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sexta-feira, 23 de junho de 2017

CCJ fará duas audiências sobre a reforma trabalhista nesta terça

 
Edilson Rodrigues/Agência Senado

A primeira audiência está marcada para as 10h. Participam da mesa a ministra Delaide Alves Miranda Arantes, do Tribunal Superior do Trabalho (TST); os juízes do Trabalho Marlos Augusto Melek e Rodrigo Dias; o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury; o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade; e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.


A segunda audiência começa às 15 horas. Os senadores devem ouvir o presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Gonçalves de Araújo; o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Ângelo Fabiano Farias da Costa; o professor da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Antônio Galvão Peres; o presidente do PSB, Carlos Siqueira; o presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), Guilherme Guimarães Feliciano; e o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), relator da reforma trabalhista na Câmara.

O requerimento para as duas audiências públicas é do senador Paulo Paim (PT-RS). Os debates ocorrem na sala 3, da Ala Alexandre Costa. 



Fonte: Agência Senado

A arte da troca e resistência política: quatro dias de pluralidade, construção e histórias – Por Lorena Alves*

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Andando e conhecendo as histórias da juventude do Araguaia. As madrugadas no alojamento da União da Juventude Socialista no 55° Congresso da UNE foram regadas de “biscoito ou bolacha”, legalize, dance, acorde cedo, e resista. Minas Gerais foi sede de corajosos.
Quantos estados brasileiros vocês conhecem? Geralmente costuma-se ir aos locais para se aproximar da cultura regional, porém nos congressos estudantis as histórias se reúnem em um único lugar, e quando você se dá conta o contato já virou vivência. Sotaque, hora de acordar, palavras de ordem, gritos, músicas, bebidas escolhidas, nomes para as comidas… A diversidade, de fato, ecoou nos 4 dias  e 4 cantos no 55° Congresso da UNE em Belo Horizonte – Minas Gerais, em especial no alojamento da União da Juventude Socialista (UJS), localizado no Centro de Convenções Risoleta Neves, a aproximadamente 30 minutos da UFMG e Mineirinho – locais onde o evento foi sediado.
Os militantes da juventude do Araguaia mostraram força durante os quatro dias do congresso e em toda organização do alojamento. O evento que ocorreu do dia 14/06 a 18/06, reuniu cerca de 15 mil estudantes. A maioria dos jovens da UJS chegaram na quinta-feira (15/06), devido os horários variarem conforme o estado dos estudantes. Rapidamente eles ocuparam o espaço Risoleta Neves.
A UNE representa amplitude política, e as diferentes regionalidades que estão inseridas nas muitas histórias de 80 anos da entidade. Os dias no alojamento possibilitaram a troca de experiência e luta política de quem está começando na militância do movimento estudantil, e com muita coragem foi para Belo Horizonte representar os estudantes de sua universidade. Muitas pessoas nunca tinham acampado e nem conhecido gente de tantos cantos brasileiros. Nesse acoplado de conversas estão alguns dos personagens do alojamento da União da Juventude Socialista – oriundos do Tocantins, Piauí, Bahia, Ceará, Amapá, Brasília e São Paulo.
Na noite do sábado (17/06) em entrevista à UJS, a estudante Talita nos relatou a importância da construção do movimento estudantil após o congresso. Ela representa a diversidade regional que simboliza a entidade, e nos contou:
“Meu nome é Talita, sou de Palmas, Tocantins, e curso Letras Libras no campus de Porto Nacional. O Congresso da UNE tem sido uma experiência maravilhosa, porque ela começa desde a universidade, quando formam as chapas, por exemplo. Eu e minha amiga somos delegadas, fomos eleitas para estar representando nossa faculdade, ou seja, elegendo as propostas, a partir desse ano, que estão sendo defendidas pela União dos Estudantes, e garantir que a nova gestão da UNE tenha a cara da coragem. Esse congresso é um crescimento não só intelectual, mas também de militância estudantil, porque é a primeira vez que estou aqui no CONUNE, e quero sair daqui com força para mudar o meu campus”.
Estudante do Tocantins no alojamento da UJS | Foto: Bárbara Marreiros

Assim como Talita, que está longe do eixo regional do sudeste, está o estudante Adriano Barros: “Meu nome é Adriano Barros, tenho 26 anos, sou do Piauí do município de Floriano. e esse é meu primeiro Congresso da UNE. O que vou levar de experiência daqui é o envolvimento político muito forte, e isso é motivador, além da união e companheirismo entre os militantes. Todos nós estamos determinados e empenhados em defender os nossos ideais e posicionamentos, isso é inspirador.” Ele considera importante a expansão de todo processo de construção no congresso e deseja que os pensamentos dos militantes sejam levados para outros lugares, além dos espaços debatidos.
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Estudante do Piauí no alojamento da UJS | Foto: Bárbara Marreiros
O nordeste também estava em peso, e não deixou de mostrar sua cara: “Meu nome é Dandara, tenho 22 anos, esse é meu primeiro congresso. Estudo na UFBA (Universidade Federal da Bahia) e sou apaixonada por estudar a disciplina de Artes. Estou amando essa experiência… É muito diferente, conhecer tantas pessoas e coisas assim. Esperei muitas coisas, e muitas outras surpreenderam, inclusive esse frio.” As noites em Minas Gerais tiveram baixas temperaturas.
Dandara, estudante da UFBA, no alojamento da UJS | Foto: Bárbara Marreiros

Leninson Brito de Jesus, estudante baiano, também estava animado com o Congresso: “Boa noite, meu nome é Leninson Brito de Jesus, sou da UJS Salvador Bahia. Estou na minha segunda graduação, e pretendo depois fazer Direito. É o segundo congresso que eu participo e a expectativa é que melhore sempre, tanto a educação quanto os eventos estudantis”.
Leninson, militante da UJS Bahia, no alojamento da UJS | Foto: Bárbara Marreiros

A cearense Dava, estudante de Administração de Empresas na FANOR (Faculdade Nordeste), universidade de Fortaleza, compõe a União da Juventude Socialista do Ceará. “Nós (UJS Ceará) estamos aqui no 55° Congresso da UNE, maior fórum estudantil da América Latina, porque é muito importante para juventude, e para os trabalhadores. Hoje em dia o perfil da juventude é de trabalhador e estudante que quer um futuro melhor para o Brasil. Estamos na luta, e pautando um movimento que realmente caiba no dia a dia dos estudantes, na sua base. Queremos eleger a tese que realmente represente esses estudantes, que lute contra esses retrocessos que atingem a classe trabalhadora e os estudantes. Vamos votar na Marianna Dias (eleita no mesmo dia da fala da cearense) porque acreditamos que ela é a figura política que terá esse comprometimento com as universidades brasileiras.”
Dava, estudante do Ceará no alojamento da UJS | Foto: Tiago Paschoalatto Fagliari.

Daniel de Souza Ferreira, 23 anos, Brasília, também nos relatou sua experiência: “Eu estudo na UNB, faço o curso de tradução em inglês e conheci a UJS por meio de um amigo do movimento em um curso de formação em 2015. Vim para o congresso como observador, estava em um dos 5 ônibus que saíram de lá. Foram 14 horas de viagem por um motivo muito importante, a luta é legítima. Não tem como não se indignar com a situação de repressão em Brasília, uma PM agressiva tacando bomba já não é novidade”, em referência a última  a manifestação em frente ao Congresso  Nacional. O congresso da UNE é importante também para mobilização de uma educação que valorize os professores, ressaltou Daniel em sua fala: “não há como avançar com os professores sendo desvalorizados em Brasília e no Brasil todo”.
Abmar Bárbara Banozo, acompanhava seu amigo conterrâneo. Ele, que tem 22 anos e é delegado da UNIP, participou de seu primeiro congresso. Banozo se filiou a UJS na Bienal da UNE (2017) em Fortaleza, porque se viu representado como LGBT, assim como nos debates nos quais participou durante esse congresso. Ele é o único aluno do período diurno de sua universidade que está representando as pautas estudantis.
Estudantes de Brasília no alojamento da UJS | Foto: Tiago Paschoalatto Fagliari
Wellington Thiago, estudante secundarista do Paraná, no alojamento da UJS | Foto: Tiago Paschoalatto Fagliari.

O militante Wellington Thiago, secundarista da UJS Paraná, compareceu ao 55º Congresso da UNE e destacou a importância da presença em grande escala dos estudantes, mesmo ele tendo apenas 17 anos. O garoto que mora em Campo Largo, “eu digo aqui pro pessoal que vim de Curitiba, porque ninguém conhece Campo Largo”, estuda Artes Cênicas, faz teatro no Casarão dos Estudantes, a casa da União Paranaense dos Estudantes (UPE), “recuperamos o Casarão por meio da ocupação, e participei das intervenções artísticas”, ele que tem um grande compromisso com a entidade e os estudantes secundaristas. Thiago garantiu que tem paixão pelo mundo artístico elogiando as iniciativas da UNE, como na 10ª Bienal deste ano no Dragão do Mar em Fortaleza, evento em que se filiou a UJS, se aproximando ainda mais da militância.
Hoje, Thiago toca na bateria, e foi para Fortaleza em janeiro para o encontro de Grêmios, representando o Colégio Estadual João Ferreira Kuster, no Paraná. Ele aceitou o convite de vir ao congresso em Belo Horizonte por ter noção da importância do momento histórico que estamos vivendo na política brasileira. De acordo com o estudante – Diretor da UPES no Paraná: “Meu irmão é PROUNI, FIES, Minha Casa Minha Vida, não tem como não apoiar esses programas que há anos vem mudando a realidade de muito brasileiros”.
A viagem do paranaense também foi longa: “Foram 16 horas de viagem, a cada parada era um fervo no posto, um grito de guerra, viemos animados e fortes”. Ele também destacou a presença da recém eleita Marianna Dias no seu estado, “a Marianna ficou meses no Paraná depois que em 2016 decaiu o movimento universitário na região. Ela foi ajudar a montar delegados, e fez um trabalho de base incrível”.
“Estou muito feliz por estar em Belo Horizonte, meu avô era circense aqui, e além do ato político que esse lugar está representando, também me resgatou sentimentalidade, numa grande contemplação por saber que viemos preparados para o congresso. É minha primeira vez em BH, e não será a última. Voltarei como universitário, irei cursar Jornalismo na UEL”, conclui o estudante secundarista.
Estudantes de Rio Claro, interior de São Paulo, no alojamento da UJS | Foto: Lorena Alves

A maior bancada do Brasil da União da Juventude Socialista contou com aproximadamente 3 mil estudantes das mais diversas regiões de São Paulo, entre elas Rio Claro – interior do Estado. Luesley Luiz Alves, no centro da foto, estudante da UNESP – Instituto de Geociências e Ciências Exatas relatou que sua turma levou 12 horas para chegar no 55º Congresso da UNE. Eles estavam com uma grande expectativa para plenária fina e, nas palavras do estudante: “Hoje é um dia em que iremos fazer a defesa da política que será eleita. Queremos eleger uma representante que de fato, nos próximos 2 anos, represente os mais de 6 milhões de universitários de todo Brasil. Estamos nos desdobrando para participar do máximo de debates, temas e pautas. É isso, é UJS! Vamos à luta!”.
O estudante Henrique Pereira também estava com grandes expectativas: “Meu nome é Henrique Pereira, estudo Comércio Exterior em Rio Claro. Minha expectativa para plenária de hoje é de muito espaço para o estudante colocar as pautas mais importantes dentro da universidade, para mostrar a realidade dos estudantes e correr atrás dos direitos que o atual governo tem tirado da gente”.
Henrique Pereira, estudante do interior de São Paulo, no alojamento da UJS | Foto: Lorena Alves

E viva o Movimento Vem Quem Tem Coragem, construído nacionalmente para que todas essas pessoas pudessem e possam ter voz em suas universidades, porque só quem tem a cara do Brasil conseguirá alcançar as mudanças que o país precisa. Nos quatro dias de evento, as forças de lutas acordavam cedo no frio de Minas de Gerais; os militantes da bateria Ritmo da Luta de cada região se reuniam para representar a juventude na UFMG na maior tenda entre as entidades e no Mineirinho, simbolizando a ansiedade, o esforço na construção do congresso e a vitória. Cada plenária regional no alojamento fortalecia as palavras de ordem, e unia os delegados e suplentes de cada universidade. Muitos participaram do congresso pela primeira vez e toda aquela ambientação, programação e tarefas foram novas experiências.
As noites no Centro de Convenções Risoleta Neves contaram também com muita festa, e aproximação entre os militantes da entidade. A UJS Paraná participou em peso da Virada Cultural organizada pela UJS de Belo Horizonte. Na descrição do evento, os organizadores destacaram que a realização do mesmo foi: “uma iniciativa pela descriminalização da arte urbana, do povo preto e de periferia e que garante a participação dos diversos ritmos que rolam entre a juventude, para além de ser um espaço politizado para a desconstrução das opressões e pelo livre acesso ao amor. Já foram duas grandes edições em BH e estamos transferindo o espaço, garantindo a maior festa que o alojamento da UJS já teve para deixar a turma bem feliz e legalize. Só fique atento porque nesse espaço só entra quem tem coragem de acordar cedo no outro dia, pois o congresso é de fundamental importância”.
Por universidades que representem a juventude brasileira, em especial as que lutam com a União da Juventude Socialista e por integração latino-americana. Minas Gerais foi sede de corajosos que cantam a esperança de um Brasil e mundo novo.
*Lorena Alves, 18 anos, estudante de jornalismo da Cásper Líbero, osasquense, feminista e comunista. Militante da UJS, colaboradora da Mídia Ninja e CUCA da UNE.