ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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CAMPANHA MOVIMENTO 65

terça-feira, 25 de outubro de 2022

PCdoB reforça mobilização para garantir a vitória de Lula - Por Inácio Carvalho

Lula faz campanha em Pernambuco, Foto: Ricardo Stuckert

Uma plenária nacional com cerca de 800 dirigentes partidários de todos os estados brasileiros marcou a arrancada final do PCdoB para assegurar a eleição do ex-presidente Lula na disputa do segundo turno. A reunião ocorreu na noite de segunda-feira (17), de forma on line, e foi marcada pelo entusiasmo característico dos comunistas, bem como pelo sentimento de que ampliação da campanha e o reforço na mobilização são essenciais para a vitória contra Jair Bolsonaro.

A plenária teve início com uma intervenção de Walter Sorrentino, vice presidente do partido, que, ressaltando o papel de vanguarda do PCdoB, alinhou questões que considera centrais na disputa em curso. Sorrentino considera que é necessário a campanha seguir emitindo uma mensagem de amplitude, que destaque a necessidade de um consenso nacional em favor do Brasil, que incorporar os novos apoios à sua direção e acolha propostas de outras candidaturas. Ele destacou também a necessidade de reduzir, ou pelo não deixar aumentar, a abstenção. “É preciso mobilizar governadores e prefeitos para que assegurem transporte para os eleitores, reforçar as conclamações da justiça eleitoral para a necessidade de votar, além de denunciar e combater assédio de trabalhadores por patrões para que votem em Bolsonaro ou não comparecem às urnas em 30 de outubro”, afirmou o dirigente comunista. O vice-presidente do PCdoB considera que é preciso buscar o engajamento do eleitor de Lula para que ele também busque novos votos. Por fim, Sorrentino enfatizou o papel das ações de comunicação no sentido de ajudar ainda mais na ampliação da campanha, difundir as propostas de Lula e reforçar as denúncias contra Bolsonaro. Ele alertou ainda para o papel nefasto das fake news. “A guerra das fake news terá uma verdadeira derrama nas próximas duas semanas e estas precisam ser fortemente combatidas e denunciadas perante a justiça eleitoral”, enfatizou.

A presidenta Luciana Santos, ao se pronunciar, alertou que o resultado da eleição mais importante dos últimos 30 anos no Brasil ainda está por ser construído. “Nosso esforço, nosso empenho de militante devem estar destinados a construirmos nas redes e nas ruas esta vitória”, afirmou. Ela alertou que está em jogo o regime democrático no Brasil e por isso foi necessário organizar um amplo movimento para derrotar o projeto de Bolsonaro de poder. “É desta forma que esta frente ampla, ganha contornos, políticos e sociais de repudio ao projeto da extrema direita no Brasil”, enfatizou. Acrescentou também que “eleger Lula é eleger a democracia como regime político, é abrir caminhos para um processo de reconstrução nacional, envolvendo amplos setores da sociedade”.

Para a dirigente comunista, na reta final de campanha “é preciso falar dos problemas reais, da situação da economia, do desemprego, da inflação”. Ela alertou para os riscos de aumento da violência política, a disseminação de notícias falsas, chantagens contra eleitores, em especial os trabalhadores, e tentativas de encobrir os problemas reais do país. Luciana considera que é preciso atenção a tudo isso e que sejam tomadas as providências pertinentes. “De nossa parte nós devemos ter cuidados para não cair em provocações, mas também não nos intimidarmos”, afirmou.

Luciana Santos reafirmou o papel da militância comunista atuando nas ruas, argumentado, ajudando a ampliar comandos locais, agregando a novos aliados. “Pela importância do tema reforço o chamado para nos engajarmos ainda mais nesta luta que é em defesa de um Brasil democrático, desenvolvido e socialmente justo”.
A presidenta enfatizou que é preciso transmitir uma mensagem de esperança, de dias melhores para o povo. “Uma mensagem de vida, de luta de que o Brasil irá virar essa página. Esta vitória será construída por todos nós. Levantemos nossas bandeiras, colemos os adesivos e vamos falar com o povo. A vitória é nossa. Firme na luta”, concluiu.

A ex-deputada e vice-presidente do PCdoB Manuela d’Ávila também se pronunciou na reunião dando destaque para o trabalho nas redes sociais. De início, Manuela alertou que não se deve se deixar impactar pelas pesquisas e passar a semana aguardando os resultados. “É preciso estar nas redes e nas ruas, conversando com as pessoas, conquistando mais apoio para Lula. Isso é o que ajuda a definir a eleição”, disse ela. A dirigente nacional do PCdoB considera necessário reforçar o sistema difusão das propostas de Lula e também enfrentar o ataque bolsonarista, que deve aumentar seu sistema de disseminação de mentiras e desinformação. Ela alerta que a violência da campanha e dos apoiadores de Bolsonaro tende a aumentar.

Ao se pronunciar, o também vice-presidente nacional Carlos Lopes se declarou otimista com o fato de Bolsonaro, usando a máquina do governo despudoradamente, disseminando mentiras e desinformação e com uma base social expressiva, ainda enfrenta muitas dificuldades para derrotar Lula. Entretanto, Lopes destacou a necessidade de ampliação do apoio à Lula para derrotar o fascismo. “O Brasil, unido de forma ampla, vai derrotar Bolsonaro e sua horda fascista”, afirmou Lopes. O secretário nacional adjunto de Comunicação Inácio Carvalho ressaltou o papel da atuação ampla nas redes sociais e nas ruas, a necessidade de aumentar a rejeição de Bolsonaro, a denúncia e o combate às fake news e alertou para que não sejam compartilhadas, mesmo que em forma de denúncia, vídeos e fotos do atual presidente por que acaba ampliando sua mensagem. “Com uma atuação intensa nas redes e nas ruas, os comunistas ajudarão a garantir a vitória da esperança contra o atraso”, concluiu Carvalho.


Fonte: https://pcdob.org.br

Ato de apoio lota o TUCA e as ruas e mostra a força de Lula e Alckmin - por Cézar Xavier

 

Personalidades, economistas, juristas e políticos se uniram a milhares de pessoas dentro e fora do teatro da PUC, em defesa da democracia e das candidaturas de Lula e Haddad.

– Lula, Alckmin e Haddad participam do Ato em Defesa da Democracia e do Brasil, organizado pelo Grupo Prerrogativas, no Teatro Tuca, em São Paulo. Marina Silva, Simone Tebet e personalidades políticas e artísticas estiveram presentes. Foto: Ricardo Stuckert.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na última semana de campanha levando a força das ruas para o ato realizado nesta segunda-feira (24), no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), o Tuca. O encontro no teatro que é um marco da luta pela democracia já é tradicional nas campanhas progressistas, desde 1998.

Neste evento, o ex-presidente reuniu nomes como Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, o economista e um dos responsáveis pelo Plano Real, Persio Arida, Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, a ex-ministra Marina Silva, e a senadora Simone Tebet, além de dezenas de lideranças, artistas, intelectuais e presidentes de partidos. Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, enviou um vídeo em apoio.

Na área externa da instituição, milhares de pessoas assistiram ao evento através de telões. A mesa principal foi composta ainda por Lúcia França, Gleisi Hoffmann, Fernando Haddad, Ana Estela Haddad, Márcio França, Geraldo Alckmin e Janja da Silva.

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Na abertura da cerimônia, chamada ‘Em defesa da democracia e do Brasil’, a reitora Maria Amalia Andery destacou que existe uma simbologia das campanhas de Lula e Haddad por escolherem estar presentes, justamente pelo Tuca ser reconhecido como palco de resistência democrática. Em 2022, a invasão da PUC por policiais da Ditadura Militar completou 45 anos.

“A simbologia das campanhas ao escolherem este teatro, esta universidade, para começar a última semana de uma campanha dura, é única, e só vocês poderiam usar. O outro lado não pode entrar em uma universidade, não há como”, opinou a reitora. “Nosso coração é de vocês, tenho certeza de que essa dupla fará o Brasil que todos almejamos“.

Retrocesso inimaginável

Emocionado pela presença de crianças entregando rosas aos presentes, Lula começou lamentando a fala de Bolsonaro sobre as meninas venezuelanas. “O atual presidente da República confundiu uma menina venezuelana de 14 anos como se ela fosse um objeto sexual. Ele, no cargo de presidente da República, jamais poderia ter tido a atitude de pedófilo que ele teve, não respeitando uma criança de 14 anos de idade”, criticou. “A consciência lhe doeu tanto que ele foi obrigado a acordar 1h da manhã para fazer uma live, quem sabe, pedindo desculpa a Deus. Porque nós não podemos perdoá-lo”.

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“Lula disse que agora é hora de derrotar Bolsonaro ou a gente vai se arrepender pelo resto da vida”, e ainda criticou: “jamais imaginei depois da nossa experiência de governo e da Constituição de 1988 que a gente pudesse ter o retrocesso que a gente teve”, afirmou, referindo-se também aos ataques baixos de Roberto Jefferson (PTB) à ministra Carmen Lúcia.

Os episódios de racismo contra Seu Jorge e Eddy Junior, que viralizaram na última semana, além do caso Roberto Jefferson, também foram citados como exemplos de situações graves que só podem acontecer em um país desgovernado. Lula então, falou que o Brasil precisa ser protagonista de sua própria história, retomar a política externa e pagar a dívida com negros, pobres e indígenas.

Lula ainda afirmou que Bolsonaro é um “cidadão anormal, um mentiroso compulsivo”. “Bolsonaro está brincando com o país. Não conversa com sindicato, com trabalhador, com movimento negro, com movimento de mulheres, com empresário sério, com prefeito, com governador”, criticou.

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“Um governo nosso não será um governo do PT. Terá que ser além. O Henrique Meirelles não era do PT, o Furlan, o Gilberto Gil, o Celso Amorim não eram do PT. Não faremos um governo do PT, faremos um governo do povo brasileiro”, disse.

Ele disse que muita gente se questiona qual é o Lula que vai voltar ao governo, aquele de antes da prisão ou depois, como se a personalidade fosse diferente. “O filho que a Dona Lindu pariu continua sendo o mesmo, o mesmo que era no sindicato, que fundou o PT, que ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores, o mesmo que governou entre 2003 e 2010 com um compromisso”.

Lula reafirmou seu compromisso com a responsabilidade econômica. “Não existe milagre em economia, ninguém inventa, as coisas têm que ser feitas com muita seriedade”. Ele afirmou que, durante o seu governo, a política de inclusão social era feita sem endividar o País. O candidato lembrou que o Brasil, no seu governo, pagou a dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI), fez empréstimo a fundo e mesmo assim criou uma reserva de cerca de R$ 350 bilhões, “que é o que está salvando esse país até hoje”.

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“Nós temos responsabilidade fiscal. No nosso governo, fomos o único país do G20 que, durante oito anos, fez superávit primário”, relatou. Lula observou que o FMI “vinha todo mês” fiscalizar as contas do país e decidiu que era hora de dar um basta.  “Pagamos a dívida, emprestamos 15 milhões e fizemos uma reserva de US$ 370 bilhões, que é que está salvando o país”.

Sobre política externa, Lula voltou a afirmar que “vamos falar com a Bolívia no mesmo tom que fala com os Estados Unidos”, sem entrar na “Guerra Fria” entre os norte-americanos e a China, e voltando a conversar tanto com a União Europeia, quanto com a América Latina e a África.

O ex-presidente afirmou que o país precisa ter estabilidade e que o seu adversário na disputa pelo Palácio do Planalto não consegue oferecer isso. “Ninguém pode acordar de manhã com novidades, com surpresas. As coisas precisam ser decididas à luz do dia”, falou o petista.

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“Eu, sinceramente, estou muito confiante. Nós já provamos que é possível fazer política de inclusão social, que é possível cuidar do pobre, aumentar o salário mínimo e a massa salarial sem aumentar a inflação. Ou seja, nós já provamos que é possível fazer as coisas. Os mais necessitados terão prioridade em nosso governo”, completou Lula.

“Voltaremos a investir muito em educação, senão esse país nunca será desenvolvido, passaremos mais um século sendo o país do futuro, em pré-desenvolvimento”, explicou Lula. “O Brasil foi ter a primeira universidade em 1920, uma demonstração de que a elite política nunca teve interesse em que o pobre chegasse até a universidade”, ponderou. 

Governo dos brasileiros

Foto: Ricardo Stuckert

Alckmin pediu que a militância tenha foco nesses dias que antecedem o segundo turno, e contou que, pela manhã, virou dois votos ao conversar com eleitores no elevador de um prédio.

“Este é um momento histórico. Quase meio século depois da invasão da PUC nós estamos aqui outra vez para defender a democracia do mesmo lado daqueles jovens dos anos 1970. Estamos todos unidos para superar essa fase triste e o presidente Lula representa essa esperança. Por isso, o Bozo tem tanto medo, porque onde tem esperança e felicidade não tem ódio”, discursou o candidato à vice-presidente da República, causando risos por chamar o presidente de Bozo.

Disputando o governo paulista, Haddad destacou que é necessário derrotar o fascismo no Brasil, representado por Bolsonaro. “As pessoas perderam a noção de o quanto a gente se rebaixou tendo essa figura grotesca como presidente da República. Estamos naturalizando as coisas sem perceber. Como um ex-deputado pode ter granadas na dispensa de casa e atirar em policiais?”, questionou.

“O Lula está na frente e nós precisamos consolidar sua vitória domingo e, com um esforço de reta final, nós podemos derrotar o Tarcísio. São Paulo e o Brasil de mãos dadas, reconciliados, e podendo fazer tanto pelo nosso povo que tem pressa, porque não tem medicamento no posto, comida na mesa, nem trabalho. Domingo vamos viver o alívio de virar a página do fascismo e quem sabe a alegria infantil de viver o sonho do Brasil e de São Paulo remando juntos”, declarou Haddad.

No ato, Meirelles negou que Lula busque um “cheque em branco”, crítica comum entre setores do mercado por ele não detalhar propostas de controle fiscal. “Quem quer um cheque em branco é o Bolsonaro, que estourou a parte fiscal, levou a inflação para a lua, o Banco Central subiu a taxa de juros, tem 30 milhões de desempregados”, disse Meirelles. “O Lula não, o cheque dele está assinado. Já trabalhou, já realizou, já criou emprego, já gerou renda”, disse Meirelles.

Pérsio Arida afirmou, durante o evento, que ainda em 2018 dizia ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) que seria uma “temeridade” eleger Jair Bolsonaro por ser um “desqualificado” e “obscurantista”. O economista afirmou que o “Brasil teria mais chances de se tornar em uma Venezuela com Bolsonaro do que com qualquer outro”. E, defendeu, uma “ampla frente” contra o obscurantismo.

“O que está em jogo nessa eleição é muito mais do que economia, que está péssima. Mas o futuro do Brasil: um país plural, civilizado, do debate, da conversa”, advertiu o economista. “Só temos algo a fazer, é votar 13 e eleger Lula e Haddad”.

“O nosso grito é contra todo retrocesso civilizatório”, disse Simone, em pronunciamento, assim que chegou de um ato em Niterói. “Eu e Lula pensamos diferente em muitos pontos, mas há algo muito maior que nos une, o amor pelo nosso país, pelo nosso povo e pela democracia, da qual não abro mão”, argumentou a ex-candidata do MDB. “Nesse momento, Lula é único capaz de reconstruir o Brasil, na coragem, na liderança e na experiência, num grande pacto, uma frente democrática para o Brasil”, reiterou.

“Só com Lula presidente e Haddad governador podemos fazer uma grande concertação democrática e um País que vai poder articular justiça social e desenvolvimento sustentável”, disse Neca Setúbal.

Marina Silva também afirmou que a campanha de Bolsonaro está desesperada. “Ele não sabe lidar com as mulheres, eles têm medo das mulheres, têm inveja das mulheres, eles não conhecem a nossa força”, disse. “A urna eletrônica vai dar um banho de sova mesmo no Bolsonaro”, afirmou a ambientalista.

“Nós temos aqui na figura de Geraldo Alckmin o encontro entre PT e PSDB. Os históricos do PSDB estão aqui apoiando Lula porque a democracia está em risco”, disse Marina Silva, deputada federal eleita pela Rede. “Eu vi uma candidata a presidente da república terminar sua campanha e dizer ‘eu tenho lado’”, disse Marina, em referência a Simone Tebet (MDB), diante de aplausos da plateia.

Marina ainda defendeu a eleição de Haddad. “Quem defende a democracia, fica do lado da educação, dos trabalhadores, faz políticas públicas e sociais que colocam os pretos, os indígenas, nas universidades. Por isso, vamos eleger o melhor ministro da Educação governador de São Paulo, porque São Paulo tem de ter alguém que dê sustentação ao futuro governo”.

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy iniciou sua fala também manifestando solidariedade a Carmen Lúcia. Ela ainda saudou a chegada de Simone Tebet na campanha de Lula e Alckmin. “Acredito que com sua capacidade de ampliação, de união”.

Marta ressaltou que Lula sempre respeitou todas as crenças e credos religiosos e que é o único capaz de construir consensos. E mais: terá sua vitória consagrada pelas mulheres. 

O evento foi apresentado por Monica Iozzi e Preta Ferreira, recebeu intervenções artísticas e contou com falas de Douglas Belchior, da Coalizão Negra Por Direitos, Mulheres pela Democracia, a atriz Denise Fraga, a socióloga Neca Setúbal, a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) Bruna Brelaz, e José Gregori, que é jurista. Outros juristas presentes foram Pierpaolo Bottini, Sérgio Renault, Miguel Pereira Neto, Alberto Toron, Michel Saliba, Augusto de Arruda Botelho, e outros. 

Depois do ato, Lula fez pronunciamento da varanda do TUCA para a plateia que não conseguiu entrar no evento e esperava do lado de fora. Ele pediu empenho no convencimento de eleitores a não se abster de votar. “Faltam apenas 6 dias. A gente tem que conversar com pessoas que não puderam votar. Pessoas que não foram votar. Aqui em São Paulo a Prefeitura vai dar o transporte para que as pessoas compareçam”, afirmou o petista.

Fonte: Portal VERMELHO

POLÍTICA: Como Roberto Jefferson implodiu o PTB e virou o homem-bomba de Bolsonaro - por André Cintra

Ainda que o episódio não tire votos de Bolsonaro, há pouca margem para que os temas desta reta final da campanha sejam pautados pelo presidente.

No final da década de 1970, com a anistia política e a volta do pluripartidarismo ao Brasil, a corrente trabalhista rachou de vez. De um lado, a ala encabeçada pela deputada fluminense Ivete Vargas. De outro, o grupo liderado pelo ex-governador gaúcho Leonel Brizola. Declaravam-se, ambos, herdeiros do histórico PTB, o Partido Trabalhista Brasileiro, de Getúlio Vargas e João Goulart.

Sem acordo, cada parte tratou de viabilizar seu próprio partido trabalhista e reivindicar, junto à Justiça Eleitoral, a histórica sigla PTB. A decisão coube ao general Golbery do Couto e Silva, chefe da Casa Civil no governo João Batista Figueiredo, que não tinha o menor interesse em fortalecer um opositor do porte de Brizola. Assim, em 12 de maio de 1980, por ordem de Golbery, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entregou a Ivete, sobrinha-neta de Vargas, a mais simbólica das marcas trabalhistas.

Com o fim do bipartidarismo, a ditadura militar visava à divisão das forças oposicionistas, até então concentradas no MDB. O destino dos trabalhistas seguiu o script do regime. Enquanto Brizola se credenciou ainda mais como uma referência do campo democrático e progressista, Ivete logo costurou acordos com o regime e mostrou que o “novo” PTB tinha pouco em comum com o velho Partido Trabalhista.

Quarenta e dois anos depois, o PTB, livre de qualquer resquício trabalhista, a não ser pelo nome e pela sigla, lançou a candidatura do ex-deputado Roberto Jefferson à Presidência da República. Líder máximo do partido nas últimas décadas, Jefferson adotou, como Ivete, uma linha mais pragmática e menos ideológica. Governista por excelência, o PTB foi base das gestões Collor, FHC, Lula, Temer e Bolsonaro.

Em 2005, no episódio do “mensalão’, ele rompeu com o governo e usou as tribunas à sua disposição – na imprensa e no parlamento – para tentar chantagear Lula. Não teve sucesso. O STF (Supremo Tribunal Federal) o condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, enquanto a Câmara Federal cassou seu mandato. No ano seguinte, Lula se reelegeu ao Planalto. O ex-deputado, com a condenação, está inelegível até dezembro de 2023.

Jefferson continuou a controlar o PTB com mão de ferro, mas parecia condenado ao segundo plano da política. Cada presidenciável do PSDB a receber seu apoio, nas eleições 2010, 2014 e 2020, não escondia o constrangimento nas cenas e fotos com o aliado de ocasião. O PTB, oscilando entre 22 e 25 deputados no período, era fonte significativa de tempo de TV para os candidatos majoritários.

Mas o partido fundado por Ivete Vargas começou a regredir, passando de dez deputados federais eleitos em 2018 a apenas um em 2022. Talvez para compensar o encolhimento de seu capital político, Roberto Jefferson abraçou o bolsonarismo e se tornou porta-voz de pautas conservadoras, ultraliberais e autoritárias.

Quando atos antidemocráticos – que se voltavam, acima de tudo, contra o STF – ganharam as ruas em 2020 e 2021, muitos políticos e empresários procuraram apagar suas digitais. Não foi o caso de Jefferson, que parecia descontrair-se com a volta aos holofotes. Em vídeos e postagens nas redes sociais, sem meias palavras, ele ameaçou abertamente ministros do Supremo.

Em agosto do ano passado, a pedido da Polícia Federal, Jefferson foi preso. Pesavam contra ele acusações de nada menos que 13 crimes. Após passar cinco meses encarcerado no presídio de Bangu 8, o ex-deputado teve a pena flexibilizada para prisão domiciliar, mediante algumas condições – as chamadas “medidas cautelares”. O uso das redes sociais, por exemplo, estava vetado.

Por tudo isso, sua campanha ao Planalto surpreendeu até aliados no PTB. A cassação da candidatura era questão de tempo – Jefferson nem sequer pôde comparecer a convenção que aprovou a chapa. Em 1º de setembro, por unanimidade, o TSE barrou a farsa, o que levou o PTB a indicar o desconhecido Padre Kelmon, vice de Jefferson, para substituí-lo.

Se no primeiro turno Kelmon despontou como linha auxiliar da campanha de Bolsonaro à reeleição, com um discurso ultradireitista e provocações a Lula, foi Jefferson quem roubou a cena no segundo turno. Ele rompeu o silêncio no sábado (22), ao divulgar uma gravação nas redes em que, entre outros impropérios, difama a ministra Carmen Lúcia, do STF. Além de chamar a ministra de “Carmen Lúcifer”, Jefferson disse que ela “lembra aquelas prostitutas, aquelas vagabundas arrombadas”.

Ofender ou até ameaçar membros do Supremo é um dos esportes prediletos dos bolsonaristas. A convocação do próprio presidente para os atos golpistas de 7 de Setembro, em 2021 e 2022, tinha como eixos “ultimatos” a ministros da Corte. Porém, Bolsonaro recorreu a um tom moderado e calculado no segundo turno, a fim de diminuir a rejeição a seu nome e melhorar suas intenções de votos, sobretudo entre indecisos. A fala de Jefferson destoou não apenas no tom chulo – mas também no contexto de aparente distensão.

Esses ingredientes garantiram que no domingo (23), a uma semana do segundo turno, Jefferson se tornasse o homem-bomba de Bolsonaro nesta eleição. A Polícia Federal solicitou e o STF autorizou a revogação de sua prisão domiciliar. Quando integrante da PF tentaram executar a ordem, o ex-deputado lançou tiros de fuzil e granadas contra policiais. “Não vou me entregar porque acho um absurdo. Chega”, disse Jefferson.

Em meio a tamanho pandemônio, a base bolsonarista, em geral unida em momentos de confronto, cindiu-se. Uns tratavam Jefferson como herói, outros temiam o desgaste para a campanha de Bolsonaro. Após oito horas, Jefferson acabou por se render. Indiciado por quatro tentativas de homicídio, ele voltou para Bangu 8. Mas o escândalo segue vivo – a campanha de Lula já produziu materiais que cotam o caso.

A crise é desastrosa para a campanha bolsonarista porque joga o presidente numa espécie de “escolha de Sofia”, em que qualquer alternativa pressupõe sacrifícios e perdas. A princípio, ao comentar o fato, Bolsonaro criticou o ex-deputado, mas cutucou o Judiciário. Ademais, ao dizer não tinha nem mesmo uma foto ao lado do aliado, ele foi de imediato contestado por jornalistas e internautas, que inundaram a internet com imagens de encontros entre os dois correligionários.

O presidente ainda orientou o ministro da Justiça, Anderson Torres, a ir à casa de Jefferson para mediar as negociações, o que desagradou à Polícia Federal. Membros da corporação viram na ação presidencial um “teatro” para reduzir danos, não para resolver efetivamente o problema – tanto que o ministro não se dirigiu ao local.

Num segundo momento, o tom de Bolsonaro foi de condenação explícita a Jefferson, a quem o presidente chegou a chamar de “bandido”, não necessariamente por descumprir ordem judicial, mas por “atirar em policiais”. A coordenação da campanha à reeleição detectou um amplo rechaço da população ao atentado contra a Polícia Federal.

“No Twitter, 60% das manifestações no domingo sobre o caso foram contra a dupla, segundo a Arquimedes. Nos 15 mil grupos públicos de WhatsApp monitorados pela Palver, o atentado teve grande repercussão negativa”, registrou o jornalista José Roberto de Toledo, no UOL. “As palavras mais associadas a Roberto Jefferson foram ‘Bolsonaro’ e ‘polícia’.”

Em sabatina à TV Record, na noite de domingo, Bolsonaro tentou, de modo afoito e inútil, associar Jefferson a Lula e ao PT. Uma gravação do próprio presidente o desmente. “Tenho uma longa história com o Roberto Jefferson também, já fui do PTB”, diz ele em vídeo que voltou a circular na tarde de domingo. “Obviamente, partido que nos apoia estará junto conosco. Ou melhor, continuará junto conosco ao longo desse ano e de outros anos também.”

Em 2021, Bolsonaro indultou o ex-deputado Daniel Silveira (PTB), que foi condenado pelo STF. É possível que o presidente use a mesma cartada com Jefferson – mas não antes da eleição. Com a busca do voto de eleitores indecisos, essa saída está, por ora, fora de cogitação.

Ainda que o episódio não tire votos de Bolsonaro – e o Ipec aponta que suas intenções de votos seguem estáveis –, há pouca margem para que os temas desta reta final da campanha sejam pautados pelo presidente.  Não se pode sacudir demais um carro de viagem quando um homem-bomba está a bordo. Pior: é preciso torcer para que o homem-bomba colabore.

Para duelar com Lula, Bolsonaro já tentou governadores, cantores sertanejos, jogadores de futebol, influenciadores e outros atalhos. Nenhuma declaração de voto, por si só, é tão decisiva. Ainda assim, Roberto Jefferson faz valer o contraponto entre dois provérbios que revelam o papel do indivíduo nos grandes acontecimentos: uma andorinha só não faz verão, mas um único inseto é capaz de destruir a plantação.

Fonte: vermelho.org.br