Gustavo Sales/Câmara dos Deputados
Líder do PCdoB cobra ainda instalação de CPI para investigar crimes de
Bolsonaro
Primeiro
pedido coletivo de afastamento do presidente da República é protocolado na
Câmara. Além dos crimes de responsabilidade, documento aponta atentado à saúde
pública durante crise do coronavírus.
Em entrevista coletiva realizada no Salão Verde da Câmara, a líder do
PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), afirmou que é preciso agir para parar
Bolsonaro. Além do pedido de impeachment, a parlamentar cobrou a instalação de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os crimes cometidos pelo
presidente da República.
“O Brasil chora seus mortos e o que faz o presidente? Ele ri, ele sabota
as normas de saúde pública e a vida da nação. O presidente sabota a economia
que ele tanto fala, empurra as empresas para o fechamento. Todas as ações dele
são para sabotar o país. É preciso agir. A nação precisa de solidariedade. Por
isso, o PCdoB, junto com esse pedido de impeachment, quer a instalação de uma
CPI para que se apurem os crimes cometidos pelo seu governo.
Cresce a indignação da população à medida que cresce o número de mortos.
Não podemos assistir a isso tudo de braços cruzados”, afirmou a parlamentar.
Entre os argumentos para a instalação do processo contra Bolsonaro por
crimes de responsabilidade estão citados no pedido os discursos do presidente
contra o Supremo Tribunal Federal (STF), a convocação de empresários para a
“guerra contra governadores” à frente da pandemia do coronavírus, o bloqueio da
compra de respiradores e outros equipamentos de saúde por estados e municípios,
o apoio à milícia paramilitar “Acampamento dos 300”, incitação de sublevação
das Forças Armadas contra a democracia, além de pronunciamentos e atos durante
a pandemia que configuram crimes contra a saúde pública.
Na peça, Bolsonaro ainda é acusado de crimes contra o livre exercício
dos poderes constitucionais, contra o livre exercício dos direitos políticos,
individuais e sociais, contra a segurança interna do país e contra a probidade
administrativa. É o primeiro pedido de impeachment suprapartidário e de amplos
setores da sociedade.
Para o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), Guilherme Boulos, “a prioridade do Brasil deveria ser salvar vidas e
não atuar contra a população, como faz Bolsonaro”. “Bolsonaro é um problema de
saúde pública”, destacou Boulos ao pontuar as ações do presidente que estimulam
a contaminação da população e não prezam pelas garantias mínimas para
enfrentamento da pandemia.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também
reiterou que “Bolsonaro não tem mais condições políticas, administrativas e
humanas de governar o Brasil”. “Briga com todo mundo o tempo inteiro e não
protege o povo. Tem de ser impedido”, defendeu.
A líder do PSol, Fernanda Melchionna (RS), afirmou que “Bolsonaro
preferiu liderar a extrema direita do Brasil contra a medicina e que é preciso
unidade de ação para derrubar Bolsonaro da Presidência da República”.
Entre as organizações que apoiam o pedido de afastamento do presidente
estão, por exemplo, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, o Fórum Nacional
pela Democratização da Comunicação, a Associação Brasileira de Economistas pela
Democracia, Central de Movimentos Populares, Marcha Mundial de Mulheres,
Movimento das Mulheres Camponesas, Andes – Sindicato Nacional, Fasubra,
Movimento Negro Unificado, Associação Brasileira de Travestis e Transexuais,
além de juristas como Celso Antonio Bandeira de Melo, Lênio Streck, Pedro
Serrano,Carol Proner e os ex-ministros da Justiça Tarso Genro, José Eduardo
Cardozo e Eugênio Aragão.
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