O Líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros
(PE) em entrevista na terça-feira (25/10), analisou o segundo turno das
eleições, a experiência do sistema de Federação Partidária e criticou duramente
ainda a ausência de política de crescimento do salário mínimo do governo
Bolsonaro que acentua ainda mais a desigualdade social dos trabalhadores
brasileiros.
O
deputado Renildo foi reeleito neste pleito para o seu quinto mandato na Câmara
dos Deputados. Ele que já foi vereador e Prefeito de Olinda, lidera a bancada
do PCdoB desde fevereiro de 2021. E foi o principal coordenador das
articulações que resultaram na aprovação da Lei que instituiu as Federações
Partidárias.
Na
entrevista, o deputado reafirmou que este novo sistema é uma inovação na legislação
brasileira. Classificou o modelo como moderno e que deve perdurar. “Vem com o
objetivo de aperfeiçoar o nosso sistema, deixar mais moderna”. Para ele, uma
importante ferramenta que estimula a aglutinação de partidos com convergência
partidária.
“A minha
impressão é que a federação irá perdurar por um bom tempo, vai resolver vários
problemas do nosso sistema partidário”, considerou o parlamentar.
Segundo
Renildo, quando o projeto foi concluído, faltava pouquíssimo tempo para as
eleições e por isso, somente três federações foram formadas neste período. “E
havia toda a realidade regional nos estados que ficou difícil de ser
organizada”. Para ele, superado o calendário eleitoral, vários partidos no
Brasil irão fazer federação para 2023, este é o caminho”, considerou.
Para o
deputado, o novo sistema deverá ir substituindo as coligações partidárias.
“Penso que a federação é uma resposta democrática a várias mazelas do nosso
sistema partidário”, ponderou.
“Salário de arrocho“
Mais de
72 milhões de brasileiros vivem apenas com o salário mínimo. Na entrevista, o
parlamentar foi intrépido ao criticar a falta de política salarial do governo
Bolsonaro para aumentar a renda da maioria da população brasileira. “O salário
mínimo é a referência financeira para a grande maioria da população e as
aposentadorias também”.
Enumerando
as riquezas e potenciais de crescimento e desenvolvimento do país, como a
diversidade social, a extensão territorial, a riqueza natural e ainda sim, o
Brasil é a “Nação mais desigual do mundo. São mais de 30 milhões de pessoas
vivem abaixo da linha da pobreza, sendo que o país é um grande exportador de
grãos e de proteína animal, e a população ainda passa fome. É uma desigualdade
envergonhada”, frisou.Para o líder, enfrentar essas mazelas com investimentos
na melhoria de vida das pessoas deve ser urgente, com uma política que ajuste o
salário mínimo e não seja esse “salário de arrocho”.
Lembrando
que o então presidente Lula enviou para o Congresso um tratamento diferente,
considerando dois fatores para o aumento do salário do brasileiro, de que seria
“reajustado levando em consideração o processo inflacionário e o crescimento
econômico”.
Dessa
forma, fazendo com que o povo tivesse um salário com ganho real, explicou. “Ao
longo de vários anos tivemos uma recuperação”. O brasileiro teve um crescimento
real no salário de aproximadamente 77%, ou seja, o poder de compra quase que
dobrou, porque ele teve um crescimento real”, explicou.
Porém,
considerou o deputado, tanto o governo de Michel Temer como o de Bolsonaro
acabaram com esse crescimento, fazendo com que a carestia explodisse, a
inflação voltasse com toda força, com os produtos muito mais caros.
Neste
sentido, o líder criticou o tratamento do governo Bolsonaro para com o povo. “O
que sai a notícia que sequer a inflação ele quer garantia para o reajuste do
salário mínimo. Que o salário mínimo irá crescer para baixo, sequer irá
acompanhar a inflação”.
“O poder
de compra diminuiu e a desigualdade se acentua no Brasil”. Para o parlamentar,
o governo federal faz uma “política criminosa” contra os trabalhadores e
trabalhadoras e aposentados.” Uma ideia dessa só poderia sair da cabeça de
Bolsonaro e de Paulo Guedes”, criticou.
Considerado
um dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, segundo o Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Renildo analisou as eleições
presidenciais a disputa a cinco dias do encontro do povo com as urnas, dia 30
de outubro.
Ele
também discorreu sobre a disputa eleitoral em Pernambuco e o apoio partidário à
campanha de Marília Arraes neste segundo turno para o governo.
O líder
também comentou sobre as dificuldades de eleger uma bancada federal e agradeceu
pela conquista das vagas na Câmara dos Deputados, citando cada um dos
parlamentares do PCdoB eleitos. “Não é fácil uma eleição de deputados federais
no Brasil. É uma luta muito dura, muito desigual. Mas de qualquer maneira, uma
vitória de todos nós”.
Para o
deputado, a vitória de Lula significa a reconstrução do país, a pacificação do
Brasil “e dar passos importantes na direção do nosso desenvolvimento como nação
e melhorar a vida do povo”, contra “uma tragédia que seria a eleição de
Bolsonaro que levaria para os brasileiros e brasileiras a muito sacrifício, de
desrespeito e de desmonte das nossas instituições e de uma forte ameaça para um
governo autoritário e fascista no Brasil. Nós temos que evitar de toda
maneira”, completou.
Confira a
íntegra:
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