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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Para feministas, texto de Catherine Deneuve banaliza violência sexual

JOEL SAGET AFP
A feminista Caroline de Haas, autora do artigo em resposta ao manifesto, em uma fotografia de 2016
A feminista Caroline de Haas, autora do artigo em resposta ao manifesto, em uma fotografia de 2016


Em um artigo em resposta ao manifesto, escrito pela feminista Caroline de Haas e publicado no site da emissora de rádio France Info, as ativistas lamentam que essas mulheres “usem de novo sua visibilidade midiática para banalizar a violência sexual” e as acusam de “menosprezar de fato os milhões de mulheres que sofrem ou sofreram esse tipo de violência”. Elas não são as únicas que se surpreenderam. Também as mulheres políticas manifestaram sua estupefação com o manifesto contra o suposto puritanismo. Da secretária de Estado pela Igualdade, Marlène Schiappa, e ex-ministras, como a socialista Segolène Royal, criticaram tanto a forma como o conteúdo de um discurso “perigoso”.

“O estupro é um crime. Mas a sedução insistente ou desajeitada não é crime, nem a galanteria é uma agressão machista”, afirmaram no manifesto personalidades como a atriz Catherine Deneuve, a escritora Catherine Millet, a cantora Ingrid Caven, a editora Joëlle Losfeld, a cineasta Brigitte Sy, a artista Gloria Friedmann ou a ilustradora Stéphanie Blake, entre outras.

“Com esse texto, tentam voltar a lançar o manto de chumbo que tínhamos começado a levantar”, criticou Haas nesta quarta-feira. Para as feministas, as signatárias do manifesto, algumas delas “reincidentes em matéria de defesa de pedófilos ou de apologia ao estupro” — diz em referência a Deneuve e sua defesa do diretor Roman Polanski —, “misturam deliberadamente um ato de sedução baseado no respeito e o prazer com um ato violento”. Tudo isso quando “não se trata de uma diferença de gradação entre o flerte e o assédio, mas de uma diferença de natureza. A violência não é uma sedução aumentada”, adverte.

Uma posição apoiada pela responsável do Governo de Emmanuel Macron pela igualdade entre o homem e a mulher. Para Schiappa, no manifesto existem afirmações “profundamente inquietantes”, disse em uma entrevista à rádio France Culture. “Nós já temos dificuldade em fazer as jovens entenderem que, quando um homem esfrega seu sexo nelas do metrô, é uma agressão. Penso que é perigoso manter esse discurso”, advertiu a secretária de Estado, que já havia sido questionada nas redes sociais pela atriz e diretora italiana Asia Argento, uma das primeiras a denunciar o produtor norte-americano Harvey Weinstein e que manifestou sua indignação em relação ao manifesto das intelectuais e artistas francesas.

Perguntada sobre se havia assinado esse manifesto, uma das antecessoras de Schiappa, a ex-ministra dos Direitos da Mulher Laurence Rossignol, não hesitou: “Claro que não”, afirmou à rádio France Inter. Para a atual senadora socialista, o manifesto é uma “bofetada nas mulheres que denunciam a predação sexual” e reflete uma “concepção tradicional da sexualidade” e da “ordem moral tradicional” em que o homem assume o papel de “conquistador” e a mulher o de “submissa”.

Rossignol também ficou surpresa que uma das vozes do manifesto seja a de uma “mulher corajosa” como Catherine Deneuve, signatária do famoso Manifesto das 343, escrito em 1971 por Simone de Beauvoir a favor da legalização do aborto, lembrou. Um detalhe que também desgostou a ex-candidata presidencial socialista Ségolène Royal, que considerou “uma pena que uma grande dama como Deneuve tenha assinado esse manifesto” que “permite que os agressores justifiquem seus atos. Não é justo fazer algo assim”, disse à rede RTL. 



Por Silvia Ayuso no El País

A economia brasileira em 2018: agora vai?

 

O crescimento projetado para o PIB em 2017, mesmo que de apenas 1%, tem sido largamente comemorado por analistas consultados pelos meios de comunicação e saudado como indicativo do início da tão aguardada recuperação da economia após dois anos de recessão aguda.

Por Emilio Chernavsky*


Nessa visão, a recuperação se consolidaria em 2018, apoiada no aumento do consumo derivado da queda do desemprego e da baixa inflação, e na retomada dos investimentos resultante do aumento da confiança dos empresários, da queda nos juros e da expansão das concessões no setor de infraestrutura. A despeito de sua ampla difusão, tanto a avaliação positiva do que ocorreu em 2017 como a previsão otimista para 2018 são no mínimo questionáveis.

No caso de 2017, não apenas a expansão do PIB, “indício” da retomada, é extremamente baixa, especialmente considerando a base profundamente deprimida da qual partiu, como é o produto direto de três eventos singulares sem a ocorrência dos quais a avaliação seria totalmente diferente. 

Em primeiro lugar, a produção agropecuária no primeiro trimestre do ano apresentou um crescimento recorde que mais que compensou, sozinho, a queda acumulada na indústria e nos serviços ao longo desse e dos dois trimestres seguintes. 

Em segundo, o consumo das famílias, principal componente do PIB correspondendo a mais de 60% do total, recebeu o estímulo fundamental, no segundo e terceiro trimestres do ano, da liberação dos saldos das contas inativas do FGTS[1], proporcionando uma renda adicional a mais de 30 milhões de trabalhadores. 

Em terceiro, a estagnação da economia fez com que a inflação caísse mais que o esperado pelo próprio governo e pelo mercado financeiro[2], o que elevou o poder de compra dos salários e, assim, também estimulou o consumo[3]. 

Esses dois importantes impulsos não evitaram, todavia, que o crescimento do consumo das famílias em 2017 fosse pífio mesmo sucedendo a uma queda acumulada de mais de 7% nos dois anos anteriores, mas, em conjunto com a safra recorde, bastaram para evitar um terceiro ano seguido de recessão. Esta, portanto, de fato se encerrou, mas apenas graças aos eventos descritos que não se repetirão neste ano.

Com efeito, a economia não deverá contar em 2018 com um novo crescimento excepcional da safra agrícola nem com os impulsos ao consumo registrados no ano anterior, uma vez que a liberação do FGTS somente pode ocorrer uma única vez e a inflação não deve cair novamente. Quanto a esta, espera-se o contrário: dado que o recorde historicamente baixo em 2017 dificulta novas quedas, que a redução do preço dos alimentos em razão da safra recorde não se repetirá, e que o elevado nível de incerteza provocado pelo processo eleitoral tende a aumentar a volatilidade cambial afetando os custos e a induzir o comportamento defensivo dos formadores de preço adiantando os reajustes, a inflação em 2018 deve aumentar. 

Mesmo que a incerteza não se intensifique muito e o aumento da inflação seja contido – como hoje prevê o mercado –, os salários reais, fixados nas negociações anuais de modo a repor uma inflação passada mais baixa que a corrente, ao invés de subir, como em 2017, deverão cair ao longo do ano, e mais ainda no segundo semestre. 

A reforma trabalhista, facilitando a contratação de trabalhadores em jornadas parciais, deve contribuir para esse resultado. Ainda, a alardeada redução da taxa de desemprego que, ao melhorar a posição do trabalhador no mercado, poderia evitar a queda nos salários, dificilmente o fará enquanto se apoiar, como foi o caso majoritário nos últimos meses, na conversão de desempregados em empreendedores informais com baixos rendimentos e condições de trabalho precárias. Com os salários caindo, dificilmente o consumo das famílias crescerá significativamente em 2018.

Com o consumo estagnado, por maior que seja a simpatia do empresariado pelas políticas já implantadas pelo governo e pelas que promete implantar, e por mais que os juros alcancem patamares historicamente baixos (embora ainda excepcionalmente elevados em comparações internacionais), dificilmente investimentos que não aqueles absolutamente indispensáveis para manter as empresas funcionando serão realizados. Com a demanda por bens e serviços fraca e incerta, e a despeito das promessas feitas antes mesmo do início do governo Temer[4], poucas empresas investirão para expandir uma capacidade produtiva que provavelmente se mostrará ociosa por período prolongado. 

Logo, dificilmente as previsões apontando uma expressiva retomada dos investimentos se mostrarão acertadas. As concessões no setor de infraestrutura, por sua vez, que têm sido objeto de grandes esperanças, vem avançando muito menos do que o esperado e se restringido basicamente à transferência ao setor privado de ativos pré-existentes, sem ou com mínimas exigências de novos investimentos, o que dificilmente mudará em um ano carregado de incertezas como 2018. Tampouco parece razoável, portanto, esperar daí um impulso ao crescimento.

Finalmente, o possível estímulo à economia advindo da expansão dos gastos do governo se vê bloqueado pela continuidade da crise fiscal, resultante principalmente do desabamento das receitas públicas desde 2015 no contexto recessivo, e enfrentaria impedimentos legais e constitucionais estabelecidos pelo teto aos gastos públicos, pela regra de ouro e pela LDO para 2018. A tentativa de ajuste das contas públicas em meio à estagnação deve gerar, ao contrário, uma pressão negativa na economia.

Mesmo com essa pressão, o PIB brasileiro provavelmente crescerá em 2018, inclusive acima da pífia expansão de 2017. Isto não deve, entretanto, motivar muitos festejos, já que além de reduzida, a expansão se dará sobre um produto que é quase 17% inferior ao que seria, caso tivesse avançado nos três últimos anos ao ritmo médio registrado entre 2003 e 2014[5]. 

Além disso, com os salários em retração e o consumo estagnado, os investimentos travados pela fraqueza da demanda e pela incerteza reinante, e com a política fiscal restritiva, não há razões para apostar que essa expansão dará início a um processo de crescimento sustentado, necessário para reduzir a crise social hoje em curso. Isto sim, com o aumento do desemprego de longa duração, a redução da renda familiar e a precarização do trabalho, o corte nas transferências de renda e a deterioração dos serviços públicos, essa crise deve se agravar. 

Não obstante o otimismo dos analistas quanto à retomada, e mesmo o entusiasmo de alguns que apontam a recuperação da economia como elemento chave a favorecer os candidatos apoiados pelo governo nas eleições de outubro, dificilmente ela virá, e, em um cenário de elevada incerteza quanto ao futuro, a vida da maior parte da população nos próximos meses deve continuar a piorar.

[1] Estes saldos correspondem a pouco menos que 0,7% do PIB do país, o que torna o efeito de sua injeção na economia decisivo.

[2] No início de janeiro, a inflação (IPCA) prevista para 2017 pelo boletim Focus do Banco Central era de 4,8%.

[3] A queda da inflação gerou também alguma folga na execução dos orçamentos públicos, elaborados no ano anterior com a previsão de receitas para 2017 inflada pela inflação prevista maior.

[4] “(O efeito nos investimentos) seria instantâneo. Bastaria uma troca da sinalização” http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160324_riachuelo_flavio_rocha_partido_novo_rc_if

[5] Nessa situação, a mera ocupação de uma parte mesmo pequena da capacidade produtiva hoje ociosa tende a produzir uma taxa de crescimento positiva.

*Emilio Chernavsky é doutor em Economia pela USP 

Pré-candidatura de Maia deve ser oficializada em convenção do DEM

 
Ueslei Marcelino/Reuters


Maia aumentou a sua movimentação na tentativa de construir alianças para pleitear uma vaga na disputa. Mantém conversas com PP, Solidariedade, PSD, PR, PRB, PSDB e até com parte do MDB, de Michel Temer.

Tentando demonstrar força e vitaminar o nome de Maia, Efraim Filho disse que o nome de Maia é "ideal", mas que a legenda vai aguardar a convenção para dar espaço para todos se posicionarem.

Efraim ainda aproveitou para cutucar os tucanos, velhos aliados de chapa. "O grande trunfo que temos é a coesão interna. Diferentemente de outros, como o PSDB, o DEM levará um candidato de consenso à corrida eleitoral", disse o deputado em entrevista ao correio Braziliense.

Ele disse que os tucanos até hoje divergem entre Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como a melhor escolha para representá-los.

Utilizando a estratégia adotada pelos partidos da direita conservadora de se dizer "alternativa de centro", Efraim disse que a possível candidatura de Maia é um nome, mas um conceito.

"Maia acompanha todos os desdobramentos e entende que a candidatura dele não é de um nome, mas de um conceito. A ideia é ter alguém de centro, agregador, que seja capaz de unificar o país e atravessar esse clima de instabilidade", disse Efraim. 

ACM Neto foi mais longe. Após encontro com Maia e o governador Paulo Hartung (MDB-ES), disse que o capixaba seria o vice na chapa de Maia.

Temer

Em entrevista o Estadão, Michel Temer disse que a movimentação de Maia era muito boa para a sua reeleição como presidente da Câmara. Ele também disse que Alckmin era o candidata ideal para 2018 e que prefere que Henrique Meirelles - ministro da Fazenda que já demonstrou interesse em se candidatar pelo PSD - quietinho na equipe econômica do governo.

Nos últimos dias, as divergências entre Maia e Meirelles ganharam as manchetes demonstrando a rivalidade que existe nos bastidores. 


Do Portal Vermelho, com informações de agências