O setor financeiro
entrou em polvorosas após o presidente eleito questionar “a tal estabilidade
fiscal” em detrimento dos investimentos sociais.
O cientista político
Sergio Abranches interpretou bem o atual momento ao dizer que “não passa de
histeria ultraliberal” a reação negativa do mercado às falas do presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre estabilidade fiscal. No tocante ao
tema, Lula disse que é preciso colocar a questão social na frente de assuntos
que interessam apenas aos executivos da Faria Lima.
Aliás, a fala dele não
pode causar surpresa. O presidente eleito vem exaustivamente defendendo que é
preciso acabar com a fome que atinge 33 milhões de brasileiros e brasileiras.
Para isso, o Bolsa Família de R$ 600 e o reajuste do salário mínimo precisam
ficar fora do teto de gastos.
“Por que as pessoas
são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal desse
país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos, que é
preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gastos? Por que as mesmas
pessoas que discutem teto de gastos com seriedade não discutem a questão social
neste país?”, indagou Lula nesta quinta-feira (10) em discurso a parlamentares
no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Ele ainda chorou no evento ao
falar sobre a pobreza: “Jamais esperava que a fome voltasse neste país”.
Leia mais: Luciana Santos: Não pode haver no Brasil um teto fiscal
que leve à fome
O presidente eleito
mandou outro recado ao sair da reunião: “O mercado fica nervoso à toa. Eu nunca
vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou
nervoso durante quatro anos [do governo] Bolsonaro”, afirmou.
“Financiaram Bolsonaro e perderam. Agora querem definir o que o presidente eleito deve dizer e fazer. Em breve se adaptam ao novo ambiente e descobrem como lucrar nele”, observou Abranches.
A economista Monica de Bolle também criticou a postura dos especuladores. “Os assédios do mercado para manter o Teto iníquo e moribundo nesse momento de reconstrução do país é imoral e irresponsável. Esse tipo de assédio precisa acabar e todos precisam entender que o ‘mercado’ em sua maioria é curtoprazista e fútil”, disse a pesquisadora sênior do Peterson Institute for Internacional Economics.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) avaliou a atual situação como desfaçatez. “Noticiário em manada dizendo que a Bolsa caiu e o dólar subiu porque Lula falou que o pobre tem que caber no orçamento. Conversa! Lula já disse: previsibilidade e confiabilidade. Esqueceram que teve outro problema: INFLAÇÃO DESCONTROLADA DO BOLSONARO!”, postou no Twitter
A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, também criticou o alarido: “Estão dizendo que o mercado reagiu mal ao discurso de Lula porque enfatizou investimentos na área social em detrimento do equilíbrio fiscal. Não foi o que ele disse. Mas onde estavam quando Bolsonaro fez a gastança na pré-campanha eleitoral? Comparem a gestão Lula com o desastre de Bolsonaro”.
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