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quarta-feira, 2 de março de 2022

Pedro Gorki assume liderança da Oposição na Câmara de Natal - "VALE A PENA LER DE NOVO!" - Eduardo Vasconcelos - PCdoB NOVA CRUZRN

O vereador do PCdoB de Natal (RN), Pedro Gorki, aos 21 anos, é o novo líder da bancada de oposição na Câmara Municipal da capital. 

(Crédito: Francisco de Assis)

O vereador do PCdoB de Natal (RN), Pedro Gorki é o novo líder da bancada de oposição ao prefeito Álvaro Dias (PSDB) na Câmara Municipal da capital. Ele fez o anúncio na quinta-feira (17/02), através das redes sociais. Além dele, a bancada é composta pelos vereadores Brisa Bracchi (PT), Divaneide Basílio (PT), Robério Paulino (Psol) e Ana Paula (PL).

“Com muita felicidade e disposição de luta, venho anunciar que conduziremos, ao lado dos meus companheiros de bancada e dos movimentos sociais, os rumos da oposição na Câmara Municipal de Natal.”, disse o parlamentar em suas redes sociais.

Segundo o jovem vereador, o seu objetivo nesta função é lutar pelos direitos e pela dignidade do povo natalense. “A partir da cobrança e fiscalização da Gestão Álvaro Dias e da articulação de políticas públicas e ações legislativas, defenderemos os direitos e a dignidade do povo natalense, buscando, em diálogo com o conjunto dos vereadores, soluções para os problemas da nossa cidade”, afirmou.

Perfil Vereador mais jovem da história de Natal, assumiu o mandato aos 20 anos de idade. Tomou posse em julho de 2021 na vaga de Julia Arruda (PCdoB), atual Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres. Pedro nasceu no bairro das Rocas e atualmente mora na Cidade da Esperança. Estudante de pedagogia na UFRN, começou sua militância no Movimento Estudantil em 2013, aos 12 anos, em meio às mobilizações contra o aumento da tarifa de ônibus em Natal e em defesa do passe livre para os estudantes.

Foi eleito o presidente mais jovem da história da União Metropolitana de Estudantes Secundaristas de Natal e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas – UBES, a maior entidade estudantil da América Latina, quando conduziu, em 2019, uma série de protestos que confrontaram a política educacional do Governo Bolsonaro e derrotaram os cortes no orçamento das Universidades e Institutos Federais.

A liderança da oposição era coordenada pela vereadora Brisa Bracchi (PT), que passa ao vereador Pedro a missão de conduzir a luta legislativa da bancada e de cobrar ações do poder executivo municipal.

“Agradeço a confiança dos colegas de bancada e, em especial, à companheira e amiga Brisa Bracchi (PT), que nos liderou de maneira brilhante nesse último período. Sigamos lado a lado, para construir uma Natal do tamanho dos nossos sonhos!”, salientou o vereador.

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Com informações da Agência Saiba Mais

(BL)

INTERNACIONAL - Conflito Rússia-Ucrânia: um segundo olhar, por Atilio Boron

Imagens de satélites identificaram um gigantesco comboio de blindados russos como parte da ocupação da Ucrânia por tropas militares

À medida que a ocupação russa da Ucrânia se espalha – e eu digo “ocupação” para usar o termo aplicado a invasões que têm a benção dos poderes estabelecidos: ocupação do Iraque, da Líbia, da Síria, dos territórios palestinos, etc. a natureza e o significado desta operação se multiplicam. De início, é preciso descartar completamente as supostas “verdades” e “evidências” fornecidas pela imprensa ocidental de suas bandeiras nos Estados Unidos e na Europa, pois o que esses meios espalham é propaganda descarada. Claro que, de um ponto de vista estritamente militar, é verdade que a Rússia “invadiu” a Ucrânia. Mas como “a guerra é a continuação da política por outros meios”, lembrou von Clausewitz, esse desdobramento militar deve ser qualificado e interpretado a partir das premissas políticas que lhe dão sentido. É o que tentaremos fazer a seguir.

E essas premissas são muito claras: a Rússia adotou essa medida excepcional, e isso em abstrato merece uma condenação, como resposta a trinta anos de ataques iniciados após o colapso da União Soviética. Algum tempo atrás, Vladimir Putin, com sua habitual força, disse aos líderes ocidentais: “Vocês não se contentaram em derrotar a Rússia na Guerra Fria. Vocês a humilharam.” A luta política (e militar) não é um exercício abstrato ou uma disputa de gestos ou frases retóricas. É por isso que o que em um plano confortável de entendimento as coisas se apresentam com absoluta clareza e sem fissuras na ruidosa luta na lama e no sangue da história, a “invasão” de outrora aparece com um significado completamente diferente: como a reação defensiva no face ao assédio interminável e injustificado. 

Uma vez que a URSS se desintegrou, a Rússia dissolveu o Pacto de Varsóvia, estabeleceu um regime político ao estilo das democracias europeias, restaurou um capitalismo profundamente oligárquico com métodos mafiosos, abriu sua economia ao capital estrangeiro e até brincou com a ideia de ingressar na OTAN. No entanto, apesar de todo esse esforço de adaptação ao consenso político-ideológico ocidental, a Rússia continuou sendo considerada um ator aberrante no sistema internacional, assim como nos tempos soviéticos, como um inimigo do qual se deve proteger e, ao mesmo tempo, impedi-la de se proteger porque se a segurança internacional é algo inegociável para os Estados Unidos e seus aliados europeus, tal privilégio não é reconhecido para a Rússia.

A operação militar lançada contra a Ucrânia é a consequência lógica de uma situação política injusta, ou o ponto final face ao que Boaventura de Sousa Santos diagnosticou como “a absoluta inépcia dos dirigentes ocidentais” em perceber que não há e não haverá europeus em segurança se não for garantido também para a Rússia. Inépcia de uma liderança europeia que também merece outras descrições: míope, corrupta, ignorante e submissa à ignomínia diante do hegemonismo estadunidense, que não hesitará em travar novas guerras na Europa ou em seu pátio do Oriente Médio quantas vezes atende aos seus interesses.  

Esse fracasso no nível de liderança os levou primeiro a desprezar ou subestimar a Rússia (expressando uma russofobia difusa que não passa despercebida por muitos russos) e depois a demonizar Putin, processo em que Joe Biden atingiu excessos inimagináveis ​​no campo da diplomacia. De fato, em plena campanha eleitoral e para demonstrar sua atitude dialógica, caracterizou-o como o chefe de uma “cleptocracia autoritária”. Em uma nota publicada logo após o golpe de 2014, Henry Kissinger, um criminoso de guerra, mas, ao contrário de Biden, profundamente conhecedor das realidades internacionais, escreveu que “Putin é um estrategista sério, alinhado com as premissas da história russa”. apesar de que no Ocidente tem sido sistematicamente subestimado. E termina seu raciocínio dizendo que “para o Ocidente, a demonização de Vladimir Putin não é uma política; é um álibi para cobrir a ausência de uma apólice.” Nesse mesmo artigo, altamente recomendado para a esquerda pós-moderna cada vez mais confusa, tanto na América Latina quanto na Europa, o ex-secretário de Estado de Nixon oferece uma reflexão necessária para compreender a natureza excepcional da crise ucraniana. 

É que para os russos “a Ucrânia nunca pode ser um país estrangeiro. A história da Rússia começa no que é conhecido como Kievan-Rus”. E é por isso que até mesmo dissidentes amargos do establishment soviético como Alexander Solzhenitsyn e Josep Brodsky “continuavam apontando que a Ucrânia era parte integrante da história russa e, portanto, da Rússia”.  Nenhum dos líderes do Ocidente parece ter a menor ideia desse legado histórico, que é decisivo para entender que Putin traçou a “linha vermelha” da OTAN justamente na Ucrânia.

Essas referências, que parecem estimular uma atitude escapista ou de negação diante do horror do momento atual, são essenciais para compreender o conflito e, eventualmente, resolvê-lo. Por isso é conveniente ler o que um internacionalista americano, John Mearsheimer, escreveu em 2014, quando Washington montou em conjunto com gangues nazistas o golpe que derrubou o governo legítimo de Viktor Yanukovych. Nesse artigo, o professor da Universidade de Chicago disse que a crise ucraniana e a recuperação da Crimeia levada a cabo por Putin é “culpa do Ocidente”, de seu manejo desajeitado das relações com Moscou.

 Ele também acrescentou que qualquer presidente dos Estados Unidos teria reagido com violência se uma potência como a Rússia tivesse precipitado um golpe em um país fronteiriço, digamos o México, deposto um governo amigo de Washington e instalado em seu lugar um regime profundamente antiamericano.  ( Por que a crise da Ucrânia é culpa do Ocidente”, in Foreign Affairs, Vol. 93, No. 5, setembro-outubro de 2014 ). 

 Resumindo: as aparências nem sempre revelam a essência das coisas, e o que à primeira vista parece ser uma coisa – uma invasão – vista de outra perspectiva e levando em conta os dados do contexto, pode ser algo completamente diferente.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho

Fonte: Pagina12

A insanidade dos cavaleiros do Apocalipse: Rússia e USA

 

Leonardo Boff é eco-teólogo, filósofo e escreveu Habitar a Terra:qual o caminho para a fraternidade universal? Vozes 2021.

O livro do Apocalipse que narra os embates  finais de nossa história, entre as forças da morte e as da vida, nos pinta um cavalo de fogo que simboliza a guerra: ”ao cavaleiro foi-lhe dada desterrar a paz da terra para que os homens se degolassem uns aos outros”(6,4).A guerra entre a Rússia e a Crimeia e a ordem do presidente russo de manter as armas nucleares em alerta máximo, nos suscitam a ação do cavalo de fogo, a degola da humanidade, vale dizer, um Armaggedon humano.

As sanções severíssimas impostas pela NATO e pelos USA à Federação Russa podem levar ao colapso toda a sua economia. Face a esse desastre nacional não se pode excluir a possibilidade de que o líder russo, não aceite a derrota como se Napoleão (1812) ou Hitler(1942) tivessem tomado o país, coisa que não conseguiram. Então realizaria as ameaças e iniciaria um ataque nuclear. Só o arsenal da Rússia pode destruir, por várias vezes humana a vida do planeta. E um revide pode danificar toda a biosfera sem a qual a nossa vida não poderia persistir.

Por detrás deste confronto Rússia/Ucrânia se ocultam forças poderosas em disputa pela hegemonia mundial: a Rússia,aliada à China e os USA. A estratégia deste último é mais ou menos conhecida, orientada por duas ideias-força:”um mundo e um só império”(os USA), garantido pela full-spectrum dominance: a dominação em todos os campos com 800 bases militares distribuídas pelo mundo, mas também com a dominação econômica, ideológica e cultural. Tal dominação completa fundaria a pretensão dos USA de sua “excepcionalidade”, de ser “a nação indispensável e necessária”, a”âncora da segurança global” ou o “único poder”(lonely power) realmente mundial.

Nessa vontade imperial, a NATO, por detrás da qual estão USA, se expandiu até os limites da Rússia. Só faltava mesmo inserção da Ucrânia para fechar o cerco. Mísseis colocados na fronteira ucraniana alcançariam Moscou em minutos. Daí se entende a exigência da Rússia da manutenção de neutralidade da Ucrânia, caso contrário seria invadida. Foi o que ocorreu com as perversidades que toda guerra produz. Nenhuma guerra é justificável porque assassina vidas humanas e vai contra o sentido das coisas que é a tendência de permitirem na existência.

A China, por sua vez, disputa a hegemonia mundial não por  via militar, mesmo aliada à Rússia, mas pela via econômica com seus grandes projetos como a Rota da Seda. Neste campo está ultrapassando os USA e alcançaria a hegemonia mundial até com um certo ideal ético, o de criar “uma comunidade de destino comum participado por  toda a humanidade, com sociedades suficientemente abastecidas”.

Mas não quero prolongar esta perspectiva bélica, verdadeiramente insana a ponto de ser suicidaria. Mas esse confronto de potências revela a inconsciência dos atores em tela acerca dos reais riscos que pesam sobre o planeta que, mesmo sem as armas nucleares, poderão pôr em risco a vida humana. Seja dito que todos os arsenais de armas de destruição em massa se mostraram totalmente inúteis e ridículas face a um pequeniníssimo vírus como o Covid-19.

Essa guerra revela que os responsáveis pelo destino humano não aprenderam a lição básica do Covid-19.Ele não respeitou as soberanias e os limites nacionais.Atingiu o inteiro planeta.A epidemia pede a instauração de uma governança global face a um problema global.O desafio vai além das fronteiras nacionais, é construir a Casa Comum.

Não se deram conta de que o grande problema é o aquecimento global. Já estamos dentro dele,pois, os eventos fatais de inundações de regiões inteiras,tufões e escassez de água doce, são visíveis.Temos somente 9 anos para evitar uma situação de não retorno.Se até 2030 atingirmos 1,5 graus Celsus de calor, seremos incapazes de controlá-lo e vamos na direção de um colapso do sistema-Terra e dos sistema-vida.

Encostamos nos limites de sustentabilidade da Terra.Os dados da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot) apontam que no dia 22 de setembro de 2020 esgotaram-se os recursos não renováveis, necessários para a vida.O consumismo que persiste, cobra da Terra o que ela já nã pode dar.Em resposta,ela nos envia vírus letais,aumenta o aquecimento,desestabiliza os climas e dizima milhares de seres vivos.

A superpopulação associada a uma nefasta desigualdade social com a grande maioria da humanidade vivendo na pobreza e na miséria,quando 1% dela controla 90% da riqueza e dos bens e serviços essenciais, podem conduzir a conflitos com incontáveis vítimas e à devastação de  inteiros ecossistemas.

Estes são os problemas,entre outros,que deveriam preocupar os chefes de estado, os CEOs das grandes corporações e os cidadãos, pois eles diretamente colocam em risco o futuro de toda a humanidade. Face a esse risco global é ridícula uma guerra por zonas de influência e de soberanias já obsoletas.

O que nos causa esperança são aqueles “Noés”anônimos que vicejam em todas as partes, a partir de baixo, construindo suas arcas salvadoras mediante uma produção que respeita os limites da natureza,por uma agro ecologia,por comunidades solidárias, por democracias sócio-ecológicas participativas, trabalhando a partir dos próprios territórios. Eles possuem a força da semente do novo e com uma nova mente (a Terra como Gaia) e com um novo coração (laço de afetivo e de cuidado para com a natureza) garantem um novo futuro com a consciência de uma responsabilidade universal e uma interdependência global. A guerra deles é contra a fome e a produção da morte e sua luta é por justiça para todos, promoção da vida e defesa dos mais fracos e desvalidos. Isso é o que deve ser. E o que deve ser, tem intrinsecamente uma força invencível.

Leonardo Boff é eco-teólogo, filósofo e escreveu Habitar a Terra:qual o caminho para a fraternidade universal? Vozes 2021.