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terça-feira, 8 de maio de 2018

Anamatra: reforma trabalhista vale para novos contratos e aplicação deve respeitar Constituição


O 19º Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), encerrado neste sábado (5), em Belo Horizonte, reuniu 90% dos juízes trabalhistas de todo o país e aprovou 103 encaminhamentos jurídicos que servirão de orientação aos tribunais brasileiros.
O evento divulgou suas diretrizes apenas um dia depois de repercurtir na mídia uma velada ameaça do ex-presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, de que a Justiça do Trabalho iria desaparecer se os juízes não respeitassem a reforma trabalhista.
O fato motivou um abaixo assinado com mais de 1,5 mil assinaturas de magistrados, advogados, servidores e políticos, entre eles o ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, e os juízes Jorge Luiz Souto Maior e Valdete Souto Severo.
Entre as principais decisões aprovadas no encontro, estão orientações que contrariam frontalmente a reforma trabalhista:
1) A Lei nº 13.467/2017, relativa à reforma trabalhista, não pode ser aplicada aos processos ajuizados antes de 11 de novembro de 2017
2) A reforma deve ser aplicada de acordo com a Constituição Federal e as convenções e tratados internacionais
3) Os juízes do Trabalho, em suas decisões, não podem ser tolhidos na sua livre convicção motivada.
A Plenária aprovou 103 de um total de 111 encaminhadas pelas comissões. O evento tem cunho deliberativo e vincula a atuação política da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), que representa mais de 90% dos juízes trabalhistas em todo o Brasil.
A decisão é importante por que as teses aprovadas nos congressos da Anamatra servem de guia para as decisões dos tribunais pelo país. 
"Os juízes poderão deixar de aplicar os dispositivos da reforma trabalhista que consideram inconstitucionais. Estas decisões não serão estendidas a todas as pessoas, mas se aplicarão a cada processo", afirma o assessor jurídico da CTB, Magnus Farkatt. 
Contribuição sindical
Questões ligadas ao Direito Sindical também foram discutidas no evento, tendo a Plenária aprovado, por exemplo, tese que entende inconstitucional a supressão do caráter obrigatório da contribuição sindical do artigo 579 da CLT, porque lhe retira a natureza tributária, o que só poderia ser feito por lei complementar (e não ordinária, com é a lei da reforma trabalhista). 
Os magistrados decidiram que o regime de sucumbência em honorários advocatícios não pode ser aplicado aos processos ajuizados anteriormente à vigência da Lei; que os créditos trabalhistas não podem ser atualizados pela TR (taxa referencial); que não está de acordo com a Constituição Federal exigir do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, o pagamento de custas para ajuizamento de nova ação em caso de arquivamento da anterior.
Justiça gratuita
Além disso, o autor de ação, que esteja desempregado, tem direito à justiça gratuita, não importando o valor de seu último salário; que  é inconstitucional que o crédito trabalhista seja utilizado para pagamento dos honorários dos advogados da reclamada; entre outras várias questões.
Aprovou-se, também, tese pela qual se entende inconstitucional qualquer norma que blinde o conteúdo dos acordos e convenções coletivas de trabalho da apreciação da Justiça do Trabalho, inclusive quanto à sua constitucionalidade, convencionalidade, legalidade e conformidade com a ordem pública social; e, da mesma forma, a que denuncia como autoritária e antirrepublicana toda ação política, midiática ou administrativa que impute ao juiz do trabalho o “dever” de interpretar a Lei nº 13.467/2017 de modo exclusivamente literal.
Na avaliação do presidente da Anamatra, Guilherme Feliciano, foi o um sucesso de crítica e de público, o que se explica pela especialmente por conta da necessidade da Magistratura do Trabalho fixar teses a respeito da reforma trabalhista. “A programação cientifica foi de excepcional qualidade, suscitando a reflexão crítica e o debate dogmático de diversos aspectos relacionados à carreira da Magistratura à reforma trabalhista – aspectos dimensões materiais e processuais – e à própria reforma da Previdência Social”, lembrou.
Feliciano também menciona o prestígio institucional, o que se revela, entre outros fatores, pela presença de senadores e deputados que são atualmente referências políticas no plano político nacional, assim como a indispensável presença do futuro presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli . “Tudo no seu lugar, e todas as ideias postas e contrapostas, todos dialogando em perfeita harmonia e unidade. Essa é a Magistratura do trabalho e seguirá sendo”, pontuou.
Portal CTB com informações da Anamatra

Adilson Araújo, presidente da CTB, participa de plenária do Sindicato dos Condutores


Na tarde desta segunda-feira (7), o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, se juntou à plenária que elegeu a comissão que irá tocar o processo de eleição do Sindicato dos Condutores de São Paulo.
Em discurso, ele destacou a atuação do sindicato na preservação dos direitos dos trabalhadores e na resistência democrática. "É no sindicato que o trabalhador tem a sua representação. Neste espaço não cabe quem faz opção pela carreira solo. Aqui é o universo daqueles que lutam".
O dirigente também convocou unidade na esquerda e nos movimentos sociais e sindical para enfrentar o retrocesso:  "Não existe neste cenário a possibilidade de uma alternativa para se contrapor à ofensiva da direita que não seja construída por nós"

"Para metade dos brasileiros, impeachment foi golpe", diz pesquisa

 

Dois anos após o impeachment sem crime de responsabilidade, a mídia divulga uma pesquisa que aponta que para 47,9% dos brasileiros acreditam que a presidenta Dilma Rousseff foi vítima de um golpe



Enquanto a imprensa do mundo inteiro dizia que o impeachment era um golpe, a grande mídia brasileira insuflava manifestações de grupos da direita para pedir o afastamento da presidenta legitimamente eleita.

Segundo a pesquisa, 43,5% dos entrevistados entenderam que impeachment foi um evento "normal" que "faz parte do processo democrático". Outros 8,6% não sabem dizer.

O levantamento foi feito pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INTC), envolvendo universidades e pesquisadores de diversas instituições acadêmicas. A pesquisa foi realizada em março deste ano, entre os dias 15 e 23, com 2.500 pessoas domiciliares em 179 municípios.

Segundo o coordenador da pesquisa, o cientista político Leonardo Avritzer (UFGM), uma série de fatores políticos após o impeachment contribuíram para esse resultado. "É uma maioria que parece ter sido formada após o afastamento de Dilma", diz.

Entre os eventos, ele cita a gravação que derrubou o senador Romero Jucá (MDB-RR) do ministério do governo Michel Temer logo no início da gestão. Trata-se da conversa de Jucá, braço direito de Michel Temer, com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que o senador afirma que havia uma articulação para derrubar a Dilma e "estancar a sangria" da Lava Jato.

Ele cita ainda que os R$ 51 milhões encontrados em malas num apartamento cedido ao também ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) e o flagrante contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teve conversa gravada com o empresário Joesley Batista.

A realidade é que a mídia e a direita venderam a tese de que o mundo seria colorido com a saída de Dilma e que os governos progressistas foram os responsáveis por todas as mazelas do país. O inconformismo da derrota nas urnas levou o senador Aécio a se aliar om Temer, acreditando que o resultado seria a sua eleição em 2018. A senha golpista tomou conta e o golpe sem crime foi aprovado.

Impóndo uma agenda diferente da que foi aprovada pelas urnas, Temer se tornou o presidente mais impopular da história e promove o desmonte do Estado, com privatizações e retirada de direitos. 

Lula

Realizado antes da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o levantamento também apontou que a condenação do ex-presidente pelo juiz Sergio Moro também foi rejeitada.

De acordo com a pesquisa, 27,6% discordavam muito da condenação e 11,5% discordavam pouco. Outros 10,3% não concordavam nem discordavam. E 5% não quiseram ou souberam responder.

Do Portal Vermelho, com informações de agências

Mentor do PSDB quer desengessar economia às custas da saúde e educação

 
 

Coordenador da plataforma econômica do pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB), Persio Arida quer “desengessar” a economia às custas da Saúde e da Educação públicas. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele defendeu mudar a Constituição para “flexibilizar” a administração de gastos hoje obrigatórios e de tributos. Para o especialista em Orçamento Público, Flávio Tonelli, a proposta agride o pacto social de 1988 e deve agravar o subfinanciamento de áreas já sensíveis.


Arida, que é considerado o “pai” do Plano Real e atuou como presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), explicou que sua ideia é transformar alguns artigos constitucionais – incluindo os que obrigam o governo a destinar parte de suas receitas a Educação e Saúde – em leis complementares, que são mais fáceis de serem alteradas.

Para mudar a Constituição, é necessário o apoio de 308 dos 513 integrantes da Câmara dos Deputados. Já para mexer numa lei complementar, bastam 257 votos. O economista ligado ao PSDB, contudo, assegura que seu objetivo não é “mudar o mérito de nada”.

“Não vamos mexer no equilíbrio federativo, na forma de governo, nos direitos sociais, nas cláusulas pétreas. Mas a gestão econômica não pode ficar engessada pela Constituição. O mundo é dinâmico, e não dá para administrar gastos e tributos se precisar mexer na Constituição para fazer isso. Tem que ter flexibilidade”, disse.

Arida preferiu não dar detalhes sobre a proposta, mas citou que o sistema tributário e a destinação obrigatória de receitas para gastos em algumas áreas são dois exemplos de questões que precisam sair da Constituição. “Mas eliminar vinculações não é o mesmo que deixar de gastar. Prover educação básica e saúde gratuita são obrigações do Estado, mas é importante que os serviços sejam providos da forma mais eficiente possível”, justificou-se.

Constituição não é estorvo, é garantia

Para Tonelli, a declaração é completamente contraditória. “Ele quer desconstitucionalizar [as vinculações] para tornar mais fácil a mudança. Mas diz que não vai mudar nada. Está claro que a proposta é para mudar, sim”, aponta, afirmando que esta formulação agride o pacto social que deu origem à Constituição de 1988. 

“Não é a Constituição que amarra a execução orçamentária e a economia. A Constituição não é entrave. Quando a sociedade faz um pacto e resolve que aquela é a lei máxima, quer ver essa lei cumprida. Ela não é um estorvo. Este modelo que ele defende é retirar direitos do pacto social que a sociedade escolheu como fundamental para se manter coesa”, disse. 

Segundo o especialista em Orçamento Público, o debate sobre acabar com vinculações orçamentárias exigirá discutir também o papel do Estado conforme consta na Constituição. “Não adianta dizer que vai diminuir a vinculação de Saúde e Educação, sem rediscutir que Saúde e Educação são direitos de todos e deveres do Estado. Porque não terá como ser dever do Estado, se não houver vinculação orçamentária que assegure o financiamento necessário para que aquele serviço seja de qualidade e para todos”, criticou.

Menos recursos, serviços piores e restritos

De acordo ele, que também é assessor técnico na Câmara dos Deputados, a proposta de “flexibilização” significará ampliar o subfinanciamento da Saúde e da Educação. “E não há hipótese de eu aplicar menos dinheiro e dizer que as coisas vão melhorar”, resumiu. 

Tonelli também discordou de declaração Arida, para quem o Brasil não gasta pouco em Educação. “Em termos internacionais, sim, gasta-se pouco com Educação aqui. Como gasta-se pouco com Saúde. O próprio Plano Nacional de Educação propunha aumentar os recursos destinados à área de 6% do PIB para 10% do PIB. Um modelo de Saúde Pública como o nosso gasta metade do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) acha que deveria ser gasto. São elementos importantes para localizar que há um subfinanciamento”. 

Ele defendeu que os percentuais obrigatórios de gastos com essas áreas são importantes para evitar descontinuidade. “Quando digo que o financiamento da Saúde é dever do Estado, quero que essa premissa seja executada independentemente do governo de plantão. Quando um governante decide gastar menos em educação e há menos creche, aquela geração que não frequentou creche terá problemas o resto da vida. Isso está posto na Constituição porque é tão importante que quero estabilidade nesse mecanismo. É o contrário do que Pérsio Arida quer”.

O especialista em Orçamento Público chamou atenção para o fato de que Arida delimita, em sua fala, que a responsabilidade do Estado é com a Educação Básica. “Ele cometeu um ato falho. Parece um esquecimento, mas não é. Quando ele fala que promover a Educação Básica é obrigação do Estado, está claro que o ensino superior deixará de estar coberto com recursos públicos”. 

Falácias e mais desigualdade

Na entrevista à Folha, Arida informou também que o programa de Alckmin deverá estabelecer metas para duplicar a renda nacional e tornar a economia mais aberta. Tonelli sublinhou o que chama de “falácias” desse discurso. “Duplicar a renda nacional é diferente de duplicar a renda das pessoas, das famílias. Duplicar a renda nacional é duplicar o PIB. Isso não significa dividir o resultado, fazer uma apropriação em que as pessoas possam usar isso para reduzir a miséria, as desigualdades sociais e regionais”.

Como exemplo de medidas que podem ajudar a elevar a renda das pessoas reduzindo desigualdades, ele citou a política de valorização do salário mínimo, levada adiante pelas gestões do PT, e o combate ao desemprego. 

“O modelo que a gente vive hoje, sem distribuição de renda, não duplicaria a renda das pessoas nem que o PIB quadruplicasse. No modelo de hoje, o PIB reforça as desigualdades. O desemprego explode, mas os bancos lucram muito”, comparou.

Na contramão dos debates sobre justiça tributária, Arida rejeitou, na entrevista, a ideia de taxar grandes fortunas, sob o argumento de que “arrecada pouco”. Tonelli avaliou, contudo, que medidas como esta podem não resolver a questão tributária isoladamente, mas são indicadores de que se está buscando um sistema tributário menos injusto. “E isso significa necessariamente um grande respeito à capacidade econômica do contribuinte: quem tem mais, paga mais”, disse.

Além do mais, ele lembrou, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) relatou um projeto na Comissão de Seguridade Social, criando a Contribuição Social sobre Grandes Fortunas, que significaria um aporte na arrecadação equivalente à antiga CPMF. “Então não é pouco dinheiro. É algo importante”. 

O economista do PSDB também defendeu medidas como um cadastro positivo dos devedores, como forma de reduzir o risco do crédito e, assim, combater os altos spreads bancários. Tonelli, contudo, diz que a ideia de que a inadimplência no país é muito alta é um mito que precisa ser descontruído. 

“Parece até que o brasileiro é ávido por não pagar o que deve, isso não é verdade. A inadimplência das pessoas é pouco mais de 4%, segundo o Banco Central. E, pasme, já foi de 2% há quatro anos. Então reduzir taxa de inadimplência significa colocar dinheiro no bolso das pessoas: é carteira assinada, dar condições para as pessoas pagarem. O melhor cadastro positivo que o brasileiro teve chamava-se carteira assinada”, colocou.

Crítica à austeridade

Para Tonelli, Arida é adepto da uma “ideia antiquíssima de que basta abrir a economia, reduzir a carga tributária e equacionar o problema fiscal que tudo se resolve”. Segundo ele, contudo, a experiência mostra que o caminho da austeridade não é o melhor. 

Ele comparou a capacidade de recuperação da economia brasileira após a crise de 2008, sob Lula, e depois da recessão de 2015, momento em que Dilma estava sob ataque e que culminou com a chegada de Michel temer ao governo. 

“Em 2010, apenas 18 meses depois da crise de 2008, a indústria tinha recuperado todas as suas perdas, e o comércio já estava 20% acima do período pré-crise. Agora, passados 36 meses, a economia está longe de recuperar as perdas e voltar ao patamar de 2015. A indústria está 7% abaixo daquele período, os serviços estão 10% abaixo e comércio 9% abaixo”, comparou.

Segundo ele, os dados mostram que, quando o Estado age para resolver os problemas da crise, a solução é mais rápida do que quando deixa para o próprio mercado resolver - postura que Temer adotou e Pérsio Arida elogia. “Esse modelo de austeridade que eles defendem é a construção de uma economia despreocupada com seu resultado. Se ocorrer, ocorreu; se não, que sofra o povo. Para equacionar esses problemas, o Estado tem que pegar para si a solução e carregar a economia no colo, convencer os agentes privados a investir”, pregou. 

Disputa de projeto

O assessor da Câmara afirmou ainda que, nessas eleições, estão em disputa projetos que propõem vários tipos de solução para o país. “Uns se preocupam com a redução de desigualdades, põem o povo em primeiro lugar; outros, não. É isso que está em debate no processo eleitoral desse ano. A que interesses essas soluções se vinculam”.

Na sua avaliação, o programa que Persio Arida encarna não só não se preocupa com as pessoas, como também não trata o desenvolvimento do país como um tema central. 

“Não é só não se preocupar com as pessoas, é não se preocupar com a redução de desigualdades regionais, não se preocupar com qual é o papel do país na divisão internacional do trabalho. Desenvolvimento? Nem pensar! Ciência e tecnologia não são prioridades. Não veem que uma plataforma de petróleo pode ficar um pouco mais cara se produzida no Brasil, mas assim existem outros ganhos: emprego, geração de tecnologia. Há apostas que a sociedade faz no desenvolvimento, que não são imediatistas de mercado”, concluiu. 

 Do Portal Vermelho