ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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domingo, 30 de julho de 2017

Avanços e recuos da organização sindical e de suas conquistas no Brasil

Acompanhe o terceiro artigo da série especial do Portal da Contee sobre sindicalismo. Confira:

O processo de industrialização no Brasil começou por volta de 1850 e, com ele, o nascimento da classe operária e suas primeiras lutas. No final do século XIX, ao lado do crescimento da luta abolicionista, surgiram movimentos buscando garantir condições de trabalho mais dignas, como a União Operária, no Rio de Janeiro, no início dos anos 1880, com o objetivo de “tratar dos interesses gerais da classe operária e das artes no país”. Para aderir à entidade era necessário, “ser operário, artista” (artesão), “ou ter um trabalho material definido”.
Desde 1892 ocorreram encontros de operários no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e em São Paulo, mas sem alcance nacional. Nos primeiros anos do século XX surgiram as sociedades de resistência, que lutavam por melhores salários e pela diminuição da jornada de trabalho. Elas se contrapunham às sociedades de socorros mútuos, que auxiliavam seus associados em caso de desemprego, doença, invalidez etc.
Em abril de 1906 ocorreu o Primeiro Congresso Operário Brasileiro, com 43 delegados de 28 sindicatos ou associações. Fortemente marcado por ideias anarquistas, indiciou a organização de grupos de resistência econômica, rejeitando qualquer luta política. Foi contrário ao assistencialismo como forma de atrair mais membros para os sindicatos. Recomendou uma campanha contra a exploração de colonos pelos fazendeiros, sugerindo a formação de sindicatos de trabalhadores rurais. Posicionou-se contra a exploração do trabalho feminino.
Os participantes defenderam a jornada diária de oito horas de trabalho. Convocaram uma greve geral que seria deflagrada a primeiro de maio de 1907. Essa greve durou mais de 30 dias, conquistando vitórias para pedreiros, carpinteiros, sapateiros, gráficos, costureiras e metalúrgicos entre outros. Criou a Confederação Operária Brasileira (COB) com sede no Rio de Janeiro.
Entre 1920 e 1930, a sociedade brasileira esteve quase que permanentemente sob estado de sítio. Aconteceram a fundação do Partido Comunista, com pessoas egressas do movimento anarquista (antes, fora fundado um partido chamado comunista, com características anarquistas, que não foi adiante) e as rebeliões tenentistas em 1922. A chamada Revolução de 1930 pôs fim à República Velha e levou a um avanço da industrialização e, por consequência, do capitalismo no país. Teve início a Era Vargas (1930-1945), com o crescente intervencionismo do Estado na sociedade, na economia, a ditadura do Estado Novo (1937-1945), a decretação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943.
O processo de industrialização foi incentivado pela criação de inúmeras
empresas estatais. A conjuntura internacional, com a Grande Depressão, a ascensão do nazi-fascismo e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) interferiram de maneira significativa no país. Getúlio impôs a intervenção do Estado nas organizações sindicais, que sofreram resistência do movimento operário e, depois, sua adesão. A CLT proibia a formação de confederações gerais de trabalhadores, só sendo admitidas associações representativas de categorias profissionais específicas. Enfrentando leis restritivas e a repressão, os sindicalistas fizeram o Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT), em 1945, e fundaram a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) em 1946.
Tempos turbulentos. No período entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o golpe de 1º de abril de 1964, apenas dois presidentes concluíram seus mandatos: Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) e Juscelino Kubitschek (1956-1961). Getúlio Vargas (1951-1954) cometeu suicídio; Jânio Quadros renunciou poucos meses após assumir (1961); Café Filho (1954-1955), Carlos Luz (1955) e João Goulart (1961-1964) foram depostos. Foi a época dos blocos mundiais da Guerra Fria, do Concílio Vaticano II (1962-1965) e da Revolução Cubana.
Entre 1945 e 1964 ocorreram milhares de greves no Brasil, cada vez mais com
conotações políticas. Houve também o aceleramento da industrialização, o atendimento a reivindicações populares, a atuação da ala progressista da Igreja Católica, o crescimento das lutas nas zonas rurais, violentamente interrompidos com o golpe militar de 1964.
No poder, os militares intervieram em sindicatos, destituíram suas diretorias, tiraram os direitos políticos, prenderam, torturaram e mataram sindicalistas do campo e das cidades — o que fizeram também com comunistas e democratas. Somente entre 1964 e 1970, 536 entidades sindicais sofreram intervenção. Cerca de 10 mil dirigentes sindicais foram arbitrariamente impedidos de exercer seus mandatos. O salário mínimo real sofreu drástica queda.
De 1979 a 1991 voltou a ocorrer grande incidência de greves e foram formadas novas centrais sindicais brasileiras. A URSS, primeira experiência de construção de uma sociedade dirigida por trabalhadores, chegou ao fim. Ocorreu a ascensão das ideias e práticas neoliberais — dando início ao desmantelamento do Estado de Bem-Estar Social na Europa. Nesse contexto, nos anos de 1985 a 1990 foi aprovada a “Constituição Cidadã” brasileira.
A partir de 1991, os Estados Unidos assumiram um papel hegemônico no mundo, realizando intervenções violentas em vários países, sobretudo no Oriente Médio e na Europa Balcânica.
Oriundo do movimento sindical pós-64, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência da República em 1º de janeiro de 2003, reelegeu-se e fez sua sucessora, Dilma Rousseff, que tomou posse em 1º de janeiro de 2011 e também se reelegeu, mas foi deposta por um golpe parlamentar, apoiado pelo Judiciário, empresários e a mídia monopolista, em 31 de agosto de 2016, e substituída pelo seu vice-presidente, Michel Temer, no comando do Executivo. As administrações Lula-Dilma, que contaram com muitos sindicalistas nas instâncias de poder, tiveram como principais marcas a manutenção da estabilidade econômica, a retomada do crescimento do país e a redução da pobreza e da desigualdade social.
Desde que foi alçado ao poder, Temer vem adotando uma política de subserviência aos interesses do capital financeiro e das grandes potências e fragilizando as bases da soberania nacional, com o desmonte do Estado e dos mecanismos indutores do desenvolvimento. Com sua Reforma Trabalhista, praticamente pôs fim à CLT. Tenta liquidar com a Previdência Social. A Constituição foi alterada para engessar os gastos públicos em saúde e educação por 20 anos. O país vive a sua maior crise econômica, com crescente tensão social. Entre 2015 e 2016, acumulou queda de 7,2% do PIB; são na atualidade 14 milhões de desempregados, 25% dos quais jovens de 18 a 24 anos.
Novos desafios colocados para sindicalistas, democratas, brasileiros.
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Carlos Pompe é jornalista da Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino).

 Os artigos publicados na seção “Opinião Classista” não refletem necessariamente a opinião da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e são de responsabilidade de cada autor.

Distribuição de verbas na CCJ prova compra de votos

 


A liberação das emendas dos dois deputados que relataram, com conclusões opostas, a denúncia, tem dinâmicas díspares.

Nas duas primeiras semanas deste mês, o volume de recursos empenhados para o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), autor do parecer favorável a Temer aprovado pelo colegiado, dobrou de R$ 5,1 milhões para R$ 10,1 milhões. Na contramão, Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que havia recomendado a continuidade da análise da denúncia Supremo Tribunal Federal (STF), não teve nenhuma parcela de sua cota liberada.

O levantamento feito pela BBC Brasil nos dados compilados pelo Siga Brasil considera o volume de recursos empenhados até 6 de julho e, depois, em 19 de julho. Entre uma data e outra, a CCJ rejeitou a denúncia contra Temer – a comissão recusou o parecer de Zveiter e, em seguida, aprovou o de Abi-Ackel.

A partir do próximo dia 2, a denúncia será votada no plenário. Se ao menos 342 deputados, ou dois terços da Casa, se manifestarem pelo prosseguimento, o STF irá decidir se transforma o presidente em réu, o que levaria a seu afastamento por até 180 dias para julgamento.

“Não é o principal instrumento do governo na relação entre Executivo e Legislativo, mas é um caminho para mobilizar poucos nomes de grande peso”, avalia Rafael Cortez, da Tendências Consultoria.

Dos 66 integrantes da CCJ, 40 votaram contra o parecer de Zveiter recomendando o prosseguimento da denúncia no último dia 13 – desses, 21 se reuniram com Temer nos dez dias anteriores à decisão do colegiado, como consta da agenda presidencial divulgada pelo Palácio do Planalto.

Entre os deputados que participaram dos encontros estão três parlamentares cujo valor de emendas liberadas até 6 de julho era zero. No dia 19, porém, a verba para Domingos Neto (PSD-CE) já chega a R$ 10,7 milhões, o quinto maior na lista dos 513 deputados; Elizeu Dionizio (PSDB-MS) somava R$ 2,7 milhões; e Arthur Lira (PP-AL), R$ 1,2 milhão.

Juntos, eles viram empenhados R$ 15 milhões entre uma data e outra. 


Fonte: Brasil 247

Câmara ameaça salvar a pele de um governo rejeitado pelo povo



Pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) constata 70% dos brasileiros consideram o governo Temer ruim ou péssimo. Já o levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas, divulgado nesta sexta-feira (28), mostra que o governo de Michel Temer é reprovado por 86,1% da população. 

Além disso, 79,1% dos brasileiros consideram o governo de Temer ruim ou péssimo, enquanto que apenas 4,6% o classificam como ótimo ou bom.

Para deputados, cientistas políticos e economistas, Temer só se mantém no poder por meio de manobras e compra de votos em troca de verbas, mais conhecido como toma lá, dá cá. De acordo com a líder do PCdoB na Câmara, a deputada Alice Portugal (BA), essa situação contraditória e de indiferença do Congresso Nacional com o recado de reprovação das ruas tem origem no golpe contra o mandato de Dilma.

"O descompasso tem um pecado original. O Temer não foi votado. Ele compunha uma chapa de aliança de centro-esquerda, no entanto, nunca teve sufrágio popular à sua figura. Além de ser fruto de um impeachment fraudulento, ele implementa um programa de governo que também não foi aprovado nas urnas, pelo contrário, foi o programa derrotado do candidato Aécio Neves", enfatizou a deputada comunista, destacando que esse programa inclui privatizações, quebra d soberania, de reformas ultraliberais e a posição de submissão ao capital rentista.

"Temer implementa um projeto derrotado nas urnas e por isso mesmo fala com todas as letras que ele não tem compromisso ou preocupação com popularidade. Construiu uma maioria no Congresso na base do toma lá, dá cá que adotam medidas que vão na contramão do povo e do país", frisou a parlamentar..

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA)também concorda que a a maioria que compõe a base do governo demonstra "que não tem nenhuma sensibilidade para as demandas populares".

"Não tem vínculo com o povo", salienta o deputado, destacando que ao ignorar a rejeição de Temer, o Congresso revela ser "predominantemente conservador e de interesses mesquinhos".

"Tenho dúvidas até quando essa base vai se sustentar, porque a pressão da rua vai aumentando e cada vez mais deputados vinculados a essa agenda do governo vão fincando com dificuldades de circular nas ruas", declarou Daniel Almeida. Segundo ele, a votação da denuncia contra Temer por corrupção passiva, mercada para o dia 2 de agosto, vai revelar esse distanciamento, e como o procurador-geral, Rodrigo Janot, já disse que haverá outras denúncias, a distância deve aumentar o isolamento de Temer.

Wadih Damous, deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro, também afirma que o desgaste do governo é muito grande e só se manteve no poder às custas de compra de votos através de emendas".

"De qualquer maneira, o noticiário dá conta de que outras denúncias virão. Se ele passar por essa, não sei se vai passar pelas outras", disse Damous, que afirmou em entrevista ao Jornal do Brasil que os deputados da base do governo "não tem exatamente medo do povo, e sim de não se reeleger".

"O jogo ali não é de lealdade, o jogo é de interesses. Como diria Ulysses Guimarães, 'O dia do benefício é a véspera da ingratidão'", frisou.

Como apontou os parlamentares, a manutenção de Temer nessa estratégia tem tempo determinado para acabar. Mas é preciso levar em conta o jogo de interesses que existe na base aliada que sustentou o golpe, que tem a agenda de reformas como principal pauta.

Significa dizer que se for preciso manter Temer no poder para levar adiante as reformas e pavimentar o caminho das eleições, mantendo o ataque contra o campo progressista, a direta vai sangrar o Temer.

Também em entrevista ao Jornal do Brasil, o professor do departamento de Ciência Política da Unirio, Felipe Borba, declarou: "Acredito que a impopularidade do Temer terá um impacto mínimo na sua relação com os parlamentares. Por um motivo muito simples: Temer foi colocado no poder por esses mesmos políticos, com o propósito de implementar a agenda impopular que ele vem implementando, de reforma da Previdência, trabalhista".

De acordo com o professor, enquanto Temer continuar implantando a agenda de reformas "ele terá apoio não só dos parlamentares como do mercado e do mundo empresarial.

O cientista político Guilherme Carvalhido, professor da Universidade Veiga de Almeida, endossa essa opinião. "O Congresso não tem se mostrado incomodado com essa impopularidade. O Maia admitiu que tem o controle da casa e que o Temer vai ganhar nessas acusações de corrupção colocadas pelo MP. Essa declaração mostra que é muito provável que ele vença", ressaltou. 


Do Portal Vermelho