ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65
CAMPANHA MOVIMENTO 65

terça-feira, 19 de junho de 2018

Projeto de desenvolvimento deve enfrentar questões de gênero e raça

 
Foto reprodução

O 4º Salão do Livro Político, realizado no Tucarena (PUC), em São Paulo, nesta segunda-feira (18), promoveu uma mesa de debate com presidenciáveis que apontaram os seus livros de cabeceira.


Na abertura da mesa, foi feita uma homenagem à vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março. Sua irmã, Anielle Silva, estava presente e agradeceu a solidariedade. “Ainda não estamos prontos para falar sobre nossa tragédia. Mas sabemos da importância de momentos como este”, afirmou.

Mediada pelo jornalista Renato Rovai, da revista Fórum, a pré-candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, destacou a importância das editoras independentes para o fomento de produção de obras que ajudam a construir o pensamento político. Para ela, o esforço feito pelas editoras independentes precisa ser fortalecido no país para que “mais obras relacionadas à construção do nosso pensamento, das nossas ideias e do nosso projeto para o país sigam circulando, fazendo com que novas pessoas pensem, reflitam e se engajem nesse projeto de transformação que o país precisa”.

Manuela fez questão de trazer ao debate obras que demonstram a importância da questão de gênero e raça para o desenvolvimento de um país. “Selecionei algumas leituras que mudaram muito a minha perspectiva e que fazem a gente refletir sobre algo que muito importante no Brasil e no mundo de hoje. A construção de um projeto nacional de desenvolvimento que enfrente duas questões que estruturam a desigualdade em nosso país: as questões de gênero e de raça”, frisou Manuela.

Para a pré-candidata, o Brasil não pode pensar um projeto nacional de desenvolvimento sem que perceba que as mulheres, os negros e negras – que compõem a maior parte da população –, estão “alijados da construção desse desenvolvimento”.

Ela citou obras como Mulher, Estado e Revolução, de Wendy Goldman, e A Mulher Habitada, da nicaraguense Gioconda Belli. “Me instiga por ser uma escritora maravilhosa, mas também por ser uma guerrilheira”, enfatizou.

Outra escritora citada por Manuela foi a inglesa Virginia Woolf, apontando o artigo “Profissões para mulheres”, escrito em 1931. Manuela contou que Virginia Woolf escreveu o artigo para um grupo de mulheres trabalhadoras, para abordar o poema de Patmore e a necessidade de matar o que ela chama de “anjo do lar”, que apenas obedece e cumpre as suas funções domésticas como mulher. No artigo, ela afirma que todas as mulheres possuem esse tal anjo dentro de si e que, para uma vida saudável é preciso combatê-lo.

Misoginia e o golpe

Manuela apontou que o golpe de 2016 contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff é uma demonstração de como a questão de gênero é estrutural. 

“O golpe que nós vivemos, que é inconstitucional e antidemocrático, tem a narrativa popular baseado na misoginia machista. O que diziam para justificar o golpe: que a Dilma não era capaz de enfrentar a crise, era a Dilma mal-amada, a mulher que gritava diante de homens calmos, sensatos e ponderados”, lembrou Manuela, que também é deputada estadual pelo Rio Grande do Sul.

“Quando a gente pensa no golpe precisamos pensar que é um projeto antibrasileiro, que partiu de um impeachment sem crime de responsabilidade, mas a legitimidade social desse golpe partiu da ideia de que a Dilma era incapaz de superar a crise econômica do Brasil. Na ideia de que as mulheres precisam abraçar o seu ‘anjo do lar’ e não enfrentá-lo”, comparou Manuela.

A mesa também contou com a pré-candidata pelo PSTU, Vera Lúcia, que salientou que o seu primeiro contato com a leitura política foi quando trabalhava em uma fábrica, onde tornou-se costureira de sapatos, e leu o Manifesto Comunista, de Marx e Engels. Para ela, os conceitos de internacionalização da luta da classe trabalhadora e do Estado marcaram a sua vida.

Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi representado pelo presidente da Fundação Perseu Abramo e economista Marcio Pochmann. Lula, que está preso desde o dia 7 de abril, enviou uma carta que foi lida por Pochmann durante o debate. “Espero que a Constituição seja o livro de cabeceira de todos neste momento”, frisou o ex-presidente, que foi condenado e preso num processo irregular e de violações aos direitos e garantias individuais.

Pochmann afirmou que Lula tem feito uma “leitura mais sistemática a respeito do Brasil” e citou livros que Lula leu no último período, como a trilogia do jornalista Lira Neto sobre Getúlio Vargas. Na carta lida pelo economista, Lula citou a oposição sofrida por Vargas contra a legislação trabalhista, a criação da Petrobras e da Eletrobras, que foram as bases do desenvolvimento industrial e tecnológico do país. “Hoje enfrentamos de novo forças que não querem a democracia, o desenvolvimento, a soberania e a inclusão social”, diz Lula em outro trecho da carta.

O pré-candidato pelo Psol, Guilherme Boulos, foi convidado mas não compareceu.


Do Portal Vermelho, Dayane Santos

Propaganda de Temer admite: "Está todo mundo endividado e sem grana"

 

A equipe de marketing de Michel Temer divulgou vídeos nas redes sociais para tentar ressuscitar a imagem do governo enterrado com índices recorde de impopularidade.

Por Dayane Santos


Em um dos vídeos, um ator inicia dizendo: “Tá reclamando do governo? Achando tudo ruim? Então assista esse vídeo”. Em seguida, o ator volta com outra indagação: “Por que o governo diz que as coisas estão melhorando e eu não vejo?”.

Ele continua afirmando que Temer pegou o país no “caos” e justifica que as pessoas não perceberam a melhora porque a situação era muito crítica. Contraditório, pois se era crítica a situação e o brasileiro estava no fundo do poço qualquer melhora seria sentida pela população rapidamente. 

Mas as contradições da peça de propaganda não param. Ao mesmo tempo que o ator afirma que a situação melhorou e a inflação baixou, diz que “todo mundo ainda está endividado e sem grana para poder comprar as coisas”. E ainda ironiza: “Por acaso está sobrando algum dinheiro por aí?”.


Menores juros da história? Inflação baixa? E por que não sinto isso? Assista e descubra.


O vídeo segue com a narrativa de melhora e diz que o governo criou dois milhões de empregos. “Sim, ainda falta milhões”, admite. Precisamente faltam pelos menos 13 milhões de empregos, já que este é o número de desempregados. Vale destacar que, quando Temer assumiu, o desemprego atingia 11 milhões de trabalhadores. 

O ator diz ainda que “está todo mundo cansado” pelos anos de crise e que Temer chegou para resolver o problema, “mesmo que isso gerasse a tal da impopularidade”. “O tratamento é assim mesmo: lento, amargo”, avisa.

“Por isso, todo mundo fica irritado e impaciente mesmo, porque já está todo mundo cansado com todos esses anos de crise. Era uma batata quente de um lado para o outro, mas alguém tinha que resolver, mesmo que isso gerasse a tal da impopularidade”, diz o ator.

Desde que assumiu o poder com um golpe que deu contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, do qual era vice, Michel Temer amarga altos índices de rejeição nas pesquisas de opinião. No último levantamento feito pelo Datafolha, Temer foi considerado ruim ou péssimo por 82% dos entrevistados e apenas 3% consideraram o governo bom ou ótimo.

Sem legitimidade, Temer tenta criar a falsa ideia de que suas medidas só terão efeito quando sair do governo. Mas os brasileiros não acreditam nesse conto da carochinha. De acordo com a pesquisa Datafolha, 72% dos entrevistados consideram que a situação do país piorou, contra apenas 6% que acreditam na melhora.

Com isso, a perspectiva do brasileiro também é negativa, batendo recorde. Os que afirmam que a situação vai piorar nos próximos meses somam 32%, contra 26% dos que acreditam em melhora da economia.

Se o vídeo da equipe de comunicação de Temer tem como objetivo de melhorar a imagem do governo, certamente o efeito será o inverso. A peça publicitária é um retrato desatroso do governo que o marqueteiro Elsinho Mouco não consegue usar as técnicas de publicidade para vender.

Depois de virar piada ao criar o slogan “O Brasil voltou, 20 anos em dois”, que tentava defender o suposto avanço das medidas de Temer, as peças prometem ser mais um desastre de comunicação e virar piada nas redes.

“Se vamos sentir os efeitos dessa gestão só no futuro, eu já estou triste pelo que as atuais gerações e as próximas vão passar”, comentou um internauta.

“Enganar o povo é a política deste governo infernal”, disse outro.


Do Portal Vermelho