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sábado, 30 de janeiro de 2016

MUNDO: Ano novo, crise nova

O ano começou com uma nova crise bolsista mundial. Apesar das flutuações, é claro que estamos perante uma nova convulsão do sistema financeiro internacional.

Por Jorge Cadima, no Jornal Avante 


Há um fato incontornável: as políticas de miséria para os povos, mas de subsídios para o grande capital financeiro (como os chamados programas de Quantitative Easing – QE que o banco central dos EUA procura agora reduzir), promovidas após 2008, não resolveram os problemas de fundo do sistema capitalista mundial: agravaram as dívidas e as bolhas especulativas, sem redinamizar a economia produtiva. 

Mas o capitalismo mundial já não funciona sem essas injeções de dinheiro fácil na veia. William White, ex-economista-chefe do BIS (o "banco dos banqueiros") e atual figura de destaque na OCDE é claro: "a situação hoje é pior do que era em 2007. Já foram usadas praticamente todas as nossas munições macro-econômicas. […] As dívidas continuaram a avolumar-se durante os últimos oito anos e alcançaram níveis tais em todo o mundo que se tornaram uma fonte séria de problemas. Tornar-se-á óbvio na próxima recessão que muitas destas dívidas não serão [pagas] e isto será pouco confortável para muita gente que pensa que tem bens com valor". 

O jornalista que obteve estas declarações na véspera da abertura do recente Fórum Econômico Mundial de Davos acrescenta que o "QE e as políticas de dinheiro fácil da Reserva Federal dos EUA e seus congêneres" são uma espécie de "tóxico-dependência", em que se gasta hoje aquilo que não se possui, mas que "acaba por perder efeito" e o dia chega em que "não há dinheiro para gastar amanhã".

"Dinheiro fácil" só existiu para os grandes banqueiros e capitalistas. Na semana passada (18), a organização de caridade inglesa Oxfam publicou um relatório com o título "Uma economia para os 1%". Cita o gigante financeiro Credit Suisse para afirmar que os 1% mais ricos detêm hoje mais riqueza do que os restantes 99% da população mundial. A Oxfam acrescenta outros números impressionantes: em 2015, 62 indivíduos possuem a mesma riqueza que 3,6 bilhões de pessoas (metade da população do planeta). Desde 2010, a riqueza destes 62 multi-milionários aumentou 44%, enquanto que para a metade mais pobre da Humanidade se verificou uma quebra de 41%. 

A crise não foi, seguramente, para todos. Não só não houve “sacrifícios repartidos”, como a crise do capitalismo foi usada para promover uma autêntica pilhagem de classe que engordou muito o grande capital à custa dos povos. Os orçamentos do Estado são usados para salvar os banqueiros, mas os banqueiros nem sequer pagam impostos para financiar os orçamentos do Estado. O Jornal de Negócios online publicou uma notícia sobre Portugal com o título "As 1000 famílias que mandam nisto tudo (e não pagam impostos)". Não é um problema só português. A Reuters noticiou que "sete dos maiores bancos de investimento que operam em Londres pagaram pouco ou nenhun impostos na Grã-Bretanha no ano passado". Os sete referidos gigantes financeiros tiveram em 2014 lucros de 5,3 bilhões de dólares naquele país, mas pagaram de imposto apenas 31 milhões, ou seja, menos de 0,006% dos seus lucros. Cinco dos sete nem pagaram um penny. Quem esteja à espera que o problema se resolva com "mais regulação" ou "mais Europa" bem pode esperar sentado: entre os sete mega-caloteiros encontra-se a Goldman Sachs, de onde saiu o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

A nova explosão de crise em 2016 vai agravar todas as já agudíssimas contradições no seio do capitalismo mundial. Conscientes de que uma nova ronda de "austeridade" para os trabalhadores e povos "emanará do céu" para os multimilionários não é compatível com a democracia, as liberdades e a paz, setores importantes da classe dominante preparam a via da repressão, do autoritarismo e da guerra. Para os trabalhadores e povos não há outra opção, senão preparar-se para o embate.

Fonte: VERMELHO.ORG.BR

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