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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Oposição altera MP do Trilhão e texto volta à Câmara

Com protestos da oposição, MP é aprovada com alterações e volta à Câmara
Foto Agência Senado
Apesar da aprovação, o governo sofreu um baque, pois o texto foi alterado pelos parlamentares, obrigando que o projeto retorne à Câmara dos Deputados para reavaliação. A alteração ameaça a matéria, cuja validade - por se tratar de medida provisória - expira na próxima sexta-feira (15).

A sessão foi uma verdadeira batalha. Os senadores da oposição não deram trégua ao governo e quatro questões de ordem foram apresentadas contra a matéria. Os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foram os que se pronunciaram contra a medida, denunciado a entrega o patrimônio e das riquezas nacionais, como o pré-sal, às multinacionais estrangerias em detrimento do chamado conteúdo nacional.

"O valor, o montante da renúncia fiscal e do perdão de dívidas contemplados nessa medida provisória – e ela não só prevê renúncia fiscal daqui para frente, ela perdoa dívidas – significa duas reformas da Previdência", denunciou a senadora Vanessa. "E não há exagero nisso, não há inverdade nessa observação. O que existe é manipulação de dados por parte do governo federal para tentar esconder a verdade", rechaçou.

A senadora Vanessa lembrou ainda que o governo não conquistou o amplo apoio dos parlamentares à proposta e destacou que na fase de discussão da MP, apenas o senador Fernando Bezerra Coelho (ex-PSB e agora no PMDB-PE) se pronunciou em defesa da matéria, quando o regimento permite cinco discursos contra e cinco a favor o conteúdo da proposição em debate.

"Essa é uma sinalização de que o Plenário do Senado Federal ou não domina inteiramente a medida provisória, ou é contrário a ela", afirmou Vanessa.

A senadora destacou que a MP do Trilhão apenas concede benefícios tributários aos carteis de petróleo. "Enquanto a economia que querem fazer com a reforma da Previdência atinge o montante de R$ 436 bilhões em 20 anos, o impacto fiscal desta medida provisória é de R$ 1 trilhão em 25 anos. Assim, tiram do mais pobre, daquele que ganha um salário mínimo e que trabalha a vida inteira sonhando com uma aposentadoria de um salário mínimo, para dar para quem? Para as grandes petroleiras internacionais", condenou Vanessa.

A medida de Temer literalmente entrega a exploração de petróleo às empresas estrangeiras, que terão mais atuação nos campos de petróleo brasileiros do que a própria Petrobras, maior petroleira do mundo entre as empresas de capital aberta.

LDO

Nas questões de ordem apresentadas durante a sessão, os senadores da oposição apontaram que o texto previa a suspensão do pagamento dos tributos até 2040, o que viola a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que diz que as medidas provisórias que resultem em renúncia em razão de incentivo fiscal deverão conter cláusula de vigência de, no máximo, cinco anos.

“A LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] diz o seguinte: você só pode conceder renúncia por, no máximo, cinco anos. Isso está expresso na LDO. O texto da medida provisória veio correto, com cinco anos, só que foi ampliado pelo relator até 2040. Não sustenta! A LDO é clara! Por isso, requeiro o arquivamento da Medida Provisória 795″, observou Lindbergh, referindo-se ao deputado Júlio Lopes (PP-RJ), que inseriu no texto original da MP a prorrogação de benefício fiscal até 2040.

Até o líder de governo, Romero Jucá (PMDB-RR), reconheceu a irregularidade e apresentou uma emenda para limitar a cinco anos os incentivos. Eunício aproveitou para reclamar do fato de o Senado ter que analisar e votar medidas provisórias encaminhadas pelo governo às pressas devido a um curto prazo até o vencimento.

"A Câmara que se responsabilize pelo que incluiu no texto. E, se quiser incluir indevidamente, ferindo a LDO, não é problema do Senado nem dos senadores. A responsabilidade ficará com quem incluiu e com quem aprovou [...] Deixo público aqui que discordo desse procedimento de chegar MP aqui de última hora. No ano que vem, não terei tolerância", retrucou Eunício, lavando as mãos.

Tramitação

Com a alteração e o retorno da MP à Câmara, líderes da base aliada tiveram que mexer no cronograma de votações do plenário nesta semana, que já estava apertado por conta da tentativa de votar a reforma da Previdência. Os governistas vão tentar analisar o texto nesta quarta-feira (13), a dois dias do fim do prazo de validade. 

Os senadores da oposição acreditam que há possibilidade de derrubar o projeto, uma vez que o prazo expira na sexta-feira (15). “A luta continua, essa não é uma questão nem partidária, é uma questão nacional”, afirmou o senador Roberto Requião (PMDB-PR).

“Eu espero que a Câmara consiga de fato barrar essa medida lá, ou então que não dê tempo, para que assim a gente consiga frear esse ímpeto de entregar as riquezas nacionais”, comentou Gleisi.

Do Portal Vermelho, com informações de agências

CTB comemora 10 anos protestando contra reforma da Previdência

Protesto da CTB em Congonhas nesta terça-feira (12). Crédito da foto: Joanne Mota
Protesto da CTB em Congonhas nesta terça-feira (12). Crédito da foto: Joanne Mota


O presidente da CTB, Adilson Araújo, reiterou a decisão das centrais sindicais brasileiras de que se a reforma entrar em pauta as entidades realizarão uma paralisação no país. “Este governo que está aí não tem interesse em retomar o crescimento ou potencializar ações que visem a geração de emprego e renda”, declarou em vídeo divulgada nas redes sociais da CTB.

Na opinião do dirigente, o Brasil está sendo entregue ao interesse do rentismo. “Não é à toa que querem acabar com a Previdência Pública. O interesse do desmonte da Previdência Social, que vai sofrer revés com a reforma trabalhista, é no fundo o interesse dos banqueiros em privatizar a previdência pública”, denunciou Adilson. Ao contrário do que diz a propaganda de Temer que fala em acabar com os privilégios, a reforma vai prejudicar as pessoas mais pobres que precisam da Previdência, alertou o sindicalista. 

“Se acabar com a Previdência, a Seguridade Social, com a saúde quem vai sofrer é o povo mais pobre. A classe trabalhadora precisa reagir. É preciso enfurecer a classe trabalhadora para ela poder agir de forma radical em uma radicalidade que contribua para melhorar as condições de vida e as condições de trabalho. O movimento sindical tem credibilidade e autoridade moral e política para construir um Brasil soberano, livre e democrático”, enfatizou o presidente da CTB.

10 anos em defesa do trabalhador brasileiro

Em dez anos de atuação a CTB representa mais de 8 milhões de trabalhadores atingindo um índice de representatividade de 10,8% entre os trabalhadores do país. São mais de mil sindicatos filiados e presença em todo o país. 




Do Portal Vermelho com informações da CTB

Adilson Araújo: CTB, 10 anos de uma central classista e de luta

 
 


Quando avaliamos essa década de luta o extrato que tiramos é extremamente positivo. A CTB tem impresso em seu DNA a compreensão de que o movimento sindical é dinâmico e por isso precisa de soluções dinâmicas, que tenham como fonte o conjunto amplo das forças: trabalhadores e das trabalhadoras urbanos, rurais, marítimos, do setor metal/mecânico, entre outras tantas categorias. E a unidade é uma marca de sua atuação tanto na base como nas lutas mais amplas.

E isso deixa claro a disposição da nossa Central de fortalecer cada vez mais a unidade e os laços de solidariedade entre a classe trabalhadora, e evidentemente isso traz uma nova perspectiva, porque atravessamos uma etapa, na qual nos consolidamos como uma das centrais sindicais que mais cresce no país.

Hoje, a CTB contabiliza mais de 1200 sindicatos filiados (sendo que desses mais de 700 já estão reconhecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego) e representando cerca de 10 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Alcançamos o sonho da sede própria e da criação da nossa Escola Nacional. E no âmbito dos estados, graças a iniciativas como o Projeto Coral, ampliamos e reforçamos a presença da Central em todas as regiões do Brasil, aqui também destaco a criação do Passi (Posto Avançado de Ação Sindical, Social e Institucional), em Brasília, o que não só nos estruturou como também reforçou nossa atuação nas lutas dentro do Congresso Nacional.

A CTB avançou e isso aconteceu nas diferentes frentes. Na Formação a CTB deu mais um passo fundamental com a criação da Escola Nacional. Inaugurada no dia 12 de Julho deste 2017, com a presença de mais de 150 lideranças sindicais, a Escola ministrou curso para quatro turmas, nas quais a Escola abordou temas como a História do Movimento Sindical, Reforma Trabalhista, Direito do Trabalho, Organização da Classe Trabalhadora, Mercado de Trabalho no mundo Capitalista, Sustentabilidade do Movimento Sindical, entre outros.

Ainda no campo da formação e com o objetivo de localizar a luta da classe trabalhadora, a CTB também realizou diversos seminários jurídicos, os quais reuniu diversos juristas e magistrados para debater temas como Direito do Trabalho, Seguridade Social, Trabalho Decente, entre outros temas. Como desdobramento desses seminários, a CTB criou este ano o Grupo de Trabalho Jurídico (GT) com o objetivo de reforçar a luta jurídica em defesa dos direitos sociais e trabalhistas.

A frente internacional também é um braço estratégico da CTB ao longo desde 10 anos. Desde a sua fundação, nossa Central mirou como horizonte reforçar sua posição institucional na luta internacionalista. Para isso, desenvolveu um projeto que tem por centro um sindicalismo de classe anti-imperialista, de unidade de ação em nível internacional. Como resultado desse projeto, ampliamos, por exemplo, nosso protagonismo nas articulações institucionais na Federação Sindical Mundial (FSM), que no seu 17º congresso, realizado na África do Sul, em 2016, elegeu Divanilton Pereira, secretário e Relações Internacionais, para o secretariado executivo da entidade.

Outro setor fundamental para a CTB Central é o da Comunicação, que ganhou ampla atenção por sua natureza estratégica. Ao longo destes 10 anos, em especial nos últimos 4 anos, reforçamos os investimentos na área estrutural, com a ampliação e formação do quadro de profissionais e a modernização dos equipamentos, o que garantiu a criação do Jornal Olho Crítico, impresso quinzenalmente, com tiragem de 200 mil; modernização do nosso Portal na internet e ampliação de nossa presença nas redes sociais; a criação das revistas Rebele-se e Mulher de Classe, sem falar no fortalecimento da nossa revista Visão Classista. Isso sem falar nas publicações especiais, como cartilhas e notas técnicas.

O balanço acima sinaliza a dimensão da luta incansável que cada dirigente empenhou, nos últimos 10 anos, para consolidar política e institucionalmente, no debate e nos espaços de decisão, a presença da CTB em todo o país.

A resistência em defesa de tudo que conquistamos até aqui deve ser o fio condutor de nossas lutas. Não podemos vacilar, a unidade e fortalecimento do movimento sindical é fundamental para resistir ao retrocesso contra o maior golpe que o capital quer impor à classe trabalhadora brasileira.

Fortalecer o movimento sindical é, portanto, um pressuposto para a boa condução da luta dos trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil. 

É com essa inspiração que a CTB comemora seus 10 anos e reafirma seu compromisso de seguir firme na luta e na resistência na defesa de bandeiras históricas como os direitos sociais, a democracia, a soberania e a valorização do trabalho, fundamentais para a edificação de uma sociedade menos desigual e mais inclusiva.

*Adilson Araújo é presidente Nacional da CTB 



Do Portal CTB