indubitavelmente promoverá mais violência policial e civil; aumentará o superencarceramento da população mais pobre, hoje somos o terceiro país no mundo que mais encarcera; e perseguirá a resistência democrática dos movimentos sociais, dos partidos e dos opositores políticos.
O espírito que permeia o Pacote Moro é o emprego da força como método de controle, a lógica do castigo, fruto do atavismo da classe dominante brasileira, herdada do escravismo, mais precisamente do poder patriarcal simbolizado pela Casa Grande, hoje, expressa numa Nação que após 131 anos da abolição não se reconciliou com seu triste passado, o racismo instrui o subconsciente dessa gente.
Estamos diante de uma proposta disruptiva, a brutalidade do Pacote repercute no conteúdo e na forma: despreza a Constituição e saberes acumulados em longos anos à custa de vivências, pesquisas e estudos; muitos itens eivados de inocuidades e/ou inoportunos; ignora o contexto e os impactos sociais, econômicos e políticos; afronta jurisprudências e súmulas vinculantes do STF. Uma proposta formulada sem consultas e agressiva as críticas.
Intencionalidades perversas de Moro e Bolsonaro no Pacote Anticrime
Drummond diz que “sob a pele da palavra há cifras e códigos”, avançando a superficialidade das palavras, vemos dois fatores ensejando maior gravidade ao Pacote: primeiro, no campo ideológico Bolsonaro está desenhando um Estado violador de direitos, autoritário, policialesco, beligerante, um necro-Estado, selecionador de quem vive e de quem deve morrer, ceifador de vidas. Bolsonaro projeta um Estado Totalitário, diz que somente através da guerra “o Brasil melhora”, defende morte aos inimigos, inclusive aos inocentes – o povo.
Segundo, no plano político está flagrantemente contida no Pacote a malícia, o ardil, a velhacaria do proponente. Sergio Moro tenta manipular descaradamente a Nação, pretende usar a prerrogativa de Ministro da Justiça e da Segurança Pública para propor uma Lei capaz de legitimar todos os abusos, excessos, inconstitucionalidades, inobservâncias a Lei, ultrajes ao Estado Democrático de Direito, os atropelos ao devido processo legal cometidos pela Operação Lava Jato.
A política não é uma arquitetura que se submete a cânones da moral, no entanto, não se pode admitir a selvageria ética produzida por Moro na Operação Laja Jato, foge qualquer de racionalidade subverter leis, pactos internacionais e a Constituição, incidir no voto popular ao se constituir, sob o manto da toga, em líder de um impeachment sem crime de responsabilidade, prender a maior liderança do país sem prova para, novamente, intervir no processo eleitoral, mergulhar deliberadamente a Nação numa profunda crise, tudo para obter dividendos políticos e econômicos: se tornar ministro do presidente que beneficiou e, posteriormente, ministro do STF e vender palestras mundo afora.
O Brasil parece acometido por uma febre, no futuro será possível compreender mais detalhadamente os dias atuais, porém, hoje, está nas mãos da classe política e do povo brasileiro barrar essa marcha imprudente, na qual Moro é um dos principais artífices.
As principais perversidades do Pacote Moro
Arquivar definitivamente o Pacote Anticrime é a melhor solução, os democratas devem rejeita-lo integralmente, pois não incide positivamente na segurança pública, não evita crime, não representa o estágio da consciência nacional, não atende as necessidades do povo e não serve ao Brasil. Em meio as várias medidas contidas no Pacote há gradações diferenciadas em matéria de absurdos e perversidades, no mérito cumprem os mesmos objetivos de matar, prender e perseguir opositores.
Estado produtor de assassinos
Ampliação do conceito de Legítima Defesa: o conceito atual tem significado universal: “uso moderado dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. O Pacote adenda mais duas possibilidades apenas aos agentes policiais e de segurança pública: “I – em conflito armado ou em risco iminente de conflito armado. II – previne agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.”.
A consequência prática dessa alteração é liberar agentes policiais e de segurança pública para atirar sem medo de responder a qualquer processo judicial. A alegação de risco iminente de conflito armado poupa o policial ou agente de segurança do risco de responder criminalmente a adulteração da cena quando há vítima de execução policial. Prática reiteradamente denunciada, comum para tornar críveis as alegações de auto de resistência.
Ampliação do conceito de Excludente de Ilicitude: a lei em vigor pune o excesso de força em qualquer hipótese de excludente de ilicitude, aplicável ao cidadão comum ou aos profissionais de segurança pública. Moro propõe redução de pena a metade ou não aplicação se o excesso decorrer de “escusável medo, surpresa ou violenta emoção.”.
Não há dúvida de que essa proposta estende à sociedade civil a licença para matar, não basta Bolsonaro facilitar a posse de arma, tem que garantir o porte e a liberdade para apertar o gatilho. Reitero, o projeto é matar mais, mais feminicídio e mais tiros em jovens cabeças pretas. Não esqueçamos que o Mapa da Violência do ano corrente denuncia que morrem assassinados no Brasil mais de 65 mil pessoas por ano, estamos entre os nove países mais violentos do mundo, segundo dados da OMC.
Ao liberar policiais e agentes de segurança a matar indiscriminadamente, sob o mantra do risco iminente de conflito armado, e ampliar o conceito de excludente de ilicitude liberando energia beligerante, Moro sob as ordens de Bolsonaro apresenta um pacote macabro, voltado à matança num país traumatizado pela violência.
Estado encarcerador contumaz
Há aproximadamente 800 mil pessoas reclusas no sistema prisional brasileiro, desses, a maioria são jovens negros, segundo dados do INFOPEN de 2017. Desde 2001 o Brasil é o país que mais cresce o encarceramento, 40% em prisão provisória, um terço dos presos tem como causa transgressão a lei de drogas, ou seja, os jovens cooptados como aviãozinho pelo crime organizado, especialmente nas periferias das grandes metrópoles. A ideologia orientadora do Pacote Anticrime de Moro concebe ao aprisionamento o principal instrumento de segurança pública. Por isso, se não houver um forte posicionamento da sociedade, o superencaceramento de jovens continuará crescendo nesse governo, mesmo que assim venha a ter mais prisões que escolas.
O PL incrementa várias ferramentas encarceradoras, há um conjunto de medidas com vistas a prender mais e por mais tempo: prisão em segunda instância, endurecimento em relação a progressão de regime, ampliação do regime fechado e prisão cautelar imediata a quem cair no conceito de criminoso habitual, execução provisória em primeira instância após decisão de júri.
A cereja do bolo em matéria de medida capaz de aumentar o encarceramento é a importação de um malsucedido método. É conhecida por grande parte dos brasileiros a devoção de Bolsonaro e Sergio Moro aos EUA, devoção que vai muito além de bater continência à bandeira estadunidense, da participação em audiência com Donald Trump com a empolgação de uma criança na Disney, em receber orientações do Departamento de Estado dos EUA para condução da Lava Jato, cumprindo o objetivo de destruir nossas empresas de construção civil, petróleo, energia nuclear e abrir mercado para as empresas estrangeiras, em especial as sediadas nos EUA.
A modalidade da devoção, implícita no Pacote Anticrime de Moro, vai ao absurdo de importar experiência crassamente fracassada: o plea bargain, corresponde em dar ao Ministério Público a prerrogativa de conduzir negociação direta com o réu. Em outras palavras, o Estado acusador definir pena em “acordo” com o acusado. Explicando melhor, dar ao promotor o poder de determinar penas, abstraindo o devido processo legal, a presunção de inocência e a apresentação de provas. Caso o acusado se recuse vira réu e pode ter a pena triplicada num processo “normal”.
Segundo Fernando Hideo I. Lacerda “a iniciativa parece desconsiderar os números do sistema peculiar dos Estados Unidos, onde mais de 90% dos casos são resolvidos em acordos celebrados diretamente com a acusação e não houve redução da criminalidade, mas apenas um drástico aumento na população carcerária”. É atribuído a esse mecanismo um dos principais responsáveis pelo superencarceramento nos EUA.
Considerando o perfil punitivista do sistema de justiça brasileiro, o caráter seletivo do judiciário na aplicação de penas (há um ditado popular que diz: no Brasil só prendem preto, pobre e puta), o baixíssimo acesso da população pobre à Justiça, o sucateamento das Defensorias Públicas, a quantidade de encarcerados sem sequer uma sentença, e a fragilidade das pessoas mais humildes diante da promotoria, não há motivos para concluir que prevalecerá o equilíbrio.
Os pretos, os pobres e as putas sofrerão péssimos acordos, para eles não haverá, nesse instrumento, garantia de justiça, ao contrário, serão vítimas de preconceito, descaso e racismo, sentirão mais pesada e injusta a mão autoritária do Estado. Ampliará o encarceramento no Brasil, haverá mais inocentes reclusos, mais jovens aliciados e incorporados compulsoriamente ao crime organizado.
Dois entes lucrarão com o plea bargain: a promotoria que passará a ter as chaves das prisões em todo país, deter a primazia dessa prerrogativa confere poder concreto, e o crime organizado que ganhará matéria prima para recrutar como soldados para o crime. Somente Moro desconhece que lotar prisões de jovens aviõezinhos fortalece o poder do crime organizado e aumenta insegurança pública. Não podemos admitir que a devoção de Bolsonaro e Moro comprometa a vida de centenas de milhares de jovens e tragam terror ao povo.
Aos inimigos nem a Lei
Um governo com as características de Bolsonaro não se desenvolve em ambiente que a democracia floresce, por isso violentar as Leis e a Constituição, ignorar o Estado Democrático de Direito, perseguir, demonizar, caçar opositores e elevar o conflito social se constitui numa necessidade orgânica para sua efetiva sobrevivência. O caos o alimenta. O ultraliberalismo econômico, somado ao autoritarismo político e reacionarismo fundamentalista em matéria de costumes, somente prospera onde há silêncio. O Pacote Moro vem, também, para produzir o silenciamento que o neofascismo bolsonarista reclama.
O Pacote redesenha o conceito de organizações criminosas para dar margem à interpretação que enquadre movimentos sociais como o MST e o MTST; os partidos políticos, em especial aqueles que fazem oposição sistemática ao governo; sindicatos; grupos empresariais, em particular os que reagem aos desmandos da política econômica entreguista de Paulo Guedes e Bolsonaro.
Há um item muito grave no Pacote, inexistente no código penal brasileiro, se aprovado desarticulará sobremaneira a resistência democrática, especialmente quando a resistência tem potencial de conflito, como ocupações, greves, trancaços de estradas ou grandes avenidas, etc., trata-se da criação do conceito de resistência qualificada. Na hipótese de uma desocupação é possível prender e processar as lideranças dos movimentos sob a alegação de levarem risco de vida aos agentes do Estado. Esse novo tipo penal prevê 30 anos de reclusão e o processo sai do tribunal do júri. Inequivocamente o objetivo é falir a luta política do povo por direitos e melhoria da qualidade de vida, e silenciar a oposição.
Recado ao movimento negro
As agendas de todos os democratas devem ter entre as prioridades promover o combate ao Pacote Anticrime de Moro e Bolsonaro, o movimento negro tem que assumir frontalmente essa tarefa, promovendo debates com a sociedade civil e com as forças políticas no Congresso Nacional. A inclinação da maioria dos parlamentares é favorável a Moro, sabemos que estamos diante da legislatura mais desqualificada e conservadora desde o período pré-Constituição, por isso será necessário muito diálogo, mobilização, pressão política e lançar mão de variados instrumentos para o arquivamento do Pacote.
Estamos diante de um projeto homicida, voltado a tratar da pobreza, modus operandi denunciado pela UNEGRO há trinta anos: uso da violência pelo Estado para controle demográfico. Além do poder corrosivo ao tecido social promovido pelo aumento das desigualdades geradas pela prevalência da financeirização da economia, a cada dia a evolução tecnológica diminui a dependência da mão de obra humana, gerando hordas de desocupados sem perspectivas de retorno ao mercado de trabalho, formando grandes exércitos de seres humanos indesejáveis e descartáveis pelo sistema. A violência de Estado como método de contenção da pobreza não é uma excepcionalidade, as elites mundiais desde que compreenderam o perigo que os grandes contingentes populacionais ofereciam aos seus privilégios, agiram, sempre sob as diretrizes do imperialismo.
Na década de 50 o bilionário estadunidense, John Rockefeller, fundou o Population Council (Conselho Populacional) com objetivo de combater o crescimento populacional nos países pobres, para ele o “crescimento da população mundial é uma enorme ameaça para os interesses dos países ricos, especialmente os Estados Unidos.”.
Henri Kinssiger, Secretário de Estado do governo Richard Nixon, foi mais consequente à ideologia malthusiana, pregava que o crescimento populacional elevava o índice de miséria. Em seu relatório, preparado em 1974, sobre aumento demográfico nos países pobres, previu que se o Brasil mantivesse o índice da época, no ano 2000 estaria com 219 milhões de habitantes, a fim de evitar fome endêmica, agitação e desordem social propôs uma série de medidas de controle de natalidade, a violência compunha tacitamente o cardápio das medidas – em 2000 havia 190 milhões de brasileiros, 30 milhões a menos da projeção de Kinssinger, em razão da aplicação do controle de natalidade no Brasil.
O Pacote Moro se conecta a esse projeto perverso do imperialismo, se aprovado dará segurança institucional para matança e para explosão do contingente carcerário, lugar preparado aos indesejados: os pretos, pobres e as putas do Brasil.[i]
  1.  Lacerda, Fernando Hideo I. Comentários Sobre o “Projeto de Lei Anticrime”.
  2. IBCCRIM. Nota técnica sobre o Pacote Anticrime. Comentários do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) SOBRE O Pacote Anticrime (PL882/2019 e PL 1.864/2019).
  3. Pacote Anticrime. Um guia para auxiliar o parlamentar. Relator Deputado Capitão Augusto.
  4. A Democracia Não Chegou na Periferia. Caderno de Formação do Quilombação.

Manuela se coloca à disposição da Justiça no caso Vaza Jato

Foto: Reprodução

A ex-deputada gaúcha Manuela d’Ávila (PCdoB) emitiu nota na sexta-feira (26) em que confirma o depoimento prestado à Polícia Federal por Walter Delgatti Neto em que diz ter obtido o contato do jornalista investigativo Glenn Greenwald por meio da Manuela.

Em nota à imprensa, a ex-deputada, além de esclarecer o caso, se coloco à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, diz ainda que orientou seus advogados a entregarem à polícia cópias das mensagens que recebeu e colocou seu aparelho celular à disposição da perícia.

Leia abaixo:

Nota à imprensa

Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:

1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.

2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.

3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.

Manuela d’Ávila
26 de julho de 2019

Do Portal PCdoB

O conluio da ultra direita americana com o nepotismo de Bolsonaro

Além de ato de nepotismo vergonhoso e afrontoso, a indicação de Eduardo Bolsonaro é uma manobra urdida pela ultradireita americana
O nepotismo exacerbado do Bolsonaro indicando seu filho Eduardo, o 03, para embaixador em Washington, é um problema grave, acentuado pelo enorme despreparo do 03 para o cargo. Mas a rumorosa indicação é um projeto da ultra direita americana para garantir a submissão da América do Sul aos desígnios do seu país, reduzindo esse subcontinente ao que foi em tempos passados, um quintal dos Estados Unidos.
Por Haroldo Lima*
Na História do Brasil, sempre foi marcante e insolente a ingerência dos Estados Unidos. Quando governos nacionais tiveram postura de independência, como os de Getúlio, Jango, Lula e Dilma, o Império encontrava jeitos de torpedear seus planos, sabotá-los e até derrubá-los. O golpe de 1964 foi o exemplo maior. Um porta-aviões de propulsão nuclear, o Forrestal, foi deslocado para a costa brasileira com tropas americanas prontas para desembarcar, caso houvesse resistência ao golpe.
Se, entretanto, um governo acata os ditames imperiais, se o presidente bate continência até para funcionário subalterno dos americanos, se seu ministro das Relações Exteriores em seis meses transforma o Itamaraty em acessório secundário da política dos Estados Unidos, então o Império manda, desmanda, faz festa, humilha. É o que está acontecendo agora no governo servil e aloprado do capitão reformado.
O último gesto acanalhado da súcia que comanda hoje a política externa brasileira foi o de não abastecer navios iranianos fundeados em portos brasileiros, que carregavam milho brasileiro a ser exportado. Só para bajular os americanos. Uma vergonha.
É nesse contexto que se sobreleva a propalada indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Ela é um ato de nepotismo vergonhoso e afrontoso do governo de Bolsonaro, mas não só isso, é também uma manobra urdida pela ultradireita americana, que poderá ter graves consequências para nosso país e a América do Sul. As digitais de Steve Bannon estão na origem da artimanha.
Steve Bannon é um destacado prócer da extrema direita americana. Ex-banqueiro, dirigiu um site de notícias chamado Breitbart News, descrito por ele como “a plataforma da alt-right”, direita alternativa. A revista Time disse que o Breitbart News “instilava material racista, sexista, xenofóbico e antissemita na veia da direita alternativa” (Time 18/11/2016).
Bannon afastou-se do Breitbart para assumir, em 2016, a diretoria-executiva da campanha presidencial de Trump. Em janeiro de 2017, fundou com o belga Mischaël Modrikamen uma organização a que chamam de The Moviment, destinada a respaldar e promover grupos direitistas. Eleito Trump, Steve Bannon ocupou cargo de primeiro escalão na Casa Branca, como estrategista de Trump, até abril de 2017, quando foi defenestrado por desentendimentos pessoais com o presidente, ao que consta.
A partir de meados de 2018, o ex-estrategista de Trump circula pela Europa articulando partidos nacionalistas e populistas de direita para o The Movement e incorpora no grupo um destacado direitista italiano, Matteo Salvini, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, a italiana Giorgia Meloni, líder do grupo fascista Irmãos da Itália, o holandês Geert Wilders, a conhecida direitista francesa Marine Le Pen e outros. A organização planeja ter um escritório em Bruxelas, sede da União Europeia, e Bannon declarou à Bloomberg que a proposta do The Moviment está crescendo e atingirá “outros continentes”.
A campanha presidencial no Brasil estava em curso, quando, em 4 de agosto de 2018, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de São Paulo, encontrou-se em Nova York com Steve Bannon. O Twitter do Eduardo exibiu no mesmo dia sua foto com o Steve, dizendo que tiveram “uma grande conversa”, verificaram ter a “mesma visão do mundo” e uniram-se no desejo de “somar forças, especialmente contra o marxismo cultural”. Eduardo emprega aqui a expressão “marxismo cultural”, cunhada pela extrema-direita americana a partir de ideias originalmente expostas por Adolf Hitler, no seu Mein Kampf.
Eduardo informou ainda, na mesma ocasião, que Bannon deliberou ajudar a campanha de seu pai, em “atividades de inteligência, ações na internet e análise de dados”. (Wikipédia) A campanha de Bolsonaro notabilizou-se pelo uso abusivo de “fake news”.
Talvez seja a partir desse momento que Rubens Ricúpero, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos e ex-ministro da Fazenda, registra que Eduardo Bolsonaro passou a dirigir “na América do Sul o movimento de extrema-direita de Steve Bannon”. Dito movimento, observa Ricúpero, é “uma seita de extremistas que os americanos chamam de lunatic fringe” (franja lunática, ou borda lunática, em tradução livre) (UOL, 18/07/2019).
A propalada indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington é tida, ademais, como patrocinada também pelo empresário Clifford Sobel, ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, no Brasil de 2006 a 2009, durante o governo de George W. Bush. Sobel é próximo ao presidente Donald Trump e ao assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton (Estadão, 12/07/2019).
Foi com entusiasmo que Steve Bannon saudou a eventual indicação de Eduardo para o posto mais importante da diplomacia brasileira no exterior, vendo nisso oportunidade de crescimento do The Moviment, apesar de Eduardo ter de “provavelmente” deixar a chefia do grupo na América do Sul, porque “o cargo de embaixador vai lhe tomar 100% do tempo” (CP, Porto Alegre).
Assim, tem inteira procedência a indagação do velho diplomata de carreira Ricúpero: “Como poderia ele (Eduardo) representar todos os brasileiros se é o representante de uma seita?”.
Contudo, a ideia de representar todos os brasileiros não é a preocupação do presidente. Ele pensa que o embaixador representa a sua pessoa, não a Nação. “Pretendo beneficiar um filho meu, sim. Pretendo, está certo. Se puder dar um filé mignon ao meu filho, eu dou” (FSP 18/07/2019).
A indicação do embaixador para Washington tem ainda um caminho a percorrer. Passará por uma sabatina e duas votações secretas no Senado. Pressões e campanhas devem ser feitas intensamente para impedir que a direita americana, mancomunada com o desejo nepotista do presidente dar um filé mignon ao seu filho 03, ponha como embaixador do Brasil nos Estados Unidos o chefe para a América do Sul de uma sua seita reacionária. Será uma grande vitória para o Brasil.
Haroldo Lima, engenheiro, foi deputado federal (PCdoB-BA) e diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). É membro da Comissão Política Nacional do PCdoB.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

A suspensão dos remédios gratuitos prejudica

Mais de 30 milhões de pacientes dependem dos remédios que tiveram a produção suspensa pelo governo Bolsonaro. São medicamentos para combate ao câncer, doenças hematológicas, inflamatórias e outras enfermidades raras, que eram distribuídos gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

O Ministério da Saúde suspendeu contratos com sete laboratórios públicos nacionais para a produção de 19 medicamentos. Mais uma prova que a saúde não é mesmo prioridade para o governo Bolsonaro. 


Os laboratórios produtores, que são públicos, fabricam os remédios como parte de uma parceria com o ministério. Os preços chegam a ser 30% menores do que os praticados pelo mercado.


Associações que representam os laboratórios estimam perda anual de, pelo menos, R$ 1 bilhão para o setor, além do risco de desabastecimento, que afeta a população mais carente. É um absurdo.

Com informações de bancariosbahia.org.br

RESSALVA OPORTUNA: NÃO SE PODE DAR AOS DALLAGNOIS E POLICIAIS UM PODER ARBITRÁRIO SOBRE A VIDA DE OUTREM.

O casuísmo que favoreceu o torturador Sérgio Fleury...

Quero deixar aqui registrado um contraponto de Jânio de Freitas às críticas que se fazem ao ministro Antonio Dias Toffoli pela polêmica decisão que tomou, como plantonista de férias do Supremo, cujo efeito imediato foi o de sustar as investigações de delitos presumivelmente cometidos pelo primeiro filho Flávio Bolsonaro.

Concordo plenamente que, em tese, a decisão é correta e necessária. Mas, seu timing inspira justificadas suspeitas de que tenha sido algo como a chamada Lei Fleury, medida tomada pela ditadura militar apenas e tão somente para livrar a cara do tocaieiro do comandante Marighella, evitando sua prisão preventiva imediata por envolvimento com o tráfico de drogas. 

Leiam e avaliem:
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"O dano causado à mal denominada Justiça e ao Ministério Público pelo juiz transgressor e sua impunidade, como pelos procuradores atrás de lucros, por ora não pode ser estimado. Nem as revelações do Intercept terminaram ainda, longe disso.
...pode ser comparado à decisão que beneficiou Flávio Bolsonaro?

Mesmo assim, há mais do que o suficiente para admitir a providência do presidente do Supremo, Dias Toffoli, tão hostilizada nos últimos dias.

À parte seus aspectos jurídicos, ainda por serem muito mais discutidos, funciona em proteção aos cidadãos essa medida que susta as investigações com uso, sem autorização judicial, de informações pessoais cedidas por entidades financeiras, como Banco Central e, em geral, Coaf, Receita. Não é justo deixar à sanha de dallagnois e policiais qualquer poder arbitrário sobre a vida de outrem.

Dispomos de farta exposição de abusos, inclusive criminais, a que os cidadãos ficam sujeitos se juízes, procuradores, promotores e policiais não estiverem submetidos a vigilância e limitações.

Não há por que dispensar o pedido de autorização judicial. Nos casos em que é feito, o comum é a pronta resposta do juiz. Diferente na escala, a autorização judicial é o mesmo que cabe à Câmara e ao Senado, na apreciação dos projetos do governo, para que se tornem leis, ou não.

A  sede  de poder arbitrário que procuradores, promotores e policiais  exibem  é  suficiente,  por  si  só,  para  que  lhes  seja negado ou retirado. É o que Moro e Dallagnol ensinam —sem querer".

(trecho da coluna dominical do Jânio de Freitas)


quinta-feira, 11 de julho de 2019

REFORMA DA PREVIDÊNCIA - Alice pede anulação da votação por vícios regimentais

FotoRichard Silva - PCdoB na Câmara
Por: Portal Vermelho     |     
A vice-líder da minoria, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) apresentou questão de ordem nesta quinta-feira (11) na sessão da Câmara para pedir a anulação da votação da reforma da previdência. A parlamentar afirmou que Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao registrar o voto, descumpriu o Regimento Interno da Casa.
Richard Silva - PCdoB na Câmara
O artigo 17, § 1º, afirma que o "presidente não poderá, senão na qualidade de membro da Mesa, oferecer proposição, nem votar, em Plenário, exceto no caso de escrutínio secreto ou para desempatar o resultado de votação ostensiva".
Dessa forma, o presidente não poderia votar e nem defender a proposta, uma vez que a votação da PEC 06 não foi secreta e não houve empate.
“A votação se deu com vícios regimentais. Maia interferiu no processo, quando deveria ter uma posição imparcial. O resultado da votação não convalida o vício formal do processo. Portanto, independente do resultado da votação, ela deva ser anulada”, disse Alice.
Maia não acatou a questão de ordem da parlamentar, alegando que presidentes anteriores abriram precedentes. Alice garante que irá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara contra esse descumprimento do regimento, a fim de que a votação seja realmente anulada.

Filiações fortalecem projeto eleitoral do PCdoB em Caicó no RN

Concorrendo com o momento de crescimento e fortalecimento do Partido Comunista do Brasil no Estado do Rio Grande do Norte, o comitê municipal do PCdoB em Caicó realizou um ato importante de filiação. A legenda recebeu nesta quinta-feira (4), importantes lideranças populares do município, entre elas, a professora Sandra Kelly, diretora do CERES em Caicó. 

Com a presença do vice-governador do Estado do RN, Antenor Roberto, a sigla anunciou ainda a pré-candidatura da professora à prefeitura de Caicó.

Além de representantes do PT, PSB, PHS, PSB e dos presidentes estadual do PCdoB/RN, Divanilton Pereira, e do comitê municipal de Caicó, Joseilson Ferreira, o ato contou com a presença do vice-prefeito de Caicó, Marcos do Manhoso, dos vereadores Zaqueu (PHS), Zé Filho (PRP), Andinho (PRP) e Ivanildo (PRP), e do vice-prefeito de Currais Novos, Anderson Alves (PCdoB).

PCdoB: Paulo Henrique Amorim era um lutador em defesa da democracia

A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, emitiu nota de pesar pela morte do jornalista Paulo Henrique Amorim, de 77 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (10), no Rio de Janeiro, vítima de um enfarto fulminante. A nota destaca que o jornalista era um lutador em defesa da democracia.

Segue a nota abaixo:

“O PCdoB recebeu com tristeza a notícia do falecimento do grande jornalista Paulo Henrique Amorim. Profissional exemplar e premiado, ele também era um lutador em defesa da democracia. Sua contribuição à sociedade brasileira é imensa. Ele fez uma luta sem tréguas em defesa da soberania e do desenvolvimento do nosso Brasil.

Paulo Henrique Amorim exerceu com raro talento a capacidade de conjugar críticas fortes com um humor inteligente. Hoje o país e o jornalismo perdem uma de suas mais inteligentes vozes.

O PCdoB manifesta sua solidariedade à sua companheira Geórgia e à toda a família”.

Luciana Santos

Presidenta Nacional do PCdoB

Vice-governadora de Pernambuco

domingo, 7 de julho de 2019

Eles foram apontados como aliados da Lava Jato FACHIN E FUX DEVERIAM SER CONSIDERADOS SUSPEITOS PARA JULGAR AÇÕES ENVOLVENDO LULA

(Foto: Agência Brasil)
"Com as provas documentais do Intercept, é preciso estabelecer, em definitivo, a suspeição tanto de Luiz Fux como de Edson Fachin no julgamento dos processos do ex-presidente Lula", avalia o colunista Jeferson Miola; "Não há lugar a dúvidas quanto à suspeição deles"
Nos diálogos divulgados pelo Intercept fica claro que a força-tarefa da Lava Jato, chamada de organização criminosa por Gilmar Mendes, celebrava a conquista de ministros do STF em apoio ao bando deles como troféus ganhos.
Os motivos exatos para que ministros do STF se declarassem antecipadamente e a priori favoráveis aos atos da Lava Jato, mesmo conhecendo os ilícitos e atropelos de policiais, procuradores e juízes, é algo muito sério que precisa ser desvendado e esclarecido.
Afinal, em nenhuma democracia do planeta seria admissível agentes públicos ou privados manterem ministros da Suprema Corte com coleira no pescoço ou com o “rabo preso”, como popularmente se diz.
Em 22 de abril de 2016, apenas 5 dias depois da aprovação do impeachmentda Dilma na Câmara dos Deputados naquilo que um jornalista português chamou de “assembleia de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, Deltan comentou num chat com seus comparsas ter conversado “mais uma vez” com o ministro Luiz Fux. “Reservado, é claro”, complementou Dallagnol.
Fux, vale lembrar, é aquele juiz que se notabilizou por tranquilizar interlocutores prometendo “matar no peito” decisões do interesse de clientes.
Dallagnol expôs que Fux elogiou Moro na “queda de braço” com o ministro Teori e “Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me pra ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos” [sic].
Moro então vibrou: “Excelente. In Fux we trust”.
Depois da repercussão negativa deste diálogo “heterodoxo”, Fux tentou tergiversar, mas acabou antecipando sua devoção a Moro: “Tenho profundo respeito pelo magistrado” – como se o grave episódio tivesse a ver com respeito, cordialidade, urbanidade ou bons modos.
Em 13 de julho de 2015 – portanto, menos de 1 ano antes do relato sobre o alvissareiro encontro com Fux –, um exultante Dallagnol já tinha relatado aos comparsas o resultado de um encontro com outro ministro do STF: “Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso”.
É impossível não repetir a celebração de Dallagnol como torcida na arquibancada: “Aha uhu o Fachin é nosso”. O Fachin, no caso, é nada menos que ministro da Suprema Corte do Brasil.
A frase é chocante. Imaginemos uma situação inversa, em que um procurador descobre uma mensagem em que Marcola, o chefe do PCC, celebra com seus comparsas: “Aha uhu o Fachin é nosso”. Seria inaceitável, naturalmente, e produziria os efeitos legais cabíveis.
O entusiasmo do Dallagnol não é fortuito. Em junho de 2019, no julgamento do habeas corpusimpetrado pela defesa do Lula arguindo a suspeição do Moro, mesmo com a ajuntada das revelações do Intercept ao pedido de habeas corpus, Fachin disse não ver razões para deixar de apoiar Moro [sic].
Vendo em retrospectiva, pode-se certificar que, de fato, Fachin nunca poupou esforços para ser do “time da Lava Jato” no Supremo.
Menos de 15 dias depois da morte de Teori Zavascki, Fachin colocou-se à disposição para mudar de turma e substituir o falecido colega como relator da Lava Jato [aqui].
Como a coincidência é um fenômeno marcante no regime de exceção, por uma conjunção de “coincidências algorítmicas” do sistema de sorteios do STF, não é que Edson Fachin acabou sendo definido como relator da Lava Jato na Suprema Corte? Apenas mais uma coincidência, não mais que outra coincidência! [aqui]
Com as provas documentais do Intercept, é preciso estabelecer, em definitivo, a suspeição tanto de Luiz Fux como de Edson Fachin no julgamento dos processos do ex-presidente Lula.
Não há lugar a dúvidas quanto à suspeição deles. A participação processual deles em qualquer questão que envolva interesse da defesa do Lula estará prejudicada. Enquanto um deles revela “profundo respeito pelo magistrado”, outro diz não ver razões para deixar de apoiar Moro.
É hipócrita dizer que Lula foi condenado em todas instâncias, porque na verdade o Lula foi condenado por um sistema totalmente contaminado.
O que se conhece do material do Intercept é apenas o começo – talvez menos de 8% do total – mas o suficiente para revelar, desde logo, o envolvimento de altas autoridades na conspiração para viabilizar o projeto de poder da extrema-direita.
Ainda estão sendo aguardados milhares de áudios e documentos que, por certo, trarão à superfície mais bastidores do STF, STJ, TRF4, da PF, da Globo etc e das manobras engendradas em momentos-chave como, por exemplo, o 8 de julho de 2018, dia que Moro abandonou as férias em Portugal para impedir a execução do mandato judicial de soltura do Lula [aqui].
Fonte: brasil247.com

REFORMA DA PREVIDÊNCIA - Mobilização popular pode barrar PEC da Previdência no Plenário

Lula Marques/Agência PT
Ministro de Bolsonaro Onyx Lorenzoni durante a votação da Reforma da Previdência

Por: Christiane Peres 

Comissão especial aprova relatório de Samuel Moreira (PSDB-SP) sobre a Reforma da Previdência. Após análise de destaques, texto será analisado no Plenário da Câmara.
Após cinco horas, a comissão especial que analisa a Reforma da Previdência (PEC 6/19) aprovou, por 36 votos contra 13, nesta quinta-feira (4), o texto-base do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Ainda faltam os destaques para o texto seguir para análise do Plenário. Deputadas comunistas lamentaram o resultado, pois entendem que as diretrizes da proposta original do governo Bolsonaro foram mantidas.

As parlamentares defendem mobilização popular para barrar texto no Plenário da Câmara. Em transmissão ao vivo, após a divulgação do resultado da votação, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), mostrou a festa feita por deputados do PSL. Para ela, a festa foi “tímida”, mas explicita a alegria daqueles que “comemoram a retirada de direitos dos mais pobres”. “É um cheque em branco que está sendo dado aqui. É lamentável. Isso tudo para entregar a Previdência ao mercado financeiro”, lamentou.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também criticou a postura da base governista. “Estão comemorando a desgraça dos trabalhadores”, disse. “Essa reforma vai mudar a vida de milhões de brasileiros. É um tiro do governo Bolsonaro na Previdência dos mais pobres do país”, completou.

A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), lembrou que o resultado na comissão já era esperado, visto que a aprovação no colegiado se dá por maioria simples, e que a votação desta quinta-feira não significa garantia de aprovação no Plenário da Casa.

“Temos tempo de luta, tempo de resistência e de derrotar essa reforma no Plenário. Precisamos de mobilização, as pessoas precisam ir às ruas para pressionar os parlamentares favoráveis ao texto”, afirmou.

Informações direto da Liderança do PCdoB em Brasília

Daniel Almeida pede investigação e saída de Moro do cargo de ministro

Confira o vídeo:

O líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA), pede investigação e saída de Sérgio Moro do cargo de ministro e diz que as revelações comprovam que não há mais condições do ex-juiz se manter na pasta da Justiça.

Segundo ele, os novos vazamentos não deixam dúvidas sobre as ações ilegais do então juiz Moro. Para a normalidade da democracia no país, o deputado diz que a única saída é a demissão de Moro.
Fonte: PCdoB na Câmara

Venezuela era alvo político de Sérgio Moro, revela novo vazamento

 

A imagem de Sérgio Moro como um juiz implacável no cumprimento da lei e que agiu sem nenhum interesse político já está deteriorada. Em mais uma parceria com o The Intercept Brasil, a Folha de S.Paulo revelou neste domingo (7) novo vazamento de conversas que demonstra que, a pedido de Moro, em agosto de 2017, integrantes da força-tarefa se mobilizaram para expor informações sigilosas sobre a Venezuela.


O vazamento de novas conversas no Telegram, entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, indica que o objetivo era dar uma resposta política ao governo de Nicolás Maduro que enfrentava uma grave crise política com seus opositores. 

Confira o diálogo:

Moro – Talvez seja o caso de torna pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?

Dallagnol – Concordo. Há umas limitações no acordo, então vamos ver como fazemos. Mais ainda, acho que é o caso de oferecer acusação aqui por lavagem internacional contra os responsáveis de lá se houver prova.
Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos.

Moro -Tinha pensado inicialmente em tornar público;
Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade.

Dallagnol - Faz o sinal e ok.

Segundo a reportagem, em 2016, quando decidiu colaborar com a Lava Jato, a Odebrecht disse ter pago propina para fazer negócio na Venezuela, mas informações foram mantidas sob sigilo por determinação do STF.

Em 2017, Deltan indicou que os procuradores poderiam contornar o limite do sigilo. Moro demonstrou mais preocupação com a divulgação. Alguns procuradores demonstraram preocupação com os efeitos da divulgação naquele país. Mas para Deltan os objetivos políticos justificavam a divulgação.

A reportagem revela ainda que a Transparência Internacional defendeu a abertura de processo contra as autoridades da Venezuela e chegou a discutir o assunto com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“FHC veio conversar comigo no final e disse que é uma boa ideia”, disse o diretor da Transparência Bruno Brandão em mensagem a Deltan pelo Telegram, em outubro de 2017.

O juiz Luiz Antônio Bonat, que substituiu Moro, disse aos procuradores, em abril deste ano, que o caso da Venezuela não compete a sua jurisdição.

Fonte: Portal Vermelho

Orlando Silva destaca reprovação sobre a conduta de Sérgio Moro ‏

Orlando Silva diz que Moro precisa dar mais explicações

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) disse neste domingo (7) que a pesquisa Datafolha revelou números que precisam ser bem avaliados pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.

As conversas nada republicanas entre o então juiz e o procurador Deltan Dallagnol, divulgadas pelo The Intercept Brasil, deixaram o país perplexo com Moro orientando, indicando testemunhas e protegendo possíveis acusados na Operação Lava Jato, ou seja, algo totalmente incompatível com a ética da magistratura e o Código do Processo Penal (CPP).

“É bom Sergio Moro descer do Olimpo para a planície e explicar as ilegalidades cometidas como juiz da Lava Jato. O Datafolha mostra que a imagem dele foi afetada, 58% reprovam sua conduta, chegando a 73% entre os mais jovens. 58% querem que suas decisões sejam revistas”, lembrou Orlando Silva.

Para o deputado, São números importantes, que mostram a preocupação da sociedade com a escalada do estado de exceção. “Na democracia, os fins não justificam os meios. Conduta ilegal é punida. E não adianta apelar paro o Faustão ou fazer teste de popularidade no Maracanã com ingresso a 1000 reais”, disse, referindo-se ao apresentador do Globo que passou orientações de comunicação ao ex-juiz.

 Da redação
Portal Vermelho