ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65
CAMPANHA MOVIMENTO 65

domingo, 30 de agosto de 2020

Plataforma e projeto eleitoral para enfrentar a tragédia bolsonarista

 

A resolução aprovada em reunião virtual da Comissão Política Nacional (CPN) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realizada nesta sexta-feira (28) destaca o duplo fracasso do governo Bolsonaro – a tragédia decorrente da sua inação diante da pandemia e a crise econômica que atinge proporções desastrosas. Segundo o documento, essa situação configura um quadro de tragédia nacional.

De acordo com o documento, a nação estarrecida enxerga “um presidente da República que se move unicamente pela ambição de se reeleger em 2022, visando a concretizar seu projeto de poder autoritário”. O presidente, segundo o documento, “também se utiliza da força gravitacional de seu governo para alargar sua base de apoio no Congresso Nacional, com parcelas do Centrão que outrora amaldiçoava, chamando-o de velha política”.

Outro ponto da resolução aborda a plataforma emergencial necessária para enfrentar as crises sanitária e econômica, que deve indicar meios, instrumentos e fontes de financiamento para que o país controle e vença a pandemia, e assegure o funcionamento da economia. “O PCdoB, apoiado em estudos de sua bancada na Câmara dos Deputados e também de sua Fundação Maurício Grabois, tem apresentado contribuições a essa plataforma”, constata.

A texto conclui abordando o projeto eleitoral do PCdoB. “A direção nacional se congratula com o esforço do coletivo militante, dos Comitês Estaduais e municipais, na construção desse forte projeto eleitoral”, afirma. E conclama para “uma campanha que desperte a esperança do povo e apresente uma plataforma compromissada com democracia, a vida. emprego, renda, a proteção social e o crescimento econômico das cidades”.

Confira a íntegra a seguir:

Desmascarar Bolsonaro, derrotá-lo nas eleições e retirar o Brasil da crise

Transcorridos seis meses, no Brasil, do primeiro caso da Covid-19, e a pouco mais de dois meses do primeiro turno das eleições municipais, o povo brasileiro sofre com o duplo fracasso do governo Bolsonaro.

Por um lado, perto de 120 mil pessoas – em grande medida em decorrência da conduta irresponsável do presidente da República – já perderam a vida e o país é, em números absolutos, o segundo na quantidade de óbitos; enquanto a transmissão do vírus segue sem controle. Por outro, a pandemia impactou uma economia que já vinha estagnada e a levou à recessão que, segundo prognóstico do IBC-Br do Banco Central (BC), pode chegar a uma queda do PIB no segundo trimestre de 10,94%. O desemprego atinge 13,3% e mais de 700 mil empresas, sobretudo pequenas, foram à falência e a quebradeira prossegue, pelo fato de o governo Bolsonaro, ao contrário do que foi feito na maioria dos países, não ter usado os recursos do Estado nacional para proteger as empresas e preservar os postos de trabalho. Prova disso é que, conforme denúncia da deputada Perpétua Almeida (PCdoB) – líder da bancada comunista na Câmara dos Deputados –, até julho o governo federal executou e pagou pouco mais da metade dos recursos aprovados pelo Congresso Nacional para fazer frente às demandas sanitárias e econômicas advindas da pandemia.

Esta situação configura um quadro de tragédia nacional e, diante dela, o que a Nação estarrecida enxerga é um presidente da República que se move unicamente pela ambição de se reeleger em 2022, visando a concretizar seu projeto de poder autoritário. O presidente segue com sua reiterada conduta criminosa, combatendo as diretrizes das autoridades sanitárias e desorientando o povo frente à pandemia.

Como parte desse plano, Bolsonaro viaja pelo país inaugurando obras alheias, rebatiza programas já existentes, como é caso do Minha Casa, Minha Vida que, agora desfigurado, passou a se chamar Casa Verde e Amarela que dificulta e exclui a população de baixa renda. E, recentemente, realizou no Palácio do Planalto um evento denominado “Vencendo a Covid-19”, quando, além de um grotesco espetáculo de culto à cloroquina, novamente não expressou pesar pela morte dos(as) brasileiros(as) e tentou jogar nos ombros de outras autoridades a responsabilidade que é dele, pelo tamanho da tragédia.

Bolsonaro, também, desde que viu sua avaliação melhorar nas pesquisas, sobretudo devido ao forte impacto na distribuição de renda advindo da ajuda emergencial de R$ 600 — medida de autoria do Congresso Nacional cujo valor a dupla Bolsonaro-Guedes queria que fosse apenas de R$ 200,00 —, passou a tomar gosto por gasto público desde que seja direcionado a criar uma base social e eleitoral de apoio. Acontece que o propalado projeto Renda Brasil e também os investimentos em obras públicas não cabem nas amarras do chamado Teto de gastos públicos, tampouco no programa ultraliberal e fiscalista do ministro da Fazenda que, se levado adiante, poderá levar o país a uma recessão muito grave.

Bolsonaro se aproveita dessa contradição para “fritar” Paulo Guedes, tentando vender a imagem de “desenvolvimentista” e de paladino dos mais pobres e, ao mesmo tempo, cuida de preservar o respaldo da oligarquia financeira, com ou sem Guedes na Fazenda.

O presidente também se utiliza da força gravitacional de seu governo para alargar sua base de apoio no Congresso Nacional, com parcelas do Centrão que outrora amaldiçoava, chamando-o de velha política.

No seu todo, as ações dos movimentos de frente ampla na sociedade e no Congresso Nacional, em defesa da vida e da democracia – somadas aos inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) que investigam crimes comuns e de responsabilidade de Bolsonaro e de seu clã e os efeitos da prisão de Fabrício Queiroz –, obrigaram o presidente da República, há cerca de dois meses, a empreender a manobra tática de diminuir o ataque cerrado às instituições democráticas. Essa conduta serve à sua conveniência e pode se alterar conforme mudanças na correlação de forças no curso da luta política.

Todavia, por mais que se camufle, o verdadeiro Bolsonaro vem à tona. Foi o que se deu, recentemente, quando ele ameaçou agredir um jornalista. E também no episódio dos dossiês, típicos da época da ditadura militar, contra cidadãos e cidadãs antifascistas, elaborados pelo Ministério da Justiça cuja prática foi condenada pelo STF.

Ele também se desmascara, no rastro de cinzas e de destruição da rica biodiversidade dos biomas brasileiros, pela conivência criminosa com as queimadas na Amazônia e no Pantanal, pelo enfraquecimento deliberado de instituições indispensáveis à proteção do meio-ambiente, como IBAMA e o INPE, pela negligência com que trata a população indígena, deixando-a exposta à pandemia, resultando em grande número de contaminados e de óbitos. Sua negligência com a vida fica também demonstrada pela política do governo de incentivo à violência, como o recente ato que autoriza cada pessoa a registrar até quatro armas em seu nome. Isso quando o Atlas da Violência indica o crescimento de 11,5% dos homicídios de negros entre 2008 e 2018, enquanto caiu 12,9% entre os não negros. Esses números evidenciam o peso do racismo no Brasil. E a política de liberação de armas certamente irá elevar os homicídios, vitimando o povo, em especial negras e negros.

De todo modo, a realidade é que Bolsonaro, no momento, conseguiu um suspiro na crise política e forjar uma aparência de alguma normalidade. Pura aparência, posto que o presidente não alterou a essência de quem realmente é e, tampouco abdicou de seus intentos: um expoente da extrema-direita, neofascista que tem por objetivo impor um governo policial autoritário sobre os escombros do regime democrático e da dilapidação do patrimônio público nacional.

A falta de convergência tática do campo da oposição, por certo, dá margem de manobra a Bolsonaro. A resiliência dele também resulta do respaldo do imperialismo estadunidense e de grandes grupos econômicos e financeiros. Quanto mais urgente as forças oposicionistas sejam capazes de colocar os interesses da nação e da classe trabalhadora no topo das prioridades, mais rápido Bolsonaro será desmascarado.

Plataforma de Emergência para salvar vidas, gerar empregos, retomar crescimento

Para o PCdoB, os movimentos de frentes amplas e instituições da República, como o Congresso Nacional, que conseguiram vitórias importantes, impondo recuo à ofensiva antidemocrática do bolsonarismo, garantindo a aprovação do auxílio emergencial, do Fundeb, da ajuda aos profissionais da cultura, êxitos mesmo que parciais ante o pesado ataque contra os direitos da classe trabalhadora, precisam conceber e fazer aplicar uma plataforma de emergência.

Essa plataforma deve, simultaneamente, indicar meios, instrumentos e fontes de financiamento para que o país controle e vença a pandemia, salvando vidas, e assegure o funcionamento da economia, criando condições para a retomada do crescimento, com geração de empregos, auxílio direto às micro, pequenas e médias empresas, e garantindo a ajuda emergencial aos mais pobres de R$ 600,00 até dezembro e uma renda permanente que atenda às necessidades da população vulnerável.

O PCdoB, apoiado em estudos de sua bancada na Câmara dos Deputados e também de sua Fundação Maurício Grabois, tem apresentado contribuições a essa plataforma tendo como vértice o protagonismo do Estado nacional para alavancar a retomada do crescimento econômico com investimentos públicos. O Brasil pode viabilizar o financiamento dessa plataforma pelo Banco Central a partir da compra de títulos do Tesouro Nacional e realizando uma reforma tributária progressiva que onere o capital financeiro e as grandes fortunas. Na construção de saídas para a crise, contribui o documento do Observatório da Democracia, assinado por seis fundações partidárias, entre elas a Fundação Maurício Grabois, que sintetiza simultaneamente medidas para superar as crises sanitária e econômica.

O governador Flávio Dino mostra que isso é possível. Mesmo em situação adversa, o governador anunciou o Plano Emergencial pelo Emprego, o plano Celso Furtado, que investirá R$ 558 milhões em obras, compras governamentais e fomento setorial para zerar o efeito recessivo na pandemia no Estado e criar mais 60 mil postos de trabalho.

O Partido, no que se refere ao grande anseio nacional de o país controlar e vencer a pandemia, alinha-se à posição científica de pesquisadores e autoridades sanitárias locais, a exemplo do Movimento Frente pela Vida, e da Organização Mundial de Saúde (OMS) que sustentam a necessidade de sejam postos em prática o protocolo de vigilância e inteligência epidemiológica, as quais tem como foco a busca ativa de novos casos, rastreio dos seus contactantes e isolamento dos casos positivos. São medidas exitosas para conter o atual quadro de contágio, como também de assegurar que novas ondas da pandemia possam ser controladas com segurança. Obviamente, tais medidas devem estar associadas às demais orientações dos protocolos da OMS e das autoridades sanitárias brasileiras, como o distanciamento social, conforme o estágio da pandemia em cada estado e município.

Derrotar o bolsonarismo nas urnas, empenhar-se pela vitória do projeto eleitoral do Partido
O PCdoB chega ao período das convenções partidárias com um projeto eleitoral robusto, com candidaturas à prefeitura de quinze capitais (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Salvador, Maceió, Natal, Fortaleza, São Luis, Campo Grande, Palmas, Porto Velho, Manaus), liderando as pesquisas com Manuela D’Ávila, em Porto Alegre, e um razoável número de candidaturas majoritárias em cidades com mais de 100 mil habitantes, e também com expressivo número de chapas às Câmaras Municipais, em todas as capitais e em centenas de cidades do interior, especialmente nas maiores e mais importantes.

As alianças do Partido construídas para o Primeiro turno das eleições, e projetadas para o Segundo turno, seguem a diretriz política de derrotar o bolsonarismo nas urnas e fortalecer o campo democrático e progressista.

A direção nacional se congratula com o esforço do coletivo militante, dos Comitês Estaduais e municipais, na construção desse forte projeto eleitoral, e orienta que o Partido faça das Convenções, mesmo que realizadas no espaço digital, eventos representativos, amplos, vibrantes que fortaleçam nossa campanha, e engajem filiados (as), apoiadores(as).

O PCdoB deve ser o centro dirigente e a força motriz de uma campanha ampla, massiva, criativa, envolvente, com forte presença nas redes sociais, com uso eficaz do tempo de rádio e TV, onde houver. Uma campanha que desperte a esperança do povo e apresente uma plataforma compromissada com democracia, a vida. emprego, renda, a proteção social e o crescimento econômico das cidades. Conforme a realidade da pandemia em cada cidade, realize, com a obediência às orientações sanitárias, eventos presenciais que engaje lideranças do povo na nossa campanha.

Vamos à luta para eleger nossos candidatos, candidatas, nossos aliados. Pela vitória do projeto eleitoral do PCdoB, pela vitória do campo político da vida, da democracia, do emprego, do progresso social e econômico e pela derrota do bolsonarismo.

Documento em PDF.

Do Portal PCdoB

POLÍTICA: Bolsonaro veta ajuda para produtores, mas libera benesses para ‘agro’


Vetos a projeto de lei para agricultura familiar contrastam com medidas para grandes ruralistas.

Paralelamente ao contexto de veto parcial à proposta que socorre agricultores familiares durante a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) concedeu recentemente ao agronegócio o usufruto de diferentes benefícios. Entre estes, promulgou, no ultimo dia 19, três pontos da chamada “Lei do Agro” que haviam sido vetados pelo Congresso Nacional.

Resultante da Medida Provisória (MP) 897, a nova legislação criou facilidades para o acesso a crédito e financiamento de dívidas de grandes produtores rurais, desonerou o segmento nas contribuições relativas à Seguridade Social e em taxas de cartório, entre outros aspectos. Pouco debatida publicamente, a MP passou ao largo das propostas mais midiáticas do Congresso e também trouxe a possibilidade de abertura do financiamento do agronegócio para inserção do capital estrangeiro.

O texto foi demandado pelos ruralistas e contou com forte articulação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nome de força na Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que reúne os representantes do grupo no Congresso.  

Aprovação de ‘MP do Agro’ no Senado contou com participação efusiva da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nome de influência a bancada ruralista / Jane de Araújo/Agência Senado

Já no Projeto de Lei (PL) 735/2020, que prevê medidas emergenciais para agricultores familiares, Bolsonaro retirou, na última terça (25), diferentes pontos, como o fomento de R$ 2.500, em parcela única, para cada unidade familiar. O benefício poderia chegar a R$ 6 mil, no caso de mulheres agricultoras, mas agora só passará a valer se o Legislativo derrubar o veto do presidente.

Também foram excluídos do texto do PL 735 a previsão de um aporte de recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a renegociação de dívidas de pequenos agricultores e a concessão de um auxílio emergencial de cinco parcelas no valor de R$ 600 para o segmento.   

Na justificativa, o chefe do Executivo alegou que não havia previsão orçamentária e financeira para as medidas e disse que os agricultores familiares poderiam receber o auxílio emergencial em vigor na condição de trabalhadores informais. A categoria tem afirmado, no entanto, que a eventual inscrição no benefício atual traria consigo o risco de exclusão do acesso a programas e políticas destinados ao campo, pois faria com que o segmento ficasse descaracterizado aos olhos do Estado.

“Os vetos são, na verdade, uma demonstração clara de que a agricultura familiar não tem prioridade nem  lugar na política do governo (1:26)”, critica Alexandre Pires, da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA).

Outras medidas compõem a lista de afagos de Bolsonaro ao agronegócio durante a crise do coronavírus. O Plano Safra 2020/2021, por exemplo, lançado em junho, no auge da pandemia, foi tachado por movimentos populares de “Plano da fome” porque excluiu do seu escopo de atuação a produção de alimentos da agricultura familiar.   

Criado no país em 2003, o programa trata de crédito para investimentos e custeio da produção rural. Para o novo biênio, estão previstos mais de R$ 236 bilhões em recursos, que deverão se concentrar no agronegócio. O setor é ligado à monocultura de exportação, especialmente na produção de grãos, enquanto a agricultura familiar é mais voltada para a produção de alimentos.   

Para o Nicolau Bussons, da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), no Ceará, esse tipo de medida demonstraria uma tentativa de ofuscar a pequena agricultura do cenário nacional.  

“Parece que está ficando cada vez mais clara a intenção não só de eliminar as políticas públicas voltadas pra agricultura familiar, mas acho que a ideia do governo é eliminar do cenário nacional a terminologia ‘agricultura familiar’. O governo tem insistido, nos seus documentos oficiais, que daqui pra frente não existe mais essa diferenciação entre agronegócio e agricultura familiar”, aponta Bussons, afirmando que a iniciativa se insere também na disputa de narrativa entre os dois campos, tradicionais adversários ideológicos.  

Superestima

O conflito entre os dois segmentos está também diretamente ligado à desigualdade de acesso à terra no país. Vinculado a grandes extensões rurais, o agronegócio está, muitas vezes, associado à concentração e à especulação imobiliária. Dados oficiais mostram que menos de 1% das propriedades rurais respondem por quase metade de toda a extensão rural do país, ao mesmo tempo em que quase 50% das propriedades têm menos de 10 hectares, ocupando somente 2,3% da área rural total do Brasil.    

Por esse motivo e também pelo fato de o ruralismo não ser diretamente voltado à produção de alimentos, o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), Acácio Zuniga Leite, sublinha que o setor do agronegócio seria superestimado no país.

“Apesar de todos esses benefícios que eles recebem, a agropecuária, por exemplo, só representa 5% do PIB brasileiro. Não tem essa importância econômica toda, não. Eles insistem que são 30% do PIB, mas isso porque eles juntam tudo o que vem antes e depois da porteira. Se você comprou qualquer coisa no Carrefour, por exemplo, isso entra na conta do agronegócio, então, tem essa superestimação. É como se eles ‘roubassem’ um pouco do setor industrial e um pouco do setor de serviços pra criar esse guarda-chuva, que é muito maior do que eles mesmos”, destrincha o dirigente.  

 Deterioração

Coordenador do Grupo de Estudo das Políticas Públicas do Mundo Rural da UVA, o professor destaca a deterioração das políticas de Estado voltadas à agricultura familiar. O problema se agravou especialmente nos últimos quatro anos, com a deposição da presidenta Dilma Rousseff (PT) e um maior fortalecimento do agronegócio no cenário político do país.

Em um resgate histórico, Bussons lembra que o setor sempre teve primazia no país, com influência nos diferentes governos.     

“Mas o que há de novo é esse agravamento do problema, que traz uma certa angústia, uma ansiedade em saber como a agricultura familiar vai ser viabilizada daqui pra gente. O que já era pouco está sendo praticamente dizimado, seja no que se refere à disponibilidade de recursos para políticas que já existiam, seja porque as que ainda existem estão sendo asfixiadas pouco a pouco, e ainda com essa questão tão grave que é o esquecimento da terminologia ‘agricultura familiar’”, analisa.  

Fonte: vermelho.org.br

MOVIMENTO 65 Mais Mulheres na Política - PCDOB/RN

Venha para o Movimento 65 – Em todas as cidades, a legenda 65 está de  portas abertas para você.

PRESIDENTA DO PCDOB NACIONAL, LUCIANA SANTOS

Clic: https://movimento65.org.br

Conferências municipais do PCdoB realizadas entre 18 a 20 - PCdoB

Divanilton Pereira - Presidente Estadual o PCdoB/RN

 Olga Aguiar 65678 PC do B (Vereadora) Natal - Guia Eleições 2016

Por OLGA AGUIAR - PCDOB/RN

MOVIMENTO 65

Mais Mulheres na Política:

A luta emancipacionista das mulheres é uma exigência civilizatória e nas condições políticas, econômicas e sociais do desgovernado
Brasil é uma agenda inadiável.

Nessa direção, a política é o meio decisivo para se descortinar uma nova realidade. Contudo, a velocidade e a intensidade dessas conquistas advém da participação direta das mulheres.

Este ano teremos eleições municipais. Abre-se mais uma frente para as mulheres intervirem e disputarem os seus espaços. Eleger Prefeita e/ou Vereadora é uma diretriz que o Partido se empenha com afinco.

Em torno dessa luta constituímos o Núcleo de Apoio às Candidatas do PCdoB.

A partir desta semana este Núcleo iniciará uma série de diálogos virtuais com as Camaradas - pré-candidatas ou não - sobre o acompanhamento das campanhas das Mulheres em seus respectivos Municípios.

Para isso, contamos com o apoio de todas as direções dos Comitês Municipais.

Firmes na luta!

Divanilton Pereira
Presidente do Comitê Estadual

Olga Aguiar
Secretária Estadual das Mulheres

sábado, 29 de agosto de 2020

Grito dos Excluídos clama “contra tudo que Bolsonaro representa”

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Lema da 26ª edição será “Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”

A 26ª edição do Grito dos Excluídos defende a preservação da vida em primeiro lugar e se opõe a tudo que o governo de Jair Bolsonaro representa.

“Tem gente que não coloca a vida em primeiro lugar. É triste quando se coloca em primeiro lugar o lucro, a ganância. Além disso, hoje também tem muita gente colocando em primeiro lugar o preconceito, a violência, a tirania. É preciso servir, valorizar e defender a vida. Nesse tempo de pandemia, de morte, a vida precisa retornar ao seu lugar. O grito é esperança”, afirmou Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Neste ano, o lema do Grito dos Excluídos será “Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”. Os organizadores apontam que o lema se impôs ao observar a crise social e sanitária imposta pela pandemia mundial de covid-19 e os graves retrocessos sociais impostos pelo governo Bolsonaro.

“Quem são os que gritam hoje? Não são apenas vozes. Têm rostos. De encarcerados, povo em situação rua, comunidades tradicionais, povos indígenas, periferias, trabalhadores em serviços precarizados, ciganos, migrantes, circenses. Gritamos porque tem vozes sendo abafadas, oprimidas”, disse Dom Mário.

Um dos temas principais será a valorização do Sistema Único de Saúde (SUS) e seus profissionais. Rosilene Wansetto, coordenadora do Grito dos Excluídos e da Romaria dos Trabalhadores, manifestou solidariedade às famílias das 117 mil pessoas mortas pela covid-19 e criticou a falta de um plano de ação. Além do desdém do governo Bolsonaro sobre a perda dessas vidas. 

“Essas vidas poderiam ter sido poupadas se tivéssemos um governo de verdade. Nós temos um desgoverno. Lá em fevereiro a gente já via que estávamos vivendo um governo sendo conduzido por um fascista, um genocida, que não valoriza a vida. Ainda não tínhamos em vista a pandemia, que se construiu nos meses seguintes”, lembra Rosilene. “O governo aplicou menos de 50% do orçamento para combater a pandemia. É preciso lembrar que o SUS é a política pública que tem salvado vidas nessa pandemia. E valorizar a importância da saúde pública”, afirmou.

Teto dos gastos

O Grito dos Excluídos também faz referência à urgente necessidade de revogação da Emenda Constitucional (EC) 95, o chamado Teto de Gastos. Segundo a coordenadora da Romaria dos Trabalhadores, a alardeada crise econômica não pode mais servir de justificativa para tirar direitos da população e reduzir serviços públicos.

“A gente vê o quanto isso está impactando na ausência de políticas públicas, em todas as áreas. Revogar essa emenda constitucional é urgente. Essa crise não é nossa, não é do povo brasileiro”, afirmou.

O Grito dos Excluídos é celebrado anualmente no dia 7 de setembro, quando são realizadas manifestações em vários locais do país. Mas, por conta da pandemia, parte dos atos será realizada virtualmente e também com carreatas. Além disso, neste ano, a coordenação estabeleceu que todo dia 7 de cada mês, antes e depois de setembro, será um “Dia D do Grito”, por entender que a exclusão é uma constante durante todo o ano, resultado de um sistema econômico injusto.

Publicado originalmente na RBA

Fonte: vermelho.com.br

PCdoB: derrotar Bolsonaro nas eleições e retirar o Brasil da crise

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Os comunistas apresentaram uma Plataforma de Emergência para salvar vidas, gerar empregos, retomar crescimento e se preparam para obter bons resultados nas eleições municipais deste ano.

A Comissão Política Nacional (CPN) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) reuniu-se nesta sexta-feira (28) e aprovou uma resolução que destaca o duplo fracasso do governo Bolsonaro – a tragédia decorrente da sua inação diante da pandemia e a crise econômica que atinge proporções desastrosas. Segundo o documento, essa situação configura um quadro de tragédia nacional.

O PCdoB afirma que a nação estarrecida enxerga “um presidente da República que se move unicamente pela ambição de se reeleger em 2022, visando a concretizar seu projeto de poder autoritário”. O presidente, segundo os comunistas, “também se utiliza da força gravitacional de seu governo para alargar sua base de apoio no Congresso Nacional, com parcelas do Centrão que outrora amaldiçoava, chamando-o de velha política”.

Outro ponto da resolução aborda a plataforma emergencial necessária para enfrentar as crises sanitária e econômica, que deve indicar meios, instrumentos e fontes de financiamento para que o país controle e vença a pandemia, e assegure o funcionamento da economia. “O PCdoB, apoiado em estudos de sua bancada na Câmara dos Deputados e também de sua Fundação Maurício Grabois, tem apresentado contribuições a essa plataforma”, constata.

Fonte: vermelhor.org.br

PLENÁRIA COM OS COMITÊS MUNICIPAIS DO PCDOB-RN É HOJE (29), ÁS 14H. FIQUEM LIGADOS!


 Bom Dia, Camaradas,

_Confirme seu município no Encontro dos Comitês Municipais do PCdoB-RN.

_*PAUTA*

_*Convenções Eleitorais*

_PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO

_Sábado, 29/08/20

14:00 – Instalação da Mesa Coordenadora

_14:15_     - Abertura por Divanilton Pereira

_14:30_    - Convenções Eleitorais por Gutemberg Dias e Whan Costa

_15:15_   - Fernando Freitas (Natal) e Rafaele Moura (Alto do Rodrigues) falam pelas pré-candidaturas majoritárias

_15:25_ – Inscrições dos Comitês Municipais e participação especial do Vice-governador Antenor Roberto

_16:30_ – Esclarecimentos jurídicos e contábeis por Whan Costa, Carlos Antônio e Patrícia Moreira

_17:00_ - Lançamento do Núcleo Jurídico-Contábil de Apoio às Convenções Eleitorais

_17:15_ - Encerramento                  Evento exclusivo para os filiados do Partido


DIVANILTON PEREIRA

Presidente do PCdoB-RN

terça-feira, 25 de agosto de 2020

ATENÇÃO CAMARADAS! PCDOB/RN CONVOCA FILIADOS/AS PARA PARTICIPAREM DA PLENÁRIA COM OS COMITÊS MUNICIPAIS - CONFIRAM!

 


O PCdoB - RN, através do seu presidente, Divanilton Pereira, CONVOCA todos/as os pré candidatos/as ás eleições 2020 (Comitês Municipais) para participarem no próximo dia 29 (sábado), ás 14 horas da Plenária Virtual com Comitês Municipais, cuja pauta importantíssima será CONVENÇÕES ELEITORAIS!

Importante momento para que todos/as os pré candidatos/as a vereadores/as e a prefeitos/as possam ficar mais a atentos e bem informados sobre as convenções municipais.

Desde já, todos/as estão CONVOCADOS para este IMPORTANTE MOMENTO! Se Ligue, Jacaré Parado Vira Bolsa de Madame!

MOVIMENTOS - Como Bolsonaro põe em risco a saúde e a segurança no trabalho

por Álvaro EgeaCanindé PegadoCarmem ForoJoão Carlos JurunaJosé Reginaldo InácioWagner Gomes.

Para tratar da questão da saúde e segurança no trabalho, enfocamos a evolução dessa matéria nos últimos 40 anos, mais especificamente entre as grandes conquistas de 1979 e a recente onda de retrocessos, iniciada pela reacionária reforma trabalhista em 2017.

A escolha do ano de 1979 está relacionada às greves iniciadas em São Bernardo do Campo em 1978. Isso porque uma das grandes vitórias daquele movimento foi a conquista da negociação direta. E, através das convenções coletivas, que abriram a possibilidade de diálogo e negociação, os sindicatos passaram a reivindicar, além de valorização salarial, melhoria das condições e do ambiente de trabalho.

A questão da saúde e segurança e a organização de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipas) cresceram muito neste contexto. Tanto que o ano de 1979 foi considerado o marco inicial da luta contemporânea pela saúde e segurança do trabalhador.

Isso levou os sindicatos a contratarem médicos do trabalho e técnicos de segurança para assessorar os trabalhadores, além de preparar quadros para esta função, fazendo com que os próprios trabalhadores passassem a fiscalizar as condições de trabalho e as eleições para as Cipas.

Quando os sindicatos puderam negociar essas questões, inúmeras denúncias de problemas de saúde nas empresas surgiram, deixando claro que os índices de acidentes de trabalho eram alarmantes e que o reduzido número de fiscais do Ministério do Trabalho era preocupante.

Naquele ano de 1979, consagrando o reforço da pauta sanitária dentro dos sindicatos, foram realizadas as duas primeiras Semanas de Saúde do Trabalhador (Semsat).

A primeira, concebida por médicos ligados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), ocorreu entre os dias 14 e 19 de maio, em São Paulo, com a participação de 1.800 trabalhadores, 49 sindicatos e seis federações de trabalhadores e trabalhadoras. O principal tema de discussão foi a silicose e as doenças pulmonares causadas por poeira. Foi naquela semana que surgiu a ideia de o movimento sindical criar um departamento para estudar as questões relacionadas à saúde e segurança dos trabalhadores, como um “Dieese da Saúde”, ideia que foi concretizada em agosto de 1980, com a fundação do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat).

Esse processo, desde as greves de 1978, a assinatura de convenções coletivas, as Cipas representadas pelos sindicatos e todo o movimento em torno da saúde e segurança no trabalho, começou a melhorar o ambiente de trabalho.

A Constituição de 1988 equiparou os trabalhadores rurais aos trabalhadores urbanos, criou o seguro desemprego, reduziu a jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais, ampliou a licença maternidade e a licença paternidade, instituiu o abono de férias e direitos trabalhistas a empregados domésticos, entre outras coisas.

No que tange à matéria aqui tratada, a Constituição, além de declarar que a saúde é direito de todos, dispõe sobre a saúde de segurança no Trabalho no art. 7º, inciso 22, que estabelece como direito essencial a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança e o inciso 28, do mesmo artigo, que prevê seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

Desde meados da segunda década do século 21, entretanto, os avanços civilizatórios conquistados pelos brasileiros sofrem graves ameaças. Vivemos uma fase de flagrantes retrocessos, inaugurada com a reforma trabalhista de 2017, no governo de Michel Temer.

Essa reforma reacionária propôs a extinção de direitos fundamentais, como a proteção às mulheres grávidas ou lactantes em ambientes insalubres, uma aberração que, felizmente, não se consolidou, pois foi derrubada por uma ação direta de inconstitucionalidade da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, em maio de 2019.

A flexibilização da jornada de 8 horas diárias, com a possibilidade do cumprimento de 12 horas de trabalho seguidas, mesmo em ambientes insalubres, e a redução do intervalo mínimo de descanso para 30 minutos são outras grandes perdas contempladas naquele atentado aos direitos dos trabalhadores. Submetidos a uma grande pressão e sobrecarga em suas funções, os trabalhadores e as trabalhadoras estão mais suscetíveis a processos de adoecimentos, acidentes, afastamentos, e mortes relacionadas ao trabalho.

Além dessas questões específicas que atingem os trabalhadores e as trabalhadoras no seu dia a dia, a reforma impôs um prejuízo generalizado, não apenas relacionado à saúde e integridade física e mental, mas também na questão econômica e na garantia do cumprimento de todos os direitos previstos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e recomendados pela OIT (Organização Internacional do Trabalho). Trata-se do ataque deliberado aos sindicatos por meio daquilo que na prática constituiu a suspensão do financiamento sindical. Com isso, várias atividades sindicais foram diminuídas drasticamente ou até encerradas pelas entidades, como a fiscalização, os espaços de orientação e formação dos trabalhadores e os ambulatórios médicos e de assistência à saúde.

No governo Bolsonaro, a partir de 2019, a classe trabalhadora continuou sendo atacada e tendo seus direitos sabotados. A saúde e segurança do trabalhador foi prejudicada logo nos primeiros dias do governo com a extinção do Ministério do Trabalho e Emprego que era responsável pela fiscalização do cumprimento dos direitos trabalhistas. Esse Ministério foi incorporado ao Ministério da Economia, simbolizando que o trabalho agora estaria subordinado ao comando da economia.

E não parou aí. Em meados de 2019 o governo iniciou uma ação no sentido de revisar todas as Normas Regulamentadoras (NRs), que orientam os procedimentos de segurança e saúde obrigatórios a serem implementados pela empresa nos locais de trabalho.

A representação dos trabalhadores na Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) tem buscado resistir às propostas de flexibilização das normas de segurança e proteção ao trabalho construídas ao longo de décadas.

Essas normas remontam, novamente, ao ano de 1978, quando foram aprovadas pela Portaria N.°3.214, em 8 de junho. São elaboradas e revisadas em grupos temáticos e depois nas comissões temáticas tripartites e têm como 1 dos principais objetivos, a padronização dos procedimentos de segurança e saúde do trabalho.

Originalmente eram 36 NRs. Já foram revisadas, por exemplo, as normas NR1, que fala sobre saúde e segurança, NR 2, que regulamentava a fiscalização dos estabelecimentos por um fiscal do trabalho antes de sua abertura para funcionamento (que foi revogada), e NR12, que trata da segurança no trabalho com máquinas e equipamentos.

A alegação apresentada para tais alterações é o estímulo à economia. Os argumentos escondem, todavia, que todo o peso da produção de valor recai nos ombros do trabalhador que, por sua vez, como a realidade brasileira deixa claro, não compartilha dos ganhos que permeiam esse processo.

Por fim, neste inusitado contexto de pandemia da covid-19, escancarou-se a importância do Estado, e não do mercado, como regulador da sociedade, contradizendo o discurso liberal que baseou as políticas reducionistas dos últimos anos. O cenário da reforma trabalhista não poderia ser pior para o trabalhador durante a pandemia. Não poderia ser pior porque enfraqueceu (e praticamente proibiu) a ação dos sindicatos quando os trabalhadores mais precisam dele.

Mas, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos, nós dos sindicatos desempenhamos um grande papel durante a chamada “coronacrise”, fortalecendo a relação entre as entidades sindicais e as suas bases. A presença sindical é constantemente acionada pelos trabalhadores para negociar acordos de redução de jornada e salário, além de protocolos para evitar os malefícios da pandemia. Isso mostra como os sindicatos são fundamentais em uma sociedade movida pelo trabalho.

Essa história da luta pela saúde e segurança do trabalhador, desde 1979 até a atual situação de retrocessos e retirada de direitos, nos deixa um alerta. Um alerta que foi muito bem descrito pelo ex-senador italiano e jornalista José Luiz Del Roio para a revista do Centro de Memória Sindical sobre os 100 anos da greve de 1917. Diz ele: “o que os trabalhadores conquistaram, eles nunca podem considerar conquistas definitivas. E se o Estado for oligárquico, escravocrata, eles estarão sempre disponíveis a fazer voltar para trás as conquistas operárias. Sempre! A história está marcada por isso, sobretudo num país como o Brasil, com uma elite escravocrata de origem e de mentalidade”.

Publicado originalmente no Poder360

Fonte: vermelhor.org.br


Fachin acata pedido de Lula e manda CNMP julgar “PowerPoint” de Dallagnol

 

A contestação dos advogados de Lula junto ao STF foi feita na semana passada, após o CNMP adiar pela 41ª vez a ação do ex-presidente - a mais antiga no conselho. Caso irá a julgamento nesta terça.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu um pedido da defesa do ex-presidente Lula e determinou que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) julgue nesta terça-feira (25) a representação contra o procurador Deltan Dallagnol por apresentação em PowerPoint feita em 2016, quando a Lava Jato denunciou o petista no processo do tríplex.

A contestação dos advogados de Lula junto ao STF foi feita na semana passada, após o CNMP adiar pela 41ª vez a ação do ex-presidente – a mais antiga no conselho.

Com o adiamento da última semana, o órgão tem mais duas sessões para julgar o caso, que prescreve em setembro. No começo de julho, por conta dos atrasos, a representação prescreveu para o caso de punições leves.

Por determinação do Supremo, a partir das 9h desta terça o julgamento de Deltan pode ser chamado. Nos julgamentos no CNMP, o relator do caso lê o relatório e seu voto e, depois, é feita a sustentação oral do advogado que entrou com a ação. Neste processo, Cristiano Zanin Martins, que representa Lula, fará a sustentação que tem duração de 10 minutos.

O coordenador da Lava Jato de Curitiba chegou a reconhecer que poderia ter feito de outra maneira o PowerPoint produzido contra o ex-presidente. “Olhando com o privilégio de visão retrospectiva, acredito que a gente poderia, sim, ter apresentado esse PowerPoint de modo diferente, poderia ter feito a apresentação dessa denúncia de forma diferente, de modo a evitar críticas”, disse.

Fonte: Revista Fórum

domingo, 23 de agosto de 2020

Nádia Campeão: A reforma urbana deveria estar na agenda pública nacional

Nádia Campeão: A reforma urbana deveria estar na agenda pública nacional

Em entrevista para o site da Fundação Maurício Grabois, Nádia Campeão fala sobre os desafios de se estruturar políticas públicas voltadas para a construção de cidades mais democráticas, tema do curso em vídeo oferecido pela FMG. A Secretária de Relações Institucionais e Políticas Públicas do PCdoB e vice-prefeita de São Paulo na gestão de Fernando Haddad destaca que para enfrentar os problemas urbanos seria preciso “outro rumo, que combine desenvolvimento, retomada da geração de emprego, elevação da renda, investimentos em saúde, educação e ciência públicas. Nada disso será possível com a continuidade do governo Bolsonaro”.

Nádia é autora do livro Cidades Democráticas – A Experiência do PCdoB e da Esquerda em Prefeituras (1985-2018), publicado pela Editora Anita Garibaldi/Fundação Maurício Grabois, e que traz uma sistematização e um balanço das principais experiências da esquerda à frente das prefeituras. Esse trabalho também inspirou a realização do curso em vídeo que está sendo oferecido pela FMG de forma gratuita. “É importante assistir todos os módulos para que se tenha uma visão integrada e multifacética da questão urbana e dos desafios atuais das nossas cidades”, afirma.

Um dos maiores desafios da contemporaneidade é a gestão de grandes metrópoles, que cresceram de forma desordenada e sem planejamento. Como enfrentar problemas estruturais, com a participação da comunidade, buscando construir espaços urbanos mais democráticos?

Nádia Campeão: É verdade que nossas grandes cidades convivem com problemas estruturais, os quais vão sendo enfrentados ou lentamente, ou nem apresentam perspectivas de superação. No primeiro caso, poderíamos citar a questão do acesso universal dos domicílios ao saneamento básico e os problemas relativos ao transporte público coletivo. No segundo, em que não se vislumbram medidas efetivas, estão as enormes desigualdades entre áreas consolidadas das cidades, servidas por infraestrutura urbana razoável, e as vastas regiões mais afastadas ou onde residem as camadas trabalhadoras mais pobres, destituídas de serviços básicos, a começar do acesso a moradias seguras e dignas. Seria necessário colocar a reforma urbana na agenda pública nacional, somando os esforços de todos os níveis de governo. Em isso não ocorrendo, cabe lutar para que os governantes eleitos apresentem compromissos claros de agir sobre os problemas mais importantes, dando prioridade a estas regiões e populações que carecem do direito à cidade nas questões mais básicas.Mas e quando pensamos nos pequenos municípios, quais são os maiores desafios?

Os pequenos municípios reproduzem em menor escala vários problemas vividos pelas médias e grandes cidades. É o caso da violência e do desemprego, por exemplo. E ainda são mais frágeis na arrecadação própria, operam com orçamentos muito reduzidos e dependentes das transferências dos estados e da união. Seria muito recomendável que fossem incentivadas a formação dos consórcios regionais, onde os municípios de uma mesma região pudessem atuar em conjunto na solução dos problemas relativos ao transporte, saúde, aterros sanitários, segurança hídrica e outros.

O mundo vive a pandemia do Coronavírus. Milhões de pessoas em todo mundo estão em isolamento, os segmentos mais carentes da sociedade permanecem ou expostos à contaminação ou sem acesso à saúde. Esse é o tipo de situação que aumenta ainda mais as reflexões de como o espaço urbano e as políticas públicas devem se reestruturar. Como você avalia esse cenário?

O enfrentamento à pandemia do coronavírus já seria desafio imenso mesmo que o Brasil fosse um país bastante desenvolvido, Os exemplos internacionais, da Europa e dos EUA, estão aí a comprovar. Mas, no nosso caso, somam-se muitas outras fragilidades, como a desigualdade social, o baixíssimo crescimento, a desindustrialização (imagine um país depender da importação de máscaras e respiradores, quando todos os países deles necessitam ao mesmo tempo!), e mais do que tudo os ataques frontais que as políticas públicas e o SUS vêm sofrendo desde o governo de Temer, agravados com a eleição do Bolsonaro. A aprovação do teto dos gastos, o confronto com os médicos cubanos e o programa Mais Médicos, os cortes no orçamento da ciência e pesquisa, a completa insanidade do presidente da República, são fatores agravantes da situação. Como falar de isolamento social ou quarentena para a maior parte do povo que vive em condições precárias e sobrevive com trabalho informal?Espera-se que tudo isso que está acontecendo fortaleça a luta por uma outra orientação para o desenvolvimento nacional, um outro rumo, que combine desenvolvimento com reindustrialização, retomada da geração de emprego, elevação da renda, investimentos em saúde, educação e ciência públicas. Nada disso será possível com a continuidade do governo Bolsonaro.

Na hora de discutir as plataformas eleitorais, candidatos e candidatas inevitavelmente acabam hierarquizando questões, uns dizem que a prioridade é segurança, outros dizem que é saúde, educação, moradia e assim por diante. Como um gestor que pense numa cidade mais democrática deve entrelaçar esses temas?

Quem governa uma cidade precisa atuar sobre um grande conjunto de áreas e desenvolver um complexo de políticas públicas que sustentam todo o funcionamento urbano, dando garantias de que a população viva numa cidade limpa, onde o transporte público funcione, a escola tenha qualidade, os equipamentos de saúde sejam resolutivos, e ainda se enfrente as calamidades como chuvas, enchentes e epidemias, que proporcione áreas públicas de lazer e cultura, que estimule a cidadania e a participação democrática. Então, na prática, devem haver prioridades mas sem abandonar nenhum outro encargo municipal. Embora a maioria das pesquisas feitas com a população sempre indiquem que saúde e segurança pública sejam os principais problemas sentidos, acredito que atualmente será preciso responder prioritariamente ao quadro de crise social e desemprego que se alastra. A começar pelo aumento da população em situação de rua, que vêm ocorrendo em todas as cidades do país, independente do seu tamanho ou nível de desenvolvimento.Neste sentido, preocupa muito o fato de que com a estagnação da economia – talvez até recessão – a arrecadação das prefeituras despenque e justamente num momento em que é preciso fazer mais gasto público, os recursos sejam mais escassos. Os municípios já vinham sendo pressionados por receber mais responsabilidades e não receber aportes orçamentários correspondentes. Um novo pacto federativo é necessário no curto prazo.

Como o curso em vídeo que está sendo disponibilizado pode ajudar a pensar nestes e em outros temas?

O curso apresenta uma reflexão bastante abrangente dos principais temas que afetam a gestão municipal, inclusive o contexto geral em que estão inseridos. Vamos encontrar, nas aulas e entrevistas, tanto diagnósticos como problematizações e propostas, tratadas por pessoas que tem muita experiência e elaboração acumulados. É importante assistir todos os módulos para que se tenha uma visão integrada e multifacética da questão urbana e dos desafios atuais das nossas cidades.

Para acessar o curso Cidade Democráticas, clique aqui.

Para acessar a plataforma com artigos sobre Cidades Democráticas. Clique aqui.

*Entrevista originalmente publicada em 22 de março de 2020.


Fonte: https://eleicoes.pcdob.org.br


Eleições 2020 - Acessem: https://eleicoes.pcdob.org.br/#manual-eleitoral-2020