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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Pouco depois da aprovação do teto de gastos, Câmara reajusta salários

Proposta foi aprovada por comissão especial da Câmara dos Deputados e deverá seguir para o Senado .

De acordo com o projeto encaminhado ao Congresso, no último dia 26 de julho, o impacto previsto nos cofres da União com os reajustes é da ordem de R$ 2 bilhões em 2017, de R$ 548 milhões em 2018 e de R$ 546 milhões, em 2019. Os acréscimos são diferenciados por categoria e serão parcelados nos próximos três anos, a partir de 2017. 
 

Portal Vermelho - Com agências

Governador do RN acusa Temer de discriminar o Nordeste

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), teceu duras críticas ao presidente Michel Temer, a quem acusou de abandonar o Nordeste.

Em entrevista à rádio 94FM, o governador se disse extremamente triste com o tratamento que o seu Estado vem recebendo do governo federal. Segundo ele, o Nordeste como um todo vem sendo esquecido pelo atual presidente.
“O Nordeste está esquecido e discriminado pelo governo federal. Hoje o Brasil é governado como se não existisse a região Nordeste. A mesma gravidade da crise financeira a qual enfrentamos é proporcional à gravidade com a qual o Nordeste vem sendo tratado. O governo atual está pior do que o anterior. Não vemos boa vontade em liberações de crédito para investimentos. Infelizmente, estamos esquecidos”, disse.
 Do Portal Vermelho, com Agora RN

Fracassa tentativa de Temer de abafar crise entre os poderes

A agenda da ministra divulgada pelo STF previa um almoço na Nunciatura Apostólica com o núncio Dom Giovanni d’Aniello.

Temer quer evitar os desdobramentos da crise política estabelecida com o golpe que destituiu a presidenta eleita Dilma Rousseff. A Operação Lava Jato, que se tornou a principal arma do golpe contra a democracia no país, produziu um racha entre os poderes Legislativo e Judiciário após a Polícia Federal prender, na última sexta-feira (21), quatro membros da Polícia Legislativa, nas dependências do Senado, com autorização de um juiz de 1ª instância, desobedecendo a Constituição.

Renan criticou o juiz e o ministro da Justiça Alexandre de Moraes. Cármem Lúcia saiu em defesa do juiz e agora, após evitar o encontro conciliatório, anunciou para o próximo dia 3 de novembro o julgamento da ação ajuizada pela Rede Sustentabilidade contra Renan, acusado de responder a ações penais por crimes comuns e portanto não poder fazer parte da linha sucessória da Presidência da República. O presidente do Senado está na linha sucessória e é alvo de 11 inquéritos no STF.

A crise institucional que vai se definindo após o golpe ameaça a agenda de Temer, que quer ver aprovada, até o final do ano, a PEC 241, que congela os gastos públicos por 20 anos. Aprovada esta semana na Câmara, a matéria chega nesta quarta-feira no Senado apara apreciação.

Pelos desdobramentos da disputa entre Cármem Lúcia e Renan, Temer tem motivo para muitas preocupações.

De Brasília, com agências

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Nova edição da revista Rebele-se já está disponível para download no Portal CTB

A segunda edição da revista Rebele-se, cuja produção é orientada pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da CTB, teve seu lançamento oficial no último sábado (22), durante o 2º Encontro de Igualdade Social, Raça, Gênero e LGBT da CTB-RJ. O impresso é gratuito e já pode ser encontrado na sede nacional da CTB, ou baixado em sua forma digital CLICANDO AQUI. A distribuição física da revista será feita sob requisição.
Nesta edição, a Rebele-se reafirma seu papel de analisar o Brasil do ponto de vista dos afrodescendentes, seja nos aspectos culturais da representação do nosso povo, seja na discussão econômica e política do que é ser negro num país escravocrata. Nossa escolha de capa, “Os 100 Anos do Samba”, é uma mistura dos dois, pois a história dessa arte atravessa os mesmos desafios e preconceitos que os ex-escravos que a criaram. A participação da sambista e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP), neste sentido, dá incrível contribuição ao tema.
Para além disso, nossas outras pautas abordam pontos de vista complementares: analisamos os três anos de atuação da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, lembramos os 50 anos dos Panteras Negras nos Estados Unidos, sugerimos uma coleção de obras criadas por mulheres negras. Ao final, o rapper Flavio Renegado dá sua contribuição com uma crônica sobre a importância do hip-hop na resistência popular.
A secretária desta pasta na CTB, Mônica Custódio, enxerga na revista um instrumento de formação: “Nosso objetivo é tratar do tema com as entidades de trabalhadores, sempre pautando a questão racial dentro da macropolítica, colocando-a dentro desse contexto. Não podemos mudar nem singularizar essa discussão, a história da luta do trabalhador brasileiro é a história da luta contra o racismo, pois o trabalho no Brasil começa pelas mãos dos escravizados”. Sob essa perspectiva, ela enxerga na nova edição da revista um instrumento de qualificação da militância, para que a discussão do racismo possa ser feita sob o ponto de vista marxista, de luta de classes. “Além disso, ela recoloca a CTB na discussão sobre o racismo com outras centrais sindicais e o conjunto de movimentos sociais”, complementa.
Revista Rebele-se, ed. 02: Os Cem Anos do Samba
Distribuição: Nacional, sob requisição
Tiragem: 15.000 exemplares
Dimensões: 33 x 28 cm
Páginas: 32
Distribuição gratuita

Defesa de Cunha diz que Moro afronta o STF e não descarta delação


Para os advogados Moro teve entendimento diferente do proferido pela Supremo, que fez a mesma anáanálise sobre as mesmas acusações contra o então parlamentar e presidente da Câmara, pelos crimes de corrupção, por não ter declarado dinheiro no exterior, fraude eleitoral e lavagem de dinheiro.

Os advogados salientaram que a Corte examinou o pedido de prisão preventiva e concluiu pela "inexistência de qualquer motivo que autorizasse o encarceramento cautelar".

De fato, sem fazer uma defesa de Cunha, mas apenas analisando as questões jurídicas envolvidas, há um entendimento díspare nessa decisão. Não há, até agora, nenhum fato novo em questão. Portando, se havia motivos para prender Cunha quando ele tinha, de fato, mais poderes para camuflar seus supostos crimes, além do poder político para continuar suas operações, por que nada foi feito?

"No mérito, pedem os impetrantes a concessão definitiva do writ, confirmando-se a liminar, para anular o decreto de prisão preventiva ora atacado, reconhecendo-se o direito do paciente de responder ao processo em liberdade, sem prejuízo da decretação de medidas alternativas ao encarceramento cautelar (art. 319 do CPP)", pede ao defesa ao TRF4.

O judiciário não pode funcionar para uma finalidade pessoal e parcial. É notório que, enquanto ocupava a presidência da Câmara, Cunha atuava por meio de manobras e artimanhas. Por que era lícito e agora não é mais? 

O peemedebista é acusado de receber propina de contrato de exploração de petróleo e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro, fato esse que o levou ao julgamento no Conselho de Ética já no ano passado.

Para a defesa, Moro teria descumpriu uma decisão do STF ao determinar a prisão preventiva, pois ao analisar um pedido de afastamento de Cunha, em maio deste ano, o Supremo descartou sua prisão, que também havia sido solicitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Moro, por sua vez, falou em nome do Supremo e disse no decreto de prisão, que o Supremo só não prendeu Cunha pelo fato de a medida necessitar de autorização prévia do Congresso.

Não há prazo para análise da medida no TRF-4, que é a instância que julga os recursos contra as decisões de Moro.

Em entrevista à Rádio Estadão, o advogado de Cunha, Marlus Arns, disse que que não descarta a possibilidade de uso da delação premiada.

"(A delação) é sempre um instrumento que deve ser avaliado, mas ainda não foi discutido, mas é evidentemente uma opção, que tem de ser avaliada de forma cuidadosa", afirmou Marlus Arns, que é especializado em delação premiada.


Do Portal Vermelho, com informações de agências

Governo oferece, de novo, jantar para deputados por causa da PEC 241

Beto Barata/PR

Dessa vez, o jantar será oferecido na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). A ideia é manter os deputados em Brasília, tendo em vista que muitos estão envolvidos no segundo turno das eleições municipais, que ocorre no próximo domingo (30).

Para aprovar a PEC na Câmara e enviá-la ao Senado, Temer precisa do apoio de 308 dos 513 deputados.

Segundo Maia, o jantar é mais "mais informal".

André Moura (PSC), líder do governo na Câmara, disse, segundo informações do G1, "é mais para termos a base toda hoje já em Brasília para que possamos votar a PEC amanhã o mais cedo possível”, disse o líder do governo na Câmara.

No jantar, segundo Moura, devem estar presentes, além de Temer, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Segundo ele, Temer deve fazer uma fala sobre o projeto e agradecer a votação do primeiro turno. 


Fonte: Jornal GGN
C/ Portal Vermelho

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Prisão de Cunha pode ser “preâmbulo da prisão de Lula”, explica cientista político

A prisão do ex-deputado federal foi muito comemorada nas redes sociais, mas Benedito Tadeu César alerta para o fato de que Cunha foi descartado apenas por que já cumpriu seu papel ao protagonizar o impeachment, e que Moro, da mesma maneira, também pode ser colocado de lado quando não for mais interessante 
Por Matheus Moreira e Victor Labaki
O mandato de prisão contra Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e deputado cassado do PMDB, foi emitido ontem (18) e sua prisão foi efetuada nesta quarta-feira (19). O avião no qual está o ex-parlamentar decolou às 15h12 de Brasília com destino a Curitiba, sede das investigações da força tarefa lidera pelo juiz Sérgio Moro.
A notícia da prisão de Cunha tomou os noticiários de todo o país bem como as redes sociais e, rapidamente, questionamentos sobre os impactos da prisão espetacularizada de Cunha começaram a ser levantados. O cientista político e Diretor do InPro (Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais), Benedito Tadeu César, quando questionado sobre os primeiros impactos do evento no cenário político brasileiro, foi contundente: “Acho que isso é o preâmbulo da prisão de Lula. Estão dando uma aparência de imparcialidade, de isenção, para preparar o mínimo de legitimidade nessa prisão do Lula”.
A reportagem da Fórum perguntou ainda se a prisão preventiva de Eduardo Cunha afetaria, por exemplo, o segundo turno das eleições municipais, caso abrisse precedente para a prisão de Lula nos próximos dias. Benedito explica que o estrago provocado ao PT já foi feito, mas que uma eventual prisão de Lula poderia funcionar em mão dupla, aprofundando a crise do partido, mas gerando uma onda dos movimentos populares:
“Pode aprofundar, tem algumas cidades aonde o PT concorre a disputas de eleições com alguma chance, isso pode, sem dúvidas, aprofundar a crise do partido. E está tudo imprevisível, tudo tão surreal que, pensando bem, a minha avaliação é de que é uma bobagem prender o Lula, porque isso provocará uma reação popular, um acirramento de ânimos que obviamente não irá reverter nada, senão agravar mais o clima de tensão e de enfrentamento do país”
O cientista vai além e aponta que a prisão de Cunha não deve significar perdas para o PMDB, e sim trazer ganhos no sentido de arrecadar apoio dos aliados do ex-deputado para a base de Michel Temer no parlamento. O pesquisador concluiu afirmando que Cunha cumpriu seu papel ao protagonizar o golpe contra Dilma Rousseff, e aponta que Sérgio Moro, assim como os agentes das investigações, seguem um padrão “messiânico” de atuação, no intuito de “limpar o Brasil”, mas podem ser colados de lado “assim como Cunha”.
“Tem tanta gente envolvida com escândalos, acusadas, no próprio governo Temer, que a prisão de Cunha, que já estava defenestrada, não acrescenta muito. Acho que ele fez o serviço que interessa a esses grupos messiânicos do Ministério Público e da Justiça Federal que estão comprometidos com uma visão de um extremismo neoliberal. Ele serviu a esses objetivos”.
Fonte: Revista Fórum

Cadê o DNOCS, Henrique Alves?

Se as previsões do CLIMATEMPO que aponta o ano de 2017 com um bom inverno estiver errada, a situação do abastecimento d’água de Caicó será calamitosa.
O açode Itans que é o maior reservatório d’agua que abastece parte do município está entrando em colapso. Emergencialmente o Governo do Estado planejou, em fevereiro deste ano, a construção de uma adutora de engate rápido para garantir o abastecimento que deveria ser concluída em seis meses pela CAERN.
O ex-deputado federal Henrique Alves para evitar uma ação do governador Robinson Faria, que já dispunha de todas licenças para iniciar a obra que custaria inicialmente R$ 44 milhões, com sua interferência política junto ao Governo Federal retirou a obra da responsabilidade do Governo do Estado e transferiu para o DNOCS.
Com o capricho do ex-deputado, ninguém teve mais notícias do inicio das obras.
Estamos no mês de outubro, caso não chova bem até final de janeiro de 2017, quem inventou de mexer no que estava pronto por causa de política, será o maior responsável para tragedia da falta d’água em Caicó.
Não é fácil abastecer uma cidade com 75 mil habitantes transportando em caminhões pipa buscando água numa distância de 150 quilômetros.
Do blogue do Primo

TCE reforça a gestores importância de consultar cartilha sobre encerramento e transição de mandato

Com o objetivo de orientar os gestores públicos sobre o encerramento de seus mandatos, bem como otimizar a transição governamental, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN) disponibiliza a cartilha “Encerramento e transição de mandato”, com informações e orientações importantes para os gestores que estão encerrando seus mandatos. A publicação, elaborada pela Secretaria de Controle Externo (Secex), está disponível através do link http://goo.gl/4zxpk1.
O processo de encerramento de mandato exige do gestor público a adoção de diversas medidas de controle dos recursos públicos com vistas a garantir, ao final do exercício, o equilíbrio financeiro das contas, além da continuidade, a regularidade e a efetividade da prestação dos serviços públicos.
Fonte: Robson Pires

Cunha é preso em Brasília por decisão de Sérgio Moro

Do G1 PR e da GloboNews, em Brasília






O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso nesta quarta-feira (19), em Brasília, segundo a GloboNews. A previsão da Polícia Federal (PF) é a de que Cunha chegue a Curitiba no fim desta tarde. A prisão dele é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
Na terça (18), juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça, determinou a prisão de Cunha.
O G1 tenta contato com a defesa do ex-presidente da Câmara.
O peemedebista perdeu o mandato de deputado federal em setembro, após ser cassado pelo plenário da Câmara. Com isso, ele perdeu o foro privilegiado, que é o direito de ser processado e julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Processo

Cunha é acusado de receber propina de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. Na segunda-feira (17), Moro intimou Cunha e deu 10 dias para que os advogados protocolassem defesa prévia.
Como o STF já havia aceitado a denúncia, Moro apenas vai continuar o julgamento do caso, a partir de onde o processo parou na Suprema Corte.
O processo foi transferido para a 13ª Vara da Justiça Federal no Paraná após Cunha perder o mandato de deputado federal.
Junto com o cargo, ele também perdeu o direito à prerrogativa de foro - o chamado foro privilegiado, que lhe garantia a possibilidade de ser julgado apenas pelo STF.
Agora, toda a ação penal contra o ex-deputado deverá correr nos trâmites normais do Judiciário para qualquer cidadão. Isso significa que o julgamento contra Cunha poderá passar por todas as instâncias até que seja definida uma condenação.
No despacho em que recebeu a denúncia, Moro fez questão de lembrar que o MPF retirou a acusação de crime eleitoral contra Eduardo Cunha. O motivo, segundo o juiz, foi o fato de que a Justiça Federal não poderia julgar crimes eleitorais. Isso cabe apenas à Justiça Eleitoral.
Cláudia Cruz, mulher de Cunha, já responde por lavagem de dinheiro e evasão de divisas na Justiça Federal do Paraná. De acordo com as investigações, Cláudia Cruz foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido.
Cunha (Foto: Reprodução)
Adicionar legenda
Despacho de Sérgio Moro que autorizou a prisão de Eduardi Cunha (Foto: Reprodução)Quer saber mais notícias do estado? Acesse G1 Paraná.
Fonte: http://g1.globo.com/

domingo, 16 de outubro de 2016

Judiciário: um ponto fora da curva democrática


Roberto Amaral, em seu blog


Se o juiz, chame-se Moro ou Mendes, pode tudo, contra a lei e o direito, instaurou-se a lei da selva.
Em 2014 foi possível, na última instância, a eleição de Dilma Rousseff – uma vitória precária, saber-se-ia depois –, mas, com ela, elegeu-se um Congresso exemplarmente reacionário, em condições de reescrever o discurso da soberania popular ditado no pleito presidencial.
 
Fica para outra oportunidade a discussão sobre a distância ideológica do voto majoritário em face do voto para as casas legislativas. Desta feita, essas considerações se cingem a uma de suas consequências: a brutal perda de legitimidade e representação do Poder Legislativo, posta de manifesto em face do quadro real da sociedade brasileira, contrastando com sua composição.
 
Segundo o estudo Radiografia do Novo Congresso-Legislatura 2015-2019 (pp. 18 e segs.), do Diap, o perfil da atual Câmara dos Deputados compreende, entre outros, 200 empresários, 169 profissionais liberais, 30 servidores públicos, 23 professores, 15 policiais, sete bancários e cinco metalúrgicos.
 
Num universo de 513 parlamentares, 136 assalariados, mas 74 pastores evangélicos e 191 integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária-FPA. Esses números, por si sós, são a mais eloquente denúncia da absoluta ausência de representatividade do Congresso Nacional, explicam sua decadência ética, legislatura após legislatura, e explicam, finalmente, o papel desempenhado desde a eleição do correntista suíço para a presidência da Câmara e o último ato da comédia de erros e equívocos em que se constituiu o ‘julgamento’, pelo Senado, do impeachment afinal aprovado contra o mandato legítimo da presidente Dilma Rousseff, no episódio, ré sem crime.





 
Aliás, essa é a característica da nova ordem instaurada com o golpe continuado que teve suas primícias no espetáculo do dia 17 de abril deste ano, primeiro fruto da associação concertada entre a mídia monopolizada, o Congresso, o Poder Judiciário e o grande capital contra a ordem política até então vigente.
 
O Congresso eleito em 2014 (na mesma eleição que deu maioria à candidata Dilma Rousseff) assegurou o golpe de Estado, mas a instalação, como seu desdobramento, do Estado autoritário, via ditadura judicial, ou o golpe de Estado permanente contra a ordem democrática e constitucional, é obra militante do Poder Judiciário que se constitui, presentemente, em ‘ponto fora da curva’ do Estado de Direito democrático, tantas e seguidas são suas agressões à Constituição da República, cuja defesa é seu dever de ofício.
 
Não é irrelevante, para quem cultiva os princípios gerais do direito, que o Tribunal Regional Federal da 4ª região (Porto Alegre), para onde seguirão em grau de recurso as sentenças prolatadas pelo factótum da República de Curitiba, declare, em decisão acordada numa votação de 13 votos a 1, que em tempos excepcionais (e o que são ‘tempos excepcionais’?) as decisões judiciais não precisam observar as leis.
 
Se o juiz pode, a cada julgamento, criar o seu direito, a seu talante, o Direito simplesmente saiu de cena, e tudo o mais é possível e o que estamos a assistir é a um festival de absurdos que faz de Ionesco um aprendiz de dramaturgo. Se o juiz, chame-se Moro ou Moura, ou Gilmar Mendes, pode tudo, ou tudo pode, contra a lei e o Direito, jogaram-se às urtigas a segurança jurídica, sem a qual simplesmente não há Direito. É a legitimação da lei da selva.
 
Quando um juiz de primeira ou de qualquer instância comete um ilícito, e por esse ilícito, reconhecido pelo STF, não é punido, a mais alta Corte torna-se cúmplice dele. O Supremo declarou ilegais as gravações de conversa da presidente com o ex-presidente Lula que o juiz Moro tornou públicas. Que cumpria, então, ao STF, fazer? Oficiar à Procuradoria-Geral da República e ao CNJ dando ciência desse ilícito de quebra de sigilo. Nada foi feito.
 
Quando esse mesmo juiz, no recebimento de denúncia contra Luiz Inácio Lula da Silva, declara que, a partir dali, ‘regularmente processado’ o acusado teria condições de provar sua inocência, está agredindo tudo o que se concebe como Direito, pois, no Estado de Direito Democrático, não cabe ao acusado provar sua inocência, uma presunção, mas ao acusador provar sua culpa!
 
E assim, em um simples despacho, o juiz transforma a presunção de inocência em presunção de culpa! E fica tudo como dantes no Castelo de Abrantes! Porque o juiz – no caso juiz, investigador, promotor e julgador – não está só. Amparam suas costas largas a mídia irresponsável, a Polícia Federal e o Ministério Público, e, principalmente, dá-lhe respaldo o STF, quando, em dois julgamentos, decide fazer tábula rasa do princípio constitucional da presunção da inocência, e quando admite, contra o texto constitucional, a execução da pena de prisão antes de a condenação haver transitado em julgado, isto é, haver passado por todas as instâncias de apreciação.
 
O STF agride os fundamentos do Direito Penal dos países civilizados. Mostra-se, no século XXI, incapaz de entender as lições que o Marquês de Beccaria nos legou no seu clássico (geralmente leitura obrigatória dos calouros dos cursos de direito) Dos delitos e das penas, obra do século XVIII.
 
Pensando em punir adversários de hoje, pune a civilização, que tem na liberdade o maior dos direitos do homem, a ele só equiparável o direito à vida. A supressão da liberdade é o ultimo recurso de que deve lançar mão o Estado contra o indivíduo, pois os anos de cárcere não são recuperáveis, como não é recuperável a vida depois de executada a sentença de morte.
 
Que fazer com a liberdade perdida pelo condenado absolvido em terceira instância? Por isso mesmo é de um absurdo que brada aos céus a forma como a privação da liberdade, sem julgamento, banalizada, transformou-se em instrumento de suplício e tortura contra acusados ainda sem culpa, posto que são presos para que a culpa se estabeleça e os fatos de que eventualmente serão acusados finalmente sejam apurados.
 
Era assim nos tribunais dos tristes dias do stalinismo e dos famosos ‘Julgamentos de Moscou’, era assim, entre nós, no ‘Estado novo’, era assim nos anos de chumbo da ditadura: os adversários do regime ilegal são presos sem culpa formada, são condenados, e a seguir ‘processados’, mas tudo começa pela prisão.
 
Todos os arbítrios têm suas justificativas, sempre negadas pela História. Os muitos Savanarola das muitas inquisições se diziam enviados de Deus para purificar o mundo dos ímpios e dos infiéis, como Joana D’Arc, Giordano Bruno e Galileo. Já nos nossos tempos, Hitler pretendia salvar a raça ariana e Stalin livrar a pureza do comunismo das ameaças de seus adversários internos. Vargas precisava, depois de 1935, livrar o País dos comunistas e dos integralistas. A última ditadura militar prometia livrar o País da ameaça comunista e da corrupção. Sempre ela. Tudo cabia sob o guarda chuva de “crimes políticos”.
 
Hoje, jovens juízes e procuradores, sem cultura histórica, esmeram-se como os novos “salvadores da pátria” (de que os cemitérios de todo o mundo estão plenos), portadores de uma missão divina, sentem-se e agem como cruzados da modernidade. Para salvar o País da corrupção, tudo é permitido, mesmo a injustiça, a perseguição política, a derrogação dos direitos individuais tão penosamente conquistados pela civilização.
 
A judicialização da política se agrava com a partidarização da Justiça e quando procedimentos inconstitucionais não são detidos, como os do juiz Moro e os do inefável ministro Gilmar Mendes – “aquele que não disfarça” como muito bem precisou o jornalista Bernardo Mello Franco, a Justiça, última expectativa de segurança do cidadão comum, transforma-se em uma falácia.
 
Permanentemente impune, o ministro Mendes impregna de peçonha os seus pagos e agora transforma o TSE em tribuna para discutir parecer da Procuradoria-Geral da República que condena como inconstitucional a PEC 241 (aquela que congela os investimentos em saúde e educação) e assim meter seu incabível bedelho na discussão do mérito da emenda.
 
Em “nota técnica” assinada e divulgada por ordem superior por dois funcionários da casa, o TSE – que nada tem a ver com as discussões que se travam no Congresso, e sem ser chamado – discute o mérito da proposta e condena o que chama de irresponsabilidade fiscal de governos predecessores.
 
Referindo-se claramente à Procuradoria-Geral da República, dita a nota: “Não se afigura sequer razoável que instituições que se beneficiaram tanto e, portanto são sócias da irresponsabilidade, agora procurem fazer uma interpretação constitucional heterodoxa, contrária à história, para buscar, de modo egoísta, a manutenção de privilégios[…]”.
 
Para o procurador e jurista Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça, esses tristes dias de hoje lembram muito a visão de justiça nazista. Nossos juízes de hoje estariam simplesmente a repetir o que fazia Roland Freisler, presidente do Volksgerichtshof, o Tribunal Popular da Alemanha. Naquele então também se proclamava que “tempos excepcionais exigem leis excepcionais, tempos difíceis que exigiam juízes excepcionais, decisões excepcionais. Assim entre nós, no Tribunal de Segurança Nacional da ditadura varguista. Em 1964, para salvar a democracia, os militares nos premiaram com 20 anos de ditadura.
 
O Poder Judiciário brasileiro é um ponto fora da curva do Estado de direito democrático.

Fonte: Carta Maior