ELEIÇÕES 2022: MOVIMENTO 65

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domingo, 15 de maio de 2016

BRASIL: “Aqui jaz a Cultura brasileira”, por Toni C.

Ministro da Cultura Juca Ferreira, durante cerimônica de Posse do Conselho Nacional de CulturaMinistro da Cultura Juca Ferreira, durante cerimônica de Posse do Conselho Nacional de Cultura


Têm uns seis meses em que disponibilizei meu nome na disputa por uma vaga no Conselho Nacional de Cultura. Fiz campanha, submeti a avaliação minha trajetória, pedi voto a cada um com o compromisso de contribuir com a discussão, elaboração e denúncia quanto cidadão da sociedade civil nos temas culturais. Disputei com outros 13 candidatos no setorial de literatura e recebi 49% dos votos no Estado de São Paulo.

Daqui pra lí, assisti o país virar de ponta cabeça:

Lavajato é a lavagem cerebral em tempos de falta d’água.
Gordos interesses em suas varandas entoando panelas.
Petrolão uma mancha para esconder o crime da Vale em Mariana.
Sequestro de um ex-presidente para abafar o bolsa à família extraconjugal de outro ex-presidente.
Um tríplex em Guaruja fazendo sombra no tríplex de Paraty.
Vazamentos de ligações pra diluir a lista com mais de 300 ladrões.
A Copa do Mundo foi a “revolta” de quem dizia preferir saúde e educação.
Protestam com a camisa da Nike / CBF, não ria, contra a corrupção.
Mas quando os estudantes ocuparam as salas de aula, para mantê-las abertas e contra o desvio da merenda, os mesmos preferiram acompanhar a final do Paulistão.
Assistimos um bando de criminosos, em nome da família, condenar uma mulher por sua não cumplicidade, saudação ao torturador e um beijo a esposa e ao filho. 
E nessa brincadeira, a democracia é assassinada por bala perdida. 

Por muito menos, revoltosos dos 20 centavos queimaram ônibus, pararam o país. Exigiram passe livre e conquistaram... aos golpistas.

Bom, até aqui nada que você não saiba, alardeado em manchetes envenenadas. 

O meu testemunho é de uma cena que o telejornal não mostrou. Convivi por estes dias com famílias acampadas vindas de todas as partes do Brasil. Abandonaram suas vidas para assegurar o voto que deram ou não deram, mas que precisa ser assegurado. Conversei com líderes e pessoas anônimas, negros e sindicalistas, padres e indígenas, periféricos e sertanejos. Ouvi a poucos metros o discurso da presidenta diante do Palácio do Planalto, dizendo um “até logo”, sem abaixar a guarda. Olhei no olho de cada um e o que enxerguei bem lá no fundo foram histórias mais nobres que esta que vou contar, a minha:

Finalmente chegou o grande dia, todos orgulhosos para o ato solene de posse com a presença do Ministro que faz questão de receber um a um. Flashes, selfies, sorrisos. Eu, entreguei um livro que trazia em minha mochila ao Juca (nunca ví ministro ser tratado de modo tão informal). Poesia Pra Encher A Laje, é o título do meu parceiro INQUÉRITO, Renan que convoca um multirão para um novo patamar... a laje é teto mas também é chão, mirante da quebrada.

Tranquilo, favorável. #SQN

Meu nome no Diário Oficial como conselheiro empossado, 48 horas depois era questionado pelo vice-presidente conspirador golpista Michel Temer. 

A primeira ação de um autoritário antidemocrático é abolir os espaços construídos democraticamente. Temer faz isso com uma medida provisória que extingue o Ministério da Cultura. 

A sexta-feira 13

Para supersticiosos esta é uma data de mau agouro. O dia 13 de maio historicamente é o dia em que negros devem ser eternamente gratos pela princesa branca ter feito a benevolência de nos libertar, segundo a versão oficial. Nesta sexta-feira 13 de maio, uma Lei Áurea às avessas nos devolve a escravidão em forma de um governo ilegítimo.

Amigos às vezes falam o que você sente e não sabe como dizer: “Tem gente reclamando da ausência das minorias participativas na composição dos ministérios de Temer. Eu não! Ao contrário, acho bom! Me orgulho em saber que mulheres e negros estão fora dessa cretinagem golpista. Ainda bem!
E tem mais, incluo nessas minorias os homossexuais e honestos. Sim, "honestos" pois pessoas honestas são tão minorias na política quanto os demais grupos que citei.
Portanto, parabéns às mulheres, aos negros e homossexuais e também aos honestos por não participarem dessa coisa nojenta.” (Demetrios dos Santos)

Não foi a única presidenta mulher que foi deposta nesse dia, foram as políticas sociais que permitiram a dignidade dos mais pobres, o extermínio da miséria e porque não os votos que recebi como conselheiro de um ministério que poucas horas depois foi extinto. 

A Cultura não precisa de um ministério, ela é definida pelo núcleo artístico das organizações Globo, a metralhadora do golpe.

Aqui jaz a cultura.
Descanse em paz!



Leia também:



* Autor dos livros: Sabotage - Um Bom Lugar, e do romance O Hip-Hop Está Morto, integrante do Conselho Nacional de Cultura na área de Livro, Leitura e Literatura, membro da direção da Nação Hip-Hop Brasil, diretor de cultura da ORPAS, diretor do coletivo LiteraRUA, e integrante do Portal Vermelho.

BRASIL: Do dr. Ulysses a Temer


Carta Capital
A traição ao “Senhor Diretas Já” Ulysses Guimarães foi a primeira deslealdade do PMDB. Mas não foi a última.
A traição ao “Senhor Diretas Já” Ulysses Guimarães foi a primeira deslealdade do PMDB. Mas não foi a última.

O candidato contava com a força eleitoral do partido e com a histórica foto na qual erguia um exemplar da Constituição, batizada de “Cidadã”, bem como com seu digno passado de anticandidato em 1973 e de “Senhor Diretas Já”, em 1984. 

Parecia uma arma eleitoral insuperável. Foi um fiasco, para o orgulho do sóbrio e confiante Ulysses. Ele ficou em sétimo lugar com modestos 3,2 milhões de votos, em um eleitorado de 82 milhões.

Esta foi a primeira deslealdade do PMDB. Para isso, o partido abriu mão de tentar conquistar o poder pelo voto popular. Assim, postou-se como guardião das tradições contra um operário metalúrgico chamado Lula que, inesperadamente, ameaçava os candidatos tradicionais. 

Forçado pelas circunstâncias, o PMDB não titubeou. Descartou Ulysses. Apostou todas as fichas em Fernando Collor, um carioca desconhecido formado politicamente em Alagoas. Uma facada. Seja qual for a explicação, Ulysses foi vítima da deslealdade do PMDB. Uma traição. A primeira, mas não a última.

Posteriormente, em 1994, o partido, sem condições de alcançar o poder, fechou com a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. Chamado até então de “príncipe da sociologia brasileira”, foi reduzido à condição de sociólogo temporário. 

Em 2002, após os oito anos de FHC, em boa parte calamitosos, Lula venceu a disputa. Para formar uma base governista sólida, convocou o PMDB como aliado. O PT reagiu. Rangeu os dentes. Cedeu, ao cabo, e entrou no jogo.

Ao fim de dois mandatos, Lula fez de Dilma Rousseff a sua sucessora. Para suprir eventuais dificuldades eleitorais escolheu Michel Temer (foto ao lado) como vice-presidente na chapa governamental.

Contava com a influência do PMDB nos confins do País. O partido não tinha identidade política. Era, e ainda é, um ajuntamento de pessoas. Uma diversidade de interesses. Não olha o Brasil, e sim seus interesses. O PMDB, mais uma vez, é o instrumento do jogo de sempre.

O partido, supostamente aliado da presidenta Dilma Rousseff, tornou-se promotor da conspiração golpista. 

E Michel Temer traiu. 


Fonte: Carta Capital 
C/ Portal Vermelho

BRASIL: OAB critica nomeação de ministros investigados na Lava Jato

“Quem é investigado pela Operação Lava Jato não pode ser ministro de Estado, sob o risco de ameaçar a chance que o Brasil tem de trilhar melhores rumos. Faço o alerta de que a nomeação de investigados contraria os anseios da sociedade e não deveria ser feita”, disse Lamachia em nota.

“No futuro, se necessário, a Ordem avaliará o uso dos instrumentos jurídicos cabíveis para requerer o afastamento das funções públicas dos ministros que se tornarem réus. Foi com base nesse entendimento que a OAB pediu o afastamento do deputado Eduardo Cunha e do então senador Delcídio do Amaral”, completou.

No documento, Lamachia acrescenta que a OAB acredita no sucesso do Brasil, por isso, “cobrará que, diferentemente do anunciado, o novo ministério não seja composto por pessoas sobre as quais pesem dúvidas”. Ainda na nota, Lamachia defende que todos cidadãos têm direito à ampla defesa e ao devido processo legal, mas acredita que a equipe de ministros precisa estar acima de qualquer suspeita. 

De Brasília, com Agência Brasil