Eleger Lula presidente e Alckmin vice é uma exigência democrática. É o caminho para retomar nossa soberania, garantir vida digna ao povo, recuperar o papel do Estado, reestabelecer direitos, prosperidade econômica e progresso social.
sábado, 12 de novembro de 2022
Presidenta do PCdoB, Luciana Santos avalia os desafios da transição do governo Lula - Por Renata Mielli, Guiomar Prates e Cézar Xavier
A
presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos,
falou ao Portal
do PCdoB sobre os rumos da transição de governo. Em sua
opinião, a equipe de transição está no rumo certo: primeiro um grande movimento
para garantir a maioria política na governabilidade. “Nós precisamos de
estabilidade política e de paz para que o governo Lula dê certo”,
enfatizou.
Um dos principais desafios, de acordo com a dirigente
partidária, é colocar em prática a agenda do programa eleitoral vitorioso; ou
seja, enfrentar essa desigualdade social e a mazela da fome.
Luciana adianta que o PCdoB definiu três áreas nas quais deve
dar uma contribuição prioritária nesta fase: Ciência e Tecnologia, Trabalho e
Cultura. Mas afirmou que o partido irá oferecer nomes de dirigentes e
lideranças para contribuírem em todos os grupos temáticos. “Não há uma política
pública importante e estratégica no país, que não tenhamos quadros experientes
com grande capacidade de formulação teórica e prática”, enfatizou.
Ela também traçou desafios para a legenda no próximo período:
precisamos nos enraizar mais na luta do povo, para crescermos nossa influência
e nossa contribuição com a luta política do país.
Leia outros trechos da entrevista:
O PCdoB
foi o primeiro partido a defender a frente ampla. Na época, nem esse termo era
usado pela imprensa, mas acabou se consolidando na eleição. Qual foi o papel do
PCdoB na consolidação desse amplo arco de alianças em torno do chapa
Lula-Alckmin?
O PCdoB sempre entendeu que esse é um país plural com muita
diversidade regional. É um país continental com um histórico de conformação de
forças políticas muito complexas. Que tem realidades e dinâmicas regionais que
interferem no plano nacional. O entendimento desta complexidade sempre nos
levou a defender que qualquer que seja a perspectiva de um projeto democrático
popular e nacional, ele necessariamente tem que levar em conta essa diversidade
e pluralidade.
Por isso, formulamos com muita convicção a necessidade de
construção de frentes amplas para viabilizar um projeto com este caráter. Ainda
mais, que temos pela primeira vez no país um governo com as características de
Bolsonaro: autoritário na política, retrógrado nos costumes e ultraliberal na
economia. Um governo de extrema-direita.
Sempre reunimos convicção de que não bastava o nosso campo para
enfrentar a extrema-direta, tínhamos que atrair outros setores. Muitas vezes
fomos incompreendidos, mas prevaleceu a centralidade da defesa disso como uma
tática para ganhar as eleições. Prevaleceu a justeza das nossas ideias. Por
isso, hoje, podemos comemorar a vitória dessa formulação política.
Qual o
papel do PCdoB nessa fase de elaboração de plano e discussão do novo governo?
O próprio presidente Lula não economiza elogios ao papel do
PCdoB nesse período todo, de aliança política. Nós temos essa aliança básica
com o Partido dos Trabalhadores, desde a primeira eleição do Lula, em 1989. E
sempre procuramos entrar nessa discussão com ideais-força, como o programa do
nosso Partido. Somos um partido programático, ideológico e temos a defesa de
uma perspectiva de construção do socialismo com as características brasileiras.
E sempre procurando entender que temos um caminho para isso.
O caminho é o nosso programa poder garantir no país uma agenda
de aceleração do crescimento, de reindustrialização, de defesa dos direitos
fundamentais do povo, do cuidado com as pessoas. Somos respeitados exatamente
porque o que nos move é a questão programática e os nossos compromissos. E a
contribuição na elaboração desses desafios brasileiros.
Lembro-me que, desde a primeira disputa para a eleição para
presidente da República, nós sempre defendemos uma combinação de unidade do
nosso campo e frente ampla para poder ganhar as eleições no Brasil. Só quando
esse rumo foi assimilado é que foi possível ganhar aquela eleição de 2002.
Depois, uma agenda desenvolvimentista tem o DNA do PCdoB. Isto é
quase um mantra nosso. Uma insistência e um debate permanente que a gente
coloca na ordem do dia.
Quais os
principais problemas a serem enfrentados logo nos primeiros dias de governo?
A nossa equipe de transição está no rumo certo: primeiro um
grande movimento para garantir a maioria política na governabilidade. Nós
precisamos de estabilidade política e de paz.
Lula fez certo ao ler um discurso no dia do resultado da
eleição, em que ele disse que o principal desafio brasileiro era unir o
país.
Nós já constituímos a maior frente política das eleições, desde
que ganhamos em 2002. Foram dez partidos políticos no primeiro turno, mais dois
no segundo turno, agora esse esforço consolidado na direção do PSD, que já está
na equipe de transição e veio para a base do nosso governo. Além do esforço,
agora, na direção do MDB, para além de Simone Tebet, formalizar a participação
na base do governo. Isso acaba de ser anunciado na tarde de hoje [quarta-feira,
10], com a equipe de transição também consolidando esse movimento.
É preciso que a gente entenda que um dos principais desafios é
que esse governo dê certo. E colocar em prática a agenda do programa eleitoral
que é enfrentar essa desigualdade social. Infelizmente, Bolsonaro conseguiu
colocar o Brasil na décima terceira economia do planeta, mas somos um país rico
de um povo pobre. Para enfrentar isso, é preciso combater a fome, a pior mazela
da desigualdade.
Para isso, o povo precisa estar no orçamento. Então, a principal
batalha é mudar o orçamento para caber o Bolsa Família, que não é só uma
retomada do nome, mas do conceito. No Auxílio Brasil, a pessoa recebe uma ajuda
de sobrevivência de R$ 600, e acabou. O Bolsa Família exige que a criança vá
para a escola, esteja em dia com a carteira de vacinação, com a atualização do
SUS, – um programa estruturante que cuida das famílias. Para retomar isso, a
gente precisa que o apoio social saia da regra do Teto de Gastos.
Estamos cuidando desse compromisso de campanha que é salário
1,6% acima da inflação, que significa garantir o poder de compra do povo.
Garantir orçamento para vacina, para a Farmácia Popular, para o enfrentamento à
violência contra as mulheres, questões que não estão previstas no orçamento
brasileiro para este ano. Estamos vendo a forma de modificar isso. Se por meio
de uma PEC que daria mais segurança jurídica, ou através de uma Medida
Provisória Extraordinária, com a anuência do Tribunal de Contas da União e do
Poder Judiciário. Numa perspectiva de cumprir com os compromissos de campanha
que levaram à vitória.
O povo brasileiro vê o Governo Lula com esses compromissos.
Precisamos colocar no orçamento brasileiro, porque não pode haver no Brasil um
teto fiscal que leve à fome. Temos que virar essa página de que esse teto
represente mais desigualdade e iniquidade social. Essa é a tarefa dessa
primeira fase da transição.
O PCdoB
já ocupou ministérios importantes nos governos Lula e Dilma. Fale um pouco
dessa experiência.
O primeiro ministério que assumimos no ciclo político de Lula,
foi o Ministério do Esporte, que nós transformamos numa grande política
pública, de uma grande dimensão nacional.
Tivemos também um papel decisivo na ANP, a Agência Nacional do
Petróleo. Nada mais, nada menos, somos responsáveis pelo Marco Regulatório do
Pré-sal, pela Lei de Partilha, que é até hoje um patrimônio brasileiro, que deu
condições para acumularmos essa riqueza e que ela pudesse retornar para o povo
brasileiro. Essa é a cara do nosso Partido, que pensa o Brasil, e que,
historicamente, objetivamente, deu e continua dando grandes contribuições para
a formulação dos grandes desafios brasileiros. Isso mostra o quanto somos
capazes de colaborar nesse enfrentamento.
Esse é o nosso papel nesse contexto. Eu já sou do Conselho
Político, e vamos, ainda hoje, completar os nomes para a transição, e, com
isso, completar a nossa inteligência coletiva, os quadros políticos e
ilustrados a serviço do projeto nacional, do povo brasileiro e para o Governo
Lula dar certo.
O partido
já deu sua contribuição também na área da Defesa. De lá pra cá, tivemos uma
mudança na participação dos militares no governo. Como a transição está lidando
com esse tema bastante delicado, diante do que andou acontecendo durante o
governo Bolsonaro?
Este é um assunto complexo que é preciso entender o fenômeno.
Principalmente, em função do comando de Bolsonaro, nesse tempo todo. Nós também
já dirigimos o Ministério a Defesa. Temos domínio na política pública. Não há
como pensar uma nação soberana sem ter um forte aparato de defesa. Isso também
dialoga com a própria tecnologia e inovação. Não tem como pensar um país
próspero e avançado sem uma indústria de defesa à altura.
Toda essa tecnologia cotidiana de touch screen, inteligência
artificial e tecnologia da informação, a gente deve às agências de
desenvolvimento da indústria de defesa norte-americana. E todo país do mundo
que se preze e defenda a nação, precisa ter uma política de defesa
nacional.
E como isso rebate no plano da política? Temos que quebrar
preconceitos e paradigmas no seio da corporação, de modo a enxergar que, se
existem brasileiros que defendem os interesses da nação, somos nós, os
comunistas. Essa contribuição temos dado, e está na ordem do dia a gente
participar desse debate no grupo temático.
Qual a
expectativa de participação do PCdoB no próximo governo? Há uma discussão
elaborada a respeito disso, ou ainda não?
O que conseguimos acumular, até agora, é que vamos construir
politicamente uma participação destacada em três questões temáticas: a Ciência
e Tecnologia, pelo acúmulo que temos; é uma área estratégica que dialoga com
desenvolvimento e inovação. A questão do Trabalho, do quanto isso é tão
desafiador no mundo precarizado, pela retirada dos direitos e como fazer uma
agenda da defesa do trabalho.
E da Cultura. Pela nossa capacidade de elaboração e da importância
que a gente dá à identidade nacional e ao debate ideológico que precisa ser
feito. Este é um país plural de grande maioria de população negra e de
mulheres. Temos na identidade cultural brasileira, uma cultura que se confunde
com a história, com a nossa alma, como o nosso jeito de ser enquanto
nação.
São temas estratégicos que têm tudo a ver com o PCdoB. Mas vamos
participar de todos o grupos temáticos com atuação mais destacada nestes temas.
Dos 31 temas, nós temos gente. Não há uma política pública importante e
estratégica no país, que não tenhamos quadros experientes com grande capacidade
de formulação teórica e prática. Vamos colocar toda a capacidade instalada de
inteligência de nosso partido à disposição dessa construção da transição nos grupos
temáticos.
Os
partidos de esquerda e os movimentos sociais passaram os últimos anos num
contexto de resistência política. Agora, a chave vira voltamos a ter a
possibilidade de estabelecer outro tipo de diálogo com o estado brasileiro,
pressionando por políticas públicas e ampliando a participação e o engajamento
da sociedade em instrumentos de participação social, que foram totalmente
desmontados, e que ajudam a construção de correntes políticas como o PCdoB.
Como você vê o desafio para a construção e atuação do PCdoB nessa quadra
histórica?
Precisamos ser um partido com força na sociedade. O nosso
desafio como partido é no próximo período fazer com que a força das nossas
ideias possa se traduzir numa capilaridade maior, num maior acúmulo para influenciar
mais nos rumos do país.
Somos um partido com uma perspectiva mais adequada para um mundo
de igualdade de oportunidades, um mundo justo. Mas, para isso, precisamos ser
um partido com mais força, não só eleitoral, mas na base da sociedade. Esse é
um exercício cotidiano.
Quando temos a possibilidade de mudar a cena da política com
vitória do nosso campo, essas possibilidades se ampliam. É um desafio de um
exercício interno de planejamento, um partido que possa combinar a luta teórica
a capacidade de formulação política para o cotidiano das nossas lutas, e o
partido que está nas ruas, nas redes, no debate de ideias. O partido ativo e
presente na vida do povo brasileiro para levar esperança e a defesa de um
programa avançado para o país.
Somos um partido com a cara do povo brasileiro. Somos um partido
de mulheres, de negros e negras, de jovens, de trabalhadores, por isso
precisamos ampliar, e cada vez mais retirar essa cortina de fumaça de um
partido que sofre preconceitos pela luta ferrenha ideológica contra a nossa
concepção e o que nós acreditamos.
É em momentos como esse que a gente precisa se afirmar. Dizer:
esta é a cara do PCdoB, a cara do povo brasileiro. A cara de quem se preocupa
com os verdadeiros sentimentos de nacionalidade e de felicidade do povo, que é
ter direito à igualdade de oportunidades, ter uma vida plena para garantir que
as transformações aconteçam e a gente possa ter uma vida plena com direitos
fundamentais garantidos. Boto fé no que virá e na nossa capacidade
política de realizar esses nossos sonhos de um país justo e de igualdade.
Fonte: https://pcdob.org.br
Queda de renda familiar amplia desigualdade racial no Brasil, diz IBGE - por Bárbara Luz
Em 2020, negros ganhavam em média 48,0% menos que brancos; em 2021 lacuna se ampliou para 49,4% | Imagem: Reprodução/Carlos Barria.
Em 2021, a taxa de informalidade
entre brancos era de 32,7%; entre os pretos 43,4% e pardos 47%. Essa diferença
acompanha toda a série do estudo.
A segunda edição do estudo “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado na ÚLTIMA sexta-feira (11), mostra que a superação das desigualdades raciais no Brasil, em suas variadas dimensões, é um grande desafio.
Em 2021, considerando-se a linha de pobreza monetária proposta pelo Banco Mundial, a proporção de pessoas pobres no país era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre os pretos (34,5%) e entre os pardos (38,4%).
A desocupação, a subutilização e a informalidade também atingem mais pretos e pardos do que os brancos. Em 2021, as taxas de desocupação foram de 11,3% para os brancos, de 16,5% para os pretos e de 16,2% para os pardos. No ano anterior, esses percentuais foram de 11,1%, 17,4% e 15,5%, respectivamente. A taxa de informalidade da população ocupada era 40,1%, sendo 32,7% para os brancos, 43,4% para os pretos e 47,0% para os pardos.
Ao olhar o rendimento médio, a diferença é ainda maior. Em 2021, considerando a linha de R$ 486 mensais por pessoa, a taxa de pobreza dos brancos era de 18,6%. Já entre pretos o percentual foi de 34,5% e entre os pardos, 38,4%. Na linha da extrema pobreza, com R$ 168 mensais por pessoa, as taxas foram 5,0% para brancos, contra 9,0% dos pretos e 11,4% dos pardos. Ou seja, os pretos e pardos são praticamente o dobro dos brancos.
“A população preta e parda está inserida normalmente em ocupações de maior vulnerabilidade social, com rendimentos menores, enfim, com trabalhos menos formalizados também. Há uma proporção maior de população preta e parda informal também no mercado de trabalho e isso se reflete em menores rendimentos”, explica André Simões, analista da Gerência de Indicadores Sociais do IBGE.
O acesso à educação, políticas públicas, ao mercado de trabalho. Quanto mais portas se abrem, maiores são as oportunidades que a população negra tem para se mover dentro da estrutura social.
“A gente fala também sobre mobilidade social por meio de dar oportunidades de educação para que você consiga ter uma maior inserção de pessoas negras em profissões que são mais bem remuneradas. Então, tem uma série de fatores, na moradia, na educação, no mercado de trabalho, que são fundamentais para quebrar o ciclo de exclusão desse elevador de mobilidade social no Brasil”, explica Thiago Amparo, professor de Direito da FVG.
O estudo do IBGE foi feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e apresenta uma análise focalizada nas desigualdades sociais por cor ou raça, a partir da construção de um quadro composto por temas essenciais à reprodução das condições de vida da população brasileira como mercado de trabalho, distribuição de rendimento e condições de moradia e educação. Para ver a íntegra, clique aqui.
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Paulinho da Viola faz 80 anos como o timoneiro do samba

Seu canto evoca a liberdade como mola
propulsora não apenas da cultura, mas da vida de todo mundo.
Como grande nome do samba, Paulinho da Viola completa 80 anos neste sábado (12). Carioquíssima da gema, Paulinho bebe a sabedoria dos morros cariocas em diversas influências e a une com os temas urbanos do asfalto. Em seu livro Ensaiando a Canção: Paulinho da Viola e Outros Escritos (2011), a cantora Eliete Negreiros define que “um dos traços”, desse gigante da música popular brasileira “é a simplicidade, seu jeito de dizer as coisas de um modo natural”.
Até em sua postura, o timoneiro do samba mostra simplicidade com sua voz mansa, baixa, cantando como quem sabe que o seu canto é fundamental para a vida de todo mundo. Segundo Eliete, as centenas de suas canções, em cerca de 60 anos de carreira de Paulinho, tratam de “modo decidido e delicado” todos os “nossos assuntos humanos, demasiado humanos, numa época em que a vaidade e a competição tomam conta da alma, onde o mundo parece um supermercado de produtos descartáveis, tendo em suas prateleiras valores e sonhos humanos em liquidação”.
Ele se mostra moderno ao cativar as raízes populares, principalmente de dois dos principais gêneros musicais genuinamente brasileiros, o chorinho e o samba, e transforma os elementos musicais de maneira sincopada em poesia singela.
Leia também: O âmago da alma do Brasil chora a morte de Gal Costa
Canta as vicissitudes das pessoas que vivem do trabalho e as diabruras do capital para impedir a classe trabalhadora de se organizar e assim defender os seus interesses de modo perene. Como mostra Eliete, a obra desse importante cantor e compositor “constrói-se pela dialética entre estes pares de opostos, tensão e relaxamento”.
Como em Pecado Capital, ele canta que “é preciso viver/E viver não é brincadeira não/Quando o jeito é se virar/Cada um trata de si/Irmão desconhece irmão”, porque as questões objetivas e subjetivas não estão plenamente colocadas.
Pecado Capital (1975), de Paulinho da Viola
Em Coisas do Mundo Minha Nega, o protagonista percebe a necessidade de ouvir a voz das mulheres sobre os dilemas da vida na resistência à ideologia do patriarcado com a cultura do estupro e o machismo que mata e oprime.
Coisas do Mundo Minha Nega (1968), de Paulinho da Viola
“Hoje eu vim, minha nega
Sem saber nada da vida
Querendo aprender contigo a forma de se viver
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender”
O mais recente oitentão da MPB mostra todo o seu valor com canções emblemáticas sobre tudo o que envolve a vida do Brasil: os sonhos, a vida, os desejos e a vontade de mudar de vida para prevalecer a generosidade e a consciência de classe para transgredir o status quo.
Seu canto evoca a liberdade como mola propulsora não apenas da cultura, mas da vida de todo mundo ao colocar quem vive o trabalho como o centro das questões para a construção do mundo novo. Um mundo de igualdade e respeito.
Leia também: Graça e Coragem
Paulinho se mostra um contador de histórias como em Sinal Fechado, na qual diz que “precisamos nos ver por aí/Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe?/Quanto tempo?/Pois é, quanto tempo?/Tanta coisa que eu tinha a dizer/ Mas eu sumi na poeira das ruas/Eu também tenho algo a dizer/Mas me foge a lembrança/ Por favor, telefone, eu preciso/Beber alguma coisa, rapidamente/Pra semana”(3)
Sinal Fechado (1970), de Paulinho da Viola, canta Chico Buarque
Essa música deu nome ao álbum de Chico Buarque com canções de outros autores, em 1974, quando tudo o que aparecia à censura com o nome dele era vetado, para denunciar o sinal fechado da ditadura sobre a sua obra. Nesse álbum Chico incluiu “Acorda, Amor”, sob o pseudônimo Julinho da Adelaide, para enganar a censura. A proximidade de temas desses dois compositores sempre ocorreu.
O próprio site de Paulino da Viola define o seu trabalho “a partir de um evento incomum: a interação de dois fenômenos culturais vistos como antagônicos. A estética e sofisticação da classe média da zona sul do Rio de Janeiro dos anos 1950 e 1960 encontram-se com a vibração dos subúrbios cariocas, resultando numa nova forma que atravessa o tempo sem alterar sua essência e abraçando a modernidade”.
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Ele dá esse recado com a canção Argumento: “Tá legal/Eu aceito o argumento/Mas não me altere o samba tanto assim/Olha que a rapaziada está sentindo a falta/De um cavaco, de um pandeiro/Ou de um tamborim”.
Argumento (1975), de Paulinho da Viola
Paulinho da Viola canta e encanta ao propor pensar o mundo de uma outra perspectiva. A perspectiva do socialismo como sistema da classe trabalhadora. E esse livre cantar se faz por amor a todas as pessoas e respeito à individualidade.
Como canta em Onde a Dor Não Tem Razão (em parceria com Elton Medeiros)
- “Quem esperou, como eu, por um novo carinho
- E viveu tão sozinho
- Tem que agradecer
- Quando consegue do peito tirar um espinho
- É que a velha esperança
- Já não pode morrer”
Onde a Dor Não Tem Razão (1968), de Elton Medeiros e Paulinho da Viola
Não se pode esquecer o seu grande amor pela escola de samba de sua vida, a Portela, cantada em versos ritmados com muito valor. “Carregava uma tristeza/Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me lembro anunciou/Portela, Portela/O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou/Ah! Minha Portela!/Quando vi você passar/Senti meu coração apressado/Todo o meu corpo tomado/Minha alegria voltar”.
Foi um Rio que Passou em Minha Vida (1970), de Paulinho da Viola. O autor canta com Zeca Pagodinho e convidados
Afinal, “eu, Boca/Como sempre perdido/Bêbado de sambas/E outros sonhos/Choro a lágrima comum/Que todos choram/Embora não tenha/Nessas horas/Saudades do passado/Remorso
Ou mágoas menores”(7).
Bebadosamba (1996), de Paulinho da Viola. Canta com Camila Pitanga
Porque Sempre Se Pode Sonhar (parceria com Eduardo Gudin) título de seu mais recente álbum lançado em 2020. “Meu samba fala em adeus, sim/Mas também pode ocultar/Um sonho que se perdeu, e sempre se pode sonhar”.
Sempre se Pode Sonhar (2020), de Eduardo Gudin e Paulinho da Viola
Sonhar com Paulinho da Viola é elevar os sonhos da mudança, de transformar o mundo num local bom para toda a humanidade com preservação da natureza, respeito aos direitos humanos e ao modo de vida de cada um. Paulinho nos leva a pensar sobre todos esses temas e convida para a ação. Merece todas as homenagens em vida.
Vale assistir ao documentário Paulinho da Viola: Meu Tempo É Hoje (2003), de Izabel Jaguaribe
POLÍTICA Equipe de transição de Lula já tem nomes anunciados em 12 áreas - por Murilo da Silva
Foto: Ricardo Stuckert
Confira a relação dos 31 grupos
técnicos e quais já tiveram nomes anunciados.
Os grupos técnicos
(GTs) que trabalharão na transição do governo Lula (PT) no Centro Cultural
Banco do Brasil, em Brasília, tiveram alguns nomes anunciados ao longo da
semana. Serão 31 grupos, além do Conselho Político
que fez a sua primeira reunião nesta sexta-feira (11).
O coordenador-geral
da transição, vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), vem anunciando os
nomes aos poucos. Além de Alckmin, a coordenadoria executiva do gabinete de
transição tem Aloizio Mercadante (PT) como coordenador do grupo técnico,
responsável pelos 31 GTs; Rosângela Silva, a Janja, esposa de Lula e
responsável pelo Cerimonial de organização da posse presidencial; Floriano
Pesaro (PSB) como coordenador-executivo; e a presidente do PT e deputada
federal Gleisi Hoffmann como coordenadora da articulação política.
Oficialmente, pela
Constituição, são 50 nomeações que podem ser feitas. Porém, os grupos podem
trabalhar com voluntários e colaboradores, o que fará a equipe de transição
ultrapassar uma centena de pessoas.
Confira os
integrantes de grupos técnicos já divulgados e os nomes do Conselho Político:
Economia
- André Lara Resende, ex-diretor do Banco Central
e ex-presidente do BNDES;
- Guilherme Mello, professor Unicamp;
- Nelson Barbosa, professor FGV e UNB, ex-ministro da Fazenda e de
Planejamento;
- Pérsio Arida, ex-presidente do BNDES e do Banco Central.
Assistência Social
- Simone Tebet, senadora MDB;
- Márcia Lopes, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome;
- Tereza Campello, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome e professora visitante da Faculdade de Saúde Pública USP;
- André Quintão, deputado estadual PT-MG.
Saúde
(Coordenadores)
- Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e deputado federal PT;
- Arthur Chioro, ex-ministro da Saúde;
- José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde;
- Humberto Costa, ex-ministro da Saúde e senador PT.
(Comissão
Consultiva de Especialistas em Saúde)
- Dráuzio Varella, médico oncologista, escritor e apresentador;
- Roberto Kalil Filho, cardiologista Sírio Libanês/USP/ Incor;
- Linamara Rizzo Battistell, professora USP;
- Cláudio Lottenberg, presidente do conselho do Hospital Albert
Einstein;
- José Medina Pestana, diretor do Hospital do Rim e professor da
Unifesp;
- Fábio Biscegli Jatene, diretor da Divisão de Cirurgia
Cardiovascular do Incor;
- Giovanni Guido Cerri, presidente do conselho diretor do Instituto
de Radiologia da USP;
- Miguel Srougi, urologista e presidente do Conselho do Instituto
Criança e Vida;
- Carlos Carvalho, pneumologista USP.
Comunicações
- Paulo Bernardo, ex-ministro das Comunicações;
- Jorge Bittar, ex-deputado federal;
- Cesar Álvarez, ex-secretário-executivo do Ministério das
Comunicações;
- Alessandra Orofino, economista e especialista em redes de
comunicação.
Direitos Humanos
- Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS);
- Maria Victoria Benevides, socióloga, especialista em Ciências
Políticas;
- Silvio Almeida, advogado;
- Luis Alberto Melchetti, doutor em Economia;
- Janaína Barbosa de Oliveira, movimento LGBTQIA+;
- Rubens Linhares Mendonça Lopes, setorial Pessoa com Deficiência;
- Emídio de Souza, deputado estadual (PT-SP).
Igualdade Racial
- Nilma Lino Gomes, ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e
dos Direitos Humanos;
- Givânia Maria Silva, educadora quilombola e doutora em Sociologia;
- Douglas Belchior, professor de História – Uneafro Brasil e Coalizão
Negra;
- Thiago Tobias, advogado Coalizão Negra;
- Iêda Leal, pedagoga e Coordenadora Nacional do MNU;
- Martvs das Chagas, secretário de Planejamento de Juiz de Fora (MG);
- Preta Ferreira, movimento negro e moradia.
Planejamento,
Orçamento e Gestão
- Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda;
- Enio Verri, deputado federal;
- Esther Duek, economista e professora;
- Antônio Correia Lacerda, presidente do Conselho Federal Economia.
Indústria, Comércio
e Serviços
- Germano Rigotto, ex-governador;
- Jackson Schneider, executivo da Embraer;
- Rafael Lucchesi, Senai;
- Marcelo Ramos, deputado federal (AM).
Pequena Empresa
- André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa do RJ;
- Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae;
- Tatiana Conceição Valente, especialista em Economia Solidária;
- Paulo Feldman, professor da USP.
Mulheres
- Anielle Franco, educadora e jornalista;
- Roseli Faria, economista;
- Roberta Eugênio, mestra em Direito;
- Maria Helena Guarezi, professora;
- Eleonora Menicucci, ex-ministra da Secretaria de Políticas para
Mulheres;
- Aparecida Gonçalves, ex-Secretária Nacional da Violência contra
Mulher.
Educação
- Henrique Paim, professor FGV e ex-ministro da
Educação;
(novos nomes da
área ainda serão anunciados)
Cidades
- Márcio França (PSB), ex-governador de São
Paulo;
- Guilherme Boulos (Psol), deputado federal
eleito.
(novos nomes da
área ainda serão anunciados)
Conselho Político:
- Antônio Brito (BA), deputado federal PSD;
- Carlos Siqueira, presidente PSB;
- Daniel Tourinho, presidente Agir;
- Eliziane Gama (MA), senadora Cidadania;
- Felipe Espírito Santo, Pros;
- Guilherme Ítalo, Avante;
- Jader Barbalho (PA), senador MDB.
- Jefferson Coriteac, vice-presidente Solidariedade;
- José Luiz Penna, presidente PV;
- Juliano Medeiros, presidente PSOL;
- Luciana Santos, presidenta PCdoB;
- Renan Calheiros (AL), senador MDB;
- Wesley Diógenes, Rede;
- Wolney Queiroz (PE), deputado federal PDT;
A equipe de
transição será formada por 31 grupos técnicos. Novos nomes serão anunciados no
decorrer dos próximos dias. Os grupos correspondem às seguintes áreas:
- agricultura, pecuária e abastecimento;
- assistência social;
- centro de governo;
- cidades;
- ciência, tecnologia e inovação;
- comunicações;
- cultura;
- defesa;
- desenvolvimento agrário;
- desenvolvimento regional;
- direitos humanos;
- economia;
- educação;
- esporte;
- igualdade racial;
- indústria, comércio e serviços;
- infraestrutura;
- inteligência estratégica;
- justiça e segurança pública;
- meio ambiente;
- minas e energia;
- mulheres;
- pesca;
- planejamento, orçamento e gestão;
- povos originários;
- previdência social;
- relações exteriores;
- saúde;
- trabalho;
- transparência, integridade e controle;
- turismo.