quarta-feira, 22 de julho de 2020
Parlamentares do PCdoB na Câmara comemoram aprovação do Fundeb

Deputadas Professora Marcivânia e
Perpétua Almeida no plenário da Câmara
Foto: Maryanna
Oliveira/Câmara dos Deputados
A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (21) a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/15, que torna permanente o Fundo de
Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e aumenta
a participação da União no financiamento da educação infantil e dos ensinos
fundamental e médio.
O texto, que recebeu 499 votos a favor e apenas 7 contra no primeiro
turno de votação, também foi aprovado em segundo turno na sessão desta terça-feira
(21). A matéria vai ao Senado.
Segundo o substitutivo da relatora, deputada Professora Dorinha Seabra
Rezende (DEM-TO), a complementação da União para o Fundo crescerá de forma
gradativa ao longo de seis anos, de 2021 a 2026, passando dos atuais 10% do
total para 23%. Pelo menos metade do dinheiro extra deverá ser destinado à
educação básica, conforme negociado com o governo.
“Nós podemos dizer, hoje, que se inicia aqui a grande vitória da
educação no Brasil, que irá colocar na Constituição o Fundeb, um fundo que
financia mais de 60% da educação brasileira que vai da creche ao ensino médio”,
afirmou a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), durante a
discussão da matéria.
A parlamentar afirmou que foi preciso muito diálogo para conseguir a
votação do texto. Ela também ressaltou a importância da mobilização de amplos
setores da sociedade para a aprovação da proposta, destacando o peso da
organização dos trabalhadores, a unidade das categorias da educação e o apoio
de 20 governadores que publicaram nota em apoio ao relatório da Professora
Dorinha. “Uma das melhores partes deste relatório é o fato de conseguirmos
garantir os 70% de pagamento dos trabalhadores em educação, é óbvio,
valorizando o magistério”, acrescentou Perpétua.
O texto propõe piso de 70% para o pagamento de salário de profissionais
da educação, sem teto. O governo defendia que o percentual fosse o limite
máximo para pagar a folha de pessoal. O parecer também incluiu a
vinculação de 5% para a área da primeira infância (creches e pré-escolas para
crianças de 0 a 5 anos). Em caso de falta de vagas em creches na rede pública,
o dinheiro poderá ser destinado a instituições sem fins lucrativos.
A deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), que encaminhou o voto
favorável do partido, assinalou que a aprovação da PEC 15/15faz justiça
aos professores e professoras brasileiros, que “são grandes heróis e heroínas”.
“Nós vimos muito desrespeito ontem aos professores, quando foi dito que o
professor está interessado em salário. Eu sou professora, há 25 anos, e o que
eu vejo, dos meus colegas, é professor tirando dinheiro do bolso para ter
instrumento para dar uma aula melhor para o seu aluno, tirando dinheiro do
bolso para reproduzir material didático para dar uma aula melhor”.
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), foi um dia histórico
para a educação brasileira. “Conseguimos derrotar Bolsonaro e seu projeto de
destruição da educação pública brasileira. Aprovar o Fundeb é garantir o futuro
do Brasil. Conseguimos construir um texto em consenso e com avanços. A
luta continua para que o Senado aprove o texto integral”, afirmou.
“A votação de hoje marca a história do Parlamento brasileiro, pois a
aprovação do Fundeb é uma vitória fundamenta nessa política estratégica e
cidadã para crianças e jovens que precisam de uma educação estruturada e
sustentável”, destacou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Segundo o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o resultado da votação foi
uma conquista de quem se mobilizou em defesa do Fundeb. “Os estudantes,
professores, trabalhadores da educação, além de prefeitos, governadores e a
sociedade civil. É um passo adiante para a educação brasileira. Não era
possível que o Brasil permitisse que o Fundeb se esgotasse no final do ano sem
uma solução. E essa solução é criativa, que atualiza os métodos para distribuir
recursos e eleva o valor para que a educação receba o tratamento que merece”,
disse.
O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) usou suas redes sociais para
comemorar a aprovação da proposta. “Bolsonaro mais uma vez se posicionou contra
a educação, mas teve que recuar. Grande vitória!”, escreveu. Pelo Twitter, o
deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) ressaltou que a aprovação do Fundeb
permanente é uma conquista de professores, estudantes e da cidadania. “Vitória
histórica da educação!”, enfatizou.
O Fundeb é um dos principais mecanismos de financiamento do ensino
básico e corresponde a 63% dos recursos que são destinados ao setor. A
vigência do modelo atual termina em dezembro.
“Vence a Educação! Perde a Ignorância!”, tuitou o deputado Renildo
Calheiros (PCdoB-PE).
Fonte: PCdoB na Câmara
José Carlos Ruy: Florestan Fernandes, um intelectual do povo. "Florestan Fernandes!" - Eduardo Vasconcelos*

Florestan Fernandes, cujo centenário se comemora hoje, 22 de julho (ele
nasceu em (22/07/1920), foi um intelectual raro – de origem muito humilde,
chegou aos mais altos postos na universidade, e foi reconhecido como cientista
social renovador no Brasil e no exterior.
Por José Carlos Ruy*
Certa vez ele escreveu que “nunca teria sido o sociólogo em que me
converti sem o meu passado”, sem “as duras lições da vida”. Ele tem razão,
sobretudo quando disse que seu aprendizado “sociológico” começou aos seis anos
de idade, “quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto”. Ele tinha
razão – filho de uma empregada doméstica, mãe solteira, logo cedo foi forçado a
tomar contato com as dificuldades da vida. Uma experiência que o marcou para
sempre e, certamente, foi decisiva nas escolhas intelectuais que fez quando
adulto – sempre tentando compreender as complexidades da vida do povo.
Foi professor que, armado com sua ciência, nunca abandonou o esforço de
entender o Brasil, suas complexidades e as condições da existência da
democracia em nosso país.
Estudante de mente aberta e leitor voraz, chamou a atenção do professor
Roger Bastide – o francês fundador dos estudos sociais na Universidade de São
Paulo, intrigado com aquele rapaz que sempre viajava, no bonde, com a cara
enfiada num livro. Bastide aproximou-se dele, e o incentivou a entrar na
universidade, o que ocorreu em 1941, quando Florestan ingressou na USP.
Foi o começo de uma carreira marcada pelo olhar renovador a uma série de
questões – estudou a função da guerra entre os tupinambá e, principalmente, as
condições da escravidão no Brasil, a luta pela abolição, as condições do
trabalho livre no Brasil, atividade em que ajudou a desmascarar o mito da
democracia racial no Brasil; renovou o conjunto da história, como se deu a
Independência e como ela se ligou à dinâmica das classes sociais no Brasil.
Estudou também, em profundidade, a dominação externa – dos EUA, particularmente
– no Brasil e na América Latina. E, ultimamente, a situação da revolução
democrática no Brasil e o papel da classe operária como sua protagonista
principal.
Intelectual, Florestan foi um homem de luta. Na década de 1950 foi
participante ativo da Campanha de Defesa da Escola Pública, em defesa do ensino
público, laico e gratuito como direito fundamental do cidadão. Nos anos 60,
professor de sociologia na USP, favoreceu o estudo da obra de Karl Marx, como
um clássico do pensamento social ao lado de Max Weber e Emile Durkheim. No
regime dos generais de 1964, foi aposentado compulsoriamente, em 1969, com base
no AI5, juntamente com um conjunto de professores progressistas e avançados.
Teve início então sua carreira, exitosa, de professor de ciências sociais, nas
universidades de Columbia e Yale (nos EUA) e Universidade de Toronto (no
Canadá). Voltou ao Basil em 1979, depois da lei de Anistia, lecionando então na
PUC/SP.
Ao longo de sua carreira, e principalmente depois de ter sido cassado
pelo AI-5 e afastado da universidade pela violência da ditadura de 1964,
Florestan Fernandes uniu de forma crescente, e cada vez mais coerente,
militância política e atividade científica, afastando-se da tradição de
neutralidade científica típica da ciência social dominante – e da qual se
tornou crítico severo. As marcas de seu compromisso com a luta popular se
manifestaram então com força em sua produção intelectual e teórica. Deputado
federal pelo PT, eleito em 1986, defendeu o maior protagonismo dos
trabalhadores na luta política – trabalhadores que, crescentemente, encarou
como força decisiva na luta pelo progresso social. Em seus últimos
escritos defendeu, com clareza, a conquista do socialismo como alternativa
avançada para a crise contemporânea do capitalismo.
Era o menino pobre falando pela voz do intelectual conhecido e
influente.
*Jornalista, escritor, estudioso de história e do pensamento marxista
Fonte: pcdob.org.br
* Eduardo Vasconcelos: Radialista: Blogueiro, Ativista: Presidente do CPC/RN (Centro Potiguar de Cultura); Agente de Cultura e Vice Presidente do PCdoB - Nova Cruz/RN.
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