Os dois mandatos da
CSC na CUT Bahia – a segunda maior seção da CUT Nacional – protagonizaram e
deram bases para a criação de uma central classista no Brasil, a CTB.
Em 2020,
completam-se 20 anos da vitória da Corrente Sindical Classista (CSC) no 9º
Congresso Estadual da CUT-Bahia (9° Cecut), realizado em julho de 2000. Foi a
primeira vez que uma seção da CUT nacional passou a ser dirigida pelos
comunistas.
A chapa vitoriosa
incluía o núcleo da CSC, formado pelos militantes do PCdoB, mais representações
de correntes petistas minoritárias – que se diferenciavam da corrente
Articulação, majoritária na central –, mais representações independentes
cutistas e um grande arco de alianças com o sindicalismo rural, dirigido pela
Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) no estado.
A vitória da chapa
classista, intitulada Nova CUT, extrapolou os limites do sindicalismo, teve
repercussão na frente de Oposição na Bahia, animou os movimentos sociais,
repercutiu no sindicalismo nacional e interferiu na correlação de forças da
central, que realizaria seu Congresso Nacional logo em seguida, o 8º Concut.
A Chapa Nova Cut
expunha as divergências de caráter político e estratégico da CSC com a corrente
majoritária Articulação diante dos efeitos da agenda neoliberal de FHC. Os
classistas defendiam um sindicalismo reativo, que priorizava a unidade na luta
e apostava na mobilização e na resistência dos trabalhadores contra a
desnacionalização da economia, as privatizações, a destruição do setor
produtivo nacional, a desregulamentação das relações de trabalho e sintetizava
isso na palavra de ordem “Fora FHC”.
Enquanto isso, a
Articulação, equivocadamente, defendia e praticava um sindicalismo meramente
propositivo, com ênfase nas pautas corporativas e localizadas, que priorizava
ações complementares em detrimento das questões estratégicas para os
trabalhadores, levando a CUT a perder suas características de central e a se
assemelhar mais a uma ONG. A este sindicalismo extremamente pragmático eles
davam o nome de “sindicalismo cidadão”.
A eleição da Chapa
Nova CUT não representava apenas uma vitória congressual. Ela foi resultado de
um intenso e prolongado trabalho político e organizativo em mais 500 sindicatos
baianos que gravitavam em torno da CSC. Por conta do imobilismo e da prática
burocrática imposta à central na Bahia, esses sindicatos não conseguiam
expressar sua força e suas proposições nos espaços da CUT. Em um momento de
franca ascensão da oposição no estado contra FHC e contra as oligarquias do
senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), os trabalhadores ressentiam da ausência
da central nas ruas e nas lutas.
Everaldo Augusto, eleito presidente
no 9º Cecut, dirigiu a CUT Bahia por dois mandatos.
No momento seguinte
à vitória da CSC, a CUT ocupou as ruas em Salvador e em todo estado. Esteve
presente e incentivou greves e mobilizações nos mais diversos setores,
inclusive as greves vitoriosas da PM baiana. Foi a principal entidade que
organizou e participou de maneira ampla das jornadas do 16 de maio de 2001 pela
cassação do mandato de ACM, por ele ter fraudado o Senado Federal. Sob a
direção classista, a central passou a integrar a Frente Política na Bahia,
jogou papel decisivo de apoio nas eleições presidenciais seguintes, que deram
vitória a Lula, e na grande vitória de Jaques Wagner para governador da Bahia.
A vitória da CSC no
9º Congresso da CUT Bahia resgatou a tradição de participação geral do
sindicalismo classista baiano e retomou o legado que se inicia no século
passado com a luta democrática na década de 60, com a conquista dos sindicatos
pelas oposições e a luta pelo fim da ditadura militar na década de 80 e
continuou no início do século 21, com a CSC à frente da CUT Bahia, dirigindo a
luta contra as reformas neoliberais.
Em âmbito nacional,
a conquista da CUT Bahia pela CSC contribuiu para fortalecer o sindicalismo
classista, unitário, politizado e de massas, com interferência direta em todos
os fóruns da central e com destacada participação no 15º Congresso da FSM
(Federação Sindical Mundial), em 2005, realizado em Havana, Cuba, que
politicamente relançou a entidade diante dos novos desafios decorrentes das
transformações impostas pelo neoliberalismo, a versão mais violenta do capital.
Os dois mandatos da
CSC na CUT Bahia – a segunda maior seção da CUT Nacional – protagonizaram e
deram bases para a construção de condições objetivas (força real entre os
trabalhadores) e subjetivas (fortalecimento da consciência crítica) para a
criação de uma central classista no Brasil. A conquista da CUT Bahia pela CSC,
portanto, é um dos marcos, dentre outros, que levou o sindicalismo classista –
aquele que se orienta pela lógica da luta de classes e defende o programa maior
dos trabalhadores, o socialismo – a romper com o sindicalismo cidadão da CUT e
fundar a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em dezembro
de 2007.
Fonte: vermelhor.org.br
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