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sábado, 9 de março de 2019

Em teu seio, ó liberdade!

Por Rozana Barroso, Diretora de Escolas Técnicas da UBES. 
Nesse carnaval as palavras de ordem cheias de insatisfação com o Governo Federal, ecoaram nas ruas de todo o país. Fantasia de laranja, cartazes contra a reforma da previdência e outros diversos tipos de manifestações que em sua maioria, se faziam penduradas, estampadas e coloridas no corpo daquelas que até na pele, usavam adesivos para dizer que não é não.
As mulheres brasileiras foram protagonistas desde os bloquinhos de rua até o desfile da Mangueira, escola campeã do carnaval 2019, que em suas bandeiras estampou Marielle Franco e Leci Brandão, mostrando a força e determinação da maior parcela da população nacional. Isso nos dá um breve gostinho do que serão os quatro anos de lutas intensas em defesa dos direitos do povo. Mais uma vez, a caneta para continuar escrevendo essa história se encontra nas mãos fortes, de quem cerra o punho e dá significado para o oito de março.
No entanto, o dia internacional da mulher nos traz mais uma vez para a reflexão de nossas diferenças e do que isso se dá na luta diária. A diferença entre querer usar short sem ser julgada como fácil porque o “ideal” é ser bela, recatada e do lar e ter medo de usá-lo porque limitam sua imagem a ele por conta da hipersexualização, precisa ser analisada de novo, de novo e de novo. A insegurança da mulher negra se forma com crateras que nos machucam desde a nossa infância. A desigualdade, falta de educação, desemprego, vulnerabilidade e ainda menos assistência nos casos de violência e estupro, junto de todas as formas racistas que o sistema faz com que nos tratem, nos transformam em mulheres duras por fora e extremamente assustadas por dentro. Por isso é muito mais difícil explicar para a minha mãe sobre a importância desse dia, ela não se sente representada, bem vinda e inteligente para compor atos como esse.
O nosso norte não deve ser mais e nem menos do que exigir justiça, desde a luta contra o feminicidio, até a luta em defesa dos direitos das trabalhadoras. A reforma da previdência por exemplo, é um dos maiores absurdos e acerta em cheio a base dessa pirâmide. São nessas pautas que usar ou não o short devem se encontrar, e de mãos dadas construir as reivindicações que objetivam a emancipação das mulheres. Assim, o nosso trabalho de base fica lúcido e o nosso debate passa a ser mais entendível e inclusivo com as mulheres pobres e pretas. A liberdade que carregamos em nossos seios não é só sobre mostrá-los quando quisermos, mas também sobre a garra de quem há anos sonha em ver seu povo livre.
Fonte: UJS

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