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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

BRASIL: Diógenes Júnior: A radicalização da democracia na medida certa

 

Zeitgeist é um vocábulo alemão cuja tradução literal significa espírito da época, espírito do tempo ou sinal dos tempos. Zeitgeist pode ser definido também como um conjunto de circunstâncias, o clima intelectual e cultural de um determinado lugar numa determinada época, as características peculiares de um determinado período de tempo.

Por Diógenes Júnior, especial para o Portal Vermelho e Jornalistas Livres


Como eu houvera dito anteriormente aqui, o governador do Estado de São Paulo e seu secretário de Educação — Herman Jacobus Cornelis Voorwald — têm promovido um ataque implacável contra a Educação, e o propósito desse ataque é o desmonte para posterior privatização do Ensino Público Estadual.

Uma matéria de Karen Marchetti para o ABC Maior, publicada no Viomundodá conta de que Geraldo Alckimin tem a intenção de reduzir em 2 bilhões o orçamento para a Educação do Estado de São Paulo em 2016.

Baseando-me nessa premissa faz mesmo todo sentido o governador praticar políticas absurdas e autoritárias, ficando bem claro que seu objetivo é desvalorizar a carreira dos professores, desestimular o ingresso de novos quadros na rede pública do Estado, aumentar o número de alunos dentro de uma mesma sala de aula, fechar unidades escolares e com isso precarizar ao máximo possível todo o Ensino Público.

Só que ele não contava com a força, a determinação e o poder de mobilização de uma juventude a qual ele sempre tentou criminalizar.


Criar, criar, poder popular!

Sem saber, Geraldo Alckmin acabou criando as condições ideiais para que oZeitgeist — o espírito do tempo — entrasse em ação, possuindo os corações e mentes dos jovens em uma luta contra o autoritarismo e pela manutenção de seus direitos poucas vezes vista na história de São Paulo.
Os jovens estudantes, dando um magnífico exemplo de organização e coragem, radicalizaram a democracia como há muito tempo não se via.

Já são mais de 83 escolas ocupadas em todo o Estado de São Paulo.

Contando com o apoio de ex-alunos, muitos deles pais de estudantes nessa mesma luta, o movimento só cresceu.

Parte da população, sensibilizada pela coragem dos alunos e a importância dessa luta, e com a percepção de que os alunos realmente estão fazendo a coisa certa, passou a contribuir com alimentos, além de materiais de higiene e limpeza.

Outros apoios importantes devem ser registrados: o MTST — Movimento dos Trabalhadores sem Teto doará 1000 litros de leite, 500 litros de suco de uva e 1000 caixas de achocolatado para os estudantes em luta.

A Ubes — União Brasileira dos Estudantes Secundaristas também declarou seu apoio ao movimento, assim como uma parcela considerável de professores da rede pública estadual também declarou seu apoio e participou de algumas ocupações.

E não há a menor demonstração por parte dos estudantes de que eles cederão ou abrirão mão de seus direitos, muito pelo contrário.

A luta dos estudantes contra os vários Golias

Boa parte da mídia tradicional faz clara oposição ao movimento de ocupação das escolas pelos estudantes, usando a sempre covarde tática de noticiar as ocupações como se fossem “invasões”.
No último dia 19, numa provável “tabelinha” com o governador a Folha de São Paulo, jornal que é useiro e vezeiro em publicar notícias falsas disparou a falsa notícia de que a reestruturação das escolas imposta por Alckimin estaria suspensa.

Ficou evidente que a notícia tinha como propósito desmobilizar os alunos, fazendo com que comemorassem antecipadamente uma vitória que de fatoainda não existia.

As duas correções da notícia feitas posteriormente por aquela Folharatificam o propósito nefasto do jornal.

Contra os estudantes há também a truculenta polícia militar sob o comando direto do governador.
Tristemente célebre por seus antecedentes de desrespeito aos direitos civis, a Polícia Militar do Estado de São Paulo é aquela polícia que até por ser militar sempre está preparadíssima para a guerra, mas totalmente despreparada para participar ou mesmo entender o que é uma democracia.

Em pelo menos três escolas a truculenta milícia, a despeito da falácia de seu comandante em chefe — que houvera dito que “não usaria a PM” — fez uso da violência com a qual costuma lidar cotidianamente com cidadãos indefesos, desarmados e lutando por seus direitos.

O que se viu nas escolas Sylvia Ribeiro, na cidade de Marília, Professora Francisca Lisboa Peralta em Osasco e Professora Maria Petronila Limeira dos Milagres em Santo Amaro, São Paulo foi ataques com spray de pimenta, agressões físicas, intimidação e prisões arbitárias sem fundamento algum.

A molecada de São Paulo batendo um bolão. A escola é deles e o orgulho é nosso!

Nada disso intimidou os estudantes, fortalecidos com o espírito do tempo, inabaláveis.

São meninos e meninas que não escolheram o atalho do mais fácil, antes escolheram lutar pela manutenção e até mesmo pela ampliação de seus direitos como cidadãos.

São meninos e meninas que têm a convicção de que só há saída na política, e que tudo é política.
São meninos e meninas que ousaram lutar e ousaram vencer.

Que diferença fará essa geração de jovens em nossa sociedade!

Mais que defender a manutenção de um direito — o direito constitucional inalienável que lhes está sendo negado, a Educação — esses meninos e meninas estão nesse exato momento escrevendo uma linda página na história do país, pavimentando a promessa de uma revolução que continuará em curso, a construção de um novo mundo e de uma nova sociedade, onde a radicalização da democracia e a participação popular nas decisões governamentais serão cada vez mais intensas.

Foi pensando na chegada de meu primeiro filho, (que virá ao mundo em junho do ano que vem) com profunda admiração e muito orgulho dessa molecada que escrevi esse artigo, uma pequena homenagem aos jovens guerreiros resistentes em São Paulo — Zeitgeists - desejando que, como eles, meu filho(a) também escreva uma linda história de luta e de vida.

*Diógenes Júnior é estudante de Ciências Sociais, pesquisador independente, militante do PC do B, ativista dos Direitos Humanos e Jornalista Livre.

BRASIL: Morre aos 90 anos líder guerrilheira Zilda Xavier Pereira

Morreu neste domingo (22), em Brasília, Zilda Xavier Pereira, militante contra a ditadura civil-militar que integrou o comando da Ação Libertadora Nacional, maior organização guerrilheira do país. “De Zilda ficará em nossa memória o exemplo de mulher generosa e de coragem, obstinada a construir um Brasil de liberdade, soberano, mais justo e igualitário”, disse a presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos, pernambucana como Zilda. 



Zilda, que completava 90 anos neste domingo, foi companheira do revolucionário Carlos Marighella, assassinado por policiais comandados por Sérgio Fleury, aos 56 anos, em 1969, na capital paulista. Seus filhos Iuri e Alex Xavier Pereira, também guerrilheiros, foram assassinados por agentes da ditadura. 

Luciana Santos lembrou ainda que Zilda Xavier foi uma das principais dirigentes da Ação Libertadora Nacional. “Mulher à frente de seu tempo, foi dirigente da Liga Feminista da Guanabara.”, destacou ainda a dirigente comunista.

Filha de pai ferroviário e mãe dona de casa de origem camponesa, Zilda Paula Xavier Pereira nasceu no Recife em 22 de novembro de 1925. Na manhã deste domingo, 22 de novembro de 2015, Zilda faleceu.

O sepultamento está marcado para as 15 horas desta segunda-feira (23) no Campo da Esperança, em Brasília.h.

História de vida

Em maio de 1945, recém-chegada ao Rio, Zilda incorporou-se ao Partido Comunista. No finzinho de janeiro de 1970, prenderam Zilda no Rio. "Torturaram-na à exaustão, e nenhuma informação lhe arrancaram - a leitura do seu depoimento no Exército emociona até almas brutas", diz Mário Magalhães, biógrado de Carlos Marighela em seu blog.

“No futuro, ela diria que guardou seus segredos para honrar a memória de Marighella: “Eu via o Marighella na minha frente. Pensava: 'Carlos Marighella não é homem para ser traído, eu jamais trairei Carlos Marighella'', conta Magalhães.'

Com ajuda de companheiros e amigos, Zilda escapou do hospital em que a haviam internado, depois da simulação de surto de insanidade. Ela viajou para o exílio, de onde voltaria somente em 1979.

Quando Zilda estava fora do Brasil, a ditadura matou Marighella e seus dois filhos, Alex, de 22 anos e Iuri, de 23. 


De Brasília
Márcia Xavier, com agências