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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Movimentos ocupam Brasília contra a PEC de Temer



Encaminhada por Michel Temer para o Congresso, a PEC 55, antiga PEC 241, impõe um teto de gastos por 20 anos para as despesas primárias que são saúde, educação, assistência social e pode alcançar também moradia, saneamento e transporte. 

Mesmo que a arrecadação cresça os recursos para essas áreas permanecem sendo calculados apenas pela inflação do ano anterior. Por exemplo, se a PEC entrar em vigor em 2017, o Orçamento disponível para gastos será o mesmo de 2016, acrescido da inflação daquele ano.


O economista João Sicsú explicou que são dois os gastos que o governo mantém: as despesas primárias e as despesas com o pagamento de juros da dívida pública. Segundo ele, o déficit propagado por Temer é resultado dos gastos “elevadíssimos” com o pagamento de juros. 

Educação a menos

De acordo com ele, estimativas apontam que haverá uma redução de 6% no gasto per capita nas duas áreas. Significa que a PEC de Temer ilude ao sugerir a proposta como a única saída quando ela, na verdade, vai na contramão do que o país necessita.
 
Livreto explicativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) confirma que a PEC simboliza a inviabilização de políticas sociais em todas as áreas. 

“Para se ter uma ideia, segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), caso essa PEC estivesse em vigor desde 2002, o governo federal teria investido 47% menos em educação do que investe atualmente, totalizando R$ 377 bilhões que deixariam de ser aplicados. Já na saúde teríamos menos 26%, quase R$ 300 bilhões a menos”, diz trecho do livreto da entidade.

Mobilização estudantil

Tem feito diferença a resistência que vem da educação às medidas de Temer, entre elas a Medida Provisória 746 de Reforma (ou Deforma, como dizem os estudantes) do Ensino Médio. Além dos trabalhadores da área, os estudantes prometem lotar a esplanada dos ministérios nesta terça-feira com delegações e caravanas de norte a sul denunciando o desmonte da educação.
 
Para a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, a medida congela o futuro dos estudantes e a educação brasileira. “O passo seguinte será a tentativa de privatização, de cobrança de mensalidades, por isso nós lutamos com toda a garra contra a PEC 55", ressaltou.

As caravanas de estudantes foram organizadas pela UNE, que realizou inscrições para os interessados em participar da ocupação de Brasília contra a PEC. Foram dois mil inscritos vindo de universidades federais, estaduais, instituições particulares e escolas de todo o país.

Do Oiapoque ao Chuí

Do Pará até Brasília são 36 horas de viagem. Segundo informações do site da União Nacional dos Estudantes (UNE), doze ônibus saíram do estado para ocupar Brasília. Hebert Brito, direto da Une, contou que o clima entre os que conseguiram vir é de entusiasmo.
 
“Muita gente não conseguiu ir e teve que ficar no Pará mesmo para lutar pelos nossos sonhos”, informou que havia mais interessados do que vagas nos ônibus.

“Nós construímos as ocupações para sair da normalidade e mostrar que somos contra a 55 e a MP do Ensino Médio. Ocupar Brasília amanhã é mais um passo nessa luta, mostrar para o Senado e para o governo que está tendo resistência e vamos barrar essas medidas”, declarou ao site da UNE, o estudante de história da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretor da União Estadual dos Estudantes Livre/RS, Airton Silva

Os estudantes que vieram de Porto Alegre enfrentaram um temporal no início da viagem. São cinco ônibus em direção a Brasília com os estudantes da capital gaúcha. 

"A expectativa é que mais de 25 mil estudantes venham para Brasília, junto com trabalhadores em educação e todos os setores que resistem, nos últimos meses, contra o golpe e aos ataques dos direitos trabalhistas e sociais”, enfatizou Camila Lanes, presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), que ao lado da UNE e Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) estão coordenando a mobilização estudantil.

Prejuízos ilimitados

Para o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, a aprovação da PEC 55 acabará com a política de valorização do salário mínimo, os investimentos sociais, os concursos públicos, a indexação das aposentadorias ao salário mínimo, entre outros fatores negativos à população. 
 
“Quem mais sofre com isso é o povo. Esse governo vai se revelando cada vez mais a serviço dos interesses do grande capital, da mídia oligopolista e de todo esse sistema vicioso”, afirmou Araújo. A CTB convocou os sindicatos da base para apoiar o ato desta terça-feira.

João Paulo Ribeiro, diretor do servidor público da CTB e da base da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior (Fasubra) afirmou que é necessário transformar a unidade em ação.

“A unidade dos trabalhadores, dos estudantes, das entidades trará vitória positiva para toda a sociedade. O momento é decisivo. É preciso transformar a unidade em ação em escolas, universidades, praças. A participação de todos é decisiva neste momento crucial”, completou João Paulo.

Segundo ele, os movimentos têm se revezado em ações nos aeroportos abordando os senadores para que votem pela rejeição da PEC 55. Assim como os estudantes trabalhadores da educação também se encaminham para Brasília em caravanas. 
 

SERVIÇO

Marcha contra a PEC 55

16h Concentração no Museu da República
17h Marcha rumo ao Congresso


Por Railídia Carvalho. Colaborou Laís Gouveia

Do Portal Vermelho, com informações da UNE, CTB e Contee. 

Votações no Congresso esta semana estão sob forte pressão popular

A PEC do congelamento de gastos por 20 anos está na pauta dos senadores, enquanto os deputados podem votar a anistia ao caixa 2.  Agência Câmara

Os deputados podem votar ainda o projeto do governo ilegítimo de Michel Temer que aumenta as carências para concessão de benefícios da Previdência Social como o auxílio-doença, da aposentadoria por invalidez e do salário-maternidade.

O primeiro item da pauta da sessão de terça-feira no Senado é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241/55) que congela os gastos públicos para os próximos 20 anos. O texto deverá ser votado em primeiro turno. A proposta é alvo de críticas da oposição e dos movimentos organizados da sociedade, que, entre vários prejuízos, destacam o corte de recursos para os setores da saúde e da educação.

A PEC já passou pela Câmara dos Deputados e, para ser aprovada no Senado, precisa ser votada em dois turnos, obtendo em cada um deles o apoio de pelo menos 49 dos 81 senadores. A votação em segundo turno está marcada para 13 de dezembro.

Estados

Na terça-feira (29), também estão em pauta proposições de interesse direto dos estados. O projeto que estabelece medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal, e o que trata da securitização de dívidas públicas. 

O projeto encaminhado ao Congresso por Michel Temer, estabelece limite de crescimento de despesas dos estados, em troca de carência para início do pagamento das dívidas desses entes com a União. Para se beneficiar das novas condições, eles têm de assumir o compromisso de limitar o crescimento das despesas primárias ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O projeto, apresentado pelo senador licenciado José Serra (PSDB-SP), permite que União, estados, Distrito Federal e municípios vendam créditos públicos, tributários ou não, para entes privados. A matéria também sofre forte resistência de parlamentares que analisam a medida como uma Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) sem a previsão de liquidação no mesmo ano, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Reforma política

Na quarta-feira (30), está prevista, no Senado, a votação de mais uma etapa da reforma política: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe a reeleição para os cargos no Executivo, reduz a idade mínima para o exercício de mandatos eletivos e também o número de assinaturas para a apresentação de projeto de lei iniciativa popular, além de determinar a impressão do voto pelo eleitor na urna eletrônica. A matéria será votada em primeiro turno.

Como segundo item da pauta, está outra Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que veda a vinculação remuneratória automática entre subsídios de agentes públicos. Na prática, significa o "fim do efeito cascata" no reajuste salarial do funcionalismo público.

Combate à corrupção

Na Câmara, o destaque é para o projeto de combate à corrupção (PL 4850/16) é o destaque do Plenário para a última semana de novembro. A maior polêmica é a possibilidade de a tipificação do crime eleitoral de caixa 2 implicar indiretamente na anistia dos crimes anteriores à lei. 

O Plenário analisará ainda emendas que os partidos podem apresentar mudando o texto aprovado na comissão especial com pontos retirados pelo relator antes da aprovação, como a inclusão dos juízes e dos promotores entre os que podem ser processados por crime de responsabilidade.

O líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA) divulgou nota para esclarecer a população a respeito do caixa dois. E criticou a posição do presidente ilegítimo Michel Temer de vetar a proposta caso seja aprovada no Congresso. 

“O que ele não diz é que nas duas tentativas de aprovar a matéria, o PT se negou a assinar a emenda proposta por parlamentares da sua base. E, por isso, parte da sua base não sustentou a defesa da anistia e sua maioria não conseguiu, sequer, levar a proposta à votação. O fato é que a articulação para aprovação da anistia ao caixa 2 foi de parlamentares da base de Temer”, afirma Florence.

“Na premência da homologação da delação da Odebrecht, a base de apoio a Temer intensificou seu movimento para aprovar a anistia ao caixa 2 querendo compartilhar o desgaste desta aprovação com o PT”, explica ainda o líder petista.

LDO e Vetos

Esta semana está marcada ainda, para quarta-feira (30), às 10h30 horas, sessão do Congresso - reunião conjunta da Câmara e do Senado - para analisar nove vetos presidenciais e o projeto de lei de diretrizes orçamentárias (LDO 2017). 


De Brasília, com agências