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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Reitor da UFPR critica perseguição da PF às universidades públicas

Reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca.
Reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca.


Em entrevista ao Uol, o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, falou que há um estranhamento na utilização de conduções coercitivas e até prisões temporárias de reitores pela PF. 

Para ele, a cobertura midiática massiva sobre essas operações contribui ainda para uma demonização das universidades.

O último caso foi a condução coercitiva dos reitores, ex-reitores e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no dia 6 deste mês. Na ocasião, o reitor, prof. Jayme Ramirez, a vice-reitora, Sandra Goulart, o ex-reitor, professor Clélio Campolina, a ex-vice-reitora, Heloisa Starling, além de outros professores foram conduzidos coercitivamente. Lembrando que os advogados dos professores e reitores não tiveram acesso ao processo durante o dia da condução.

Anteriormente a esse caso, a Polícia Federal também deflagrou a operação Ouvidos Moucos, na Universidade Federal de Santa Catarina, quando prendeu preventivamente o ex-reitor Luiz Carlos Cancellier que cometeu suicídio dias após sua prisão. Antes de sua morte, o reitor já havia relatado a humilhação que passou ao ser conduzido pela PF sem antes ter sido intimado a depor.
Em dezembro de 2016, a PF deflagrou uma operação para investigar desvios de recursos em programas de incentivo à pesquisa na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Já em fevereiro deste ano, a Polícia Federal deflagrou a operação Research para apurar um suposto esquema de desvio de R$ 7,3 milhões em bolsas e auxílios de pesquisa na UFPR. 

Em um ano, as universidades públicas estão na mira da Polícia Federal. Conduções coercitivas, falta de acesso aos documentos da investigação, acusações falhas e sem provas são algumas das lacunas nas operações que têm levado a uma difamação das instituições de ensino. Junto a isso, em novembro, o Banco Mundial sugeriu acabar com o ensino superior gratuito no Brasil. 
A sugestão do Banco Mundial é um retrocesso imenso diante do processo de democratização da universidade pública e dos avanços em educação, ciência e tecnologia no país. Tal sugestão segue caminho oposto da experiência de países desenvolvidos que privatizaram as universidades e voltaram atrás por conta do aumento do endividamento estudantil. 

Fora o teto dos gastos e os cortes incessantes que já vêm ocorrendo desde 2015.

Ou seja, há uma clara movimentação para a desqualificação do ensino público no país em que se unem as esferas política, policial, e financeira para o desmonte da educação gratuita e de qualidade no Brasil.

Diante desse contexto, o reitor da UFPR apontou que o seu desejo é “crer que isso não esteja ligado a um projeto de desvalorização consciente que se faça das universidades públicas, porque coincidentemente nós temos sido muito atacados, inclusive pelos meios de comunicação, com relação a uma suposta ineficiência, que seríamos muito caros como instituição pública. A prisão de um dirigente máximo de uma universidade é uma coisa que golpeia a instituição de uma maneira peculiar, digamos assim. A crise em que a UFSC entrou depois da prisão e mesmo antes do suicídio do reitor Cancellier bem demonstra isso. A instituição como que fica sem rumo, fica acéfala”, afirmou Ricardo Marcelo Fonseca em entrevista ao Uol.

Sobre as conduções coercitivas Ricardo ponderou: “Mas eu te digo que estranha muito, e essa é uma sensação que eu tenho de fato, que o artifício das conduções coercitivas e das prisões preventivas tenha se multiplicado aparentando uma certa banalização. E também acho que isso está ligado a uma correspondente desvalorização de direitos e garantias individuais, ligadas à liberdade de cada cidadão, que são conquistas civilizacionais e irrenunciáveis”, destacou o reitor.

Em nota divulgada no início desse mês, o reitor da UFPR já havia destacado que "em pouco menos de um ano, 4 das maiores universidades federais do Brasil (UFMG, UFRGS, UFSC e UFPR), sofreram impactantes operações policiais, com quantidade de agentes (geralmente também acompanhados de auditores de órgão de controle) suficientes para um conflito armado. Todas com imensa e desmedida repercussão midiática. Em alguns desses casos, com prisão ou condução coercitiva das autoridades máximas – no planos administrativo e simbólico – das instituições universitárias. Nunca se viu um cenário desses antes", diz a nota de Mendonça.



*Estagiária no Portal Vermelho

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