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sábado, 7 de abril de 2018

Prisão de Lula: Direito e luta de classes

A ordem de prisão contra Lula representa o acirramento da luta de classes no Brasil.

Por José Carlos Ruy

Em seu voto no julgamento do pedido de Habeas Corpus de Luís Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (4), o ministro do STF Ricardo Lewandowski afirmou (lamentou, seria mais apropriado dizer) que o direito de propriedade é elevado a um patamar superior ao direito de liberdade.

Ele tem razão. E, talvez involuntariamente, reconheça que, numa sociedade dividida em classes e baseada na propriedade privada, este direito seja fundamental.

O que o Brasil assiste em nosso tempo é um acirramento da luta de classes, desde o golpe de Estado de 2016, conflito que se manifesta fortemente no campo do direito. Esfera superestrutural fundamental do sistema capitalista, neste campo as disputas básicas em torno da apropriação privada da riqueza social, se manifesta com força decisiva. 

O campo do direito sempre foi restritivo, em defesa da legalidade burguesa e do direito de propriedade, como reconhecem os autores clássicos do marxismo. É no campo jurídico que são decididas as questões decisivas da sociedade capitalista. Marx, na Crítica ao Programa de Gotha (1875) ensina que o direito tem caráter de classe – é direito burguês, sendo “portanto, um direito da desigualdade, pelo seu conteúdo, como todo o direito”. Lênin, em O Estado e a Revolução (1917) segue na mesma linha. O limite da democracia burguesa é o “estreito marco da exploração capitalista” e, por isso, é o governo da minoria, das classes possuidoras, “só para os ricos”. E deixa à margem a maioria da população.

O sistema jurídico de um país decorre das relações de propriedade vigentes. Segundo o principal teórico marxista do direito, o soviético Eugênio Pasukanis, “o caminho que vai da relação de produção à relação jurídica, ou relação de propriedade” é curto, e passa por um “elo intermediário: o poder de Estado e suas normas.”

No Brasil, este curto caminho entre as relações de propriedade e as relações jurídicas é o círculo de ferro que impede a consolidação da democracia, da incorporação das massas ao protagonismo político, é o caminho da oposição conservadora às mudanças políticas e sociais – por limitadas que sejam – que ameacem a hegemonia das classes proprietárias que se julgam proprietárias do país, cujo poder de Estado está em suas mãos e controla, os recursos públicos impondo regras políticas pouco democráticas e leis trabalhistas draconianas para submeter os trabalhadores à ganância do capital.

A ordem de prisão contra Lula tem este sentido – o da defesa da ordem política e social conservadora, ameaçada pelo forte apelo popular do ex-presidente. 

A classe dominante conservadora investe contra o símbolo representado pelo mais popular ocupante da presidência da República, sob cuja influência direta o Brasil viveu o mais longo período democrático de sua história, com forte protagonismo popular. A classe dominante se insurge contra aquele que significa e representa o sonho do avanço democrático e de mudanças econômicas e sociais que imagem representa. 

Imagem que a direita se esforça para destruir. Mas que pode se transformar em seu pesadelo – o pesadelo da transformação, pregada por Lula em seu discurso do dia 7 de abril, de seus milhões de apoiadores em outros tantos Lulas sonhando o mesmo sonho de um país livre, soberano e desenvolvido, com seu povo de cabeça erguida enfrentando os desafios do futuro.

 Do Portal Vermelho

Gleisi: Globo é o inimigo que temos de combater

Após a fala histórica do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo, neste sábado (7), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do PT, teceu duras críticas à Rede Globo, a quem responsabilizou pela escalada do ódio no país.


“Você é responsável pelo ódio que semeou neste país e você irá colher o que plantou”, disse. Ela afirmou ainda que a Globo é quem conduz o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade e condenou o ex-presidente Lula à prisão sem provas, num tribunal de exceção.

“A Globo é o inimigo que temos que combater”, afirmou. Gleisi disse ainda que haverá mobilização permanente em Curitiba. “Vocês não sabem a encrenca em que se meteram”, avisou. “Começou a nossa grande campanha por Lula livre”, conclamou.

 Do Portal Vermelho, com Brasil 247

Lula pede ao povo que continue luta: "Milhões de Lulas vão nascer"

 
Ouvem-se cochichos, parece que Lula está para chegar. Todos querem vê-lo, tocá-lo, se aproximar do ex-presidente que tirou mais de 36 milhões de pessoas da pobreza. A presença do maior líder vivo da América Latina é magnética, por onde ele passa leva cordões atrás de si. Consciente desta força de mobilização, Lula anunciou na manhã deste sábado (7) que vai se apresentar à Justiça. “Quanto mais tempo eles me mantiverem preso, mais Lulas nascerão”, disse ao se retirar do ato. 

Por Mariana Serafini


Sob gritos de "somos todos Lula” o ex-presidente saiu carregado pelos braços do povo para cumprir a ordem de prisão do juiz Sérgio Moro. Um misto de choro e coragem tomou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, palco da resistência. “Vou cumprir o mandato, e vocês vão ter que se transformar em Lulas e vão andar por este país fazendo o que precisa ser feito. Eles têm que saber que a morte de um combatente não para a revolução”. 

Assim que Lula anunciou sua decisão, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, convocou a militância para se concentrar em Curitiba e dar início a uma vigília permanente em defesa do líder petista. “Vamos ocupar Curitiba, vamos ocupar a Praça dos Três Poderes, porque a luta está só começando", disse. 

Lula não titubeou ao responsabilizar a grande imprensa pelo seu julgamento arbitrário. Denunciou as horas e horas de Jornal Nacional, e as incontáveis capas de revistas e jornais que o atacaram ao longo de sua trajetória. “Com isso, o juiz Sérgio Moro justificou que precisava me condenar porque estava ouvindo a opinião pública. Se quer ouvir a opinião pública que largue a toga". 

“Quando se faz julgamento subordinado à imprensa, se destrói a pessoa perante a sociedade, mas quanto mais eles me detonam, mais aumenta minha relação com o povo brasileiro", disse o dirigente que encerrou o ato político extremamente emocionado. A decisão de Lula foi anunciada após uma celebração religiosa em homenagem à sua esposa, a ex-primeira-dama Marisa Letícia. 

Convicto de que a decisão de Moro é arbitrária e injusta, Lula exigiu provas e afirmou que seu maior crime foi ter tirado milhões de pessoas da pobreza, ter acabado com a mortalidade infantil, ampliado as vagas nas universidades públicas e criado novos institutos de educação superior, entre outras políticas públicas implementadas ao longo de seus 8 anos de governo. 

O cenário de tristeza e coragem que se instalou após o ato parece ter sido previsto pelo poeta russo Maiakovski, “Não estamos alegres, é certo, mas também por que razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história é agitado". Lula pode estar atrás das grades, mas do lado de cá, cabe a cada um que acredita num mundo mais justo enfrentar estar tormenta.


Fonte:  Do Portal Vermelho