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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Brasil - Bolsonaro quer vender todas as empresas públicas brasileiras


 

O amplo programa de privatizações do candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro (PSL), prevê o desmonte total de praticamente todo o patrimônio público brasileiro. 

Por Tatiana Melim


Se vencer as eleições no segundo turno, em 28 de outubro, ele pretende desnacionalizar, vender para grupos internacionais, ou fechar empresas que prestam serviços essenciais à população, como o fornecimento de água, energia e crédito bancário, além da chamada joia da coroa, o Pré-Sal brasileiro, a terceira maior reserva de petróleo do mundo. E tudo isso para pagar a dúvida pública e não para investir no Brasil e na qualidade de vida dos brasileiros.

Trabalhadores e especialistas alertam que, além das privatizações fecharem milhares de postos de trabalho, nenhum país do mundo se desenvolveu de forma sólida sem que tivesse como base uma indústria nacional forte, em especial nos setores estratégicos, como é o caso do petróleo.

Não é o que pensa Bolsonaro e sua equipe que colocaram na mira do capital privado empresas públicas e estatais, como Petrobras, Eletrobras e Caixa Econômica Federal, entre outras. O mentor da plataforma econômica de Bolsonaro, o banqueiro e economista ultraliberal Paulo Guedes, já deixou claro em declarações à imprensa, mais de uma vez, que pretende promover a privatização de “todas” as estatais, justificando que essa seria uma forma de reduzir o endividamento público. 

As intenções e declarações, tanto do presidenciável do PSL quanto do seu guru econômico, estão escritas também em seu plano de governo, que diz expressamente que algumas estatais serão simplesmente extintas, outras entregues à iniciativa privada e uma minoria poderá ser preservada.

No programa não há a especificação de quantas ou quais das 147 empresas da União seriam vendidas. A única definição é que “todos os recursos obtidos com privatizações e concessões deverão ser obrigatoriamente utilizados para o pagamento da dívida pública”, ou seja, nenhum centavo retornará em benefícios para o Brasil e os brasileiros.

Especialistas e trabalhadores dos setores que estão na mira das privatizações contestam as justificativas de Bolsonaro e afirmam que as propostas do presidenciável não passam de uma extensão do desmonte do patrimônio público iniciado pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP).

“O programa pretende seguir exatamente o que Temer já está fazendo no Brasil, ou seja, vendendo tudo. Estão abrindo mão do patrimônio que o povo brasileiro ajudou a construir, ignorando completamente que a maioria da população é contra a privatização”, diz o petroleiro e coordenador do Comitê em Defesa das Estatais da CUT, Roni Barbosa.

Além disso, completa o dirigente, a proposta desconsidera a importância do fortalecimento dessas empresas no investimento em tecnologia e ciência e na geração de postos de trabalho no Brasil e para os brasileiros e não para os estrangeiros. “A cadeia produtiva de petróleo, por exemplo, é responsável pela geração de milhões de empregos no país”, alerta Roni, que também é secretário de Comunicação da CUT.

O economista e técnico do Dieese da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cloviomar Cararine, reforça a avaliação feita por Roni e acrescenta que essa proposta vai contra os interesses políticos, econômicos e estratégicos do país.

Se não fosse o Estado brasileiro, diz ele, provavelmente o Pré-Sal não teria sido descoberto. “Considerando os altos riscos envolvidos, uma empresa privada não arriscaria o investimento. A descoberta só foi possível porque uma empresa pública, a Petrobras, investiu na pesquisa tecnológica e confirmou a presença dessa riqueza em solo brasileiro”, explica.

O economista do Dieese lembra ainda que a proposta de privatizar tudo o que é possível para pagar a dívida pública já foi apresentada na década de 1990 e não resolveu o problema. “Além de abrir mão da soberania nacional, as privatizações não garantem o pagamento da dívida nem a melhora do serviço e/ou redução de tarifas”.

“Para que privatizar empresas públicas estratégicas, como a Petrobras, sem deixar claro qual o objetivo diante do debate em torno da dívida pública e de experiências passadas que se mostraram ineficazes?”, questiona.

É o que pergunta também o economista e técnico do Dieese da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Gustavo Teixeira. Ele lembra que um setor que foi amplamente privatizado na década de 1990 foi a distribuição de energia elétrica.

“E, ao contrário da expectativa do governo, as desestatizações se mostraram incapazes de resolver a crise fiscal”, lembra Gustavo, citando a nota técnica do Dieese, que mostra que entre 1995 e 2003, a dívida líquida do setor público passou de 28% para 52% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Além disso, não aumentaram a eficiência, os preços crescem acima da inflação e a qualidade do serviço ainda é muito inferior da desejada pela população”, diz o economista.

Isso sem falar que as estatais federais, nos últimos 15 anos, distribuíram mais de R$ 250 bilhões de dividendos para a União. "Por que, então, vender empresas que garantem dividendos para o governo e podem ser responsáveis por gerar receitas no futuro?", questiona.

Na contramão do mundo

Os dois economistas do Dieese denunciam, ainda, que as propostas apresentadas por Bolsonaro vão na contramão do que está sendo feito no mundo. Países classificados como liberais, como é o caso do Reino Unido, que aderiu à cartilha dos economistas da Escola de Chicago – a mesma de Paulo Guedes - na década de 1990, estão tendo de voltar atrás e reestatizar empresas estratégicas. 

“É o caso do serviço de água e esgoto. Com tanto problema na qualidade e oferta do serviço, os ingleses decidiram reestatizar, pois perceberam que é um serviço básico e essencial à população”, diz Cloviomar Cararine, técnico do Dieese da FUP.

É possível verificar esse processo por meio de uma plataforma com o “mapa das reestatizações” criada pelo Observatório Corporativo Europeu e pelo Instituto Transnacional de pesquisa e defesa de um planeta justo, democrático e sustentável.

De acordo com a análise das informações coletadas, entre 2000 e 2015, foram identificados 235 casos de remunicipalização de sistemas de água, abrangendo 37 países e afetando mais de 100 milhões de pessoas. Acesse o site aqui.

“Até mesmo o governo liberal de Donald Trump, que o Bolsonaro tanto adora, está criando uma política de conteúdo local e proteção das empresas nacionais”, completa Cloviomar.

Haddad é o oposto

Já o programa do candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, diz justamente o oposto e defende a suspensão da política de privatização de empresas estratégicas para o desenvolvimento nacional e da venda de terras, água e recursos naturais para estrangeiros.

“É preciso qualificar os concursos públicos e conter a privatização e a precarização dos serviços públicos, expressas pela terceirização irrestrita e pela disseminação de modelos de gestão e agências capturados e controlados pelo mercado”, diz trecho do programa de governo.

Para recuperar a capacidade do Estado em investir nos serviços públicos, Haddad se comprometeu a revogar a PEC do Teto. “O congelamento de gastos por 20 anos impõe severos prejuízos à população. Nós não teríamos condições de contratar médicos, professores, policiais na vigência da Emenda Constitucional 95 e o povo está pedindo mais saúde, educação e segurança. Sem investimento não se pode dar assistência ao povo”, disse Haddad no encontro com sindicalistas nesta quarta-feira (10).

“É uma contradição do nosso adversário manter todas as medidas do Temer e dizer que vai oferecer mais serviços públicos”.

Segundo o programa de governo, a crise de representatividade do sistema político é também uma crise da capacidade do Estado prover serviços públicos. Por isso, diz o programa, “é necessário estabelecer maior associação entre os valores republicanos, gestão pública e demandas da população por serviços públicos de qualidade, garantindo ao Estado instrumentos para induzir o crescimento econômico e reduzir desigualdades”.

“A relação entre os interesses públicos e privados deve se pautar pela mais absoluta transparência”, conclui o documento.


Fonte: CUT, com  http://www.vermelho.org.br

Como ministro, Haddad fez avançar valorização do professor

 
A criação do Piso Salarial Nacional do Magistério em 2007 pelo ministro da Educação, que à época era Fernando Haddad, foi um marco histórico na valorização dos professores no Brasil. A avaliação é de Valéria Morato, presidenta do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG) e presidenta da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-MG). “Foi uma conquista da qual não podemos abrir mão”, afirmou.

Por Railídia Carvalho


Valéria é professora há 32 anos e afirmou que na sua trajetória é a primeira vez que saem do papel iniciativas para a valorização do professor. “O governo de Lula com Haddad ministro trabalhou democraticamente ouvindo os professores, dando voz à categoria e entendendo minimamente o que os professores precisavam e precisam”, afirmou Valéria ao Portal Vermelho.

A lei do piso salarial nacional do magistério foi uma iniciativa do Ministério da Educação sob a gestão Haddad. Sancionada em 2008 pelo ex-presidente Lula, a lei 11.738, de 16 de julho de 2008, estabeleceu um salário mínimo para professores do ensino básico, formados no magistério e com 40 horas semanais de trabalho. Para 2018, o valor é de R$ 2.455,35, válido como referência para todo o país.

Haddad no MEC: Professor viu direito virar realidade

“Ter conseguido o piso nacional do magistério foi para nós uma grande conquista. Antes da lei, cada Estado pagava um salário para os professores. Não havia parâmetro. Os professores da região Sul recebiam um piso diferente do Nordeste. Ter um parâmetro nacional valoriza formação, carga horária e também possibilita formação continuada, ou seja, entende o professor como um todo”, avaliou Valéria (foto).

Além de estabelecer um mínimo, a lei reserva um terço da carga horária do professor para que ele, fora da sala de aula, possa avaliar o próprio trabalho e se dedicar à formação. Valéria ainda lembrou que o governo de Lula e Haddad ministro se propôs a complementar o salário dos professores nos Estados que comprovassem que, por questões orçamentárias, não conseguiriam cumprir o piso.

Valéria afirmou que a lei ainda não é cumprida em muitos estados. Em outros lugares como o Maranhão, o valor é bem acima do que é estabelecido em lei. O governador Flávio Dino (PCdoB), reeleito no dia 7 de outubro, elevou neste ano para R$ 5,750 o salário de um professor do ensino básico em início de carreira. 

“Vale lembrar que a lei estabelece um mas os estados podem pagar a mais. É o caso do Maranhão. O piso de lá é o nosso sonho”, comentou Valéria. Os professores ensino básico do Maranhão são os mais bem remunerados do país.

“Sem a valorização econômica o professor precisa se desdobrar, ou seja trabalhar em vários horários. Ele também precisa investir na sua formação, que é permanente. A gente tem que preparar a aula, dar a aula e avaliar a aula antes, durante e depois. Se você recebe um valor abaixo, tem que se desdobrar daí quando vê adoece. O professor sobrecarregado tem mais propensão ao adoecimento”, completou Valéria.

Sobre a disputa presidencial entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro (PSL), ela confia na escolha dos professores: “Eles saberão reconhecer qual projeto melhor os representa. Saberão distinguir qual projeto acredita e valoriza a educação e o professor como sujeitos primordiais nesse processo de ensino aprendizagem e para a formação de cidadãos e democratas”.

Haddad valoriza, Bolsonaro desqualifica professor

Na opinião da dirigente, o projeto de Bolsonaro dispensa o papel do professor. “O processo educacional envolve professor, aluno e projeto político pedagógico. A valorização da educação passa por escolhermos um projeto que reconheça o papel do professor na sociedade. O Bolsonaro desqualifica o professor, torna os professores dispensáveis, propõe que os alunos fiquem dentro de casa a partir dos 11 anos”, enfatizou Valéria.

Em entrevista no início do mês ao jornal O Globo Bolsonaro cogitou educação à distância para crianças no ensino básico. Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação, criticou a ideia em sua página do facebook. 

“Sabe o que é educação a distância? Não há mais, uniforme, calçado, merenda. Não há mais escola, como lugar aonde as crianças e adolescentes vão. Não haverá mais professora, professor, em contato direto com seu filho”, escreveu Janine. Segundo ele, educação à distância pode dar certo para um público de maior faixa etária mas não vai funcionar para crianças e adolescentes.

Valéria reiterou que em se concretizando o projeto de Bolsonaro seria o sucateamento e a total eliminação da educação pública de qualidade. “Seria a entrega da educação para a iniciativa privada. O filho do trabalhador não terá mais vez de estudar, de se formar para superar a condição que lhe é imposta por uma sociedade desigual”.

A valorização e qualificação do professor continua como uma das metas da chapa Fernando Haddad e Manuela d´Ávila. Ambos propõem a criação de uma política nacional que impacte nas estruturas de formação inicial e continuadas dos professores. O Piso Salarial Nacional será garantido e serão criados novos instrumentos para assegurar a permanência dos professores nas unidades de ensino.


Do Portal Vermelho

Bolsonaro quer tirar alunos da escola com educação à distância

 

Jair Bolsonaro defende educação à distância até para os alunos de Ensino Fundamental. Para Bolsonaro, o aluno poderia ir às escolas apenas para fazer provas e aulas práticas, a depender da disciplina. O candidato disse ainda que esse regime ajuda a “baratear” o ensino.


O segundo turno é época de comparar propostas sobre temas importantes para o país. Neste 15 de outubro, Dia dos Professores, a educação foi o tema central. Fernando Haddad (PT) tem na bagagem a experiência como ministro da Educação no governo Lula. Criou o Fundeb, o piso nacional dos magistrados, o Prouni, ampliou o número de creches, ampliou e reestruturou o Fies, ajudou a elevar o orçamento da educação para 6% do PIB nacional (e propõe agora levar a 10%). 

Entre as suas muitas propostas de governo, estão uma nova reforma do Ensino Médio e a ampliação da educação integral – quanto mais tempo crianças e adolescentes passam nas escolas, mais inclusão. 

Já Jair Bolsonaro vai na direção contrária. Afirma em seu programa de governo que dará ênfase à educação infantil, básica e técnica. Mas não dá detalhes. A plataforma fala de forma vaga que o conteúdo e método de ensino precisam ser mudados. "Mais matemática, ciências e português", diz o texto.

Bolsonaro pretende incluir no currículo escolar as matérias educação moral e cívica (EMC) e organização social e política brasileira (OSPB), disciplinas herdadas da ditadura militar.

O candidato tem ainda intenção de ampliar o número de escolas militares, fechando parcerias com as redes municipal e estadual. No mais, a proposta de Bolsonaro para a educação parece ser justamente acabar com a educação pública e tirar os alunos da escola. 

Ao contrário de Haddad, que quer o aluno mais tempo na escola, Bolsonaro defende educação a distância até para os alunos de Ensino Fundamental. Para Bolsonaro, o aluno poderia ir às escolas apenas para fazer provas e aulas práticas, a depender da disciplina. O candidato disse ainda que esse regime ajuda a “baratear” o ensino. Ele argumentou que esse tipo de metodologia pode ajudar a combater o "marxismo" que ele diz ver nas escolas. 

"Conversei muito sobre ensino a distância. Me disseram que ajuda a combater o marxismo. Você pode fazer ensino a distância, você ajuda a baratear", afirmou o presidenciável, ao ser questionado por jornalistas sobre propostas para a educação.

Perguntado sobre em qual etapa da educação pretendia investir no ensino à distância, respondeu: "No fundamental, médio, até universitário. Todos podem ser à distância, depende da disciplina. Fisicamente em época de prova ou aula prática". Preocupado com o que ele chama de "doutrinação ideológica das crianças", o presidenciável ignora o fato de que tirar as crianças da escola exigirá ter um adulto em casa para cuidar delas. Ou seja, o pai ou mãe terão de largar seu emprego. 

Com uma campanha toda pautada pelas notícias falsas, Bolsonaro também tem se colocado contra um suposto kit gay – que não existe nem nunca existiu – que Haddad teria distribuído nas escolas, fato já desmentido por diversas agências de checagem de informação. O que Haddad realmente distribuiu foi comida de verdade para a merenda escolar (pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar) e ônibus, lanchas e bicicletas para transporte escolar (pelo programa Caminho da Escola). Haddad foi também o ministro da Educação que mais distribuiu oportunidades para as pessoas cursarem o Ensino Superior:

Como disse Fernando Haddad, a fake news do kit gay é um desrespeito aos professores: “Você acha que uma professora brasileira primária ia aceitar esse tipo de coisa dentro da sala de aula? É um desrespeito ao magistério, é um desrespeito às professoras, é uma mentira deslavada de quem não tem projeto”.


Fonte: Agência PT de notícias, BBC e programa de governo de Bolsonaro