ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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segunda-feira, 22 de junho de 2020

Rio às cegas, por Jandira Feghali

O Brasil utilizou pouco o fato da pandemia ter chegado aqui quase 2 meses depois dos primeiros casos confirmados na China e Europa para aprender e se planejar. Ainda olhávamos, entre comovidos e chocados, as medidas adotadas pelos países atingidos e reconhecíamos que o isolamento era fundamental para evitar um índice alto de transmissão. Em 26 de fevereiro foi confirmado o primeiro caso no Brasil. De lá para cá, à exceção de esforços de vários governadores e prefeitos, o governo federal, na figura do chefe de Estado, afirmou medidas e protocolos contra todas as recomendações da OMS, aprofundou a dependência de insumos e equipamentos, desagregou esforços, e deixou órfã a população brasileira de proteção econômico-social.Continue lendo 
 

Bancada vota contra MP lesiva a direitos dos trabalhadores


Najara Araújo/Câmara dos Deputados
Medida Provisória 927/20 suspende regras trabalhistas previstas na Consolidação das Leis de Trabalho durante a pandemia de Covid-19. 
Com o voto contrário do PCdoB, a Câmara aprovou a MP 927 que muda regras trabalhistas durante a pandemia do novo coronavírus. A medida provisória permite que empresas atrasem o recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), flexibiliza o regime de teletrabalho e libera a antecipação de férias individuais.
Entre outras medidas que as empresas poderão adotar unilateralmente durante o estado de calamidade pública, está a antecipação de feriados, concessão de férias coletivas, possibilidade de o trabalhador receber apenas metade das verbas rescisórias, se vir a ser demitido, além de flexibilizar o banco de horas, dando ao empregador a decisão de quando as horas trabalhadas a mais ou a menos devem ser compensadas.
O texto também abre a possibilidade de acordos individuais entre patrão e empregado para a aplicação das medidas previstas na MP e ameniza exigências relacionadas à garantia de condições adequadas de saúde e de segurança no trabalho.
A líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), defendeu o adiamento da votação, argumentando a necessidade de ampliar a discussão sobre as consequências da medida sobre os trabalhadores e a economia do País. "O fato é que a MP não está ajudando a manter empregos. Ela reduz a multa do empregador no FGTS, facilitando, garantindo, inclusive, mais demissões", afirmou.
"Na verdade, quando se flexibiliza a multa do FGTS, está se favorecendo o desemprego. Quando se impede que os direitos dos trabalhadores sejam protegidos com a fiscalização, está se favorecendo a geração de desempregados", acrescentou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).
O projeto de lei de conversão aprovado nesta quarta-feira (17), apresentado deputado Celso Maldaner (MDB-SC), segue agora para análise do Senado. Foi aprovada apenas uma alteração, com apoio do relator, por meio de uma emenda da bancada do PP. O trecho incluído prevê que, na pandemia, quando houver paralisação total ou parcial das atividades da empresa por determinação do poder público, ficará suspenso o cumprimento de acordos trabalhistas em andamento.
Apontando que o texto editado pelo governo não preserva empregos e coloca nas costas dos trabalhadores o custo econômico da pandemia, parlamentares oposicionistas tentaram adiar a votação, utilizando os recursos regimentais de obstrução.
“É uma nova reforma trabalhista, é fazer do emprego um trabalho escravo”, denunciou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Segundo a parlamentar, a MP 927 anula acordos que foram construímos na votação de outra medida provisória que trata de medidas trabalhistas (MP 936) e deveria ter sido devolvida ao Poder Executivo.
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), a medida provisória "é perversa com os trabalhadores" e sua aprovação um estímulo à ampliação dos índices de desemprego, porque flexibiliza os direitos trabalhistas e facilita as regras para o empresário demitir. "Essa matéria não tem urgência, não deveria estar sendo votada, não pode tirar direito dos trabalhadores de uma maneira absurda, cometendo uma afronta à possibilidade de se manterem empregos e salários", protestou.
O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) destacou que a medida provisória "é mais um ataque, um atentado aos direitos dos trabalhadores e não resolve nenhum dos problemas, reflete apenas o desgoverno que o Brasil está vivendo". "O Brasil está fazendo tudo ao contrário do que deveria ser sendo feito, tal qual outras nações do mundo estão fazendo, como é o caso da Argentina aqui perto", observou.
"O Brasil não tem governo na área da saúde. O Brasil não tem governo na área da educação. O Brasil não tem governo na área do meio ambiente e também não tem governo na área da economia. Paulo Guedes não é ministro da Economia, é um preposto do sistema financeiro", assinalou o parlamentar.
A MP 927 também restringe os casos nos quais a infecção por Covid-19 pode ser caracterizada como acidente de trabalho. Essa classificação seria restrita aos profissionais que trabalham em hospitais. Nos demais casos, o empregado teria que demonstrar a relação entre a infecção e o exercício do trabalho. Na prática, a mudança feita pelo relator facilitaria a isenção do empregador de responsabilidade sobre os funcionários infectados.
Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara

"REPRISANDO" - Para o PCdoB, frente ampla cresce e pode isolar e derrotar Bolsonaro


Em reunião virtual realizada nesta sexta-feira (19), a Comissão Política Nacional (CPN) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) destacou que a frente ampla brota com vigor e que Bolsonaro e seu clã estão acossados pelas armas do Estado Democrático de Direito.
Para o PCdoB, a oposição está se fortalecendo, mas, em especial no âmbito da esquerda, há concepções equivocadas que subestimam e hostilizam a frente ampla. “Isso é desserviço ao Brasil e ao povo”, polemiza a nota.
A CPN também definiu que o descaso de Bolsonaro com as mortes pela Covid-19 também demonstra a sua incompatibilidade com o cargo. A inação do governo diante do agravamento da crise econômica é outro fator que faz Bolsonaro não estar à altura das responsabilidades das funções de presidente da República.
De acordo com o documento, o presidente se utiliza dessa tragédia social para tentar subjugar os demais Poderes da República a seu projeto de um regime autoritário e policial, sepultando a democracia. A nota defende a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as evidências de crimes que pesam sobre o presidente.
Finalmente, o documento da CPN reforça que, na pré-campanha eleitoral, é importante apontar propostas focadas na defesa da democracia, no combate ao autoritarismo, na proteção social, na defesa da vida, na geração de empregos e na retomada da atividade econômica, sobretudo com o apoio às micro, pequenas e médias empresas.
Leia a íntegra:
Frente ampla para isolar e derrotar Bolsonaro
O governo de Jair Bolsonaro prossegue com sua marcha irresponsável, empurrando o país no rumo do desastre, agravando crescentemente as crises sanitária, econômica, política e institucional. Os crimes de Bolsonaro, de seu clã e de ministros começam a ser investigados e o presidente sente o peso das armas do Estado Democrático de Direito.
O Brasil tem mais de um milhão de casos confirmados, é o segundo país em número de vítimas da Covid-19 e perto de 50 mil pessoas já perderam a vida. Tragédia que acarreta luto e dor sem tamanho para as famílias.
A economia, que antes da pandemia já estava atrofiada pelo receituário ultraliberal de Bolsonaro-Guedes, terá neste ano, segundo prognósticos, uma queda aproximada de 8% do PIB; pior previsão entre os países latino-americanos. O custo social e econômico dessa brutal recessão é elevadíssimo. Alastram-se a miséria, o desemprego e a quebradeira de empresas.
E o que faz, reiteradamente, o presidente da República?
Nega a gravidade da Covid-19, trata as mortes com descaso, faz campanha contra o distanciamento social, tenta esconder o número de óbitos, não destina o orçamento necessário ao SUS, sabota as medidas aprovadas pelo Congresso Nacional de ajuda a estados e munícipios, de socorro às micro, pequenas e médias empresas, e agora, demonstrando crueldade com o povo mais humilde, quer cortar para R$ 300 a renda emergencial de R$ 600,00.
Milhares de mortes poderiam ter sido evitadas se o presidente tivesse cumprido sua responsabilidade de defender a nação contra a doença. Mas faz o contrário. Bolsonaro não põe o Estado nacional, o governo, para controlar a pandemia, proteger o emprego, assegurar renda aos pobres e nem socorrer e impulsionar a economia nacional.
E mais: utiliza-se do ambiente adverso da Covid-19 para tentar submeter os demais Poderes da República ao seu intento de instaurar um regime autoritário e policial, sepultando a democracia. Para isso, comete a grave ilegalidade de tentar dividir as Forças Armadas. Apoia e mobiliza suas milícias e bolsões neofascistas e, também à margem da lei, cultiva influência direta sobre as polícias.
Todavia, hoje, a exemplo de outros momentos graves da história da República, quando a democracia se encontrava soterrada ou sob real ameaça como agora, se irrompe e ganha vida – sob várias formas e contornos – um movimento de frente ampla, de forças políticas e sociais heterogêneas, tendo como bandeira central a defesa da vida e da democracia. Bandeiras que estão entrelaçadas a medidas econômicas de emergência em defesa do emprego e das empresas, sobretudo as micro, pequenas e médias, e da indispensável ajuda aos pobres.
Na hora presente, no âmbito da frente ampla, eleva-se o papel do Supremo Tribunal Federal na defesa do Estado Democrático de Direito e de suas instituições, posto que se forma uma coesão dos ministros para conter, investigar, julgar e punir a escalada golpista do presidente, como é caso do inquérito das fake news que investiga a produção, disseminação e financiamento de material digital criminoso que abarca graves delitos desde a campanha presidencial de Bolsonaro.
Na frente ampla, que brota com vigor e com crescente apoio popular, engajam-se crescentemente largos setores do Congresso Nacional, parcelas do Poder do Judiciário, governadores, entidades da sociedade civil, personalidades do mundo da cultura e da ciência, movimentos e instituições religiosas, partidos políticos, centrais sindicais, entidades e movimentos sociais.
Bolsonaro, por sua vez, neste momento na defensiva, acossado pelo Estado Democrático de Direito – ele e seu clã numa teia de inquéritos que abarcam tanto crimes comuns, como é caso de Fabrício Queiroz, finalmente preso, quanto crimes contra o regime democrático investigados de modo célere pelo STF –, manobra, posa de vítima e é forçado a demitir o neofascista Weintraub que estava à frente do Ministério da Educação.
O presidente, dando-se conta da frente ampla que se ergue, da alteração que começa a ocorrer na correlação de forças, com base no “toma lá dá cá”, busca criar uma base de apoio no Congresso Nacional – para além do gueto bolsonarista – com número suficiente para evitar o impeachment.
No âmbito do Congresso, a bancada do PCdoB e outras forças democráticas se empenham para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue esse conjunto de fortes evidências de crimes que pesam sobre o presidente da República. Uma vez instalada, a CPI terá condições de demonstrar e comprovar que Bolsonaro, pelos ilícitos que cometeu, não tem condições de governar o país.
A oposição se robustece na tecitura da frente ampla. Contudo, especialmente no campo da esquerda, persistem negativamente concepções e condutas políticas errôneas que subestimam a frente ampla e criam obstáculos à união de forças, ou mesmo até a hostilizam, atacando o diálogo que visa à sua construção.
Essas concepções e condutas parecem derivar de dois equívocos graves. Primeiro, a subestimação da escalada autoritária de Bolsonaro. Consideram, ao que parece, que as ameaças bolsonaristas de promover a ruptura com o regime democrático seriam meras bravatas. Segundo, em vez de pôr em primeiro lugar a tarefa de salvar o Brasil e a democracia, subordinam essa missão magna a objetivos menores, a interesses de grupos e de partidos e a disputas eleitorais futuras.
Tais concepções são falsamente radicais, pois criam dificuldades para a formação de uma maioria capaz de barrar a escalada autoritária de Bolsonaro e, pelos crimes que cometeu, afastá-lo da Presidência.
As forças progressistas e de esquerda, entre elas o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), têm larga experiência em lidar com alianças amplas, a exemplo da grande união que se formou nos escombros do Estado Novo para combater o nazifascismo e da larga frente que elegeu Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, pondo fim a ditadura militar.
Num movimento assim, em torno de bandeiras bem definidas – no caso concreto, em torno da defesa da vida e da democracia –, envolvendo forças políticas heterogêneas, não significa que elas irão se diluir. Permanece a unidade e a luta. Segue, por óbvio, um debate em que o campo democrático e popular defende suas ideias diante de outros setores, buscando consensos que possam impulsionar e dar uma direção acertada ao movimento.
O PCdoB seguirá empenhado na construção da frente ampla que, nas atuais circunstâncias, assume o caráter de salvação nacional. O exercício da resistência e da oposição tem demonstrado ser este o caminho para o Brasil se ver livre do desastroso governo Bolsonaro, salvar vidas ameaçadas pela pandemia, salvaguardar a democracia e levantar a economia nacional do chão, promovendo o crescimento econômico, a geração de empregos, o soerguimento das empresas e socorrendo o povo enormemente penalizado.
Quem ganha com a frente ampla é a nação e a classe a trabalhadora. É a causa da democracia, da defesa do Brasil e dos direitos do povo.
Quem perde com a frente ampla é o governo da extrema-direita, o fascismo, o imperialismo estadunidense que tem em Bolsonaro um governo servil.
Só a frente ampla pode realizar a tarefa de livrar o país do bolsonarismo, repor o pacto democrático para as legitimas disputas eleitorais e de projetos para o país. Tem assim o potencial de ser o desaguadouro das esperanças do povo, o catalizador das energias do que há de democrático, patriótico e popular em nosso país. Tão logo as condições sanitárias permitam, sob o chamado da frente ampla, multidões poderão ir às ruas para o acerto de contas com o bolsonarismo.
Por tudo isso, é um desserviço ao Brasil e ao povo se opor à sua construção.
É hora de cuidar, de trabalhar para que a frente ampla prospere e se consolide. O PCdoB reitera seu chamado a todas as forças políticas e sociais, que têm a democracia como um bem precioso a ser preservado e ampliado, para que juntos sigamos reunindo, agregando e pondo em ação mais e mais forças, para que consigamos uma maioria política e social capaz de livrar o Brasil desse verdadeiro pesadelo que é o governo Bolsonaro.
Finalmente, a direção nacional do PCdoB reforça, perante seus militantes, filiados, eleitores (as), simpatizantes e, em especial, seus representativos e competitivos pré-candidatos (as), para que na pré-campanha eleitoral em curso, a partir da realidade das cidades, apontemos propostas focadas na defesa da democracia, no combate ao autoritarismo, na proteção social, na defesa da vida, na geração de empregos e na retomada da atividade econômica, sobretudo com o apoio às micro, pequenas e médias empresas. Façamos das eleições municipais uma grande resposta do povo ao desastroso governo Bolsonaro, um vigoroso impulso para o Brasil e suas cidades vencerem e superarem esse trágico capítulo de nossa história.
Em defesa da vida, da democracia e do emprego!
CPI já!
Fora Bolsonaro!
Brasília, 19 de junho de 2020
Comissão Política Nacional (CPN) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Do Portal PCdoB