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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Bolsonaro e o baile da Ilha - por Luciano Siqueira

Foto: Lucas Israel/Diário da Região

O Bolsonaro que foi às ruas ontem carregava nas costas o peso de consistente liderança de Lula nas pesquisas.

O bicentenário da Independência do Brasil converteu-se ontem, por iniciativa do presidente da República, em mero comício eleitoral e deprimente espetáculo de mau uso dos recursos públicos.

As imagens na TV chegam a impressionar pela multidão ensandecida em Brasília, na praia carioca de Copacabana e na avenida Paulista, em São Paulo.

Uma massa em grande parte transportada por igrejas evangélicas ultraconservadoras e empresários impregnados de presunções golpistas.

Uma demonstração de força?

Nada disso. 

O Bolsonaro que foi às ruas ontem carregava nas costas o peso de consistente liderança de Lula nas pesquisas, elevadas taxas de rejeição ao seu modo de governar e reiteradas revelações sobre a suspeita compra de imóveis em dinheiro vivo por ele próprio e seu clã.

Simbólico que o principal personagem da ópera bufa encenada em praça pública tenha feito uso de ridícula imagem machista – como para que ele próprio pudesse se convencer de uma inverdade -, se dizendo “imbrochável”.

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As próximas pesquisas eleitorais provavelmente aferirão o impacto das manifestações de ontem. Não será surpresa se a candidatura à reeleição do patético mandatário afundar mais ainda.

Tanto quanto seu acentuado isolamento político, simbolicamente expresso na ausência dos presidentes da Câmara e do Senado e do STF no evento oficial em Brasília.

O apequenamento do presidente é flagrante. E irreversível.

E também o seu delírio à moda Trump: tumultuar para tentar se manter no poder.

O que faz lembrar a histórica última festa do Império, o Baile da Ilha Fiscal.

Tal como em 9 de novembro de 1889 com a corte imperial dias antes da Proclamação da República, ontem o presidente, seus ministros mais fiéis, a matilha de empresários golpistas ,líderes evangélicos de extrema direita e influencers oportunistas pareciam ignorar a derrota eleitoral iminente.

De quebra, Jair Messias Bolsonaro acrescentou mais uma penca de crimes pelos quais haverá de responder posteriormente. Pois usar bens, materiais, serviços ou servidores públicos em benefício de candidato (em desfiles, inaugurações, atos públicos etc.) constitui descumprimento da legislação eleitoral (art. 73, incisos I a III, da Lei das Eleições – Lei 9.504/1997).

Às forças oposicionistas — a ampla frente reunida em torno da candidatura de Lula, sobretudo — cabe agora deixar o fascista falando sozinho e afirmar, cada vez mais intensamente, nas redes, na grande mídia e nas ruas, sua própria agenda propositiva, destinada a vencer as eleições, deter a crise e promover a reconstrução nacional.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho.
Fonte: Portal Vermelho

POLÍTICA - “Bolsonaro prepara sua grande mentira no Brasil”, diz a The Economist - por Sueli Scutti

Foto: Reprodução de www.economist.com

A edição desta semana da revista inglesa afirma que “Ganhando ou perdendo, Bolsonaro representa uma ameaça à democracia brasileira”, referindo-se à eleição de outubro.

O presidente brasileiro é o destaque (negativo) da reportagem de capa da edição semanal da revista inglesa The Economist, dedicada à eleição de outubro no Brasil. A matéria o compara a Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, e mostra uma foto de perfil do brasileiro tendo ao fundo uma sombra do estadunidense sobre a bandeira do Brasil. E traz afirmações como “O homem que seria Trump” e “O discípulo tropical de Trump”.

Ao abordar o risco que Bolsonaro representa, a matéria diz que “Jair Bolsonaro ameaça a democracia no maior país da América Latina” e que “todos os sinais são de que ele vai perder a eleição e dizer que ganhou”.

Prossegue a revista: “Os brasileiros temem que ele possa incitar uma insurreição, talvez como a que a América [Estados Unidos da América] sofreu quando uma multidão de apoiadores de Donald Trump invadiu o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 – ou talvez até pior.” Desde que perdeu as eleições, em 2020, Trump e seus seguidores dizem que houve fraude nos votos. Ele foi acusado de insuflar seus apoiadores a invadirem a sede do Congresso dos Estados Unidos, numa tentativa de reverter a derrota.

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“Aqui está o ponto: Bolsonaro continua dizendo que as pesquisas estão erradas e que ele está a caminho de vencer. Continua insinuando, também, que a eleição pode de alguma forma ser manipulada contra ele. Ele não oferece nenhuma evidência confiável, mas muitos de seus apoiadores acreditam nele. Ele parece estar lançando as bases retóricas para denunciar fraude eleitoral e negar o veredicto dos eleitores”, explica a matéria.

A revista, uma das publicações de política e economia com maior influência no mundo, também disse que o sistema eleitoral brasileiro é seguro e que o presidente levanta suspeitas sem provas. A publicação registra que o atual mandatário do Brasil tem “instintos autoritários” e costuma exaltar a ditadura militar brasileira.

Não é a primeira vez que a Economist traz reportagem sobre o “risco Bolsonaro”. Em setembro de 2018, a poucos dias da eleição presidencial que acabou levando o extremista de direita ao Palácio do Planalto, a revista o pôs na capa com a chamada “A mais recente ameaça na América Latina – Bolsonaro presidente” (leia aqui: Bolsonaro é ameaça para Brasil e América Latina, diz The Economist).

Fonte: vermelho.org.br