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domingo, 13 de outubro de 2019

Santa Irmã Dulce e o depoimento de um ateu

 A obra social ide Irmã Dulce ajudou no combate às desigualdades sociais
A obra social ide Irmã Dulce ajudou no combate às desigualdades sociais
Dulce não é santa porque fez milagres. Os milagres é que menos importam. Dulce é santa porque construiu uma obra social imensa, importantíssima no combate às desigualdades sociais.

Por Renan Araújo*

Dulce transformou um galinheiro no maior hospital da Bahia, com mais de mil leitos. Dulce fez escolas, fez orfanato, fez abrigo para idosos. Dulce fez!

Trabalhou incansavelmente para dar sustentabilidade a uma obra de custo altíssimo e de necessidade vital para os mais pobres. Pediu doações, pediu esmolas, pediu dinheiro aos poderosos, para construir uma obra dedicada aos pobres.

O Santo Antônio, sua maior obra, evoluiu com o tempo e é hoje um patrimônio do povo. Mil leitos, 100% SUS. O hospital que antes atendia indigentes hoje atende cidadãos. É um hospital moderno, com tecnologia e alta complexidade agregada, em diversas especialidades. Forma médicos e outros profissionais de saúde, forma cidadãos, resgata vidas.

Lá também moram inúmeros baianos sem capacidade alguma nenhuma de tocar suas vidas com autonomia, abandonados pelas famílias e pelo estado.

As Obras de Irmã Dulce são o último reduto daqueles para quem todas as portas foram fechadas e todas as oportunidades negadas.

Tenho orgulho de ter conhecido Dulce dos Pobres, quando estudante de medicina, vendo-a percorrer os corredores do hospital no desafio diário de garantir acolhimento a uma imensa população de necessitados.

A saúde frágil não foi empecilho para uma luta diária e de décadas para salvar vidas.

As obras de Irmã Dulce continuam através de sua sobrinha Maria Rita, uma mulher forte, competente, consciente do seu papel de dar continuidade ao trabalho da tia querida que hoje vira Santa.

O trabalho das Obras Sociais de Irmã Dulce (OSID) nunca ultrapassou os limites da Bahia. Mesmo assim, inspiram bondade, compaixão, solidariedade, acolhimento, por todo o mundo.

Falei para Maria Rita recentemente do meu orgulho de ver o reconhecimento de Irmã Dulce como Santa. Orgulho de ter minha vida entrelaçada com essa obra em muitos dos seus momentos Dulce é santa pelo que teve de humana. E eu, ateu, oro para que o mundo seja tocado pela fé inquebrantável de Santa Dulce dos Pobres.

Amém!

*Renan Araújo é médico e integrante do movimento Médicos e Médicas pela Democracia.

A diplomacia patética, por Aldo Rebelo


 Sabá das Bruxas, Francisco Goya (1797-1798)
Sabá das Bruxas, Francisco Goya (1797-1798)

"Um diplomata não serve a um regime e sim ao seu país"
(Barão do Rio Branco)


O teólogo e pensador norte-americano Reinhold Niebuhr (1892-1971), ao analisar os fatos históricos e como eles são organizados, classificou-os em três categorias: os trágicos, os irônicos e os patéticos.

Por trágicos, definiu aqueles associados ao sofrimento e à dor dos homens na eterna busca da liberdade; os irônicos, como consequência do conflito entre o mal produzido mesmo quando o esforço humano busca o bem; e os patéticos, criados pela incapacidade do homem de controlar e explicar seus próprios atos e seus resultados. Niebuhr foi redescoberto quando o ex-presidente Barack Obama revelou que ele era uma de suas mais importantes influências e leitura habitual.

Ao analisarmos os fatos recentes produzidos pela diplomacia brasileira não há como, à luz da classificação de Niebuhr, deixar de enquadrá-los na categoria dos fenômenos patéticos.

Celebrada por sua tradição de competência e eficácia, a diplomacia brasileira herdou de sua matriz portuguesa a excelência em administrar grandes conflitos. O Tratado de Madrid (1750), também conhecido como Tratado dos Limites, é um exemplo da sofisticação da diplomacia que já podíamos qualificar de luso-brasileira, por ser brasileiro Alexandre de Gusmão, o negociador em nome de Portugal, e por ser brasileiro também o interesse envolvido na demarcação das fronteiras da ainda colônia portuguesa que viria a se tornar o Brasil.

José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838); Paulino José de Sousa, visconde do Uruguai (1807-1866); José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco (1819-1880); Ruy Barbosa (1849-1923); José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco (1845-1912), e Ramiro Saraiva Guerreiro (1918-2011), diplomatas-estadistas, construíram a reputação de uma diplomacia respeitável e vitoriosa aos olhos do mundo.

José Bonifácio, o Patriarca, teceu o reconhecimento de nossa Independência e fincou as fundações de uma diplomacia prudente e altruísta. O visconde do Uruguai e o visconde do Rio Branco protegeram os interesses pátrios no convulsionado estuário do rio Prata. Ruy Barbosa fez do Brasil protagonista consagrado na célebre Conferência de Haia, em 1907. O barão do Rio Branco solucionou pacificamente todas as reivindicações de fronteiras envolvendo nossos vizinhos. Saraiva Guerreiro orientou o discurso do primeiro presidente brasileiro, João Figueiredo, na Assembleia Geral da ONU, em 1982, de equidistância no mundo bipolar dividido em áreas de influência dos Estados Unidos e da União Soviética.

Houve momentos em que o destino do Brasil dependeu da capacidade de nossa diplomacia, quando ela resolvia conflitos, em vez de produzi-los, como hoje.

Assumimos a missão de proteger o Ocidente pretensamente ameaçado pelo “choque de civilizações”, sem que os formuladores de tal posição se deem conta de que civilização ocidental não é um conceito geográfico, nem mesmo histórico no sentido da herança greco-romana, mas uma geometria geopolítica na qual cabem apenas a Europa Ocidental, os Estados Unidos, o Canadá e, olhe lá, a Austrália, excluída a América Latina.

Assim, não deixa de ser patético que toda a pressão contra o governo brasileiro no caso das queimadas da Amazônia tenha origem na Europa Ocidental, e que a única manifestação em defesa do Brasil tenha vindo de um diplomata chinês acreditado em Brasília. E foi no parlamento da Áustria, nação alma mater do Ocidente que o acordo Mercosul-União Europeia colheu sua primeira derrota.

A hostilidade contra o mundo árabe se opõe a tudo o que fez o Brasil para construir uma relação de amizade e cooperação com árabes e israelenses, desde Dom Pedro II, Osvaldo Aranha, Jânio Quadros, Geisel e Lula.

O presidente escolheu a tribuna da ONU para uma grave defesa da soberania do Brasil na Amazônia e de denúncia da manipulação das causas legítimas dos indígenas e do meio ambiente por interesses nem sempre legítimos ou generosos. Mas tornou este momento menor ao renegar o que Gilberto Freyre denominou de vocação de nossa diplomacia para a mediação e ao apelar para a retórica do confronto com vizinhos e nações amigas e para anacronismos dignos dos piores momentos da Guerra Fria.

O ciclo de fracassos e vexames tem se ampliado com o veto da Índia a um nome brasileiro para presidir a negociação sobre subsídio para o setor da pesca na OMC, em retaliação a uma aliança do Brasil com os Estados Unidos que contrariou interesses da Índia no âmbito da Organização; com a declaração da ministra do meio ambiente da França, Elisabeth Borne, anunciando que seu país não assinará o acordo Mercosul-União Europeia em razão da posição brasileira sobre a Amazônia e o clima; e com a divulgação da carta norte-americana apoiando a entrada de Romênia e Argentina na OCDE em prejuízo momentâneo da pretensão brasileira.

Nada mais faltasse, o escritor moçambicano Mia Couto anuncia que vai contatar vencedores do prêmio Camões, a maior honraria conferida a um escritor da língua portuguesa e instituída pelos governos do Brasil e de Portugal, para tomarem uma posição conjunta contra o presidente do Brasil por sua intenção de não assinar o diploma do prêmio concedido este ano ao compositor e escritor brasileiro Chico Buarque de Holanda.

Certas personalidades nacionais elevam-se, por sua contribuição a determinado domínio das artes ou das ciências, acima dos crivos ideológicos que dividem a sociedade. Chico Buarque está entre elas. Certa vez perguntaram ao ainda candidato general João Figueiredo, sua opinião sobre o ilustre compositor. O general deu uma resposta cuidadosa e simpática: preferia a fase romântica de Chico Buarque, ao que Chico respondeu que preferia a fase romântica do general Figueiredo.

É chocante que em plena democracia governantes e burocratas destrambelhados contribuam com gestos ou palavras para degradar figuras de destaque das letras e das artes do país por meras razões ideológicas.

A noção de que os objetivos nacionais permanentes devem orientar a ação diplomática é substituída pela conveniência e devaneios sectários que constroem ameaças socialistas ao Brasil e ao mundo, existentes apenas na cartilha das extravagâncias ideológicas de parte de formuladores da Política Externa.

O processo de degradação do precioso ativo formado por nossa tradição diplomática construída ao longo de séculos compromete a imagem do Brasil, restando a esperança da reconstrução futura a partir da memória do que fomos.

Por fim, patéticos não são os homens guiados, quem sabe, pelas belas e boas intenções de seus enganos. Pior, patéticos são os fatos por eles gerados em prejuízo do interesse e do bem comum.


 *Aldo Rebelo é jornalista, foi ministro da Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência e Tecnologia e Inovação e da Defesa nos governos Lula e Dilma.

Fonte: Bonifácio

RELAÇÕES EXTERIORES Rasteira de Trump revela fracasso da política externa de Bolsonaro, dizem comunistas

Por: Da Redação

O governo Donald Trump se recusou a endossar a tentativa do Brasil de ingressar na Organização de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o que reflete o isolamento de Jair Bolsonaro no exterior. Preferiu apoiar o pleito de Argentina e Romênia.

Reprodução da Internet

Vassalagem de Bolsonaro prejudicou o país

Parlamentares do PCdoB avaliam que postura de Trump atesta os erros do presidente Jair Bolsonaro que a cada dia se isola mais no mundo. “As nações não tem amigos, elas têm interesses! A frase é velha, mas nunca sairá de moda. Bolsonaro não está à altura do Brasil! Não sabe quais são os interesses nacionais, por isso não os defende”, destacou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).

À frente da Liderança da Minoria, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ironizou Bolsonaro. “Em março, Bolsonaro renunciou ao tratamento especial nas negociações da OMC em troca de uma vaga na OCDE. Hoje perdeu o apoio dos EUA que preferiu indicar Romênia e Argentina. É fracasso da política externa que chama?”, disse a parlamentar.

Os deputados do PCdoB Márcio Jerry (MA) e Orlando Silva (SP) consideram que a “vassalagem” do presidente brasileiro diante dos Estados Unidos é nociva ao Brasil.

“Bate continência, Bolsonaro. Olha resposta à tua vassalagem...Trump abandona Bolsonaro na porta da OCDE!”, relatou o parlamentar maranhense.

Orlando complementou:

“Vassalo não é respeitado por ninguém. Nem mesmo por quem recebe a vassalagem”, afirmou Orlando.

Segundo uma cópia de uma carta enviada ao secretário-geral da OCDE Angel Gurria em 28 de agosto, o secretário de Estado Michael Pompeo rejeitou um pedido para discutir mais ampliações do clube dos países mais ricos. "Os EUA continuam a preferir o alargamento a um ritmo medido que leva em consideração a necessidade de pressionar pelo planejamento de governança e sucessão", afirmou a carta. O teor do documento foi publicado na Bloomberg News.

De acordo com a carta, os EUA apoiaram apenas a entrada da Argentina e da Romênia, considerando o “critério cronológico”, segundo as fontes, porque esses países haviam apresentado o pedido antes dos outros, inclusive do Brasil.

De acordo com ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, "ou Trump não está nem aí para Bolsonaro, ou a burocracia do governo americano não está nem aí para Trump".

Em março, Trump afirmou em entrevista coletiva com Bolsonaro na Casa Branca que apoiou o Brasil na adesão ao grupo de 36 membros. Em julho, o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, reiterou o apoio de Washington ao Brasil durante uma visita a São Paulo.

*Com informações do Brasil 247.

JUSTIÇA - TCU barra propaganda ilegal do pacote anticrime de Moro

Por: Walter Félix, com informações de agências

TCU acata pedido da Oposição e manda suspender em definitivo campanha publicitária do pacote anticrime. Decisão afirma que peças, com gasto de R$ 10 milhões aos cofres públicos, não se prestam a educar população.

O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) confirmou, nesta quarta-feira (9), medida cautelar que obriga o governo federal a suspender a veiculação das peças publicitárias do pacote anticrime, projeto de lei patrocinado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. O placar no plenário foi de 6x2.

Na terça-feira (8), uma liminar concedida pelo ministro Vital do Rêgo havia determinado a suspensão da campanha publicitária. O pedido foi feito por deputados da oposição na quinta-feira passada (3), mesmo dia em que o governo iniciou sua campanha com uma despesa de R$ 10 milhões aos cofres públicos.

A representação no TCU, assinada pelos deputados Orlando Silva (PCdoB-SP), Paulo Teixeira (PT-SP), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pedia a concessão de medida cautelar (liminar) para interromper a veiculação das peças publicitárias.

De acordo com a decisão provisória de Vital do Rêgo, a divulgação oficial de uma proposição ainda em discussão no Congresso não se enquadra nos objetivos de “informar, educar, orientar, mobilizar, prevenir ou alertar a população para a adoção de comportamentos que gerem benefícios individuais e/ou coletivos”.

“Na situação concreta, ao menos em juízo de estrita delibação, entendo que a utilização de recursos públicos para a divulgação de 'um projeto de lei' que, em tese, poderá, de forma democrática, sofrer alterações sensíveis após as discussões que serão levadas a efeito pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal não atende aos requisitos de caráter educativo, informativo e de orientação social”, argumentou o ministro.

O deputado Orlando Silva comemorou a decisão do TCU nesta quarta, retuitando uma mensagem do colega Marcelo Freixo. “Grande vitória, deputado! Há prioridades múltiplas para o uso dos escassos recursos públicos. Seguramente, massagear o ego ferido do ministro não é uma delas. Viva a luta!”, escreveu o comunista.

“A propaganda é ilegal! O projeto ainda está em debate na Câmara e já teve importantes mudanças. O comercial usou dinheiro público para intimidar o Congresso e massagear o ego ferido de Moro”, acrescentou.

Logo após a votação na corte de contas, Freixo postou a seguinte mensagem: “Vitória da legalidade! O Tribunal de Contas da União acaba de concluir que a propaganda do Pacote Moro viola a Constituição e determinou a suspensão definitiva da campanha publicitária”.

Representação

Os parlamentares argumentaram no pedido que a “milionária campanha publicitária” tinha como motivação dissimulada constranger os congressistas “a não acatarem as contribuições que ainda serão oferecidas pelo grupo de trabalho à deliberação do Plenário”.

Isso porque, os integrantes do grupo de trabalho criado na Câmara para analisar a matéria têm aprovado alterações ao texto original dos projetos de lei formulados pelo ministro da Justiça. O objetivo das mudanças é adequar o projeto ao que dispõe a Constituição, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) em matéria de direitos e garantias fundamentais, bem como em atenção às recomendações de dezenas de especialistas.

Votação no TCU

O ministro Bruno Dantas foi um dos mais enfáticos a favor da cautelar, afirmando que “o próprio título da campanha coloca o Congresso Nacional nas cordas”. “Nenhum parlamentar tem condição de iniciar uma argumentação racional contra o pacote anticrime porque o governo embutiu nesse pacote a sua visão de mundo e qualquer um que ouse divergir daquela visão encrustada no pacote anticrime será defensor do crime”, afirmou.

O ministro ponderou ainda que “somente uma mente totalitária, sombria, maniqueísta, autoritária pode imaginar que vai utilizar recursos públicos para manipular a população contra os canais de democracia representativa”.

Fonte: pcdobnacamara.org.br