![]() |
Trump
irritado com resistência de infectologistas, pediatras e professores
Foto Getty Images
Pediatras,
professores e administradores escolares rechaçaram na sexta-feira (10) a
pressão do presidente Trump para reabrir completamente as escolas dos EUA em
plena escalada de casos de coronavírus, afirmando que a ciência, não a
política, deve guiar essa decisão. Trump chegou a ameaçar cortar o
financiamento federal das escolas.
“As
agências de Saúde Pública devem fazer recomendações com base nas evidências,
não na política”, assinalaram a Academia Americana de Pediatras (AAP), dois
sindicatos nacionais de professores e uma entidade de superintendentes de
escolas.
“Devemos
deixar que os experts em saúde nos digam que hora é a
melhor para reabrir os prédios escolares, e ouvir de nossos educadores e
administradores como fazer isso, disseram em uma declaração conjunta a AAP, a
Federação Americana dos Professores, a Associação Nacional da Educação e a
Associação de Superintendentes escolares.
Esta
semana, o total de infectados pela Covid nos EUA superou a marca dos 3
milhões e a pandemia está fora de controle em muitos estados, inclusive alguns
dos mais populosos.
A
conclamação deles foi ecoada por duas entidades médicas – a Sociedade de
Doenças Infecciosas da América e a Associação da Medicina em HIV. Normalmente,
o ano letivo nos EUA tem início em setembro.
As
entidades de pediatras, professores e administradores de escolas convocaram o
Congresso a prover mais recursos para que as escolas possam reabrir com
segurança, e classificaram a ideia de corte de verbas como um “enfoque
equivocado”.
Durante a
semana, jornais dos EUA revelaram que Trump, para tentar impor a reabertura das
escolas de qualquer jeito, havia entrado em confronto com os infectologistas
acionados pela Casa Branca contra a pandemia.
Ele havia
ficado possesso com as recomendações apresentadas pelo Centro de Controle de
Doenças (CDC) sobre a reabertura e mandou que fossem refeitas, por estarem
supostamente rígidas demais.
O Dr.
Anthony Fauci, principal especialista dos EUA na questão, disse que o país
“estava com os joelhos enfiados na primeira onda” da pandemia.
De acordo
com as postagens de Trump, é tudo uma conspiração dos democratas para manter as
escolas e a economia fechadas, e atrapalhar suas chances de reeleição.
A ameaça
no Twitter às escolas repete o tom fascista das últimas declarações de Trump.
Ele
asseverou que “demasiadas universidades e sistemas escolares são sobre
doutrinação da Esquerda Radical, não educação”.
A quem
não se submeter, como ele esclarece na postagem, a ordem que deu ao
Departamento do Tesouro é “reexaminar o status de isenção de impostos e/ou
financiamento das escolas, que devem ser tirados se esta Propaganda ou Ato
Contra a Política Pública continuar”. Nossas crianças devem ser Educadas, não
Doutrinadas!”.
Sabe como
é: repúdio ao racismo é doutrinação; exaltação de bandeira de escravagista é
“educação”. Só que o repúdio ao racismo está grassando no país inteiro, não só
nas escolas.
Em outra
medida para forçar a reabertura das escolas mesmo com os EUA há quatro meses
consecutivos recordista mundial de infectados e mortos, e contágios em alta na
maioria dos estados, Trump decretou a deportação de estudantes estrangeiros se
suas universidades não oferecerem aulas presenciais.
Duas das
mais prestigiosas universidades norte-americanas, Harvard e Instituto
Tecnológico de Massachusetts (MIT), já acionaram o governo nos tribunais,
contra a chantagem.
Não ficou
claro como, legalmente, o Tesouro poderia restringir o financiamento às
escolas. Como registrou a Reuters, a maioria do financiamento das escolas
primárias e secundárias é local.
Algumas
universidades anunciaram planos de aulas apenas online, enquanto outras podem
mudar seus calendários. A cidade de Nova York, que é o maior distrito escolar
dos EUA, anunciou um plano híbrido, que mistura aulas presenciais e aulas à
distância.
Os
democratas esclarecem que são a favor da reabertura das escolas, desde que as
aulas presenciais sejam seguras para as crianças e para os professores. O
pré-candidato Joe Biden tem dito que, provavelmente, as aulas online precisarão
ser mantidas por mais algum tempo.
Mesmo nas
hostes republicanas, há contestação à obtusa linha de Trump para as escolas.
“Não vamos ser intimidados ou ameaçados pelo presidente”, retrucou o presidente
da Associação Nacional dos Governadores, de Maryland, Larry Hogan. Outro
governador republicano, Mike De Wine, de Ohio, disse que caberia aos
administradores locais decidirem o melhor plano para as escolas em seu estado,
e que muito iria depender se as pessoas adotassem máscaras faciais e outras
medidas de prevenção.
Fonte: pcdob.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário