(Roque de Sá/Agência Senado)
O presidente da CPI
da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Bolsonaro não fez nenhum
“recuo” com sua carta, após estimular atos golpistas no 7 de setembro e atacar
o Supremo Tribunal Federal (STF).
“O presidente nunca
fez autocrítica em relação à imunização de rebanho, em relação à China. Foi
fazer agora, depois de cinco meses que estamos falando. A natureza do
presidente Bolsonaro é aquele escorpião que pega carona, atravessa o rio e
depois pica aquele que deu a carona”, disse Aziz em entrevista ao UOL News,
nesta segunda-feira (13).
O senador declarou
que votaria no impeachment de Bolsonaro caso ele fosse pautado na casa.
“Votaria sim (pelo
impeachment), não só pelo que ele falou dos ministros do Supremo, mas
principalmente na atuação dele na omissão da pandemia. Não chegamos agora a 600
mil mortes à toa”, afirmou Omar.
No dia 19 de julho,
em entrevista no mesmo UOL News, perguntado sobre o assunto, Aziz afirmou que
não defendia o impeachment de ninguém.
Contudo, os atos
golpistas de Bolsonaro fizeram muita gente mudar de ideia.
Na última
terça-feira (7), Bolsonaro participou de atos golpistas em Brasília e em São
Paulo. Na capital paulista, xingou de “canalha” o ministro do STF, Alexandre de
Moraes, e disse que não iria mais cumprir decisões assinadas por ele.
As falas de
Bolsonaro foram bastante criticadas, até que na quinta-feira (16), ele encenou
um “recuo” ao divulgar uma carta, escrita por Michel Temer, em que diz que não
teve intenção de atacar as instituições.
Em março de 2019,
Temer foi preso em São Paulo por corrupção. O Ministério Público Federal acusou
Temer de receber propina de R$ 1 milhão. Depois a prisão do ex-presidente foi
relaxada.
Sobre as
manifestações do último domingo (12), Aziz afirmou que houve uma grande
representatividade por parte de quem foi, apesar de um público menor. O senador
criticou aqueles que se recusaram a participar do ato pensando nas eleições a
presidente da República em 2022.
“De um lado houve
pessoas querendo o impeachment do presidente e, do outro, já pensando em
candidaturas à presidente da República, e isso não é bom”, disse o senador.
Os atos de domingo
foram organizados por organizações como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem
Pra Rua. Durante os atos em São Paulo, vários políticos, líderes sindicais e
estudantis discursaram, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o governador
do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-governador do Ceará, Ciro
Gomes (PDT), o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta (DEM), a senadora Simone
Tebet (MDB-MS), líder da bancada Feminina no Senado, o vice-presidente da
Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), o fundador do Novo, João Amoedo, o senador
Alessandro Vieira (Cidadania-SE), senador José Aníbal (PSDB-SP), a presidente
da UNE, Bruna Brelaz, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), ex-candidato
a prefeito de São Paulo, a deputada Tabata Amaral, e a deputada estadual Isa
Pena (PSOL).
Omar Aziz defendeu
que as investigações iniciadas pela CPI continuem nas outras instâncias de
poder e instituições controladoras pelo país.
“(O relatório) vai
desnudar as omissões e o não comprometimento em relação à doença, a forma como
foi tratada a doença. Sempre dizia, nós não queremos vingança, queremos
justiça, e o relatório vai vir fazendo justiça às quase 600 mil mortes que
tivemos. Não tem outra forma. Será muito contundente em relação a esses atores principais,
que eram responsáveis por ter feito o enfrentamento da pandemia”, disse o
presidente da CPI.
Ele enfatizou que,
além da PGR, o relatório também será enviado aos presidentes da Câmara, do
Senado, do TCU (Tribunal de Contas da União), do STF (Supremo Tribunal
Federal), do STJ (Superior Tribunal de Justiça), além das defensorias públicas
estaduais. Aziz também citou instituições internacionais e até o Tribunal Penal
Internacional, que fica em Genebra, na Suíça,
“Não podemos achar
que vamos entregar um relatório e ele vai ficar adormecido. Iremos entregar,
sim, o relatório a tribunais internacionais. Ontem, se ventilou um senador ser
destacado para entregar em Genebra”, assinalou.
O presidente da CPI
assinalou que entre as possíveis autoridades que serão apontadas como
investigadas no relatório final está “metade do primeiro e segundo escalão do
Ministério da Saúde”. “Pessoas que tiveram uma participação direta na forma
irresponsável como foi conduzida a pandemia”.
“A CPI é a primeira
parte, a segunda parte é aprofundar as investigações, porque tem muitos locais
que a gente não tem como chegar além do que a CPI vai mostrar; e a terceira
parte, tenha certeza absoluta que esses óbitos que tiveram no Brasil será feita
justiça contra aquelas pessoas que cometeram equívocos e erros”, assinalou
Aziz.
Fonte: https://pcdob.org.br
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